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Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Doença hepática gordurosa não alcoólica Mulher, 36 anos de idade, “Gordura no fígado” há 5 anos o Ganho ponderal progressivo desde a adolescência, mas que não tem um peso “fixo”, que sempre oscila entre mais magra e mais gorda. Informa que procurou consulta na Clínica por conta de uma alteração no “exame do fígado” (a enfermeira do PSF de seu bairro informou que ela tinha apresentado gordura no fígado no exame de USG), além de apresentar colesterol aumentado. Quando questionada se já havia realizado algum acompanhamento com nutricionista, se já tinha realizado alguma dieta, a paciente referiu que já fez várias dietas por conta própria, ficando às vezes mais de 24 horas sem ingerir alimentos, bebendo apenas chá. USG de Abdome Total: Esteatose hepática grau II O consumo excessivo de álcool é a principal causa de doença gordurosa do fígado em adultos e pode se manifestar histologicamente por esteatose, esteato-hepatite e cirrose. Nos últimos anos, tem se tornado evidente que outra entidade, a chamada doença gordurosa não alcoólica (DHGNA), pode mimetizar todo o espectro de alterações hepáticas tipicamente associadas com o abuso de álcool. Doença hepática metabólica o “Grupo distinto de doenças do fígado atribuível a distúrbios do metabolismo, adquiridos ou herdados.” o Doença hepática gordurosa não alcoólica: distúrbio metabólico adquirido mais comum o Hemocromatose, doença de Wilson e deficiência de α1- antitripsina: mais proeminentes entre as doenças metabólicas hereditárias o Hepatite neonatal: ampla categoria de doença que engloba doenças hereditárias raras e infecções neonatais. Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) o Espectro de distúrbios que têm em comum a presença de esteatose hepática (fígado gordo) em indivíduos que não consomem álcool ou o fazem em quantidades muito pequenas (menos de 20 g de etanol / semana). o O fígado gorduroso sem outras complicações pode não ser detectado clinicamente. o Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é um termo amplo que engloba uma gama de alterações secundárias à infiltração gordurosa no fígado, em pacientes não etilistas. A DHGNA está associada com resistência à insulina, obesidade, diabetes melito, hipertensão e dislipidemias, em conjunto chamadas de síndrome metabólica. Uma vez que as alterações morfológicas da doença hepática alcoólica e não alcoólica são indistinguíveis, elas são mostradas juntas, seguidas por características clínicas distintivas para cada entidade. A DHGNA é o acúmulo de gordura no fígado (esteatose) não relacionada ao uso de álcool. Características histológicas de lesão de hepatócitos “Esteatohepatite não-alcoólica” (ou NASH): características clínicas evidentes de lesão hepática (ex. elevação de transaminases séricas). É uma DHGNA onde a presença da esteatose está relacionada a uma inflamação (hepatite). Engloba: Esteatose hepática Esteato-hepatite Esteatofibrose Cirrose secundária à EHNA o Aumento global dramático da obesidade e DHGNA o Contribuição para a progressão de outras doenças: VHC e VHB. o Aumento do risco de carcinoma hepatocelular Patogênese o A resistência à insulina dá origem à esteatose hepática o Lesão oxidativa hepatocelular resultando em necrose de células hepáticas e reações inflamatórias. A esteatose hepática, como a obesidade em geral, surge de uma superabundância de alimentos ricos em calorias, exercícios diminuídos e mecanismos genéticos / epigenéticos. Em indivíduos com resistência à insulina estabelecida e síndrome metabólica, o tecido adiposo visceral não apenas aumenta, mas também se torna disfuncional, com produção reduzida de hormônio lipídico, adiponectina e aumento da produção de citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL-6. o Essas alterações promovem a apoptose de hepatócitos. Células carregadas de gordura são altamente sensíveis a produtos de peroxidação lipídica gerados pelo estresse oxidativo que pode danificar as membranas mitocondrial e plasmática, causando apoptose. o Redução da autofagia: contribui para lesão mitocondrial e formação de corpúsculos de Mallory-Denk. o Ativação das células estreladas: produção de TNF-α e TGF-β pelas células de Kupffer e via de sinalização de hedgehog em parte através da ativação de células T natural killer. Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Corpúsculos de Mallory-Denk: condensações grosseiras de proteínas do citoesqueleto da célula, normalmente são vistos em hepatócitos na zona 3 em lesão alcoólica, mas podem ser visualizados em outras situações. Morfologia o A esteatose patológica é definida como envolvendo mais de 5% dos hepatócitos. o O acúmulo hepatocelular de gordura começa tipicamente nos hepatócitos centrolobulares. As gotas lipídicas variam de pequenas (microvesiculares) a grandes (macrovesiculares); as maiores ocupam e expandem a célula e deslocam o núcleo para a periferia da célula. À medida que a esteatose se torna mais extensa, o acúmulo de lipídios se dissemina a partir da veia central para hepatócitos no meio do lóbulo e nas regiões periportais. Macroscopicamente, o fígado gorduroso com esteatose disseminada é grande (pesando de 4-6 kg ou mais), um órgão macio, amarelo e gorduroso. o Na extremidade clinicamente mais benigna do espectro, não há inflamação hepática apreciável, morte de hepatócitos ou cicatrização, apesar da elevação persistente das enzimas hepáticas séricas. A NASH quase se sobrepõe em suas características histológicas à hepatite alcoólica. o Crianças x adultos: tipicamente, as crianças apresentam esteatose mais difusa, fibrose portal em vez de fibrose central, e infiltração mononuclear no parênquima e no espaço porta, em vez de neutrófilos. NASH x Doença alcoólica o Células mononucleares podem ser mais proeminentes do que os neutrófilos e os corpos de Mallory-Denk são frequentemente menos proeminentes. o A esteatofibrose na DHGNA mostra precisamente as mesmas características e progressão que na doença hepática alcoólica, embora a fibrose portal possa ser mais proeminente. o Cirrose: muitas vezes é subclínica por anos e, quando estabelecida, a esteatose ou a esteato-hepatite podem estar reduzidas ou ausentes. Mais de 90% da "cirrose criptogênica" anteriormente descrita (isto é, cirrose de causa desconhecida) é agora considerada como representando uma DHGNA “exaurida". Inflamação – esteato hepatite Cirrose Esteatocirrose Formação da fibrose Gorduroso Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 *Fígado gorduroso isolado. 1. Não houve um crescimento progressivo da cirrose. 2. Não há aumento de risco de morte em comparação a população geral. Metformina o Não sofre metabolização hepática nem excreção biliar, tendo eliminação renal intacta. o A função hepática comprometida limita, significativamente, a capacidade do fígado de depurar o lactato. Nessa circunstância, a metformina pode desencadear ou contribuir para o aparecimento de acidose láctica, complicação metabólica potencialmente fatal. o A acidose lática relacionada ao uso de metformina é rara e tem sido mencionada, na maioria das vezes, em indivíduos nos quais o fármaco estaria contraindicado, tais como doença crônica do fígado com elevação de transaminases duas a três vezes os VMR, insuficiência cardíaca, respiratória ou renal. o A metformina não é aconselhada aos usuários de álcool. Chás e formulas fitoterápicas o Diversas aplicações o Formulações com diversos componentes – sinergia o Interações medicamentosas – interferências no metabolismo o Fiscalização deficiente o Fornecimento inadequado de informações o Adesão ao tratamento – questões sociais,religiosas o Alcaloides da Pirrolizidína Induz principalmente a síndrome de obstrução sinusoidal (doença veno-oclusiva). Em altas doses, determina doença hepática aguda, inclusive fulminante e, em exposição prolongada, desencadeia hepatites crônicas e cirrose. A forma aguda apresenta-se com dor abdominal, hepatomegalia, ascite, A mortalidade é alta, atingindo 20 a 40% das pessoas expostas. O mecanismo de lesão hepática provavelmente é devido à ação tóxica direta, dose dependente, podendo, no entanto, haver fenômenos de idiossincrasia. Carcinoma hepatocelular (CHC) Patogenia o Doenças hepáticas crônicas. Embora geralmente identificada em um contexto de cirrose, a cirrose por si só não é uma lesão pré-maligna. De fato, a cirrose não é necessária para hepatocarcinogênese. Em vez disso, a progressão para cirrose e hepatocarcinogênese ocorre paralelamente ao longo de anos a décadas. o Os fatores subjacentes mais importantes na hepatocarcinogênese são infecções virais (HBV, HCV) e lesões tóxicas (aflatoxina, álcool). o Doenças metabólicas: hemocromatose hereditária, deficiência de α1AT, síndrome metabólica associada à obesidade, diabetes mellitus e doença hepática gordurosa não alcoólica Estados de inflamação crônica o Ciclos de morte e regeneração celular nos estados inflamatórios crônicos aumentam o risco de mutações nos hepatócitos em regeneração. o Papel da sinalização através da via IL-6 / JAK / STAT na causa do CHC: A IL-6 é uma citocina inflamatória que é superproduzida em muitas hepatites crônicas. IL-6 pode suprimir a diferenciação de hepatócitos e promover sua proliferação regulando a função do fator de transcrição HNF4-α. Lesões precursoras do CHC o Alterações de grandes células e pequenas células: Eles podem ser encontrados em qualquer estágio da doença hepática crônica, antes ou após o desenvolvimento da cirrose, e servem como marcadores nas amostras de biópsia para indicar quais Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 pacientes precisam de vigilância mais agressiva do câncer. IMAGEM 1: Células grandes: Hepatócitos grandes com núcleos grandes, geralmente atípicos, estão espalhados entre hepatócitos de tamanho normal com núcleos redondos e típicos. IMAGEM 2: Células pequenas: células anormais têm uma alta razão núcleo-citoplasma e são separadas por placas espessadas. Lesões precursoras do CHC o Nódulos displásicos Nódulos displásicos de baixo grau: sem atipias citológicas ou arquiteturais, mas demonstraram ser clonais e provavelmente neoplásicos, em vez de simples nódulos cirróticos grandes. Espaços porta geralmente com distribuição quase normal. Nódulos displásicos de alto grau: têm características citológicas ou arquiteturais sugestivas, mas ainda insuficientes para o diagnóstico de CHC aberto. Essa atipia geralmente se apresenta como um subnódulo dentro do nódulo maior. Menos espaços porta nesses nódulos, e as artérias que alimentam a lesão crescente gradualmente passam a predominar sobre o fluxo venoso portal. Nódulos displásicos de baixo grau / Nódulos displásicos de alto grau As células malignas deste carcinoma hepatocelular (à direita) são bem diferenciadas e interdigitam com hepatócitos normais dispostos em cordões regulares (vistos à esquerda). Cordões hepáticos muito mais largos do que a placa hepática normal com duas células de espessura. Não há arquitetura lobular normal discernível, embora estruturas vasculares estejam presentes.
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