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Resenha: A Hora do Lobo, Ingmar Bergman e Aula de 22 de janeiro de 1975, livro Os Anormais, Michel Foucault

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Imagem, Subjetividade e Teoria Social
Rodrigo Nascimento
Faça uma resenha do filme A Hora do Lobo de Ingmar Bergman comparando com o cap "AULA DE 22 DE JANEIRO DE 1975" do livro Os Anormais de Michael Foucault
“A Hora do Lobo”, Ingmar Bergman
O Filme A hora do Lobo de Ingmar Bergman, possui uma sombria fotografia em preto e branco para assim otimizar as perturbações que seu protagonista Johan Borg passa. Tudo claro se passa na cabeça dele, um terror psicológico, não há uma ameaça exterior, há na verdade essa tortura psicológica, o que acaba afetando o discernimento do que é real e do que não é; seria como o personagem vivesse em um pesadelo constante.
No filme Johan Borg muda-se para uma ilha com sua esposa Alma para poder descansar e conseguir desenvolver suas atividades como pintor e artista plástico. Porém os estranhos habitantes da ilha fazem com que aos poucos Johan acabe se desconcentrando de sua finalidade na ilha e perca, cada vez mais, a razão, mergulhando em tormentos, uns piores que outros até ganharem vida. Sua esposa, é a única capaz de dar um pouco de paz para a mente perturbada de Johan. A mente de dele se torna muito fragilizada, essa fragilização acaba por materializar seus pesadelos, fazendo com que ele sofra os mais diversos ataques psicológicos, e sua mente destrutiva projete as criaturas mais bizarras. 
A hora do lobo nos proporciona uma experiência de terror psicológico profunda, não há um terror “real”, algo ou alguém perseguindo o protagonista, apenas a sensação, e essa é sem dúvida a proposta de Ingmar Bergman, um filme que explora a loucura humana, a ponto de nos fazer perguntar se aquilo que vimos é real ou produto da mente doentia de seu protagonista.
“Aula de 22 de janeiro de 1975”, livro “Os Anormais”, Michel Foucault
No capítulo “aula de 22 de janeiro de 1975” do livro os anormais, Foucault apresenta as três figuras que constituem o terreno do discurso sobre o “anormal”: o monstro humano, o indivíduo a ser corrigido e a criança masturbadora. 
O monstro humano segundo Foucault seria apenas uma violação das leis da sociedade e da natureza, ele se alastra no fim do século XVIII e início do XIX, essa noção de monstro humano é a lei, uma noção jurídica. Esse monstro é o que combina o impossível com o proibido, e mesmo sendo o princípio de todas as anomalias, no fundo ele é um monstro cotidiano, banalizado, o anormal vai continuar sendo, por muito tempo ainda, um monstro pálido. 
O indivíduo a ser corrigido é um fenômeno dos séculos XVII e XVIII, seu contexto limita-se ao da família e relações com instituições vizinhas ou que as apoiam. Se a figura do monstro é uma exceção, a do indivíduo a ser corrigido é corrente, e incorrigível, isso demandaria novas tecnologias para sua reeducação, para que lhe permita a vida em sociedade. 
O terceiro e último é a figura da “criança masturbadora”, ela é própria do fim do século XVIII, mas foi no século XIX que ela apareceu exclusivamente na família burguesa. Ele se apresenta e aparece no pensamento, no saber e nas técnicas pedagógicas. Um dispositivo de poder responsável por velar a masturbação, um segredo compartilhado, mas ninguém conta. A criança masturbadora acabará, no final do século XIX, por encobrir e deter o essencial dos problemas que giram em torno da anomalia.	
A mente doentia de Johan Borg faz com que seus medos se tornem reais, seus monstros assim como no livro “Os anormais” de Foucault, são na verdade uma manifestação desses medos. A anomalia aqui seria o monstro humano, violando as leis da natureza e leis humanas, pois esses mesmos monstros possuem características não naturais, fruto da mente conturbada de seu protagonista.

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