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1 SUMÁRIO 1 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM .................................................... 3 2 A CULTURA OU “AS CULTURAS” ...................................................................... 7 3 FORMAS DE SE COMUNICAR NO AMBIENTE EDUCACIONAL: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ................................................................................................... 13 4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA ....... 15 5 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO .... 18 6 ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR PARA A CONSTRUÇÃO DO PPP ..................................................................................................... 19 7 ALGUMAS ESTRÁTEGIAS PARA A MOBILIZAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR .................................................................................................. 21 8 ELABORAÇÃO DO PPP .................................................................................... 22 9 DEFINIÇÃO DE UM MARCO REFERENCIAL ORIENTADOR DO PPP............. 23 10 MARCO REFERENCIAL DO PPP .................................................................. 26 10.1 Marco situacional ..................................................................................... 26 10.2 Marco doutrinal ........................................................................................ 27 11 ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO A REALIDADE DA ESCOLA 28 12 SUGESTÕES DE DIMENSÕES E INDICADORES E PARA ANÁLISE DA REALIDADE ESCOLAR ...................................................................................................... 33 13 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO ..................................................... 35 14 PLANO DE AÇÃO .......................................................................................... 36 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 38 1 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Fonte: parquedaciencia.blogspot.com.br Com a "emergência das novas tecnologias informacionais, o conhecimento passou a ocupar o centro das atenções" (MACHADO,1997, p. 15). Esse conhecimento deixa de ser um "sistema de manufatura centralizado" para se tornar um processo global dirigido ao consumidor da atividade de pesquisa, de exploração e de interação que, conforme analisa RASCHKE (1998, p.14), no seu estudo sobre a Terceira Revolução do Conhecimento, passa a ser a marca de uma nova era, ou o estopim de uma nova revolução. Das duas revoluções anteriores, a primeira resultou do uso da linguagem pelo ser humano (que passou a viver em comunidades rurais), que é vista como ”o principal fator que distingue os primeiros humanos de seus antepassados pré-humanos”; a segunda resultou da invenção da escrita, que permitiu o surgimento de complexos urbanos e possibilitou que a informação e a comunicação estivessem em repositórios padronizados, compondo imensos bancos de dados, cujo controle e gerenciamento sempre foi controlados por poucos. A Terceira Revolução é marcada pelo constante avanço das redes de computadores que têm uma capacidade cada vez maior de processamento e armazenamento de dados, criando uma dimensão totalmente nova na explosão da informação, uma vez que os computadores podem potencializar a níveis não imagináveis a habilidade do ser humano “de investigar, analisar e utilizar grandes quantidades de informação existente" (ROBERTSON, 1998:24). http://parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/02/o-uso-de-ambientes-virtuais-de.html Fonte: www.educacao.cc Muitos estudiosos, nos centros de pesquisas de Universidades americanas e europeias, desenvolvem programas para mapear o ciberespaço, atlas de mapas e representações gráficas desses novos territórios eletrônicos da Internet, que nos permitem visualizar o que são essas conexões (Figs. 1, 2 e 3). Fonte: www.opte.org Na Figura 1, cada cor representa conexões em uma parte do Mundo. As conexões na Ásia Pacifica estão assinaladas em vermelho; as da Europa Oriental, da Ásia Central e da África, estão em verde; as da América do Norte, em azul e as da América Latina e Caribe, estão em amarelo. As conexões desconhecidas estão assinaladas em branco. A Figura 2 mostra o trabalho de medição e mapeamento da estrutura e do desempenho da Internet global realizada por Stephen Coast, dando continuidade a estudos sobre o mapeamento da Internet realizados por pesquisadores da Bell Labs, nos Estados Unidos. Fonte: www.cybergeography.org A Figura 3 mostra a topologia de uma rede experimental, gerenciada pelo Departamento de Computação da Lancaster University, na Inglaterra. Há um constante acompanhamento do fluxo das conexões entre os diversos departamentos da Universidade. Esses mapas podem dar a ideia das milhões de conexões que se realizam no ciberespaço. Por que não usar esse mesmo ciberespaço para se desenvolver conexões educacionais? Uma nova sociedade vai se configurando neste início de século, uma sociedade que pode "representar uma transformação qualitativa da experiência humana" e que devido a "uma convergência da evolução histórica e da transformação tecnológica” permite que se desenvolva “um modelo genuinamente cultural de interação e organização social. Por isso é que a informação representa o principal ingrediente de nossa organização social e os fluxos de mensagens e imagens entre as redes constituem encadeamentos básicos de nossa estrutura social “(CASTELLS, 1999:505)”. Assim, através da Internet, essa rede de redes de computadores, com milhões de usuários, tem-se o acesso a qualquer tipo de informação disponibilizada em bancos de dados espalhados por todo o mundo permitindo um fluxo crescente de informações. Derrick Kerckhove trata da Internet sob outra perspectiva; ele a descreve como "um cérebro que não para de trabalhar, de pensar, de produzir informação, de analisar e combinar" (KERCKHOVE, 1996, p. 91), considerando-a não o suporte, mas o agente. A Internet passa a ser compreendida como o ciberespaço, Fonte:www.google.com.br O novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (LÉVY, 1999:17). O ciberespaço permite comunicações "sem as limitações de tempo, espaço, personalidade ou corpos, religião ou nacionalidade", permitindo interação e "feedback" imediatos (RUSHKOFF, 1995, p.34) Mais importante do que a tecnologia ou a infraestrutura, o importante é que novos ambientes se desenvolvem virtualmente e, neles as relações humanas podem se tornar mais profundas, apesar de, aparentemente, revelarem uma superficialidade assustadora. As inter-relações daqueles que se conectam, suas produções individuais e/ou conjuntas, as trocas on-line e off-line disponibilizadas e compartilhadas nesse imenso espaço virtual, podem ser orientadas para uma significativa melhoria do ser humano. 2 A CULTURA OU “AS CULTURAS” Fonte: www.xalingo.com.br A partir dos significados encontrados em diversos autores como SANTAELA (1996, p.9), CHISOLM (1994, p.21), LINTON (1970), NASSIF (1977, p.70) e BOSI (1982, p.152), conclui-se que cultura é o resultado da produção humana que incorpora os sistemas de significações, valores, crenças, comportamentos e formas de comunicação de um mesmo grupo em um espaço compartilhado. Contudo, neste início do século XXI, professores e alunos deparam-se com uma grande complexidade e percebem que não há uma cultura, mas um espectro multicultural amplo desenvolvido principalmente noscentros urbanos devido à afluência cada vez maior de migrantes advindos das mais diversas regiões, principalmente da área rural e pobre, trazendo sua herança cultural. Segundo ZOYA (1997), setenta por cento da população latino-americana se encontra nas regiões metropolitanas e coloca-se em contato com as redes nacionais e transnacionais que provocam reorganizações dos conteúdos, práticas e rituais dessa população. Grande parte da população passa do rural para o urbano, expondo-se e participando de uma articulação globalizada das unidades de produção, circulação e consumo de mercadorias e de mensagens culturais estranhas à sua cultura original (CANCLINI, 1998). Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação, a cultura de massa entra na casa dos brasileiros dos mais diferentes níveis sociais e as manifestações culturais populares e clássicas passam a sofrer alterações dando origem a uma indústria cultural que, ao mesmo tempo em que influência, recebe influências de todos os tipos de cultura que convivem nessa globalização cultural. Assiste-se, na verdade, uma adaptação da cultura popular e do folclore (BOSI, 1987) e uma resistência que permite que as camadas mais populares absorvam a modernidade. Trabalhem seu folclore até como forma de sobrevivência nesse novo contexto, fazendo surgir formas híbridas de cultura em paralelo. Deparamos com uma cultura em construção permanente com a contribuição das multiculturas afetadas não só pela globalização, mas também pela desterritorialização. Fonte: vestibularetecap.webnode.com.br Constata-se que, em paralelo, se desenvolveram outros tipos de culturas, como uma cultura própria dos jovens e uma cultura das mídias. Há um entrelaçamento cujo ponto em comum é a comunicação. É relevante destacar que a "cultura das mídias", em que se apresentam diversos veículos de comunicação com seus respectivos códigos e processos sígnicos interagindo, provoca uma recepção perceptiva e comunicacional diferenciada. Assim, as atividades sociais veem-se fortemente reorganizadas em função da sua exposição às mídias. DRUMMOND (1996) atenta para o fato de não só o tempo familiar se reorganizar em função da TV, do videogame - a que se acrescenta o uso do computador, o acesso à Internet bem como a própria disposição do espaço. As casas de classe média têm não só um lugar para uma audiência coletiva dos programas de TV, como apresentam espaços individuais que atendam aos interesses dos diversos membros da família, quer no uso da TV, do vídeo, do vídeo game ou do computador. As favelas, em muitos centros urbanos, no Brasil, são marcadas pela grande quantidade de antenas de TV e, em muitas, os computadores, refugos de empresas que se modernizaram, já tem seu lugar; na zona rural, no litoral, ou nos centros urbanos as antenas parabólicas são uma nova marca na paisagem. Até mesmo, em restaurantes e bares, a presença do aparelho de TV, por meio do qual se acessa tanto a TV aberta como a TV a cabo faz parte da decoração. Os cybercafés proliferam, as Lan Houses multiplicam-se. Da mesma forma, nos videogames, em aparelhos discretos ou acessados pela Internet, a Realidade Virtual possibilita a realização de experiências multissensoriais interativas buscando dar ao usuário a sensação de realismo. Muitas vezes, através da imersão total, promove uma experiência sensorial, emocional e racional transformando a produção simbólica em experiência direta. A Realidade Virtual pode ser tão importante quanto foi no Renascimento a pintura em perspectiva. Ainda mais quando está Realidade Virtual permite o acesso a lugares e dimensões que o corpo humano não pode acessar fisicamente, "trazendo novas perspectivas a velhos problemas" (RUSHKOFF, 1995:42-42). As redes de comunicação, as novas tecnologias digitais afetam a cultura jovem de maneira marcante. A forma de compreensão sofre alterações nessas sociedades em que convivemos com múltiplos sons, imagens e textos orais, escritos e digitalizados. Essa cultura têm a marca do sensorial e a sua leitura de mundo é muito diferente da leitura de mundo de seus pais e de seus professores. Daí, que resulta muito mais uma audição oral do que uma audição letrada, isto é, presta-se muito mais atenção ao som da comunicação do que ao conteúdo verbal. KERCKHOVE (1995) chama atenção para a diferença entre a audição oral e a audição letrada, caracterizando a oral como "global e compreensiva", atenta "às situações concretas", "cosmocêntrica e espacial", que "procura imagens", e que é partilhada "coletivamente", e a letrada como “especializada e seletiva", "independente do contexto", "linear, temporal e logocêntrica”, que procura "conceitos" e que é "detida individualmente". Como em nenhuma outra época, os jovens participam como emissores e receptores dessa cultura midiática compondo uma "cultura dos jovens", Uma exposição de jovens às representações emocionais, intelectuais e sociais dos sistemas de comunicação de massa como ambientes complexos para a identificação pessoal como sujeitos humanos no seu amadurecimento como adulto (DRUMOND, 1995:7). Nesse contexto, os professores podem tirar proveito dessa cultura, a partir da exploração do ciberespaço. Através da criação, nos "mundos-redes, das classes virtuais, dos tele encontros, dos ambientes virtuais de aprendizagem colaborativos. Esses ambientes são possíveis através da intervenção humana organizada e intencional. Não basta que a infraestrutura exista, é necessário um projeto de utilização dessa infraestrutura para que aconteçam as reuniões de trabalho, os encontros de estudo, os grupos de aprendizagem “on-line”, para que, como diz PISCITELLI (1995) às conversas eletrônicas sejam realmente produtivas. Os meios de comunicação fazem a mediação entre homens, mulheres e o mundo, ao divulgarem informações; ao produzirem novas informações; ao transformarem os acontecimentos em mercadorias de informação ou de entretenimento. Porém, toda essa informação, muitas vezes, é confundida e tomada como conhecimento (BACEGA, 1997). É preciso, portanto, atentar-se para a qualidade da informação disponibilizada, veiculada, acessível pelas redes de computadores, pela TV, pelos jornais, enfim, por diferentes mídias. Ao criarem-se ambientes virtuais de aprendizagem, é importante que tanto os professores quanto os alunos tenham a mesma atitude que o historiador desenvolve durante a sua formação e adota em seu trabalho, a atitude crítica diante de uma nova fonte. Ao se examinar um documento (verbal, sonoro, imagético, enfim, de qualquer natureza), deve-se realizar uma crítica externa e uma crítica interna. A crítica externa se refere à autenticidade, à pertinência, à historicidade do documento e à integridade, à confiabilidade, à competência de seu autor. A crítica interna se coloca em relação ao conteúdo do documento, isto é, à informação propriamente dita, considerando sua lógica, sua veracidade, sua legalidade, etc. A partir dessa perspectiva, são aplicados os mesmos procedimentos na avaliação da informação acessada na Internet, uma vez que qualquer indivíduo que tenha acesso às redes de computadores (quaisquer tipos de redes) pode disponibilizar qualquer tipo de dados e de informação e torná-los disponíveis a todos os seus usuários. Em muitos servidores de rede, na Internet, não há censura, triagem ou outro tipo de filtragem, assim, plágios, fraudes, inverdades, manipulações podem ser disponibilizadas. Não só nas redes de computadores, esse perigo está presente, mas a incidência em outras mídias é menor, uma vez que os jornais, revistas, livros, ou programas de rádio, de televisão têm editores que são responsáveis pela sua veiculação, ou a filtram a partir de sua ideologia e/ou de sua filosofia de comunicação. Os ambientes virtuais de aprendizagem colaborativos permitem alunos e professores pensarem, refletirem,analisarem as informações recolhidas nas revisões bibliográficas, nas listas de discussão, nos bancos de dados. Permitem, ainda, relacionarem esse novo conhecimento ao seu conhecimento anterior, às outras informações disponíveis e construírem novos conhecimentos; produzirem novos documentos, disponibilizando-os no ciberespaço e/ou nos espaços tradicionais para que venham alimentar uma inteligência coletiva que, por sua vez, propiciará novos acessos, novos pensares, novas construções, novas produções e comunicações em um verdadeiro círculo construtivo e emancipador, uma inteligência coletiva dentro de sua própria cultura que manterá conexões com outras culturas, sem no entanto, perder a sua característica territorial. Por outro lado, cada vez mais, pesquisadores brasileiros na área das Ciências Humanas, como DEMO (1996) e PIMENTA & ANASTASIOU (2002), insistem na necessidade de os professores integrarem a sua prática pedagógica à pesquisa em Educação. Essa integração se faz necessária e urgente respondendo a um compromisso social que a pesquisa deve ter. As instituições de fomento são, em geral, mantidas por verbas que o Estado direciona para a pesquisa, mas o que se tem assistido, principalmente nas Ciências Humanas, são projetos de pesquisas descolados da realidade social, ou projetos - que se arrastam por anos - e cujos resultados vão para as estantes das Universidades ou dos Institutos de pesquisas onde serão esquecidos sem promover impactos transformadores na sociedade. No ciberespaço, os resultados das pesquisas podem retornar ao campo pesquisado e fornecer dados e direcionamentos para mudanças necessárias em tempos bastante reduzidos, dando uma nova dimensão para a pesquisa. Os professores podem estar pesquisando sua própria prática, através da abordagem de investigação-ação, tornando seus alunos parceiros de pesquisa, iniciando-os como pesquisadores e desenvolvendo novas competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que lhes poderão ser úteis na sua vida como cidadão e como profissional. 3 FORMAS DE SE COMUNICAR NO AMBIENTE EDUCACIONAL: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Fonte: belem.ifpa.edu.br Considerando o Projeto Político Pedagógico essencial para o bom funcionamento da escola, faremos uma abordagem teórica acerca do tema, que diante dos desafios da pós-modernidade é considerado pertinente a todos os envolvidos no processo educacional. O Projeto Político Pedagógico é antes de tudo a expressão de autonomia da escola no sentido de formular e executar sua proposta de trabalho. É um documento juridicamente reconhecido, que norteia e encaminha as atividades desenvolvidas no espaço escolar e tem como objetivo central identificar e solucionar problemas que interferem no processo ensino aprendizagem. Esse projeto está voltado diretamente para o que a escola tem de mais importante “o educando” e para aquilo que os educandos e toda a comunidade esperam da escola – uma boa aprendizagem. O Projeto Político Pedagógico é um caminho traçado coletivamente, o qual se deseja enveredar para alcançar um determinado objetivo. Deste modo, ele deve existir antes de tudo porque define-se como ação que é anteriormente pensada, idealizada. É tudo aquilo que se quer em torno de perspectiva educacional: a melhoria da qualidade do ensino através de reestruturação da proposta curricular da escola, de ações efetivas que priorize a qualificação profissional do educador, do compromisso em oportunizar ao educando um ensino voltado para o exercício da cidadania, etc. É através de sua existência que a escola registra sua história, pois é conhecido como http://belem.ifpa.edu.br/projeto-politico-pedagogico/64-ppp/259-o-que-e-o-ppp “um conjunto de diretrizes e estratégias que expressam e orientam a prática político- pedagógica de uma escola”. É um processo inacabado, portanto contínuo, que vai se construindo ao longo do percurso de cada instituição de ensino. O projeto se dá de forma coletiva, onde todos os personagens direta ou indiretamente, pais, professores, alunos, funcionários, corpo técnico-administrativo são responsáveis pelo seu êxito. Assim, sua eficiência depende, em parte, do compromisso dos envolvidos em executá-lo. Fonte: entidadesdemocraticascanoinhas.blogspot.com Veiga (2001), define o Projeto Político Pedagógico assim: Etimologicamente o termo projeto - projetare – significa prever, antecipar, projetar o futuro, lançar-se para frente. A partir desse entendimento, construímos um projeto quando temos uma demanda para tal, quando temos um problema. Assim, falar de projeto é pensar na utopia não como o lugar do impossível, mas como o possível de ser realizado e não apenas do imaginário e desmedido como apresenta inicialmente. O desejo de mudança, a possibilidade real de existir. O projeto é político por estar introjetado num espaço de sucessivas discussões e decisões, pois o exercício de nossas ações está sempre permeado de relações que envolvem debates, sugestões, opiniões, sejam elas contra ou a favor. A participação de todos os envolvidos no Projeto Político Pedagógico da escola, as resistências, os conflitos, as divergências são atos extremamente políticos. Logo, concordamos com Aristóteles, quando afirma que “todo ato humano é um ato político”. http://entidadesdemocraticascanoinhas.blogspot.com.br/2012/06/cartilha-o-conselho-escolar-na-gestao.html O projeto é pedagógico por implicar em situações específicas do campo educacional, por tratar de questões referentes à prática docente, do ensino aprendizagem, da atuação e participação dos pais nesse contexto educativo, enfim, de todas as ações que expressam o compromisso com a melhoria da qualidade do ensino. A dimensão política, a forma social é a forma coletiva, na qual alunos, professores, supervisores, orientadores, funcionários e responsáveis por alunos discutem o Projeto Político Pedagógico. Todos nós planejamos nosso dia-a-dia, sistematicamente ou não. É através das discussões e das necessidades individuais, tornadas coletivas, que o Projeto Político Pedagógico passa a ser desenhado na cabeça das pessoas. Ao referir-se a essas dimensões política e pedagógica do Projeto, encontramos em Marques apud Silva (2000), apoio, quando expressa: O projeto político pedagógico tem um caráter dinâmico e não acontece porque assim desejam os administradores, mas porque nos preocupamos com o destino das nossas crianças, da escola e da sociedade e ansiamos por mudanças. 4 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA Fonte: colegiopaulofreiresj.com.br A construção do Projeto Político Pedagógico surge a partir da necessidade de organizar e planejar a vida escolar, quando o improviso, as ações espontâneas e casuais acabam por desperdiçar tempo e recursos, os quais já são irrisórios. Sendo o Projeto Político Pedagógico a marca original da escola, ele pode propor oferta de uma educação de qualidade, definindo ou aprimorando seu modelo de avaliação levando http://colegiopaulofreiresj.com.br/proposta-pedagogica/projeto-politico-pedagogico/ em consideração os principais problemas que interferem no bom desempenho dos alunos; estabelecer e aperfeiçoar o currículo voltado para o contexto sociocultural dos educandos; apontar metas de trabalho referentes à situação pedagógica, principalmente no que se refere às experiências com metodologias criativas e alternativas. Em função disso, é que se considera importante estruturar os princípios que norteiam as práticas educacionais. O projeto deve ser construído tendo por base tarefas simples, passíveis de serem executadas no dia a dia da escola. Mas ele não dispensa o planejamento cuidadoso, a imaginação criadora e o espírito de equipe. Entretanto, o mais importante para a escola, não é apenas construir um Projeto Político Pedagógico, mas o fazer educativo, a sua aplicabilidade.Não se realiza o Projeto Político Pedagógico somente porque os órgãos superiores o solicitam à escola, mas porque a comunidade escolar dá um basta à mesmice, à organização burocrática, à condução autoritária e centralizadora das decisões. Mas, sabemos que não é uma tarefa fácil, o processo exige ruptura, continuidade, sequência, interligação, do antes, do durante e do depois, é um avançar continuado. São mudanças que muitas vezes não são bem aceitas pela comunidade escolar, porque dá ideia de mais trabalho, mais tempo, mais custos, daí o porquê da resistência de alguns. Referindo-se a essa ideia, exprime Gadotti e Demo (1998), comenta que o Projeto Político Pedagógico é como um farol de mudanças, pois define pontos importantes para a educação básica como “A instrumentalização pública mais efetiva da cidadania e da mudança qualitativa na sociedade e na economia”. Para ele, esses aspectos são primordiais no sentido de oportunizar a formação do sujeito competente e viabilizar uma educação centrada na construção da qualidade, considerando que a escola é um espaço adequado onde se processa a capacidade de manejar e produzir conhecimento, pois dela se espera construir o conhecimento, em vez de apenas reproduzir. O Projeto Político Pedagógico é um meio eficaz para a superação da ação fragmentada tanto na educação quanto na escola, motivando e reanimando o ânimo de toda a comunidade escolar, onde cada um tenha o sentido da pertença, sentindo- se corresponsáveis pelo crescimento e pela melhoria do ensino. O compromisso do professor é grande, podendo contribuir para que a escola seja um lugar de crescimento e humanização. Assim, é importante primar pela sua atualização constante, buscando referências e apoios didáticos que servirão de subsídios para inovar sua prática docente; trabalhar coletivamente, priorizar espaço onde possa vivenciar e fazer troca de experiências, revisando sempre sua formação. Ao elaborar e executar o seu PPP a escola deverá destacar: • Os fins e objetivos do trabalho pedagógico, buscando a garantia da igualdade de tratamento, do respeito às diferenças, da qualidade do atendimento e da liberdade de expressão; • A concepção de criança, jovens e adultos, seu desenvolvimento e aprendizagem; • As características da população a ser atendida e da comunidade na qual se insere; • O regime de funcionamento; • A descrição do espaço físico, das instalações e dos equipamentos; • A relação de profissionais, especificando cargos, funções, habilitação e níveis de formação; • Os parâmetros de organização de grupos e relação professor/ aluno; • A organização do cotidiano de trabalho com as crianças, jovens e adultos; • A proposta de articulação da escola com a família e a comunidade; • O processo de avaliação, explicitando suas práticas, instrumentos e registros; • O processo de planejamento geral. • Trazer anexos como: a Matriz Curricular vigente e Projetos Especiais a serem desenvolvidos. O PPP e o Regimento Escolar das unidades escolares deverão estar: • consonantes com as leis vigentes (Lei 9394/96; 11.274/06; Estatuto da Criança e do Adolescente, Resoluções do CME 002/98; 03/99 e 06/99; Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, para o Ensino Fundamental de Nove Anos, a Educação de Jovens e Adultos - EJA, Diretrizes Municipais para a Inclusão da História e Cultura Afro Brasileira e Africana no Sistema Municipal de Ensino de Salvador, Lei 10639/03 e as Diretrizes Municipais do Meio Ambiente. • disponíveis para a comunidade escolar, as autoridades competentes e para os pais dos alunos interessados em conhecer os documentos. 5 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Fonte: jardimescolamunicipaltiaalice.blogspot.com.br 1. Apresentação ou Introdução (nela devem constar dados sobre o espaço físico, instalações e equipamentos, relação de recursos humanos, especificando cargos e funções; habilitações e níveis de escolaridade de cada profissional que presta serviço na instituição. 2. Breve histórico da unidade escolar 3. Eixo norteador da escola (é o que a diferencia das demais, a sua identidade e função no meio social onde está inserida) 4. Valores e Missão da escola 5. O que queremos? (Marco doutrinal). É a busca de um posicionamento: Político - visão ideal de sociedade e de homem Pedagógico – definição sobre a ação educativa e sobre as características que deve ter a instituição que planeja. Ou seja: - os princípios As teorias de aprendizagem O sistema de avaliação 6. O que somos? (Marco situacional) O diagnóstico da realidade da escola. É a busca das necessidades a partir da análise da realidade e/ou juízo sobre a realidade da escola, comparação com o que se deseja ser). http://jardimescolamunicipaltiaalice.blogspot.com.br/2012/08/projeto-politico-pedagogico.html 7. O que faremos? (Marco operativo) Programação do que deve ser feito concretamente para suprir as faltas. É a proposta de ação. Que mediações (conteúdos, metodologias e recursos) serão necessários para diminuir a distância entre o que vem sendo a instituição e o que deverá ser. Ou seja, a Proposta Curricular - organização da escola organização do trabalho processos de avaliação A proposta curricular deve estar diretamente relacionada aos pressupostos teóricos estabelecidos pela instituição, sem perder o foco nos objetivos, conteúdos e avaliação por segmento e área de conhecimento. 8. Anexos Matriz curricular Marcos de aprendizagem Projetos especiais Outros 6 ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR PARA A CONSTRUÇÃO DO PPP Fonte: espanholgestao2013.blogspot.com.br Para mobilizarmos a comunidade escolar para a construção coletiva do PPP é necessária à utilização de um conjunto de ações articuladas entre si, o que significa a necessidade de uma vinculação estreita entre objetivos da mobilização e meios usados para tal fim. http://espanholgestao2013.blogspot.com.br/2013/06/a-relacao-escola-x-familia-x-comunidade.html O coletivo de organização da mobilização para a construção do PPP na escola deve procurar planejar sua ação com base em algumas referências: * qual a melhor maneira de mobilizarmos as famílias? Os estudantes? E os “pequenos” estudantes? Os funcionários? E os professores? * qual a melhor forma de comunicação a ser utilizada? * qual o conteúdo dessa comunicação? * poderemos usar a mesma estratégia para todos os segmentos da comunidade escolar? * que recursos iremos utilizar? A escola dispõe desses recursos? * a campanha de mobilização durará quanto tempo? * envolverá outros segmentos organizados da comunidade do entorno da escola? Mobilizar, como anteriormente já apresentamos, implica conjugar multiplicidades em torno de um objetivo comum. Implica também a difícil tarefa de negociar, buscar concordâncias, o que não significa, por sua vez, anular diferenças. Nesse sentido, pode facilitar o trabalho de mobilização se esse for coordenado por um coletivo – representantes dos professores, de estudantes (grêmio ou colegas indicados), representantes das famílias. Outra sugestão, nas escolas em que houver conselho escolar atuante que possa se responsabilizar ou colaborar na coordenação dessa tarefa, a presença dos diferentes segmentos da comunidade escolar pode facilitar na escolha das melhores estratégias para se chegar a cada um deles. 7 ALGUMAS ESTRÁTEGIAS PARA A MOBILIZAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR Fonte: gestaoescolar.org.br Elaboração de um livreto ou jornal (com imagens e diálogos) sobre o PPP, sua importância para a escola e necessidade da participação de todos (pode-se, por exemplo, mobilizar estudantes para sua elaboração) Elaboração de carta-convite, com explicações sobre o PPP “Panfletagem” na escola, mobilizando para um dia de discussões sobre o PPP Dia de Mobilização para a construçãodo PPP da escola Promoção de palestras, seminários de troca de experiências com outras unidades escolares que estejam ou já tenham elaborado seu PPP Utilização de meios virtuais para divulgação da mobilização, especialmente entre os estudantes Criação de canais virtuais, espaços de discussão e jornal voltados para os estudantes Divulgação por meio de jornais comunitários, associação de moradores ou outros espaços Debates em salas de aula, organização de atividades culturais centradas na discussão sobre a importância da participação da comunidade na construção do PPP. As sugestões acima são algumas possibilidades; cada escola, de acordo com sua “cultura local”, deve definir quais caminhos utilizará para chamar a comunidade escolar para participar da elaboração do seu Projeto Político-Pedagógico. 8 ELABORAÇÃO DO PPP Fonte:educaja.com.br Diversos estudos que têm tematizado a problemática da construção do PPP nas escolas brasileiras – relatos de experiências, pesquisas, têm apontado também uma diversidade de caminhos seguidos nessa construção. Contudo, encontramos alguns pontos de convergência em torno de alguns “passos” que são apontados como importantes na elaboração do projeto: a) definição de um marco referencial ou conceitual, que expresse as concepções político-filosóficas da escola com relação à educação, à escola e suas finalidades; b) a elaboração de um diagnóstico da realidade escolar, ou análise da realidade escolar; c) a definição de um plano ou programação de atividades -objetivos, estratégias etc.; d) a divulgação do PPP (torná-lo um documento a ser conhecido por toda a comunidade escolar) e, por fim, e) a aprovação do PPP em instâncias colegiadas ou em fóruns de representação direta, como assembleia da escola. 9 DEFINIÇÃO DE UM MARCO REFERENCIAL ORIENTADOR DO PPP Fonte: www.mgaduquedecaxias.seed.pr.gov. Definir um marco referencial significa definir o conjunto de referências teóricas, políticas, filosóficas que balizará o trabalho da escola. Trata-se da explicitação das ideias, das concepções, teorias que orientarão a prática educativa da escola. Para que isso seja possível, é preciso compreender as relações existentes entre a escola e a realidade em que está inserida, realidade não apenas local, mas nacional e mundial. Significa compreender o sentido histórico da educação e da escola pública, compreendendo suas transformações atuais, à luz dos processos históricos que a determinam. Dessa relação entre o global, o nacional e o local podem-se então compreender a “realidade” da escola em sua singularidade, compreendida, entretanto, como resultante dessas relações mais amplas. Essa análise pode nos lançar na definição e explicitação sobre as finalidades sociais da educação e da escola, levando-nos a interrogar sobre o tipo de sociedade com o qual a escola se compromete ou deseja se comprometer, que tipo de sujeitos pretende formar, qual sua intencionalidade, compreendida está em suas dimensões política, cultural e educativa. De acordo com Veiga (2000, p. 23), “a escola persegue finalidades”, por isso é preciso ter clareza das mesmas. Ao ressaltar a importância da reflexão sobre as http://www.mgaduquedecaxias.seed.pr.gov./ finalidades e os objetivos da escola, a autora afirma o caráter dialético desse movimento, ao destacar que as questões levantadas geram respostas que, por sua vez, levam a novas interrogações; esse esforço possibilita a identificação das finalidades da escola, de que precisam ser reforçadas, quais estão sendo relegadas ao segundo plano. Esse trabalho de interrogar-se sobre suas finalidades faz com que a escola se volte para uma de suas principais tarefas, qual seja, aquela de refletir sobre sua intencionalidade educativa (VEIGA, 2000). A clareza da finalidade social da escola possibilita à comunidade escolar definir, também com mais pertinência, critérios e projetar sua ação em termos do que deseja para as dimensões pedagógica, administrativa e democrática. Gandin (1994), ao discutir o “marco referencial”, apresenta três eixos para a discussão: a) marco situacional; b) marco doutrinal e c) marco operativo. O marco situacional refere-se à reflexão sobre as relações da educação, da escola em sua inserção histórica, e suas relações com contextos sociais mais amplos; trata-se de problematizar a educação relacionando-a com outras dimensões da realidade, não apenas em nível local, mas também nacional e mundial. Procura-se compreender os nexos e as relações dos problemas locais compreendendo-os como parte desse contexto mais amplo. O ponto de partida é a realidade local da comunidade em que se insere a escola, os modos de vida dos sujeitos que compõem seu coletivo, as formas organizativas e comunitárias, as culturas locais, a ocupação e organização dos espaços comunitários etc. A discussão desses elementos possibilita apreender as mudanças em seu caráter histórico, discutir valores, conhecer as representações do grupo sobre a sociedade brasileira, sobre sua comunidade, identificar satisfações e insatisfações, expectativas. A discussão do marco situacional desencadeia processos de reflexão relacionados aos valores sociais e políticos relacionados à sociedade e à educação que levam ao debate e ao estabelecimento do marco doutrinal do Projeto Político- Pedagógico, ou seja, da explicitação dos fundamentos teóricos, políticos e sociais que o fundamentam. Doutrinal, nesse caso, não se refere à doutrina, dogmatismo, mas à discussão da base teórica que sustentará o PPP da escola, que dará norte às suas ações. Procura-se discutir, nesse eixo, o tipo de sociedade que queremos construir, qual a formação social e cultural que queremos para nossas crianças e nossos jovens. Quais os valores que queremos desenvolver, qual a função social da escola nos processos de formação dos sujeitos humanos etc. Discute-se nesse eixo o “dever-se” da educação, horizonte necessário para que se possa se projetar um futuro melhor. Fonte: www2.comunitaria.com.br Intrinsecamente relacionado a esses dois eixos, temos então o terceiro, o marco operativo, relacionado às relações da escola com a sociedade; trata-se aqui de uma discussão vinculada ao contexto local, com aquilo que é específico da escola como instituição social e, de modo particular, da escola em que se trabalha, se estuda; o marco operativo se refere, então, à realidade local, traduz as necessidades, expectativas, do grupo e seus anseios por mudança. Trata-se da discussão da escola que queremos. Conforme Gandin (1994, p. 82), o marco operativo é “também uma proposta de utopia, no sentido que apresenta algo que se projeta para o futuro [...]”; todavia, como alerta o autor, para que o marco operativo não se torne um palavreado vazio, é preciso que este tenha um forte aporte teórico. O marco operativo não é o plano ou programação de ação; ele dá base e sustenta este plano de ação; refere-se à realidade desejada. Por isso, nos alerta Gadotti (2000), o PPP, em suas várias dimensões de elaboração, toma sempre como ponto de partida o já instituído, aquilo que já foi historicamente construído, não para perpetuar ou para afirmar fatalismos http://www2.comunitaria.com.br/12-alunos-da-regiao-sao-selecionados-para-o-programa-criancas-do-rio-grande-escrevendo-historias/ (“foi sempre assim, nada mudará”), mas para criar uma nova utopia, um novo instituinte. Baseado em Gandin, elaboramos um quadro síntese, com algumas questões que podem orientar os debates em cada um dos eixos do Marco Referencial do PPP. 10 MARCO REFERENCIAL DO PPP Fonte: www.google.com.br 10.1 Marco situacional Que aspectos da situação global (social, econômica, política, cultural, educativa) chamam a atenção hoje no Brasil e na América Latina? Discutir pontos positivos e negativos do mundo atual. Discutiressas mudanças resgatando seu caráter histórico. Dentre as tendências/problemas da sociedade, na atualidade, que chamam mais a atenção? Por que chamam a atenção? Quais os valores preferenciais na sociedade de hoje? Como essas preferências se manifestam? Qual lhes parece ser a explicação dos males da América Latina e do Brasil? 10.2 Marco doutrinal Qual o tipo de sociedade que queremos? No que se fundamenta uma sociedade justa, democrática e participativa? Que valores devem estar presentes nessa sociedade? Que atitudes esperamos dos sujeitos humanos diante da sociedade? O que significa ser o homem sujeito da história? O que motiva o ser humano a tornar-se agente de transformação? Como podemos contribuir para a construção de uma nova sociedade mais justa? Marco operativo Que ideal temos para nossa escola? Que significa ser o educando sujeito do seu próprio desenvolvimento? Em que consiste o educar-se; em consequência, qual é o ideal para nossa prática educativa? O que significa a educação voltada para a realidade? Como tornar a escola um espaço de mudança, de transformação social? O que caracteriza a escola democrática, aberta e participativa? O que é qualidade de ensino? Que princípios devem orientar nossa prática pedagógica? Projeto Vivencial 11 ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO A REALIDADE DA ESCOLA Fonte: www.google.com.br O diagnóstico se constitui em um dos momentos mais importantes na construção do PPP, pois é nesse momento que fazemos uma profunda análise da situação atual da escola, observando-se todas as suas dimensões – infraestrutura física, equipamentos, corpo docente, trabalho pedagógico, gestão, comunidade, qualidade da educação, processos de formação dos estudantes, etc. Fonte: juliofurtado.com.br http://juliofurtado.com.br/afinal-o-que-e-e-de-onde-vem-o-ppp/ Gandin (1994) começa essa discussão dizendo o que um diagnóstico não é: a) não é uma descrição da realidade da escola e b) não é um levantamento de problemas. Então, o que é um diagnóstico da escola? Como se elabora esse diagnóstico? O termo diagnóstico, comumente associado às práticas médicas, tem sua origem na palavra grega diágnósis, que significa discernimento, “conhecer através de”. O diagnóstico não é um fim em si mesmo, mas um processo que nos permite obter algum conhecimento sobre uma realidade dada. Ao possibilitar conhecimentos sobre a realidade de um determinado contexto, torna-se um importante instrumento no planejamento de mudanças, na medida em que pode nos ajudar a identificar “pontos fortes e frágeis” em cada realidade institucional e a ver as alternativas e possibilidades de ação, tendo como horizonte os ideais e objetivos pretendidos. Por isso, o diagnóstico não é apenas uma lista de problemas “daquilo que vai mal à escola”; supõe avaliação, comparação, juízos de valores, tudo isso tendo como ponto de partida o que foi definido anteriormente no Marco Referencial. Quando é elaborado de forma participativa, o diagnóstico da realidade da escola se constitui em um fecundo espaço de aprendizagem, na medida em que desencadeia um processo de reflexão sobre o que a escola é, aonde quer chegar, identificando os problemas, os efeitos e as consequências destes, mas possibilita também que se identifique o que a escola tem feito de bom, seus pontos fortes; é ponto de partida para que se elabore, de modo fundamentado e com base nas necessidades da escola, o Plano ou Programa de Ação. Gandin (1994) argumenta que o diagnóstico é constituído por três elementos: a) é um juízo, portanto, implica um julgamento, uma avaliação; b) esse juízo é feito sobre uma prática específica (da realidade da escola) sobre a qual se planeja alguma mudança e c) esse juízo é realizado tomando-se como referência os preceitos estabelecidos no marco referencial. Ainda que incidam mais fortemente sobre a dimensão operativa (marco operativo), os critérios de análise referenciam-se também nos marcos doutrinal e situacional. Um bom começo é perguntar-se: “até que ponto nossa prática realiza o que estabelecemos no marco operativo? ” (GANDIN, 1994, p. 90) Tomando o diagnóstico como um dos momentos de construção do PPP, sua função reside em promover um profundo processo de avaliação sobre como a escola tem se organizado e realizado sua tarefa educativa, que dificuldades tem encontrado para o cumprimento desta, que possibilidades encontra para orientar sua ação na direção de uma escola pública democrática. As análises realizadas sobre a realidade da escola não são neutras; elas tomam como referência certo modo de compreender a função social da escola, como deve ser sua organização, o que inclui o trabalho pedagógico, a gestão, as relações com os estudantes, com a comunidade etc. Conforme Vasconcellos (1995), o diagnóstico “não é simplesmente um retrato da realidade ou um mero levantar dificuldades; antes de tudo é um confronto entre a situação que vivemos e a situação que desejamos viver”. Assim, o diagnóstico não é um instrumento técnico, neutro, que pode ser adaptado, aproveitado de outras organizações ou instituições sociais. Ele marca e se fundamenta em uma intencionalidade, é sustentando em valores, aponta para uma direção. Por isso, o diagnóstico da escola deve ser feito também de modo participativo. Implica a obtenção de dados quantitativos e qualitativos que, organizados, sistematizados, interpretados, constituem-se em indicadores importantes para o planejamento das ações futuras voltadas à mudança na escola. Como proceder, então, para realizar um diagnóstico da realidade da escola? Como organizar a produção das informações que auxiliarão na elaboração posterior da análise da realidade da escola? Se não se trata de elaborar uma lista de itens a serem checados; então, como definir o que será analisado? Fonte: br.depositphotos.com Para elaborar um diagnóstico sobre a realidade educacional e obter informações que possam auxiliar a elaboração de um plano de ação, é fundamental http://br.depositphotos.com/49041189/stock-photo-3d-man-thinking-and-confusing.html se terem estratégias para obtenção de informações de análise que possam ajudar a compreender os diversos fatores que favorecem ou dificultam o trabalho educativo da escola. Como se aproximar, então, da realidade escolar, procurando identificar não apenas os problemas aparentes, mas também as dimensões “não ditas”, as determinações que nem sempre se dão a conhecer a um primeiro olhar? O primeiro passo é compor uma equipe ou grupo de trabalho com representantes dos segmentos da comunidade escolar, para coordenar essa etapa. Esse grupo de trabalho pode então elaborar um instrumento que oriente as discussões e facilite os registros das informações, das avaliações, das expectativas da comunidade escolar; esse grupo pode também definir as estratégias que serão usadas para coletar esses materiais com o coletivo da escola. Posteriormente, esses dados deverão ser analisados e consolidados em um documento final, que representa a formalização das discussões realizadas durante todo o processo. A elaboração de um instrumento que oriente as discussões e obtenção de informações ou coleta de dados deve ter como ponto de partida o marco referencial; a partir deste, podem ser estabelecidas dimensões da organização e prática da escola que serão objetos de análise. É importante que cada uma das dimensões seja discutida e bem definida, para que se possam definir eixos de análise e suas perguntas, essas sim orientadoras do processo de discussão com a comunidade escolar. O estabelecimento de dimensões a serem analisadas tem um valor apenas operativo; visa facilitar a compreensão dos diferentes níveis de funcionamento da escola, facilitando-se a apreensão de fenômenos particulares. Não devemos, contudo, perder de vista que a escola éuma totalidade e que essas dimensões imbricam-se, condicionando-se mutuamente. Assim, deve-se, na análise, evitar a compreensão fragmentada da realidade, superando perspectivas teórico-metodológicas que tendem tanto a focalizar como a responder, de modo parcial e seletivo, problemas que são multidimensionais. Nessa perspectiva, um problema como a evasão escolar, por exemplo, não pode ser considerado apenas do ponto de vista dos estudantes, mas também precisa ser analisado a partir da realidade da escola, relacionando-a com o contexto da educação nacional. Fonte: www.apontador.com.brl Definidas as dimensões constitutivas do diagnóstico, pode-se derivar dessas os eixos e perguntas que orientarão a análise a ser realizada. A seguir damos um exemplo de um “guia” para as discussões com a comunidade escolar. A essas dimensões e eixos podem ser acrescentados outros, relacionados com a particularidade de cada escola. Trata-se apenas de fornecer indicativos que podem auxiliar na elaboração de instrumentos específicos, de acordo com as necessidades de análise de cada unidade escolar. 12 SUGESTÕES DE DIMENSÕES E INDICADORES E PARA ANÁLISE DA REALIDADE ESCOLAR Enfim, o diagnóstico implica o desafio de apreendermos analiticamente tudo àquilo que constitui o cotidiano da escola. Para isso, precisamos evitar a mera transposição de conceitos ou de instrumentos de análise. Analisar a realidade da escola supõe múltiplas tensões para aqueles que o fazem; impõem a necessidade, muitas vezes, de abandonar pontos de vistas cristalizados, de abrir mão de interesses pessoais em favor daqueles que representam o coletivo. Significa julgar, avaliar, emitir juízos, valorizar, priorizar, selecionar, mesmo sabendo que a autonomia de que se dispõe, muitas vezes, é limitada. Chamamos atenção para a necessidade de captar a escola naquilo que ela é, sem procurar enquadrá-la em categorias predefinidas que nos obrigam a ajustar informações, a falsificar consensos. Analisar a escola em suas múltiplas dimensões nos ajuda a compreender suas determinações para além da realidade local, impulsionando para que se atinja a intencionalidade política proposta em seu marco referencial. 13 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO As etapas anteriores – estabelecimento de um marco referencial e elaboração do diagnóstico da realidade escolar - culminam nesta que poderíamos considerar a última atividade da elaboração do PPP: a construção de um plano de ações, ou seja, de um conjunto de propostas que se desdobram em ações voltadas a provocar mudanças na realidade da escola. O diagnóstico pode evidenciar muitas necessidades da escola. Muitas vezes, essas são mais complexas e maiores do que a real capacidade da escola de satisfazê-las, o que pode ser fator gerador de tensões no coletivo. Gandin (1994) sugere que se analise a necessidade da escola considerando dois critérios: a) o que é necessário; e b) o que é exequível. Segundo o autor, nem sempre o que é necessário é possível para a escolar resolver nas condições e no tempo de duração do plano de ação. Propõe, então, o autor que a escola estabeleça prioridades, considerando o que é mais necessário, oportuno e urgente fazer. Seguindo ainda essa classificação entre o possível e o necessário, Gandin sugere que o plano de ação ou a programação se organize a partir de quatro dimensões: das ações concretas, das orientações para a ação, das determinações gerais e das atividades permanentes. Ou seja, definidas as prioridades, passa-se a definir o tipo de ação necessária ao atendimento daquela necessidade. Ainda no plano de ação, temos a dimensão temporal, que implica distribuição das necessidades/ações de acordo com uma distribuição em curto, médio e longo prazo. 14 PLANO DE AÇÃO Fonte: escolaperseveranca.blogspot.com a) Ações concretas: são ações voltadas para um objetivo específico, com uma terminalidade bem definida, sustentando-se em recursos próprios; devido às suas características, são bem delimitadas. Contemplam ações de curo prazo. Ex.: promoção de uma capacitação sobre um tema delimitado, para atender a uma necessidade específica: b) Orientações para ação: não se constituem em propostas concretas, mas dizem respeito aos valores, às atitudes; procuram modificar os comportamentos, levar à partilha de referências comuns. Exemplo: “desenvolver o espírito crítico nos alunos c) Atividades permanentes: dizem respeito a atividades de caráter permanente, podendo estar vinculadas ou não à esfera administrativa; são também denominadas rotinas d) Determinações gerais: são orientações ou ações que atingem a todos os segmentos da comunidade escolar; são elaboradas também a partir do diagnóstico da escola. Exemplos: requisitos para atividades complementares, apresentação dos planos de aula pelos professores aos alunos. O plano de ação deve traduzir, em suas prioridades, formas de encaminhamento e as decisões coletivas da comunidade escolar; é a esta que cabe dizer o que é prioridade e quais os melhores meios para se alcançarem os objetivos http://escolaperseveranca.blogspot.com.br/2013/12/plano-de-acao-2014-2015.html propostos. As prioridades devem ser escolhidas tomando-se como base o que foi estabelecido no marco referencial – que estabelece o projeto de futuro da escola. Assim, não cabem decisões arbitrárias ou individuais. Podemos ainda contemplar, no plano de ação, um detalhamento das ações – qual é a ação, o que a justifica, qual procedimento/metodologia usaremos para realizá- la, quais as pessoas ou instâncias responsáveis por sua execução, quais recursos serão necessários (recursos materiais, humanos, financeiros), de que forma será acompanhada (avaliação processual). Esse detalhamento facilita a implementação do PPP e da avaliação processual. Fonte: novaescola.org.br Na perspectiva que aqui apresentamos, o plano de ação, parte integrante do PPP, refuta orientações tecnicistas, pois se encontra organicamente articulado às necessidades da escola; e precisa ser flexível, pois a própria dinâmica das atividades da escola pode levar à necessidade de redirecionamentos, de ajustes ou correções. Assim, o planejamento é práxis, representa uma estreita articulação entre teoria e prática, entre o previsto e o realizado. 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