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Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Meningites Homem, 22 anos, “Cefaleia e febre nas últimas 24h” Paciente vem tendo febre de cerca de 38,5 ºC desde ontem, associada a cefaleia holocraniana em pressão, intensa, pior na região da nuca, e mialgia. Hoje pela manhã apareceram ainda manchas arroxeadas nas pontas dos dedos dos pés, mas o mesmo achou que tinha sofrido picada de aranha durante a noite e preferiu não procurar atendimento médico. Nas últimas horas a cefaleia ficou mais intensa, teve dois episódios de vômitos não precedidos de náusea e começou a não reconhecer seus colegas de trabalho, a falar frases desconexas, aparentemente assustado, às vezes sonolento. Colega relata que pelo seu conhecimento, o colega não é tabagista, etilista e nem faz uso de drogas ilícitas Meningite o A meningite é um processo inflamatório das leptomeninges que acaba refletindo no LCR dentro do espaço subaracnóide. o A meningite é geralmente causada por uma infecção, mas meningite química também pode ocorrer em resposta a um irritante não bacteriano introduzido no espaço subaracnóide. o A meningite infecciosa pode ser: Piogênica aguda (geralmente bacteriana) Asséptica aguda (geralmente viral) Crônica (geralmente tuberculosa, por espiroquetas ou Cryptococcus neoformans) - O exame do LCR muitas vezes é útil para distinguir entre vários casos de meningite. Meningite Piogênica Aguda o Causada por bactérias piogênicas. Muitas bactérias podem causar meningite piogênica aguda, mas os organismos mais prováveis variam com a idade do paciente. o Sinais sistêmicos de infecção sobrepostos a evidências clínicas de irritação meníngea e comprometimento neurológico: dores de cabeça, fotofobia, irritabilidade, letargia e rigidez de nuca. o Punção lombar: aumento da pressão, presença de grande número de neutrófilos, níveis elevados de proteína redução do teor de glicose por que o microrganismo consome a glicose do LCR, sendo o LCR turvo ou mesmo purulento. o Se não tratada, a meningite piogênica pode ser fatal. o Síndrome de Waterhouse-Friderichsen: resulta de uma meningite associada à sepse com infarto hemorrágico das glândulas adrenais e petequias cutâneas. Ocorre mais frequentemente na meningite meningocócica e pneumocócica. Morfologia o LCR turvo ou purulento o No crânio do individuo é possível ver exsudato evidente dentro das leptomeninges, sobre a superfície do cérebro o Vasos das meninges inchados, dilatados e proeminentes o O estreptococo do grupo B, o Streptococcus pneumoniae (pneumococo), a Neisseria meningitidis (meningococo) e o Haemophilus influenzae tipo B podem constituir os mais encontrados agentes etiológicos da meningite tanto no período neonatal quanto após este período. - Microscopia Neutrófilos preenchendo todo o espaço subaracnóide em áreas gravemente afetadas ou podem ser encontrados predominantemente em torno dos vasos sanguíneos das leptomeninges em casos menos graves. Coloração de Gram: número variável do organismo causador da doença Meningite fulminante: células do infiltrado inflamatório das paredes das veias nas leptomeninges podem se espalhar para a substância do cérebro (encefalite focal). o Fibrose leptomeningea: pode se seguir à meningite piogênica e causar hidrocefalia. Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Casos de miningites fatais. À direira tem-se a presença de exudato prurulento Microscopia Meningite Asséptica Aguda o Recebe esse nome por causa da ausência de um organismo reconhecível em um paciente com irritação meníngea, febre e alterações de consciência de início relativamente agudo. o Curso clínico: menos fulminante, geralmente autolimitada LCR com aumento do número de linfócitos, elevação moderada de proteínas, e conteúdo de glicose quase sempre normal ou discretamente comprometido. Causa: o Em aproximadamente 70% dos casos, eventualmente, um agente patogênico pode ser identificado, geralmente um enterovírus. o Uma causa possível também é o rompimento de um cisto epidermóide no espaço subaracnóide ou a introdução de um agente químico irritante (meningite química). Nesses casos, LCR é estéril, com neutrófilo e aumento da concentração de proteínas, mas o teor de glicose geralmente é normal. Morfologia o Não existem características macroscópicas distintivas, exceto edema cerebral, observado em apenas alguns casos. o Ao exame microscópico, não há nem nenhuma anomalia reconhecível ou apenas uma leve a moderada infiltração das leptomeninges com linfócitos. Manguito linfocitário perivascular Meningite Crônica o Vários agentes patogênicos, incluindo micobactérias e espiroquetas Tuberculosa Neuroborreliose Meningite Tuberculosa - A infecção por Mycobacterium tuberculosis pode também resultar numa massa intraparenquimatosa bem circunscrito (tuberculoma), que pode estar associada com a meningite. o Manifestações clínicas Cefaleia, mal estar, confusão mental e vômitos. Pleocitose no LCR, com células mononucleares ou mistas (PMN e mono); teor elevado de proteínas (por vezes extremo), teor de glicose reduzido. Complicações mais comuns e graves: fibrose aracnóide, hidrocefalia, endarterite obliterante, com infarto do encéfalo subjacente. Morfologia o Mais comum: meningoencefalite difusa o Exsudato fibrinoso ou gelatinoso no espaço subaracnóide, mais frequentemente na base do cérebro, destruindo as cisternas e envolvendo os nervos cranianos. Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 o Grânulos brancos discretos espalhados pelas leptomeninges Microscopia Misturas de linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Granulomas bem formados, muitas vezes com necrose caseosa e células gigantes, semelhantes às lesões de tuberculose em outras partes do corpo. Tuberculomas dentro do cérebro. Endarterite obliterante com infiltrado inflamatório em suas paredes e marcado espessamento da camada íntima o que pode ocluir o fluxo sanguíneo. Ependimite granulosa o Em casos de longa duração, pode ocorrer aracnoidite adesiva fibrosa e densa, mais evidente em torno da base do encéfalo. Pode ocorrer hidrocefalia. Ependimite granulosa Ependimite granulosa Neuroborreliose o Envolvimento do sistema nervoso pela espiroqueta Borrelia burgdorferi, o agente patogênico da doença de Lyme. o Manifestações Meningite asséptica, paralisia do nervo facial, encefalopatia leve e polineuropatias. Morfologia Thaís Silva – caso 9. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Proliferação focal das células da microglia no encéfalo e microrganismos espalhados extracelularmente (coloração de Dieterle) Paralisia do nervo Consequências que indivíduos com meningites podem apresentar Hipertensão intracraniana Macroscopia o Herniação o Ocorrência de infartos = demência vascular Hérnia transtentorial A hérnia transtentorial (uncus) ocorre quando um aumento de volume do andar supratentorial, uni- ou bilateral, força o cérebro para baixo através da incisura da tenda do cerebelo. A herniação causa um sulco deixado pela borda livre da tenda, e pode comprimir o mesencéfalo. Hérnia transtentorial – hemorragia de duret Hérnia transtentorial – infarto calcarino Infarto calcarino: infarto resultante da hérnia trastentorial. É hemorrágico, pois a interrupção de fluxo pode ser incompleta ou intermitente. Hérnia tonsilar A hérnia tonsilar (amígdalas) resulta do aumento do volume do conteúdo intracraniano, o que força o cerebelo e o tronco para baixo, na direção do forame magno. As tonsilas, a porção do cerebelo mais próxima do bulbo, insinuam-se pelo forame magno,causando compressão bulbar e eventualmente parada respiratória. Infartos ! Lembrar que o cérebro é a único órgão que em situações de isquemia sofre necrose de liquefação por isso existe essa distorção entre a área normal e a área do infarto.
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