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Doença do refluxo gastroesofágico- DRGE → A deglutição é o meio de transferência do alimento da boca ao estômago, iniciando voluntariamente na porção inicial do esôfago (M. estriado esquelético) e prosseguindo involuntariamente com auxílio do peristaltismo que irá conduzir o bolo alimentar até o estômago. → Na porção final do esôfago está localizado o esfíncter esofagiano inferior, que fica em contração tônica a maior parte do tempo, ou seja, fechando... e a medida que a deglutição acontece o bolo alimentar dilata a porção final do esôfago, estimulando reflexos neurais que levam ao relaxamento do esfíncter momentaneamente, o bolo alimentar chega ao estômago e o esfíncter volta a contrair. → De uma maneira geral a doença do refluxo gastroesofágico está associada: 1. A uma disfunção do esfíncter esofagiano inferior (podendo ocasionar úlceras por ter um período de relaxamento maior que o normal/fisiológico permitindo retorno de ácido ao esôfago) 2. Por uma hérnia hiatal(que é a protusão de uma parte do estômago em direção ao tórax.) ⇊ Todos nós temos certo grau de refluxo durante o dia, porém indivíduos com refluxo gastroesofágico possuem maior frequência de retorno do conteúdo gástrico. O epitélio esofagiano não é preparado para suportar a acidez do ácido clorídrico e o retorno desse ácido leva ao aparecimento de sinais e sintomas da doença. sintomas São divididos em típicos, atípicos e sinais de alargo. →Típicos/canônicos: ● Azia ou pirose - sensação de queimação ou acidez ascendente do estômago para a cavidade oral. ● Regurgitação - retorno do conteúdo líquido, por vezes acompanhado de restos alimentares, ou Gasoso para o esôfago podendo ou não atingir a cavidade oral. →Atípicos: ●Dor subesternal-espasmos musculares dolorosos que podem ser confundidos com angina pectoris ou infarto agudo do miocárdio. quando o retorno é muito grande, os sensores neurais presentes no esofago detectam a alteração e isso provoca um grande rebote do nervo vago que libera acetilcolina na região, porém esse nervo vago possui outras ramificações, fazendo com que ocorra espasmos( pois a ação parassimpática não consegue ser tão seletiva), isto é uma contração absurda do esôfago, causando muita dor e desconforto, simulando uma dor de infarto. Caso o paciente que sofra de refluxo acabe apresentando espasmos e na emergência receba o diagnóstico de dor esofagiana, será medicado com ISORDIL que têm como função de relaxar a musculatura lisa. ● Broncoespasmo e tosse excessiva - quando os sensores neurais periféricos na região do refluxo detectam a alteração, e ocorre um rebote do parassimpático que apresenta ramificações no pulmão levando à broncoespasmos, que pode ser confundido com asma( pseudoasma) É comum pensar que esse sintoma ocorre devido broncoaspiração mas na verdade é neural. Pneumonite- uma condição respiratória inflamatória (nos pulmões) devido aos microorganismos indevidos trazidos por conteúdo ácido quando o paciente broncoaspirou. →Sinais de alargo: Quando se começa a desconfiar de um câncer ● Disfagia progressiva, ● perda ponderal de peso associada a disfagia ● Odinofagia ● anemia/ sangramento Têm-se uma preocupação muito grande em relação ao CA de esôfago, pois ele é muito fino e não possui camada serosa. se houver CA na região, a chance de metastizar para os outros órgãos é muito grande. Pacientes com DRGE podem apresentar quadro de metaplasia no epitélio esofágico conhecida como Esôfago de Barrett. Condutas gerais →medidas não farmacológicas ● O repouso do indivíduo deve acontecer sempre com uma elevação na cabeceira, a fim de diminuir as chances de broncoaspiração. NUNCA em decúbito dorsal (sem elevação de cabeceira) ●Não ingerir: bebida alcoólica (aumenta a secreção de ácido); chocolate; café; frituras; condimentos; laticínios.- esses alimentos aumentam a liberação da colecistocinina, hormônio liberado por células intestinais, que age em algumas regiões do corpo, incluindo o relaxamento do esfíncter esôfágico. ●Restringir os horários de alimentação entre 00h00 - 03h00am, pois a histamina aumenta a sua secreção de ácido gástrico nesse período. →medidas farmacológicas (Medicamentos) ● Inibidor da bomba de prótons - inibidor mais potente da secreção de ácido, pois inibe a secreção de ácido na célula parietal já que a bomba de prótons é o regulador dessa célula secretora. ● Prócinéticos- Fármacos que aceleram a motilidade gastrointestinal. Ex.: ↳ METOCLOPRAMIDA ou “plasil“ ↳DOMPERIDONA- acelera o vaziamento gástrico. ● Antiácidos- Maior parte associada ao hidróxido de alumínio como o ENO e ESTOMAZIL. Têm efeito superficial sobre a DRGE, pois se trata apenas de uma base que vai agir em meio ácido estomacal, podendo causar rebote e após algumas horas reverter novamente a situação. ● bloqueadores de receptores H2 - Impede ação de histamina. Ex.: RANITIDINA E CIMETIDINA. RELEMBRANDO…. Fisiologia da secreção gástrica →Três células têm ligação direta com a secreção: ●Nervo vago (libera acetilcolina de forma basal); ●Células enterocromafins (histamina ) ; ●células G ( libera gastrina de forma adaptativa através da alteração do pH estomacal). → Os três hormônios citados agem sobre as células parietais estomacais que secretam ácido clorídrico: ●Acetilcolina - Age sobre a célula parietal estimulando secreção de HCL (ácido clorídrico) de forma basal, devagar ●Histamina - Estimula a secreção de ácido de forma circadiana, sendo maior o efeito de 00h00 as 03h00am. ●Gastrina - Age de duas formas na secreção de ácido: estimulando as células enterocromafins a liberar histamina (forma indireta de ação da gastrina) ou pode agir diretamente sobre seus receptores nas células parietais aumentando a secreção de HCL. Medicamentos → 1º classe de medicamentos Antagonistas dos receptores H2 (histamina) ●Ranitidina, cimetidina e famotidina. ●Bloqueiam os receptores de histamina na célula parietal para diminuir a secreção de ácido gástrico ●São os inibidores secreção gástrica mais potentes, pois podemgerar uma hipersecreção gástrica de rebote. ●Os fármacos inibidores de secreção gástrica são carcinógenos se consumidos a médio/longo prazo, pois acabam causando efeito rebote e estimulam gastrina que além de ser hiper secretada, é um hormônio estimulador da proliferação celular no estômago o que aumenta as chances do desenvolvimento de câncer. ●A Cimetidina não é mais recomendada principalmente para homens, pois possui anel aromático que acaba por ocupar receptores de estrogênio podendo ocorrer aromatização levando a ginecomastia. Ação dos antagonistas dos receptores h2 1. Histamina será liberada e vai agir sobre os receptores H2. O fármaco, por sua vez, vai bloquear esses receptores, levando a uma diminuição da estimulação das células parietais e por consequência a diminuição da secreção de HCL e redução de pH. 2. Porém a redução da secreção de ácido e diminuição de pH leva a liberação de um outro hormônio (gastrina) como efeito rebote. a Gastrina possui via direta de estimulação das células parietais e via indireta sobre as células enterocromafins. 3. a via indireta aumenta a secreção de histamina levando a uma competição direta pelos receptores H2. 4. O rebote acaba gerando um antagonismo fisiológico, o aumento da produção de um hormônio(gastrina) em decorrência da utilização de um medicamento. 5. A gastrina vai lutar contra o fármaco causando um antagonismo competitivo no receptor e no final tem o aumento da secreção de histamina, que vai desfavorecer a ação dos fármacos como a ranitidina, cimetidina e famotidina. → 2º classe de medicamentos Inibidores da bomba de prótons ●Omeprazol ●Esomeprazol ●Lansoprazol ●Pantoprazol ●Rabeprazol →São bases fracas - são encapsulados, pois devem abrir abertas somente no intestino, que é um ambiente alcalino favorável a sua absorção. Se esse medicamento passar pelo estômago sem proteção, logo vai ser inativado. →se acumulam nos canalículos da célula parietal e exercem inibição irreversível da bomba de prótons (interfere na secreção de 2 a 3 dias),que naturalmente iria “puxar” íons e liberar hidrogênio no lúmen estomacal favorecendo o pH ácido. →Esse bloqueio da bomba de prótons inibe de forma irreversível a secreção de ácido basal. Então tanto gastrina quanto histamina podem ser secretadas a vontade. →Apesar de não conseguir aumentar a secreção de ácido como rebote, a gastrina fica mais alta em decorrência da ação dos inibidores da bomba de prótons e age como estimulador da proliferação celular no estômago aumentando as chances do desenvolvimento de câncer. Aspectos farmacocinéticos ● Via de administração oral é mais comum. ● Existem algumas preparações injetáveis ● Degradam-se rapidamente em pH baixo, meio ácido.( encapsulado) ● cuidado com Doses altas, pois causam aumento desproporcional da sua concentração plasmática- desenvolvimento de câncer Efeitos indesejáveis ● Meia-vida curta ● Dose diária pode interferir na secreção de ácido durante 2-3 dias ● Efeitos adversos: Cefaléia, diarréia, hipergastrinemia(um distúrbio endócrino caracterizado por níveis aumentados de gastrina, fazendo com que o estômago produza ácido gástrico em excesso. Uma das consequências da acidez aumentada é a formação de úlceras pépticas em 95% dos pacientes). → 3º classe de medicamentos Antiácidos ● Utilizados para neutralizar os ácidos diretamente, porém é temporária. ● Neutralizam diretamente o ácido, inibindo atividade de enzimas pépticas. ● É um mecanismo mais simples. ● Os antiácidos mais comuns são sais de magnésio e sais de alumínio. ●Hidróxido de magnésio: pó insolúvel que forma cloreto no estômago. ●Trissilicato de magnésio:pó insolúvel interage com o suco gástrico. ●Gel hidróxido de alumínio: forma cloreto de alumínio no estômago ●Salicilato/quelato de bismuto: protege a mucosa e pode ser utilizado para impedir adesão de bactérias como H. pylori no epitélio estomacal comprometido de pacientes. ●Sucralfato: libera alumínio em presença de ácido. Inibe a secreção de pepsina, induz a liberação de muco, bicarbonato e prostaglandinas. → 4º classe de medicamentos Prostaglandinas ●Misoprostol: é análogo estável da prostaglandina E1. ↳ um fármaco muito famoso que protege a mucosa ↳ nome comercial: Citotec age sobre as células mucosas aumentando a secreção de muco e bicarbonato- aumentando a proteção do epitélio estomacal. inibe a secreção de acido gástrico ↳causam contrações uterinas, cuidado com as gestantes, por isso é difícil de encontrar em farmácias, pois seu uso é restrito e seu valor é alto. ÚLCERA PÉPTICA →é uma lesão histopatológica, → lesão profunda que alcança a camada submucosa e ocorre em geral no duodeno. →H.pylori é a principal etiologia da úlcera péptica →a ultilização de aines também pode provocar a úlcera A secreção de ácido ocorre no estômago, então porque a úlcera acomete o intestino? →Quando o quimo passa do estômago para o intestino ele precisa receber a secreção pancreática a e bile para neutralizar a acidez para que o intestino possa realizar absorção sem prejudicar seu epitélio. →Porém quando o quimo está muito ácido, a bile e as secreções pancreáticas não são suficientes para neutralizar o pH rapidamente, e podem ocorrer lesões, “queimaduras” no epitélio intestinal, no caso o duodeno é a região mais acometida. Úlcera péptica associado a medicamentos AINES: →AINES inibe sem seletividade. ● inibe a COX1.( o que não era para acontecer) ●inibindo a COX2, resolve o problema, porém causa problemas inibindo a COX1 (conversora de ac. araquidônico em substâncias protetoras para o TGI) diminui prostaglandina que é protetora da mucosa. ●O consumo por muitos dias pode causar náusea , vômito. ●O consumo por meses pode causar úlcera péptica. INFECÇÃO POR HELICOBACTER PYLORI → Condições socio-econômicas; saneamento básico. →85% da população tem contaminação, porém nem todas as infecções têm fator de virulência com alto poder para desenvolver ulcera → logo após infecção, a pessoa desenvolve Gastrite aguda, e permanece por 1 ano no estado hipoclorídrico - inativa; →10-15% da população que tem a contaminação, se infecta pela cepa com alto poder de virulência e desenvolvem a úlcera péptica; tendo uma condição de Hipercloridria- excesso de ácido estomacal na ausência de alimentos. Como a úlcera péptica é desenvolvida a partir da bactéria.-etiologia 1. A bactéria e todos os seus fatores de virulência após um ano, é reativada e secreta uma enzima chamada urease, essa enzima converte ureia em amônia que é extremamente tóxica e irá provocar toxicidade no epitélio estomacal. 2. A bactéria destrói as células D, secretoras de somatostatina, com isso ocorre redução da inibição sob as células G e redução na inibição sob as células parietais, ou seja, ocorre descontrole na secreção de HCl. 3. A bactéria migra para o epitélio estomacal e com isso ocorre também a migração de células do sistema imunológico para o local. A partir disso as células do sistema imunológico secretam algumas substâncias tóxicas produzindo um processo inflamatório continuado no estômago. Tratamento da infecção por H.pylori →Comumente trata a bactéria, usando inibidores de bomba de prótons por 3/ 4 semanas associado com dois antibióticos, a amoxicilina e a metronidazol ou claritromicina. → inibidores da bomba de prótons+ amoxicilina+ metronidazol ou claritromicina. → Em geral, o inibidor da bomba de prótons fecha a bomba e inibe a secreção de ácido. → Mas como há presença de bactéria, o antibiótico precisa ser utilizado para erradicar, ex.: Amoxicilina, Metalutazol ou Claritromicina. →As vezes também são utilizados antiácidos. →Existem bactérias resistentes ao tratamento, e nesses casos os antibióticos podem ser substituídos, ou a dose aumentada ou o tratamento pode ser prolongado. → Se um paciente que possui infecção por H. pylori, após um ano desenvolver o mesmo processo infeccioso, a bactéria pode vir a desenvolver o câncer gástrico. → Existem três doenças que o H. pylori pode causar: ● Úlcera péptica ● Linfoma malt ● Câncer gástrico ↳ A presença da bactéria no estômago pode atrair linfócitos de tal forma a produzir nódulos, no entanto o linfoma malt é um câncer,entretanto muitas vezes, é possível eliminar o problema matando a bactéria. ↳ Adenocarcinoma gástrico: Indivíduo infectado por H. pylori de cepa virulenta, não faz tratamento e utiliza apenas paliativos. Nesse quadro bactérias podem migrar para o fundo do estômago e a partir disso provocar uma pangastrite crônica atrófica, alterações inflamatórias no epitélio estomacal, causando lesões metaplásicas sucessivas que ocasionam substituição de tecido como forma de adaptação.
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