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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO JUIZ DE FORA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DISCIPLINA MICROBIOLOGIA APLICADA Elisiane Raimundo da Silva RESISTÊNCIA BACTERIANA: CAUSAS, EFEITOS E PREVENÇÃO Juiz de Fora 2020 Elisiane Raimundo da Silva RESISTÊNCIA BACTERIANA: CAUSAS, EFEITOS E PREVENÇÃO Artigo sobre resistência bacteriana, para compor de nota na avaliação semestral AV2 da disciplina de Microbiologia Aplicada Docente: Bruno Esteves Conde Juiz de Fora 2020 Elisiane Raimundo da Silva RESISTÊNCIA BACTERIANA: CAUSAS, EFEITOS E PREVENÇÃO Artigo sobre resistência bacteriana, para compor nota na avaliação semestral AV2 da disciplina de Microbiologia Aplicada Docente: Bruno Esteves Conde Entregue em Juiz de Fora, em 27 de novembro de 2020 RESISTÊNCIA BACTERIANA: CAUSAS, EFEITOS E PREVENÇÃO BACTERIAL RESISTANCE: CAUSES, EFFECTS AND PREVENTION Elisiane Raimundo da Silva1 27 de novembro de 2020 Resumo A resistência bacteriana aos antibióticos é atualmente um dos problemas de saúde pública mais relevantes a nível global, dado que apresenta consequências clínicas e económicas preocupantes, estando associada ao uso inadequado de antibióticos, principalmente por patógenos potencialmente nocivos para a saúde, têm-se despertado gradativamente a necessidade pela busca de novas substâncias com o intuito de conter as infecções desencadeadas nos ambientes hospitalares e na comunidade. Esse trabalho é uma resenha de artigos, pertinente ao assunto, publicados nas revistas indexadas no Scielo, os quais abalizaram alguns métodos para prevenir a seleção de micro-organismos resistentes, e também evidenciaram que há novas substâncias em desenvolvimento ou já disponíveis com significativa atividade antimicrobiana capaz de reduzir, de forma seletiva, alguns microrganismos emergentes ou multirresistentes em um curto período de tempo, bem como ao longo prazo. Palavras-chave: bactérias, microbiologia, antibióticos. 1 ACADÊMICA DE ENFERMAGEM – pelo CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO JUIZ DE FORA – 201512225606@alunos.estacio.br Abstract Bacterial resistance to antibiotics is currently one of the most relevant public health problems globally, given that it has worrying clinical and economic consequences, being associated with the inappropriate use of antibiotics, mainly by pathogens that are potentially harmful to health, have been gradually awakening the need to search for new substances in order to contain infections triggered in hospital environments and in the community. This work is a review of articles, relevant to the subject, published in the journals indexed in Scielo, which highlighted some methods to prevent the selection of resistant microorganisms, and also showed that there are new substances under development or already available with significant activity antimicrobial capable of selectively reducing some emerging or multi-resistant microorganisms in a short period of time, as well as in the long term. Keywords: bacteria, microbiology, antibiotics 5 1 INTRODUÇÃO A resistência bacteriana aos antimicrobianos mais tradicionais é atualmente um dos maiores e mais consideráveis obstáculos para a saúde pública; em razão de apresentar consequências clínicas drásticas e preocupantes tanto para hospitais quanto para a sociedade. O desenvolvimento de resistência bacteriana aos antibióticos é um fenómeno natural resultante da pressão seletiva exercida pelo uso de antibióticos, mas que tem sofrido uma expansão muito acelerada devido à utilização inadequada destes fármacos, existindo uma correlação muito clara entre um maior consumo de antibióticos e níveis mais elevados de resistência microbianas. O uso indiscriminado dos antimicrobianos ocorre desde a descoberta da penicilina de maneira corriqueira. Muitos microrganismos patogênicos foram se adequando a estes compostos farmacológicos que, até então, eram administrados com objetivo primordial de exterminá-los, tornando os seus efeitos (posteriormente) muitas vezes ineficazes. Segundo a World Health Organization (WHO) Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e Treponema pallidum, são exemplos notórios de bactérias que vêm apresentando resistência aos antimicrobianos. Outro patógeno que conjuntamente com os acima citados tem despertado a atenção da comunidade científica é o bacilo Mycobacterium tuberculosis, que foi responsável por 480.000 novos casos de tuberculose multirresistente e que destes, no ano de 2014, 123.000 casos foram detectados e relatados. Como a maioria destes microrganismos proliferam-se rapidamente, associados ao uso indevido ou excessivo destes medicamentos pela população, a cada dia se tornam mais rápidos e oportunos no desenvolvimento de resistência aos mesmos. Este trabalho pretende, assim, alertar para a importância do problema da resistência microbiana na saúde pública atualmente, analisando fatores que podem influenciar o consumo de antibióticos e, consequentemente, o nível de resistência aos mesmos. 2 - DEFESA BACTERIANA E RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS Desde a descoberta da antibiose por Alexander Fleming em 1928, embora esse achado tenha representado um grande progresso para a humanidade, as doenças infecciosas ainda permanecem como uma das principais causas de morte em todo o mundo. A propagação de microrganismos patogênicos resistentes aos antimicrobianos existentes tornou-se um transtorno crescente em virtude de seu potencial infeccioso intransigente acarretando-nos a uma era pós-antibiótica, o que tem sido classificado por alguns profissionais e pesquisadores da área como uma fatalidade internacional. O uso demasiado e equivocado dos antibióticos pela popu- lação e prescrição inadequada de antibióticos é um dos fatores mais significativos relacionados à dissipação de bactérias resistentes. A maioria dos compostos antimicrobianos são moléculas sintetizadas naturalmente, o que favorece o desenvolvimento de mecanismos de resistências de 6 muitos microrganismos através de mutações, síntese de substâncias bacterianas capaz de suprimir a ação do antibiótico ou aquisição de genes resistentes oriundos, comumente, de outros microrganismos presentes no meio. A busca por novos compostos com atividades antimicrobianas ainda se baseiam sobre os mesmos mecanismos de ação. A identificação de novos agentes que atuem fora desses mecanismos tradicionais ou intrínsecos é, portanto, algo decisivo para a solução das adversidades que circundem a resistência aos medicamentos atuais. Para tanto, há uma busca incessantemente por novas substâncias, examinando recursos naturais antes inex- plorados, a fim de se descobrirem novas alternativas para que se possa reverter esta fatalidade. Sob outra perspectiva o desenvolvimento de novos antimicrobianos seguros e eficazes não tem acompanhado igualmente a evolução da resistência bacteriana. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Se o uso de antimicrobianos é o principal fator causal no incremento das taxas de resistência bacteriana, parece lógico assumir que a redução no consumo desses fármacos deveria trazer impacto positivo sobre a regressão do fenômeno. No entanto, em ambiente ambulatorial, a hipótese é extremamente difícil de ser testada, pois requer grandes e prolongadas mudanças nos perfis de prescrições (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Um dos elementos-chave é o desenvolvimento de uma estratégia, o monitoramento de perfis de resistência a antimicrobianos e coleta de informações de forma sistemática. Esta informação é essencial não só para determinar a extensão do problema, identificar os principais microrganismosresponsáveis por infecções hospitalares, identificar a utilidade real dos vários antibióticos amplamente utilizados na segurança social, mas também, para definir linhas de ação e estratégias no uso de antibióticos no futuro próximo (GARCIA, 2001). Mais de 50% das prescrições de antimicrobianos se mostram inapropriadas, dois terços dos antimicrobianos são usados sem prescrição médica em muitos países, 50% dos consumidores compram o medicamento para um dia de tratamento e 90% compram-no para um período aproximado de três dias. Os antimicrobianos correspondem a aproximadamente 12% de todas as prescrições ambulatoriais, sugerindo um gasto aproximado de 15 bilhões de dólares ao ano com esses medicamentos (NICOLINI, et al., 2008). A carência de recursos de diagnóstico laboratorial ou a não utilização destes quando disponíveis agravam ainda mais essa situação, pois muitas vezes os profissionais da área cometem equívocos de conduta e prescrevem antibióticos sem uma real necessidade. Num estudo realizado no serviço público de saúde do município de Garruchos-RS, identificaram a solicitação de apenas um antibiograma prévio à prescrição de antibióticos no período de um mês, quando foram aviadas 572 prescrições contendo antimicrobianos (DE OLIVEIRA; MUNERATTO, 2013). 7 Diversos estudos têm demonstrado que o advento de resistência, embora mais dramático no contexto hospitalar e particularmente entre pacientes gravemente enfermos, também se tem disseminado entre microrganismos comunitários causadores de infecções de alta prevalência, como as urinárias, de trato respiratório e de pele/partes moles (ZIMERMAN, 2010). É evidente que, em diversas ocasiões, realmente persiste, após revisão criteriosa da relação de risco (toxicidade, hipersensibilidade, resistência e custo- benefício), a indicação de uso de antimicrobianos em contexto ambulatorial. Mesmo nesses casos, no entanto, existe a possibilidade de se reduzir a pressão seletiva mediante a adoção de esquemas mais curtos de tratamento, seguindo o princípio de prazo mínimo eficaz de uso. Cada vez mais se acumulam evidências sobre a segurança dessa estratégia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Considerando o cenário nacional exposto, destaca-se que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem construindo propostas de controle para o uso de antibióticos. Está sendo estudada inclusive a possibilidade de incluir os antibióticos na lista de medicamentos sujeitos a controle especial, o que implica registro obrigatório de dados da receita como forma de combater seu uso indiscriminado e resistência das bactérias aos fármacos (DE OLIVEIRA; MUNARETTO, 2013). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O combate a resistência bacteriana é um problema de saúde pública mundial e deve ser abordado sob vários aspectos. O impacto gerado pelo aumento da resistência antimicrobiana A dificuldade encontrada no tratamento de bactérias resistentes a antimicrobianos, aumento da morbidade e mortalidade, do tempo de internação hospitalar e dos custos são algumas das consequências geradas pelo uso de uso irracional de antimicrobiano. Contudo compreender que somos os verdadeiros responsáveis por tal problema é o maior desafio a ser considerado, sustentando a ideologia do quão é imprescindível administrar os antibióticos de maneira adequada, na dosagem, horários e períodos determinados, beneficiará não só usuário como a população de forma abrangente, assim como, compreender a natureza como fonte inesgotável de recursos proveitosos a serem revelados na batalha contra os microrganismos patogênicos. O entendimento dos processos relacionados à ação de antibióticos e ao surgimento da resistência, o planejamento, a síntese e avaliação farmacológica de novos agentes antimicrobianos mais potentes, sua posterior aplicação terapêutica de forma racional e a adoção de normas para controle de infecções no meio hospitalar e comunitário representam diferentes níveis de ações contínuas e interligadas que determinação o sucesso no combate a resistência bacteriana. 8 REFERENCIAS LOUREIRO, Rui João; ROQUE, Fátima; TEIXEIRA RODRIGUES, António; et al. O uso de antibióticos e as resistências bacterianas: breves notas sobre a sua evolução. Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 34, n. 1, p. 77–84, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870- 90252016000100011>. Acesso em: 27 nov. 2020. SILVEIRA, Gustavo Pozza; NOME, Faruk; GESSER, José Carlos; et al. Estratégias utilizadas no combate a resistência bacteriana. Química Nova, v. 29, n. 4, p. 844– 855, 2006. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 40422006000400037&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 27 nov. 2020. SOLDATELLI PAGNO PAIM, Roberta. ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA RESISTÊNCIA BACTERIANA. Revista CUIDARTE, v. 5, n. 2, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S2216- 09732014000200007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 27 Nov. 2020. BARBOSA, L. A. RESISTÊNCIA BACTERIANA DECORRENTE DO USO ABUSIVO DE ANTIBIÓTICOS: informações relevantes para elaboração de programas educativos voltados para profissionais da saúde e para a comunidade. Acervo da Iniciação Científica, n. 1, 2014. BRICKS, L. F. Uso judicioso de medicamentos em crianças. J pediatr, v. 79, n. Supl 1, p. S107-S114, 2003. DEL FIO, F. S.; DE MATTOS FILHO, T. R.; GROPPO, F. C. Resistência bacteriana. Revista Brasileira de Medicina (Rio de Janeiro), v. 57, n. 10, p. 1129- 1140, 2000. DE OLIVEIRA, K. R.; MUNARETTO, P. 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