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Resumo dos Capítulos VI e VII do livro História antiga trajetórias, abordagens e metodologias de ensino

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FARIAS JÚNIOR J. P. História antiga: trajetórias, abordagens e metodologias de ensino. Uberlândia: Navegando Publicações, 2020.
Capítulo VI – O uso de fontes audiovisuais no ensino de História Antiga
Em seus últimos suspiros, o século XX viu nascer aquilo que hoje vivenciamos e denominamos de “Era Digital” ou “Era da Informação”, fruto da integração das ciências e do conhecimento - informação/dados - ao processo produtivo industrial de novas tecnologias. Tecnologias estas, como os smartphones,notebooks, videogames, televisãoque possibilitam o acesso e a troca de informações em nível global em questões de segundos; e que se baseiam, principalmente, em recursos audiovisuais, podendo ser utilizadas como importantes ferramentas de ensino.
Paralelamente a este mundo tecnológico encontra-se o universo escolar. Pertencentes a mesma realidade, e não a bolhas fechadas e excludentes entre si, cabe a escola incorporar ao processo de ensino e aprendizagem os novos recursos didáticos audiovisuais, de modo a não só tornar o ensino escolar mais parecido com a vida cotidiana dos alunos, para que eles se identifiquem neste processo, assim como formar cidadãos conscientes e questionadores oferecendo “condições para o aluno se situar na história como agente construtor do processo histórico. Adicionado a isso, deve possibilitar o desenvolvimento de ser crítico, de se expressar, de questionar e de ter uma autodisciplina nas tarefas escolares”. (JÚNIOR, 2020, p. 137)
No entanto, no cotidiano escolar brasileiro tal concepção de ensino – que estabelece o aluno como protagonista do processo de aprendizagem – não se encontra em prática, o que podemos observar é justamente o contrário segundo as observações de José Petrúcio de Farias Júnior (2020): as metodologias de ensino aplicadas a disciplina de História - reproduzidas principalmente pelos livros didáticos -, em especial da História Antiga, prezam mais a passividade do aluno - posto que o conhecimento histórico é entendido como “um produto acabado” - do que a análise e reflexão do conteúdo estudado. O exercício de vivenciar a história, participando dos processos históricos, também é relegado a segundo plano, assim como a ausência do trabalho com fontes em sala de aula, até mesmo as fontes audiovisuais como filmes, séries e jogos com as quais os alunos mais se identificam.
Os livros didáticos são importantes suportes mediadores do ensino e aprendizagem e o principal meio de divulgação da escrita da História escolar/conhecimento histórico, no entanto, como aponta Júnior, “a história não deve ser construída unicamente pelo papel, pois existem outros modos de conceber o passado, tais como o som, a imagem, a emoção e a montagem” (JÚNIOR, 2020, p. 142). As fontes audiovisuais, dessa forma, se tornam recursos didáticos importantes tais como os livros didáticos de História (LDs) tendo em vista o grande número de produções que retratam o passado. E, assim como os LD’s de História, as fontes audiovisuais também devem ser debatidas e problematizadas em sala de aula, afinal não se tratam de reconstruções fidedignas do passado, mas adaptações de eventos históricos que possibilitam não apenas o conhecimento sobre o passado como também do presente.
Capítulo VII – Desafios para o ensino de História Antiga no Brasil
Um dos grandes debates no campo educacional brasileiro é sobre a importância da educação no processo de formação de cidadãos conscientes, questionadores, conhecedores do seu passado e da atual realidade em que se encontram sem, no entanto, sucumbir à ideia de que ela - e também o próprio passado – seguem a “leis” já determinadas. Dessa forma, a desnaturalização de fenômenos sociais e também das experiências cotidianas são questões importante ao ensino, especialmente na disciplina de História - assim como também nas demais disciplinas das Ciências Sociais. 
Destarte, problematizar o passado, os espaços de vivência, as experiências cotidianas se tornam mais que necessários no ensino de História, devendo ser cultivado desde a Educação Básica, tendo em vista que “pensar historicamente” - elemento importante a ser desenvolvido pelos alunos – diz respeito à uma forma de reflexão, desenvolvida pela prática. No entanto, apesar das novas abordagens teóricas e metodológicas em relação aos conteúdos de História - e em especial sobre a Antiguidade – a pouca carga horária destinada a trabalhar os extensos conteúdos torna professores e alunos reféns “não só de uma concepção de História fatual, descritiva, etapista, linear e marcada por relações reducionistas de causa-efeito, mas também de uma concepção de Educação meramente instrucional, conteudista e hierárquica” (JÚNIOR, 2020, 155). 
Os reflexos dessa metodologia de ensino são perceptíveis no ensino superior: a falta de posicionamento próprio e de articular ideias, criando linhas de raciocínio, até mesmo de desenvolver críticas conscientes e de estruturar argumentos. Repensar a própria metodologia neste caso se torna um desafio necessário à própria dinâmica do ensino de História: aproximar alunos e professores das fontes primárias, estabelecendo a aprendizagem a partir de uma “situação-problema”; buscar entender a necessidade do estudo daquela fonte, a sua importância, suas “ligações” com o presente e o mais importante: estabelecer um contato direto com o passado e construir suas próprias percepções a seu respeito. (JÚNIOR, 2020)
No entanto, como aponta Júnior (2020, p. 154) não devemos nos contentar em investigar “apenas a origem e o propósito dos documentos, mas principalmente os processos históricos no interior dos quais os acontecimentos descritos estão inseridos e isso implica que nunca selecionaremos um documento isoladamente”. O debate crítico a historiografia produzida em relação ao tema se torna mais que necessária no processo de ensino, devendo fazer parte do cotidiano do aluno, assim como o incentivo à produção textual – que deve auxiliar na articulação de ideias e linhas de raciocínio. 
Por fim, os desafios impostos ao ensino de História, que não se limitam ao da Antiguidade, tendo em vista que as metodologias de ensino aplicadas e exposição de conteúdos no geral não apresentam grandes variações, buscam melhorar a qualidade do ensino, em um primeiro plano, além de contribuir na formação de pessoas melhores capacitadas e preparadas para a vida social.

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