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FORRAGICULTURA Prof. Dr. Luciano Cavalcante Muniz Prof. Dr. José Antônio Alves Cutrim Júnior 2011 SUMÁRIO UNIDADE CONTEÚDO Pag. I FORRAGICULTURA .................................................................... 1 - Introdução .................................................................................... 2 - Importância econômica ............................................................... 3 - Terminologias utilizadas em Forragicultura ................................ 4 - Classificação das espécies forrageiras ......................................... 5 - Características morfológicas de plantas forrageiras .................... 1 1 2 3 9 12 II PRINCIPAIS FORRAGEIRAS E LEGUMINOSAS .................. PRINCIPAIS FORRAGEIRAS ........................................................ 1 - Gênero Brachiaria (B. brizantha e B. humidicola) ..................... 2 - Gênero Panicum (P.maximum - Tanzânia, Mombaça e Massai) 3 - Gênero Pennisetum (P. purpureum - Capim elefante) ................ 4 - Gênero Cynodon spp. (Coast-cross, Tifton 85) ………………... 5 - Andropogon gayanus (Capim andropogon) ................................ 6 - Cenchrus ciliares (Capim Búffel) ............................................... PRINCIPAIS LEGUMINOSAS .................................................... 1 - Estilosante campo grande ............................................................ 2 - Leucena ........................................................................................ 3 - Feijão guandu .............................................................................. 4 – Gliricídia ..................................................................................... 5 - Amendoim forrageiro .................................................................. 17 17 17 21 23 24 25 26 27 27 29 31 34 36 III FORMAÇÃO, MANEJO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE PASTAGENS ............................................................................ I - Formação de pastagens ............................................................. II - Qualidades das sementes (pureza, germinação e valor cultural) III - Métodos de semeadura .............................................................. IV - Manejo das pastagens ................................................................ IV - Recuperação e renovação de pastagens degradadas .................. 38 38 45 46 50 76 IV PRODUÇÃO DE VOLUMOSOS .................................................. 1 - Formação utilização de capineiras ............................................... 2 - Utilização da cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes ...... 3 - Ensilagem .................................................................................... 3.1 - Vantagens e desvantagens do processo de ensilagem .............. 3.2 - Tipos de silos ............................................................................ 3.3 - Forrageiras para ensilagem ....................................................... 3.4 - Época de corte para ensilagem ................................................. 3.5 - Enchimento do silo ................................................................... 3.6 - Compactação ............................................................................ 3.7 - Vedação .................................................................................... 3.8 - Dimensionamento de um silo ................................................... 3.9 - Etapas a serem seguidas na produção de silagem .................... 4 - Fenação ........................................................................................ 4.1 - Escolha da forrageira para fenação ........................................... 4.2 - Corte da Forragem .................................................................... 4.3. Secagem ..................................................................................... 4.4. Armazenamento ......................................................................... 4.5. Quantidade de feno a ser fornecida ............................................ 4.6 Perdas na fenação e aspectos de um bom feno ........................... 84 84 92 98 98 99 102 105 106 106 108 110 111 112 113 114 117 120 121 122 1 UNIDADE I - FORRAGICULTURA 1. INTRODUÇÃO Em um sistema de exploração pecuária com base na utilização de pastagens, a planta forrageira assume papel primordial, uma vez que tanto a rentabilidade quanto a sustentabilidade do sistema dependem da escolha correta da forrageira. O Brasil, pais de dimensão continental, contém uma série de biomas diferenciados, o que torna imprescindível a existência de grande número de espécies forrageiras, gramíneas ou leguminosas, para que todos esses ecossistemas sejam contemplados quando o objetivo for o estabelecimento de pastagens. O grande número de espécies forrageiras disponíveis aos pecuaristas realça a necessidade e esforços dos pesquisadores para distinguir suas principais características, bem como aumenta a responsabilidade dos pecuaristas quanto à sua escolha, já que as opções são diversas. Estima-se que no Brasil existam cerca de 170 milhões de hectares de pastagens, sendo 100 milhões de pastagens cultivadas e 70 milhões de pastagens naturais (IBGE, 2010). A produção nacional de carne e leite é baseada quase que exclusivamente em pastagens de gramíneas e leguminosas forrageiras. Devido à importância da pecuária para a economia brasileira, o cultivo de plantas forrageiras assume papel relevante para a cadeia produtiva de carne e leite. Assim sendo, a formação de boas pastagens e capineiras assumem real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho nacional, pois, além de se constituir no alimento mais barato disponível, oferece todos os nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais. Felizmente, a mentalidade de reservar os piores terrenos para a formação das pastagens, já está sendo substituída por outra, muito mais atual e tecnificadas, onde a escolha das glebas e forragens, adubações, combate às pragas e plantas invasoras e, principalmente, um bom manejo, são práticas que vêm recebendo o devido crédito dos pecuaristas. O elevado custo dos insumos modernos, a grande valorização das terras próximas aos grandes centros, a necessidade de se conseguir altas produtividades a baixos custos, para que os lucros também sejam maiores, fazem das pastagens um dos principais elementos de uma pecuária tecnicamente evoluída. 2 2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA A pecuária brasileira caracteriza-se pela exploração extensiva das pastagens, com baixos índices zootécnicos e de produtividade, em comparação aos países exportadores de carne. Entretanto, o Brasil detém o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, com cerca de 160 milhões de cabeças, sendo que 88% da carne bovina produzida no país tem origem nos rebanhos mantidos exclusivamente em pastos (ESTANISLAU e CANÇADO JR., 2000). Portanto, as pastagens são a forma mais econômica e prática de alimentação de bovinos. Com isso, torna-se prioridade aumentar a utilização das forragens via otimização do consumo e da disponibilidade de seus nutrientes (Zanine e Macedo Jr., 2006). Na avaliação da produção animal sob pastejo diversos aspectos são bastante relevantes, dentre os quais, sobressaem: o desempenho animal, a capacidade de suporte da pastagem, a produção animal por hectare, a composição botânica da pastagem, bem como a estabilidade da cobertura vegetal. A pastagem tem que estar devidamente inserida no sistema de produção como um dos principais fatores produtivos. Porém um sistema de produção é muito mais complexo e dinâmico do que se possa parecer, existem diversos fatores fazendo parte desse sistema que interagem entre si, tais como, solo, planta, clima, animais e o próprio homem.É normal que mudanças num desses componentes gerem modificações num outro. Dentro desse contexto que devemos estabelecer sistemas de suprimento de forragem de modo a tornar a atividade pecuária de corte uma alternativa competitiva e interessante do ponto de vista econômico (GARCEZ NETO, 2001; ZANINE, 2005). No entanto, a degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária de corte brasileira, por ser desenvolvida basicamente a pasto, afetando diretamente a sustentabilidade do sistema produtivo. Considerando-se apenas a fase de engorda de bovinos, a produtividade de carne de uma pastagem degradada está em torno de 2 arrobas/ha/ano, enquanto, numa pastagem em bom estado podem-se atingir, em média, 16 arrobas/ha/ano (Kichel et al., 2000). Há, portanto, necessidade de se evitar a degradação das pastagens e também intensificar a sua produtividade, a fim de tornar a pecuária de corte mais rentável e mais competitiva frente a alternativas de uso do solo, principalmente nas terras mais valorizadas (CORRÊA et al., 2000). 3 3. TERMINOLOGIAS UTILIZADAS EM FORRAGICULTURA Para melhor entender as bases do manejo das pastagens, deve-se visualizar inicialmente a organização de um perfilho, a unidade estrutural básica de uma pastagem de gramínea. Ademais, para um bom entendimento das técnicas e de se manejar animais no pasto, os termos precisam ser utilizados de modo coerente com o que se desejar realmente expressar. - Forragem: Partes aéreas de uma população de plantas herbáceas, que podem servir na alimentação dos animais em pastejo, ou colhidas e fornecidas. - Dossel: Porção do pasto acima do solo, apresentando um arranjo espacial apropriado para a continuidade do seu crescimento ou, pelo menos, para sua perpetuação. Parte aérea caracterizada pelo arranjo dos seus componentes: perfilhos, folhas, caules e inflorescência. - Pasto – Comunidade vegetal, que pode prover alimento para animais em pastejo. Forrageira que está disponível na pastagem. - Pastagem – Área de pasto, geralmente circundada por uma cerca e utilizada para a produção de forragem a ser consumida primariamente pelo animal em pastejo. - Pastagem para pisoteio – Termo inapropriado, visto que nenhuma pastagem é implantada ou manejada com o objetivo do pisoteio. O pisoteio é uma conseqüência 4 indesejável do fato do animal estar numa dada área em pastejo. Utilizar simplesmente o termo: pastagem. - Piquete – Área de pastejo correspondente a uma sub-divisão da pastagem, fechada e separada de outras áreas.Uma das subdivisões de uma pastagem, quando for o caso. - Pastejo: Ato de desfolhar a planta enraizada no campo, realizada pelo ruminante. Para o animal envolve busca, apreensão e ingestão. - Método de pastejo - É o procedimento de alocação do rebanho na pastagem. Dentro de um sistema de pastejo podem ser utilizados um ou mais métodos de pastejo. Os métodos de pastejo mais usuais são: a lotação contínua e a rotativa. - Lotação contínua – Método de pastejo em que o rebanho tem acesso irrestrito e ininterrupto a toda à pastagem, durante toda a estação de pastejo, cujo comprimento deve ser especificado. 5 - Lotação rotativa – Método de pastejo que usa períodos recorrentes de descanso e de pastejo entre dois ou mais piquetes numa pastagem durante a estação de pastejo. - Capineira – Área cultivada com uma gramínea de alta produção, utilizada exclusivamente para corte. - Campo de feno – Área constituída por uma ou mais plantas forrageiras utilizada exclusivamente para corte e produção de feno. - Índice de área foliar (IAF) – É o total de área de um lado de todas as lâminas foliares verdes contidas em 1 m2 de solo (é adimensional). - Senescência de forragem – É o processo de morte de células, tecidos e órgãos de plantas forrageiras, ao final da sua vida útil. Nas lâminas foliares, o processo de senescência inicia-se do ápice em direção à base, pois as células mais velhas são as do ápice foliar. - Acúmulo de forragem – É o resultado do balanço entre os processos de produção de forragem e de senescência de forragem. É o que efetivamente está “disponível” para o 6 animal em pastejo, considerando que o material morto ainda na planta (o “feno-em-pé”), já não tem grande valor nutritivo e é rejeitado pelo animal. - Pseudocolmo – Feixe concêntrico (“cartucho”) de bainhas foliares que dão sustentação ao perfilho antes do desenvolvimento do colmo verdadeiro. - Hastes – Termo genérico utilizado para designar estruturas que dão sustentação ao perfilho e que apresentam valor forrageiro secundário. Incluem bainhas foliares, pseudocolmo e colmo. - Massa de forragem – É o total de forragem, na matéria fresca ou seca, presente acima do nível do solo ou acima de uma altura pré-determinada. - Desfolhação – Ao pé-da-letra, seria somente a remoção de tecidos foliares, porém, na ausência de um termo mais apropriado, tem representado a remoção de uma porção ou de toda a parte aérea da planta. É um termo genérico que representa tanto o processo de corte (manual ou mecânico) como o de pastejo (pelo animal). - Manejo da desfolhação – Conjunto de estratégias adotadas para a remoção de toda ou parte da forragem produzida, em busca de um objetivo definido em termos do animal, da planta, solo ou mesmo respostas econômicas. - Freqüência de desfolhação (corte ou pastejo) – Um dos componentes do manejo da desfolhação. Refere-se ao intervalo de tempo entre duas desfolhações sucessivas. É inversamente proporcional ao período de descanso. - Intensidade de desfolhação (corte ou pastejo) - É a razão entre a massa de forragem removida e a massa de forragem original (%). Para uma mesma massa de forragem original, é inversamente proporcional à massa de forragem residual. De modo mais prático, sem considerar a massa de forragem original, pode ser determinada pela altura de corte ou pastejo da planta. Quanto mais alto o corte ou pastejo, menor é a quantidade de forragem removida por unidade de planta, e conseqüentemente menor é a intensidade (CÂNDIDO, 2010). 7 - Rebrotação – Processo de crescimento das plantas após a desfolhação. - Vigor da rebrotação – Magnitude com que são desencadeados os diversos processos que redundam no crescimento das plantas após a desfolhação. - Resíduo de forragem ou forragem residual – É a massa de forragem remanescente numa dada área, como conseqüência do corte ou do pastejo. É inversamente proporcional à intensidade de corte ou pastejo (kg/ha). - Pressão de pastejo - É a relação entre o número de unidades-animal, em termos de peso vivo ou peso metabólico, em pastejo e a massa seca de forragem da pastagem (kg PV/kg MS × dia ou kg PV0,75/kg MS × dia). É inversamente relacionada à oferta de forragem e diretamente relacionada à intensidade de desfolhação. - Oferta de forragem – É a relação entre a massa seca de forragem por unidade de área e o número de unidades animal (peso vivo ou peso metabólico) em um dado ponto no tempo. É uma característica da interface planta-animal (kg de MS/100 kg PV. Também pode ser expressa em termos de porcentagem). É o inverso da pressão de pastejo - Período de pastejo – período em que um rebanho em pastejo ocupa uma área de pastagem específica. É o termo mais apropriado para manejo sob lotação rotativa com apenas um grupo de animais. - Período de permanência – É o período de tempo que um grupo particular de animais ocupa uma área específica. Apesar de não ser tão apropriado para lotação rotativa, já que não invoca necessariamente o ato de pastejar, é útil quando do uso de mais de um grupo de animais, pastejando em sucessão, para caracterizar o período de pastejo de cada grupo. - Período de ocupação - É o período de tempo que uma área específica é ocupada por um ou mais grupos de animais, sucessivamente. Em um sistema de lotação rotativacom apenas um grupo de animais, o período de permanência é igual ao de ocupação. Com mais de um grupo, o período de ocupação em cada piquete é a soma dos períodos de permanência de todos os grupos de animais. - Período de descanso - É o período de tempo em que não se permite a utilização de uma área de pastagem, ou seja, permite-se o descanso da área. 8 - Ciclo de pastejo – Tempo decorrido entre o início de dois períodos de pastejo sucessivos em um mesmo piquete, numa pastagem manejada sob lotação rotativa. - Unidade animal – Uma vaca adulta não lactante, pesando 450 kg e num estado de mantença, ou seu equivalente, expresso em kg PV0,75.. Sua importância ainda será comentada. - Taxa de lotação - É a relação entre o número de animais e a unidade de área utilizada durante um período especificado de tempo (UA/ha). - Densidade de lotação ou taxa de lotação instantânea - É a relação entre o número de animais e a unidade de subdivisão da pastagem sendo utilizada em qualquer instante (UA/ha × dia). Na lotação contínua, a taxa de lotação e a densidade de lotação são as mesmas. Na lotação rotativa, quanto maior o número de subdivisões (piquetes), para uma mesma taxa de lotação, maior é a densidade de lotação. - Capacidade de suporte - É a taxa de lotação máxima que irá permitir determinado nível de desempenho animal em um método de pastejo especificado, o qual poderá ser aplicado durante um período de tempo definido sem causar deterioração do sistema. É uma característica extremamente dinâmica, variando de estação para estação e de ano para ano (UA/ha × ano, UA/ha × na estação chuvosa ou UA/ha × na estação seca etc.). - Super-pastejo - Caracteriza-se pelo pastejo intensivo e freqüente das pastagens, acarretando danos à vegetação, com possíveis perdas de espécies forrageiras valiosas. - Sub-pastejo - O pastejo se realiza a uma baixa pressão, o que permite a seleção da dieta pelo animal e o acúmulo de forragem. - Forrageira x picadeira – Forrageira é a planta que serve de alimento para o rebanho. A máquina que utilizamos para picar a planta forrageira é a picadeira, quando compõe- se apenas de facas. 9 - Trituradeira – É a máquina utilizada para o preparo e mistura de ingredientes para formulação de rações. Compõe-se de facas e martelos. É inadequada para processar plantas forrageiras, por causar grandes perdas de nutrientes presentes no conteúdo celular. - Ensiladeira – Tipo especial de picadeira, utilizada para colheita (quando for o caso), picagem e enchimento do silo. - Fenação – Técnica de conservação de forragens que consiste na desidratação rápida e quase total da planta (em alguns casos, até 95% da água pode ser extraída), sem a perda de seu valor nutritivo. - Feno – Qualquer forrageira que tenha sofrido um processo de fenação. - Ensilagem – Técnica de conservação de forragens por meio de uma fermentação anaeróbia, ou seja, sem a presença do oxigênio. - Silagem – Alimento volumoso obtido quando é feita a ensilagem. - Silo – Local onde é produzida e armazenada a silagem. 4. CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FORRAGEIRAS As espécies forrageiras apresentam características peculiares, que podem ser agrupadas de acordo com a duração de seu ciclo, família, época de crescimento e hábito de crescimento. 4.1 Duração do Ciclo O ciclo diz respeito ao tempo de vida das plantas numa pastagem. Dividi-se em anuais, são as que duram menos de um ano, e perenes, as que duram vários anos. Esta classificação é regional, uma mesma espécie pode ser selecionada como anual numa localidade, e perene em outra. • Anuais: são plantas que germinam, desenvolvem e reproduzem em menos de um ano, e priorizam a produção de sementes para atravessam períodos desfavoráveis. Ocorrem, normalmente, em áreas de campo alteradas por distúrbios naturais (seca, herbicidas). • Perenes: são plantas que sobrevivem por vários anos, em geral apresentam um crescimento inicial mais lento, priorizando a acumulação de reservas. Geralmente produzem menos sementes que as espécies anuais, e estas são indispensáveis para a renovação da pastagem em períodos extremamente desfavoráveis como secas prolongadas. 10 4.2 Época de Crescimento Diz respeito à época em que uma determinada espécie concentra seu crescimento, distinguem-se dois grupos: de estação fria e de quente. Não existe um pasto que produza o ano inteiro, sempre há um período em que a produção de massa é reduzida. • Estação fria, hibernais de inverno ou temperadas: são espécies que crescem nos meses mais frios do ano. Germinam ou rebrotam no outono, desenvolvem durante o inverno, floresce na primavera. Durante o verão, as elevadas temperaturas aliadas a períodos secos determinam a morte dessas plantas, quando anuais, ou redução do seu crescimento, quando perenes. • Estação Quente, Estivas de verão ou tropicais: são espécies que crescem durante os meses mais quentes do ano, iniciam seus rebrote na primavera, crescem e frutificam no período verão-outono. Com a chegada do frio podem morrer (anuais) ou paralisar seu crescimento (perenes). 4.3 Hábito de crescimento O hábito de crescimento diz respeito à forma que se desenvolve a parte vegetativa das plantas, e deve ser conhecido para adequação do manejo de pastagem. Os tipos mais comuns presentes na pastagem são: • Estolonífero: as espécies de pasto com este hábito de crescimento expandem seus caules no sentido horizontal, enraizando-se ao solo e suas folhas são emitidas na vertical. Ao nível do solo existem gemas de renovação protegidas por folhas mortas. Ex: tifton 85, coast-cross, etc. 11 • Rizomatoso: plantas com caule e gemas subterrâneas. • Cespitoso: plantas que se desenvolvem em forma de touceira e apresentam pouca expansão lateral. A maioria dos capins e macegas são aqui representados, normalmente são plantas de qualidade inferior as demais. Ex: mombaça, tanzânia, capim-elefante, etc. • Decumbente: plantas com estas características apresentam, numa fase inicial, crescimento estolonífero e, posteriormente, em competição com outras plantas, ereta. Ex; brachiaria decumbens, tango, etc. 12 5. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE PLANTAS FORRAGEIRAS As espécies forrageiras apresentam características peculiares, que podem ser agrupadas de acordo com a duração de seu ciclo, família, época de crescimento e hábito de crescimento. As forrageiras que mais contribuem para alimentação do rebanho pertencem às famílias das Gramíneas e Leguminosas. 5.1 Gramíneas As gramíneas pertencem ao Reino vegetal, divisão angiospermae, classe monocotiledoneae e ordem gramínelas. As mesmas estão agrupadas em 600 gêneros e 5000 espécies; 75% das forrageiras são desta família, que constitui no verdadeiro sustentáculo da sobrevivência universal, onde são incluídas as ervas designadas pelos nomes de capins e gramas. O porte é muito variável, indo desde as rasteiras (gramas), passando pelas de porte médios (capins), até as de porte alto (milho, sorgo etc.). São utilizadas na forma de pastagens, fenos ou silagens. As características morfológicas de seus órgãos são: • Raiz: fasciculada (cabeleira) e adventícias; • Caule: colmo- típico, com nós e entre-nós o Rizomas: subterrânea, nas perenes o Estolões: estoloníferas e decumbentes, de comprimento variável; 13 • Folhas: séssil, invaginantes, de disposição dística, cuja lígula caracteriza a espécie. Lâmina comprida, lanceolada, com nervuras paralelinérveas. • Flores: unissexuadas ou hermafroditas, aclamídeas, superovariadas, com androceutrímero. Estão dispostos em estruturas características, chamadas espiguetas. o Espiguetas: duas brácteas na base (gluma I e gluma II) duas brácteasrelacionadas diretamente com a flor (lema e pálea) e eixo interno (ráquila); • Inflorescência: as espiguetasestão dispostas em panículas, espigas e rácemos; 14 • Fruto: tipo cariopse. • Exemplos: milho, cana, brachiaria, mombaça, andropogon, etc... 5.2 Leguminosas Reino vegetal, divisão angiospermae, classe dicotiledonea e ordem rosales. Porte variável, onde as utilizadas como forrageiras são herbáceas, muito ricas em proteína. As características morfológicas de seus órgãos são: • Raiz: axial, pivotante (Apresenta nódulos formados através do contato da raiz com as bactéria do gênero Rhizobium. Todas as espécies da família apresentam simbiose de suas raízes com bactérias, com as quais fixam o nitrogênio da atmosfera. • Caule: variável (herbáceo, arbustivo e arbóreo); 15 • Folhas compostas, alternadas e estipuladas (Folíolos, Pecíolo e Estípula); 16 • Flores: diclamídeas (cálice e corola)- unicarpelares e multiovuladas; • Inflorescência: pániculada, rácemo, etc.; • Fruto: tipo legume (vagem) • Exemplo: leucena, amendoim forrageiro, stilosantes, etc. 17 UNIDADE II – PRINCIPAIS FORRAFEIRAS E LEGUMINOSAS PRINCIPAIS FORRAGEIRAS 1 - Gênero Brachiaria Brachiaria brizantha cv. Marandu • Nome científico: Brachiaria brizantha (A. Rich.) Stapf vr. Marandu. • Origem: África Tropical e do Sul. • Ciclo: perene. • Precipitação pluviométrica requerida: acima de 500 mm/ano. • Forma de crescimento: touceiras, semi-ereta. • Altura da planta: crescimento livre até 1,0 a 1,20 m. • Digestibilidade: satisfatória. • Palatabilidade: satisfatória. • Tolerância à seca: média. • Forma de uso: pastejo e eventualmente, produção de feno. • Tolerância a insetos: resistente à cigarrinha das pastagens. • Produção de forragem: 10 a 17 t MS/ha/ano. • Nível de fertilidade do solo: acima de média fertilidade • Acidez no solo: tolerante. • Forma de plantio: sementes. • Modo de plantio: a lanço. • Sementes necessárias: 7 a 14 kg/ha. • Profundidade de plantio: 2 cm. • Tolerância a solos mal drenados: baixa. • Tolerância a insetos: resistente á cigarrinha da pastagem • Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio • Consorciação: todas as leguminosas • Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise de solo • Altitude: nível do mar até 3.000 m • Latitude: 30° N e S • Temperatura ótima: 30 a 35°C • Dormência da semente: desprezível • Pureza: mínima 40% • Germinação: mínima 60% Composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha cv Marandu Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade Composição bromatológica % MS PB FB P Ca EE Até 60 dias de crescimento - jovem 29,5 10,5 28,6 0,38 0,29 1,1 Após florescimento - madura 35,0 6,2 31,0 0,15 0,14 1,5 Feno 88,2 8,8 30.3 0,26 0,18 5,0 Digestibilidade (%) - jovem 66,5 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) - madura 46,0 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) - feno 50,0 -- -- -- -- -- 18 Figura 1 - B. brizantha cv. Marandú e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e deglumadas. Brachiaria brizantha cv. Xaraés • Nome científico: Brachiaria brizantha Hochst Stapf cv Xaraés. • Origem: África Equatorial. • Ciclo vegetativo: Perene. • Altura da planta: crescimento livre até 1,50 m. • Forma de crescimento: cespitosa (touceiras). • Forma de uso: pastejo. • Digestibilidade: satisfatória. • Palatabilidade: satisfatória. • Precipitação pluviométrica requerida: 800 mm/ano. • Teor de proteína na matéria seca: 13% no verão e 6% no inverno. • Tolerância a insetos: moderadamente, tolerante à cigarrinha da Pastagem. • Produção de matéria seca: 23 t MS/ha/ano. • Fertilidade do solo: alta fertilidade. • Época de plantio: durante a estação chuvosa. • Forma de plantio: sementes. • Modo de plantio: a lanço. • Sementes necessárias: 8 a 14 kg/ha. • Tolerância ao frio: alta. • Tolerância à seca: alta. • Profundidade de plantio: 2 cm. • Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio. • Consorciação: Soja perene, Calopogônio, Estilosante etc. 19 • Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise de solo. • Dormência da semente: inexistente Figura 2 - B. brizantha cv. Xaraés: inflorescências, área de pastagem e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e deglumadas. Brachiaria humidicola • Nome científico: Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick vr. Lanero (ex Brachiaria dictyoneura). • Origem: África Equatorial. • Ciclo vegetativo: perene. • Altura da planta: crescimento livre até 1,20 m. • Forma de crescimento: cespitoso (touceiras). • Forma de uso: pastejo. • Digestibilidade: satisfatória. • Palatabilidade: satisfatória. • Precipitação pluviométrica requerida: 800 mm/ano. • Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 5% no inverno. • Tolerância a insetos: tolerante à cigarrinha da pastagem. • Produção de matéria seca: 15 t/ha/ano. • Número de cromossomos: 2n = 72. • Dormência: alto índice de dormência, recomendável tratamento. • Utilização - Própria de pastoreio. Planta perene, permite os primeiros pastejos de 120 a 150 dias. Suporta alta carga animal. • A digestibilidade e a palatabilidade está classificada como média a baixa. • Resistência a seca – Alta. 20 • Resistência ao frio – Média. • Proteína bruta na matéria seca - 3 a 6%. • Produção de forragem: cerca de 10 ton. MS/ha/ano (aprox. 35 ton. massa verde/ha/ano). • Fertilidade do solo: baixa fertilidade. • Época de plantio: durante a estação chuvosa. • Forma de plantio: sementes. • Modo de plantio: a lanço. • Sementes necessárias: 8 a 14 kg/ha. • Tolerância ao frio: alta. • Tolerância à seca: alta. • Profundidade de plantio: 2 cm. • Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após o plantio. • Consorciação: Java, Calopogônio, Estilosantes etc. • Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise de solo. • Altitude: 1.000 a 2.000 m. • Temperatura: 32 a 35°C. • Latitude: 29° N e S. • Pureza: mínima 40%. • Germinação: mínimo 25%. Figura 3 - B. humidicola e detalhe das espiguetas e cariopses com glumas e deglumadas. 21 Composição bromatológica e digestibilidade da ms da Brachiaria humidicola Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade Composição bromatológica % MS PB FB P Ca EE Até 60 dias de crescimento - jovem 27,5 8,0 30,6 0,20 0,20 1,0 Após Florescimento - madura 34,0 5,2 33,0 0,13 0,12 1,0 Feno 88,2 5,0 31,0 0,17 0,13 2,0 Digestibilidade (%) - jovem 56,5 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) - madura 40,0 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) - feno 45,0 -- -- -- -- -- 2 – Gênero Panicum; Panicum maximum cv. Tanzânia • Hábito de Crescimento: cespitoso • Altura: 1,60 m • Palatabilidade: excelente • Capacidade Suporte/Lotação: 2,0 U.A./ha • Produção de Matéria Seca: 20 a 26 t/ha/ano • Resistência à Seca: média • Resistência à Cigarrinha: Superior ao Tobiatã e Colonião • Proteína Bruta nas Folhas: 12 a 16% • Porcentagem de Folhas: 80% • Exigência em Solo: média a alta Figura 4 - Planta de Panicum maximum cv. Tanzânia em estádio vegetativo. 22 Panicum maximum cv. Mombaça • Hábito de Crescimento: cespitoso • Altura: 1,6 a 2,0 m • Palatabilidade: excelente • Capacidade Suporte/Lotação: 2,3 U.A./ha • Produção de Matéria Seca: 20 a 28 t/ha/ano • Resistência à Seca: média • Proteína Bruta: 12 a 16% • Digestibilidade: Excelente • Percentagem de Folhas: 82% • Exigência em Solo: média a alta Figura 5 - Planta de Panicum maximum cv. Mombaça em estádio vegetativo. Panicum maximum cv. Massai • Origem: Materiais africanos, selecionados EMBRAPA • Hábito de Crescimento: cespitoso e semi-prostrado • Altura: 60 a 80 cm • Palatabilidade: muito boa • Capacidade Suporte/Lotação: 2,11 nov/ha na seca e 5,61 nov./ha nas águas e 4,45 nov./ha anual • Produção de Matéria Seca: 16 t/ha/ano • Resistência à Seca: muito boa • Resistência à Cigarrinha:boa • Digestibilidade: alta - 65 a 70% DIVMS • Proteína Bruta nas Folhas: 12,5% • Aceitabilidade: Bovinos, desmama bezerros e Eqüinos • Exigência em Solo: média a alta 23 Figura 6 - Planta de Panicum maximum cv. Massai em estádio reprodutivo. Características morfológicas de alguns cultivares de P. maximum Característica Tanzânia Mombaça Massai Altura da planta (m) 1,2 1,7 0,6 Largura das folhas (cm) 2,7 3,0 0,9 Manchas roxas nas espiguetas muitas poucas média Pilosidade nas folhas ausente pouca média Pilosidade nos colmos ausente ausente média Cerosidade nos colmos ausente ausente ausente Tipo de folhas decumbente quebradiça quebradiça 3 - Gênero Pennisetum; Pennisetum purpureum Capim Elefante • Hábito de Crescimento: cespitoso • Utilização: Pastejo, corte e ensilagem • Capacidade Suporte/Lotação: 4,0 U.A./ha • Produção de Matéria Seca: 40 t/ha/ano • Resistência à Seca: boa • Resistência à Cigarrinha: Suscetível • Proteína Bruta: 13 % • Digestibilidade: 60 % • Exigência em Solo: média a alta • Plantio: mudas ( 3 a 4 t/ha) • Cultivares: Napier, Cameroon, Roxo, Guaçu, Mineiro 24 Figura 8 - Diferenças morfológicas entre genótipos de capim-elefante. 4 - Gênero Cynodon spp.; Cynodon ssp. cv. Coast-cross • Hábito de Crescimento: estolonífero, rizomatoso • Palatabilidade: boa • Utilização: Pastejo e Fenação • Capacidade Suporte/Lotação: 2,0 U.A./ha • Produção de Matéria Seca: 15 t/ha/ano • Resistência à Seca: boa • Resistência à Cigarrinha: boa • Proteína Bruta: 12 % • Digestibilidade: 60 % • Exigência em Solo: média a alta • Plantio: mudas (20.000 / ha) Cynodon ssp. cv. Tifton-85 • Hábito de Crescimento: estolonífero, rizomatoso • Palatabilidade: Excelente • Utilização: Pastejo e Fenação • Capacidade Suporte/Lotação: 2,7 U.A./ha • Produção de Matéria Seca: 18 t/ha/ano • Resistência à Seca: Muito boa • Resistência à Cigarrinha: Moderadamente resistente • Resistência à Geada: Muito boa • Proteína Bruta: 15 % • Exigência em Solo: média a alta • Plantio: mudas (20.000 / ha) 25 Figura 7 - Planta de Cynodon ssp. cv. tifton – 85 em estádio vegetativo 5 - Andropogon gayanus; Capim andropogon • Nome científico: Andropogon gayanus Kunth • Origem: África Ocidental • Ciclo vegetativo: perene • Precipitação pluviométrica requerida: 400 a 1.400mm/ano • Forma de crescimento: semi-ereta • Altura da planta: até 2m em crescimento livre • Digestibilidade: boa quando jovem • Palatabilidade: boa quando jovem • Produção de matéria seca: 8 a 14 ton. MS/ha/ano • Número de cromossomos: 2n = 40 (20, 35, 40, 42, 43, 44) • Nível de fertilidade do solo: tolera solos pobres e ácidos. • Forma de plantio: sementes • Modo de plantio: a lanço • Formas de uso: pastejo e fenação • Tolerância à seca: alta • Tolerância a solos mal drenados: baixa • Sementes necessárias: 13 a 16kg por hectare • Profundidade de plantio: 1,0cm • Consorciação: Stylosanthes e Centrosema pubescens • Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação • Adubação: de acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise de solo • Altitude: nível do mar até 2.000m. • Temperatura: ótima 25° C • Latitude: 20° N e S • Dormência: a germinação melhora com o tempo de estocagem • Pureza: mínima 40% • Germinação: mínima 25% 26 Composição bromatológica do capim andropogon em função da idade PERIODO VEGETATIVO E/OU FORMA DE USO COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA % DIGESTIBILIDADE % MS PB FB EE ENN CINZA FB Quatro semanas 21,0 7,7 21,5 -- -- 9,3 52,3 Seis semanas 19,9 12,9 25,6 -- -- 8,5 --- Oito semanas 19,9 12,9 25,6 -- -- 8,5 --- Doze semanas 19,1 12,1 26,5 -- -- 8,5 --- Dezesseis semanas 30,9 8,4 29,2 -- -- 6,6 41,5 Vinte e quatro semanas 59,4 5,4 29,9 -- -- 5,5 --- Feno 88,5 6,1 35,1 1,7 49,2 7,9 54,1 Silagem 25 5,8 37,4 1,9 47,5 7,4 63,9 6 - Cenchrus ciliares; Capim Búffel • Nome científico: Cenchrus ciliaris (L) • Ciclo Vegetativo: perene • Altura da planta: até 1,20 m em crescimento livre • Forma de crescimento: cespitosa (touceiras) • Formas de uso: pastejo e fenação • Digestibilidade: satisfatória • Palatabilidade: satisfatória • Teor de proteína na matéria seca: 12% no verão e 6% no inverno. • Precipitação pluviométrica requerida: 375 a 750 mm/ano. • Temperatura: ótima para crescimento: 30°C. • Tolerância a insetos: não tolera a cigarrinha. • Produção da matéria seca: 10 a 12 t MS/ha/ano. • Número de cromossomos: 2n = 32, 36, 40, 54. • Fertilidade do solo: média/alta. • Forma de plantio: sementes. • Modo de plantio: a lanço. • Sementes necessárias: 1 a 4 kg/ha de sementes puras e viáveis. • Profundidade de plantio: 2 cm • Tolerância à seca: alta. • Tolerância ao frio: baixa. • Tolerância a solos mal drenados: baixa. • Profundidade de plantio: 2 – 3 cm. • Tempo para a utilização: 90 a 120 dias após a germinação. • Consorciação: Stylosanthes. • Adubação: De acordo com as recomendações técnicas determinadas pela análise de solo. • Altitude: nível do mar até 2.000 m • Dormência da semente: presença de antocianinas e fenóis que afetam sua germinação. 27 • Pureza: mínima 40%. Germinação: mínima 30%. Composição bromatológica e digestibilidade da ms do capim búffel Idade e/ou forma da forragem e digestibilidade Composição bromatológica % MS PB FB P Ca EE Até 60 dias de crescimento - jovem 23,0 14,0 21,0 0,16 0,21 1,2 Após florescimento – madura 21,0 9,0 29,2 0,15 0,14 3,5 Feno 89,3 12,0 26,5 0,26 0,18 3,2 Digestibilidade (%) - jovem 45,5 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) – madura 32,8 -- -- -- -- -- Digestibilidade (%) – feno 40,5 -- -- -- -- -- PRINCIPAIS LEGUMINOSAS Em função da sua capacidade de fixação simbiótica do nitrogênio, as leguminosas têm a capacidade de aumentar a qualidade e a quantidade de forragem das pastagens. Este aspecto é especialmente importante em regiões com uma estação seca demarcada, como ocorre no Estado do Maranhão, por exemplo. Pois, nesse período do ano a disponibilidade de forragem em pastos de gramíneas puras não atende as exigências nutricionais de bovinos. Embora essas vantagens sejam de amplo conhecimento entre técnicos e pecuaristas, o uso de leguminosas forrageiras tropicais na alimentação do rebanho é insignificante. São diversas as razões para este fato. Possivelmente, uma das mais importantes seja a repercussão negativa dos insucessos com o uso de leguminosas ocorrido no início da década de 70. Na época criou-se uma grande expectativa quanto aos resultados do uso dessa tecnologia, entretanto o uso de cultivares exótica e não adaptadas ou susceptíveis às doenças, as experiências dos fazendeiros, em sua maioria, fracassaram. Neste período diversas leguminosas e tecnologia de implantação foram diretamente importados da Austrália, e foram implantados em solos ácidos do Brasil em consorcio com gramíneas extremamente agressivas e que obviamente resultam em fracassos. Atualmente, no entanto, existem claros sinais que essa situação esteja mudando e existe um renovado interesse por leguminosas. O avanço tecnológico da produção pecuária, a necessidade de redução de custos de produção e principalmente a busca de fontes baratas de nitrogênio para uso na recuperação de pastagens degradadas 28 têm levado muitos pecuaristas a se interessarem por leguminosas. Esse interesse, no entanto, deve ser suportado por informações técnicas que forneçam aos produtores uma visão crítica e realista das vantagens e desvantagens do uso dessas plantas. Na atualidade diversos gêneros de leguminosas apresentam bom potencial como Stylosanthes (estilosantes), Leucaena (Leucena), Cajanus (Guandu), Gliricídia, e. Arachis (amendoim forrageiro). 1 - Estilosantes campo grande; � Características gerais O gênero Stylosanthes possui 44 espécies, sendo que 25 ocorrem no Brasil, principalmente na região do Cerrado.É o gênero com maior número de cultivares dentre as leguminosas tropicais usadas como pastagens. A cultivar Campo Grande foi desenvolvida pela Embrapa Gado de Corte, através de uma mistura de sementes com 80% (em peso) de linhagens de S. capitata tolerantes à antracnose e 20% de linhagens de S. macrocephala. A cv. Campo Grande originou-se de plantas sobreviventes de um antigo campo de seleção de acessos de Stylosanthes, localizado em uma fazenda em Campo Grande, MS, que após o término do experimento, foi submetido ao manejo normal da fazenda. Após vários anos, as plantas, selecionadas naturalmente, se apresentaram altamente vigorosas e tolerantes à antracnose. Posteriormente, foram incorporadas mais linhagens das duas espécies para a composição da cultivar. Os teores de proteína bruta na leguminosa variam ao longo do ano de 11,5% a 14,5 % com uma queda no final do período seco, para 5,9%. Esta cultivar se caracteriza por apresentar alta capacidade de fixação de nitrogênio 180 kg/ha/ano e em consorciação com B. decumbens, ciclar 130 kg/ha de N em seis meses contra somente 48 kg/ha na braquiária pura e o crescimento de forragem foi 60% a mais na consorciação na terceira estação de chuvas de pastagem (Miller & Grof, 1997). 29 Figura 1 - Stylosanthes capitata Vog., componente do cultivar Campo Grande. Planta em fase vegetativa (A) e detalhe das inflorescências (B). Fotos: A - Celso Dornelas Fernandes; B - Cláudio T. Karia. � Estabelecimento Pastagens de estilosantes são estabelecidas através de pequenas sementes e o aspecto mais importante para garantir um bom estabelecimento é a realização de semeadura superficial, evitando solos muito trabalhados e fofos. A profundidade de semeadura máxima é de 2 cm e é importante a prática da compactação do solo após a semeadura. A taxa de semeadura para estilosantes Campo Grande é de 2 a 2,5 kg/ha na formação de novas pastagens e 2,5 a 3,0 kg na recuperação de pastagens. O estilosantes tem boa associação com rizóbios nativos e, portanto não é necessária a inoculação. � Manejo A formação de pastagens consorciadas foi a principal forma de utilização dessa leguminosa no Brasil e na América Latina. A manutenção do balanço adequado entre leguminosas e gramíneas na pastagem depende do tipo de mecanismo de persistência apresentado pela leguminosa e da capacidade competitiva da gramínea associada e, em função dessas duas características, do manejo adotado. Os principais mecanismos de persistência sob pastejo em Stylosanthes são a ressemeadura natural e sobrevivência de plantas. Na Embrapa Cerrados os sistemas de manejo que propiciaram melhor persistência da leguminosa e os melhores ganhos de peso em uma pastagem de Andropogon gayanus cv. Planaltina consorciada com mistura de estilosantes, foram o contínuo, rotativo com 7 dias de pastejo por 21 dias de descanso, e alternado com manejo flexível (variando de 21 por 21 dias a 7 por 21 dias) 30 (Leite et al., 1992). Com estas estratégias de manejo, foi possível manter uma porcentagem de leguminosa entre 20 e 50%. O banco de proteína é uma área com leguminosa pura, usada para pastejo durante a estação seca objetivando a suplementação de animais em pastagens de gramíneas pura ou em pastagens nativas. A área com banco de proteína de estilosantes deverá ser de 30% da área total do pasto. Entre as diversas técnicas de recuperação das pastagens degradadas, a recuperação direta com a reposição de nutrientes, principalmente fósforo, na forma de adubo químicos associada à introdução de uma leguminosa, para fornecimento de nitrogênio biológico ao sistema, é a mais barata e, por isso, a que teria condições de ser mais facilmente adotada pela maioria dos produtores. Por suas características de resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade e capacidade de associação com rizóbios nativos. Da maneira simplificada, a técnica de recuperação usando estilosantes envolve a distribuição do adubo fosfatado, seguida de uma gradagem para incorporação do adubo, rompimento das camadas de solo compactadas, redução da competição inicial da gramínea estabelecida para permitir o desenvolvimento das plantas de leguminosas. 2 - Leucena; � Características gerais O gênero Leucaena pertence à família Leguminosae, subfamília Mimosoideae, tribo Minoseae, e foi estabelecido por Benthan em 1842. A espécie mais utilizada em sistemas agrícolas é a L. Leucocephala. Essa espécie é dividida em três espécies: leucocephala, glabrata e ixtahuacana, sendo a mais difundida a L. leucocephala subsp. glabrata. A L. leucocephala é utilizada em todo mundo na alimentação animal. Adubação verde e como fonte de madeira para confecção de postes e para lenha. A espécie é tetraplóide (2n = 104), autocompatível, apresentando porte arbóreo, com altura variando de 3 a 20 metros, e grandes produções de madeira, forragem e sementes. As flores formam inflorescências brancas, globosas, que resultam em cachos de vagens. As sementes, que são elípticas, marrons e se abrem longitudinalmente lançando as sementes, que são elípticas, marrons e apresentam um revestimento impermeável que impede a embebição, conferindo a chamada “dormência exógena” ou “dureza da semente”. Possui excelente capacidade de rebrote e a forragem produzida é de alta qualidade, apresentando teores de proteína bruta nas folhas ao redor de 24%. Por outro 31 lado essa espécie apresenta algumas limitações como: pouca tolerância à geada e à seca, pouco crescimento em solos ácidos, pouca durabilidade da madeira, presença de fatores de anti-qualidade para o consumo animal (minosina) e em locais com solos de boa fertilidade, a planta pode se tornar uma praga, pois possui alta capacidade de produção de sementes, que além disso, possuem dormência. Figura 2 - Leucaena híbrida em consórcio com B. brizantha cv. Marandu na estação chuvosa (pré e pós-pastejo) e na estação seca (pré-pastejo), em Planaltina- DF. No Brasil o genótipo mais plantado é a cultivar australiana Cunnungham. Essa cultivar é altamente produtiva em solos de boa fertilidade, tem porte baixo, com alta capacidade de ramificar-se, não cresce em solos pobres, com alto teor de alumínio e baixos teores de cálcio. � Estabelecimento Recomenda-se o plantio no início da estação chuvosa, atrasos no plantio levam a má formação da leguminosa e impedem a sua utilização no primeiro ano. A quantidade de sementes recomendada é de 4 kg de sementes viáveis por hectare. As sementes devem ser escarificadas antes do plantio. Esse procedimento pode 32 ser feito da seguinte forma: A semente pode ser colocada em água quente (80ºC) por dois minutos. Após o tratamento, as sementes devem ser secas à sombra e inoculadas com rizóbios (estirpes DF – 10 e DF – 15). O plantio de leucena em áreas cultivadas anualmente com grãos pode minimizar o problema com formigas e cupins, já que o revolvimento anual do solo diminui a população desses insetos. Um preparo profundo é recomendado, principalmente em terrenos com pastagens degradadas, com grande população de cupins e formigas. Nessas áreas recomenda-se também o controle desses insetos durante as estações de chuva e de seca anteriores ao plantio. � Manejo A semeadura feita em conjunto com cultura anual é desejada, pois aumenta a eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da eficiência de uso da área e gera renda adicional durante o período de implantação da área de leucena. Zoby (1990) recomendam o plantio simultâneo com arroz para a formação de banco de proteína. O espaçamento entre as linhas de leucena deve ser de 2 m e nas entrelinhas das leguminosas devem ser semeadas três linhas de arroz espaçadas de 0,5 m. A densidade de plantio de leucena deve ser de 10 a 14 sementes por metro (4 kg/ha) e de arroz de 60 sementes por metro(30 kg/ha). Nesse caso, a produção do arroz não é o plantio em faixas de duas linhas de leucena, espaçadas de 1 m e com um espaçamento de 4 a 5 m entre as faixas, dependendo da cultura a ser implantada entre as faixas e da maquinaria disponível. Na Embrapa Cerrados, adotou-se um sistema onde no primeiro ano foi plantada soja entre as faixas de leucena. No segundo ano, nas entre faixas onde estava a soja, foi feita a semeadura de milheto com B. brizantha cv. Marandu para a formação da pastagem consorciada. Lourenço (1991) estudou o ganho de peso de animais mantidos em pastagens de colonião mais banco de proteína de leucena. Os animais com livre acesso ao banco de proteína de leucena apresentaram no 1º ano ganho de peso vivo de 601g/animais/dia, no 2º ano de 562 g/animais/dia e 3º ano de 390 g/animais/dia. 3 - Feijão guandu (Cajanus cajan); � Características gerais O guandu é uma leguminosa tropical arbustiva de origem africana, anual a bianual, adaptada a ampla faixa de condições de solo, principalmente a solos profundos, apenas 33 não tolera solos alagados. Apresenta bom desenvolvimento em condições de clima quente e úmido, com temperatura entre 20 e 40ºC. É cultivada desde a região tropical até a sub-tropical, sob condição de precipitação que vão de 500 mm até 1.500 mm/ano. É tolerante à seca, pois apresenta sistema radicular profundo, embora possa perder as folhas nestas condições. É utilizada para pastejo direto no período seco, para a produção de feno e silagem e para a formação de bancos de proteínas para suplementar pastagens durante o período seco. Têm sido recomendada para a rotação de culturas ou para recuperação de pastagens de gramíneas degradadas. Sua capacidade de fixação de N esta entre 90 e 150 kg de N/ha/ano (Franco, 1978). Apresenta boa produção de semente (aproximadamente 1.5000 kg/ha), o que proporciona condições de fácil propagação, sendo de estabelecimento rápido. A produção de matéria seca é alta no primeiro ano, porém no segundo ano ocorre expressiva redução no estande de plantas, diminuindo a produção. Outro aspecto agronômico para sua utilização é a alta porcentagem de material lenhoso que não é consumido pelos animais, que pode atingir 50% (Lourenço, 1993). Figura 3 - Plantas de Cajanus cajan (guandu) em estádio vegetativo. � Estabelecimento O guandu se desenvolve melhor em solos bem preparados, através de aração profunda e controle de invasoras. Cresce em solos com pH entre 5 e 8, mas apresenta 34 melhor desempenho em solos aproximadamente neutros. O calcário necessário para a correção do solo pode ser calculado a partir de análise de solo, multiplicando o valor do alumínio por dois. O resultado da multiplicação é obtido em toneladas de calcário por hectares e visa elevar o pH para próximo de 6. A distribuição do calcário deverá ser efetuada dois a três meses antes do plantio, devendo ser incorporado por aração profunda. O P é um elemento crítico para a nutrição das leguminosas e as produções de sementes, obtendo-se resposta positiva com sua aplicação. A distribuição do superfosfato com micronutrientes poderá ser efetuada por ocasião da semeadura. O S é essencial para a formação de proteínas e normalmente apresenta níveis insuficientes em solos arenosos. Com o emprego de superfosfato simples sua deficiência é corrigida, pois este adubo possui 12% de S em sua formulação. Outros nutrientes, como Zn e Cu, são deficientes em solos arenosos e necessitam ser adicionados. O molibdênio é um micronutriente essencial para a bactéria fixadora de nitrogênio e, em solos com deficiência ocorre a formação de nódulos que não são efetivos na fixação de nitrogênio. Na Tabela 1 são feitas recomendações de adubação de acordo com o tipo de solo para assegurar boa produção de forragem de guandu (Seiffert, 1988). Tabela 1 – Recomendações gerais para adubação de guandu cultivado em solos pobres (Seiffert, 1988). Nutrientes Adubos Tipo de solo/textura (kg/ha) Arenosa Média Argilosa Ca e Mg Calcário dolomítico 500 2.000 4.000 P e S Superfosfato simples 200 300 550 Mo, Cu, Zn FTE Br 16 40 40 40 � Manejo Para a implantação de banco de proteína, a semeadura deve ser feita em linhas, para permitir o cultivo e facilitar a colheita mecanizada. As linhas podem ser espaçadas de 2 m com seis sementes por metro linear, emprega-se 4,5 kg/ha de sementes (70% valor cultural). Para silagem recomenda o espaçamento de 35 cm entre linhas, com 12 kg/ha de sementes. Para utilização do guandu na renovação de pastagem, deve-se utilizar semeadoras que sulcam o terreno. Recomenda-se em pastagens de pangola o espaçamento de 2 m entre sulcos. 35 Para corte, são usados espaçamentos que não ultrapassam 1m entre linhas e uma cova a cada 20 cm na linha. Uma vez estabelecido, o guandu pode persistir na lavoura por 2 a 3 anos, dependendo do sistema utilizado adotado pelo produtor. Recomendam-se cortes a cada 90 dias, a uma altura de 60 cm do nível do solo. O plantio do guandu em faixas em pastagens como gramíneas possibilita oferecer forragem suplementar para o gado, ao mesmo tempo em que promove o melhoramento do solo com a leguminosa. Neste sistema, são arados e gradeadas faixas dentro da pastagem, por exemplo, 5 m de largura, com plantio de linhas de guandu espaçadas de 1 m entre linhas. Estas faixas poderão ser mantidas separadas por uma faixa de 20 m de largura, ocupada com a gramínea pré-existente (Seiffert, 1988). A profundidade de semeadura pode variar de 2,5 a 10 cm e deverá efetuar o plantio na primavera ou início do verão. A semente não necessita ser escarificadas, nem inoculadas, a não ser em regiões novas ou em solos pobres. O inoculante comercial indicado para o guandu é o do grupo I (Cowpea), sendo empregado na proporção de um pacote de 200 g para 50 kg de sementes (Seiffert, 1988). O guandu deve ser semeado na primavera ou início do verão. A quantidade de sementes a ser empregada depende da variedade utilizada, da porcentagem de germinação do lote de sementes e do espaçamento empregado. As produções de matéria seca variam em torno de 4,5 t MS/ha/ano e entre 600 kg de PB/ha/ano. Ocorre redução significativa no estande de plantas no segundo ano, após ter sido formado. Os teores de PB oscilam entre 13% e 20%. 4 - Gliricídia; � Características gerais – Gliricidia O nome científico é em referência ao pó da casca e das sementes usado como veneno para ratos nas regiões tropicais. Espécie tipo G. sepium. Há cerca de 6 a 9 espécies de Gliricídias conhecidas, selvagens e cultivadas, compreendendo arbustos e pequenas árvores. A espécie-tipo pode chegar a 12 m de altura. A inflorescência é do tipo racemosa, muito vistosa, usualmente rósea, aparecendo no início da primavera, antes da brotação das folhas, conferindo às árvores certa semelhança com os pessegueiros em flor e tornando-as bastante atraentes. As Gliricídias são nativas das regiões tropicais da América Central onde são comuns nas encostas e matas e em áreas montanhosas até a altitude de 1.500 a 2.000 m. São bastante tolerantes a estiagem, mas não toleram geadas. As espécies se propagam 36 facilmente por sementes ou por meio de estacas. As plantas apresentam excelente capacidade de rebrota mesmo quando severamente podadas. O uso mais conhecido das gliricídias é no sombreamento das culturas de café e cacau e como suporte nas plantações de baunilha (planta epífita). As gliricídias são usadas como cerca - viva, quebra-vento e mourão vivo, além de serem consideradas excelentes como plantas melíferas. Uma boa opção em termos de leguminosa arbórea fixadora de nitrogênio para constituição de sistemas de integração Lavoura/Pecuária/Floresta (ILPF) no Nordeste brasileiro é a gliricídia (Gliricidia sepium). A queda da folhagem, que ocorre na época seca e da abundante floração, promove anualmente, aincorporação ao solo sob as copas, de cerca de 60 a 70 kg de matéria orgânica rica em nitrogênio. As folhas têm odor adocicado devido à ocorrência de cumarina (substância aromática encontrada em alguns condimentos). São usadas como forragem para bovinos, suínos, ovinos e caprinos mas têm a reputação de serem venenosas para cavalos. Têm alto teor de proteína (15 a 30%). As flores são comestíveis e contém cerca de 3% de nitrogênio. São usadas na alimentação humana, principalmente na forma de fritada. A madeira é densa e bastante durável. É usada principalmente na confecção de implementos agrícolas e moirões. As gliricídias podem ser exploradas como lenha. Os ramos apresentam um poder calorífero bastante alto (4.900 kcal/kg). O uso potencial das espécies deste gênero inclui o controle de erosão em encostas e revegetação de solos degradados. 37 Figura 4. Legumineira de gliricídia sob coqueiral. � Estabelecimento - Arar e gradear o terreno no começo das chuvas. - Abrir sulcos rasos (5 cm) afastados em 1 metro. - Preparar misturas de adubos com a seguinte composição para cada 100 kg1: 78 kg de esterco de curral. 16 kg de superfosfato simples. 6 kg de cloreto de potássio. - Distribuir a mistura de adubos no fundo dos sulcos na quantidade de 1,5 kg para cada 10 m de sulco. Isto pode ser feito com facilidade pesando-se 1,5 kg da mistura, colocando em uma garrafa pet que deve ser cortada na linha correspondente ao nível em que se encontra esta quantidade da mistura. Estará feita assim uma medida para cada 10 m de sulco. Não é necessário um rigor muito grande na distribuição. Os 10 m ao longo do sulco podem ser convertidos em 10 passos largos de uma pessoa. - Colocar dentro dos sulcos duas sementes a cada 50 cm. Cobrir com um pouco de terra. - No caso de sementes de gliricídia não há necessidade de quebra de dormência. As sementes devem ser plantadas sem nenhum tratamento. - Dependendo da facilidade na obtenção de sementes ou no preparo de solo, o plantio poderá também ser efetuado através de mudas, usando-se o mesmo espaçamento 38 recomendado para o plantio por sementes, distribuindo-se as mudas ao longo dos sulcos, colocando solo para cobrir as raízes e dar sustentação às plantas. � Manejo - Começar as colheitas pelo menos 1 ano após o plantio, colhendo-se folhas e ramos tenros acima de 50 cm do solo. Os galhos mais grossos devem ser cortados e deixados na superfície do solo para reciclagem do material. - Realizar colheitas a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 110 a 120 dias na estação seca. Se irrigada a legumineira pode ser colhida na estação seca com a mesma freqüência da estação chuvosa ou até com maior assiduidade, dependendo do seu desenvolvimento. - Aplicar todos os anos ao longo das filas de plantas, metade da adubação em cobertura utilizada no plantio, mas sem o uso do esterco. - A forragem colhida pode ser oferecida aos animais na forma in natura, fenada ou ensilada. 5 - Amendoim forrageiro. � Características gerais – Arachis pintoi O amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte) é uma leguminosa herbácea perene, com 20 a 60 cm de altura. O hábito de crescimento rasteiro faz com que esta leguminosa produza uma camada densa de estolões com entrenós curtos e os pontos de crescimento bem protegidos do pastejo. Entretanto, em pastagens consorciadas, o amendoim forrageiro eleva suas folhas em longos pecíolos, permitindo a competição com gramíneas dos gêneros Brachiaria e Cynodon, ficando os entrenós e pontos de crescimento expostos ao pastejo pelos animais (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al., 2000). Os estolões se fixam ao solo por meio de raízes abundantes que ocorrem nos nós. Esta espécie possui sistema radicular pivotante e 82% das raízes são encontradas até a profundidade de 80 cm do solo. Entretanto, podem-se encontrá-las até 1,8 m de profundidade. Aos 18 meses após o plantio, a massa de raízes até 30 cm de profundidade é superior a 10 t/ha (Argel & Pizarro, 1992; Barcellos et al., 2000). As folhas são alternas, com dois pares de folíolos ovalados, glabros, mas com pêlos sedosos nas margens (Fig. 1). O caule é ramificado, cilíndrico, ligeiramente achatado, 39 com entrenós curtos e estolões que podem chegar a 1,5 m de comprimento (Argel & Pizarro, 1992). Figura 5 – Folhas e flores do amendoim forrageiro (A. pintoi cv. Belmonte). Rio Branco, AC, 2001. � Estabelecimento A taxa de semeadura a ser usada depende da rapidez com o que o produtor deseja ter a pastagem formada, do nível de infestação com ervas daninhas da área, do tipo de solo e do grau de preparo do solo. O estabelecimento também pode ser feito por pedaços de estolões, (com no mínimo 2 meses de idade) contendo 3 a 5 entrenós (20 a 30 cm de comprimento). A adubação de estabelecimento deve seguir recomendações de Vilela et al. (1998) e é baseada nos teores dos nutrientes presentes no solo e na textura indicados por análises química e física do solo. O manejo de pastagens consorciadas geralmente visa dar melhor condição de estabelecimento à leguminosa em relação à gramínea. Zimmer et al. (1994) recomendam a redução na taxa de plantio da gramínea em 30% a 40%. Adubação estratégica para a leguminosa e o plantio em faixas alternadas, ou ainda, o plantio defasado do capim em relação à leguminosa também têm proporcionado bons resultados no estabelecimento de pastagens consorciadas. O A. pintoi se caracteriza por uma alta produção de matéria seca. Avaliações de diversos acessos feitas durante dois anos na Embrapa Cerrados mostraram produções variando entre 5 a 13 t/ha no primeiro ano e de 3 a 11 t/ha no segundo ano. A produção acumulada nos dois anos variou entre 9 e 24 t/ha para os diversos acessos avaliados (Pizarro & Rincón, 1994). A persistência sob pastejo é uma das principais características de A. pintoi. Esta persistência é garantida pela grande quantidade de sementes que permanecem viáveis no 40 solo (banco de sementes) e pelo crescimento estolonífero com enraizamento nos nós, que proporciona proteção aos pontos de crescimento contra o pastejo e pisoteio pelo gado. Em pastagens de A. pintoi cv. Amarilho consorciado com B. humidicola ou com B. dictyoneura com dois anos de idade, a densidade de sementes presentes no solo era de aproximadamente 650 sementes/m². � Manejo Entre os fatores de manejo, a pressão de pastejo é o que mais influi na persistência da leguminosa. Nas condições de clima e solo, recomendam-se períodos de descanso: 1) entre 20 e 25 dias no período chuvoso e 25 e 30 dias no período seco, para pastagens consorciadas com as gramíneas B. humidicola e Estrela Africana Roxa; e 2) entre 28 e 35 dias para pastagens consorciadas com B. brizantha, B. decumbens e Massai (P. maximum) no período chuvoso e seco. Estudos desenvolvidos sob pastejo demonstram que o Arachis pintoi cv. Belmonte mostrou-se persistente, mesmo quando submetido a taxas de lotação de 4 novilhos/ha, após mais de três anos de avaliações. A proporção de leguminosa no pasto ao final do experimento foi sempre superior à proporção inicial. Segundo Ibrahim (dados não publicados), citado por Argel (1994), A. pintoi Ciat 17434 persistiu por mais de quatro anos quando consorciado com Brachiaria brizantha em um sistema de pastejo rotacionado com 5 dias de pastejo e 30 de descanso, com taxas de lotação entre 1,75 e 3,0 UA/ha. A leguminosa estabilizou-se com 22% na pastagem, com baixa ocorrência de plantas invasoras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGEL, P. J.; Regional Experience with Forage Arachis in Central America. In: KERRIDGE, P. C.; HARDY, B. eds. Biology and Agronomy of Forage Arachis. Cali, CIAT, 1994. Chaptes 12, p. 134-143. ARGEL, P. J.; PIZARRO, E. A. Germplasm case study: Arachis pintoi. In: CIAT. Pastures for the tropical lowlands: CIAT’s contribution. Cali, CIAT, 1992,Chapter 5, p. 57 – 73. CARVALHO FILHO, O. M. de; DRUMOND, M. A.; LANGUIDEY, P. H. Gliricidia sepium: leguminosa promissora para regiões semi-áridas. Petrolina: EMBRAPACPATSA, 1997. 17 p. il. (EMBRAPA-CPATSA. Circular Técnica, 35). FONSECA, D. M. da; MARTUCELLO, J. A. Plantas Forrageiras. Viçosa, MG: ED. UFV, 2010. p. 537. FRANCO, A. A. Contribution of the legume-Rhizobium symbiosis to the ecosystem and food prodution. In: DOBEREINER, J. et al. Limitations and potentials for biological nitrogen fixation in the tropics. London, Plenum, p; 191-220, 1978. 41 LOURENÇO, A. J. Leguminosas tropicais como banco de proteína em pastagens: efeitos no solo, na dieta e no ganho de peso de bovinos. ESALQ/USP, 1991. 171. Tese de doutorado. LOURENÇO, A. J. Produção animal com leguminosas arbóreas/arbustivas. In: Anais do Simpósio sobre usos múltiplos de leguminosas arbustivas e arbóreas. P. 131-146, 1993. MILLER, J. F.; GROF, B. Recent advances in studies of anthracnose of Stylosanthes. Tropical Grasslands, v. 31, p. 28-62. 1995. PIZARRO, E. A.; RINCÓN, A. Regional experiences with forage Arachis in South America. In: KERRIDGE, P. C.; HARDY, B. eds. Biology and Agronomy of Forage Arachis. Cali, CIAT, 1994. Chapter 13, p. 144-157. SEIFERT, N. F. Manejo de leguminosas forrageiras arbustivas de clima tropical. In: PEIXOTO, A, M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. eds. Anais do 9 Simpósio sobre Manejo da Pastagem. P. 285-314, 1988. VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUSA, D. M. G. de; MACEDO, M. C. M. Calagem e adubação para pastagens na região do Cerrado. Planaltina. Embrapa Cerrados, 1998. ZIMMER. A. H.; MACEDO, M. C. M.; BARCELLOS, A. O.; KICHEL. A. N. 1994. Estabelecimento e recuperação de pastagens de Brachiaria. In: Anais do 110 Simpósio Sobre Manejo da Pastagem. FEALQ. Piracicaba, SP. p. 153-208. ZOBY, J. L.; KORNELIUS, E. Sistema integrado de utilização de pastagem nativa de Cerrado sob diferentes cargas, complementada com banco de proteína na recria de fêmeas. In: Relatório Técnico Anual do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados. p. 297-300. 1994. 42 UNIDADE III - FORMAÇÃO, MANEJO, RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE PASTAGENS I - FORMAÇÃO DE PASTAGENS 1. INTRODUÇÃO As pastagens tropicais representam o principal recurso forrageiro na produção animal em todo o mundo, cerca de 50% de toda produção de carne e leite é proveniente de ambientes pastoris. No Brasil, pelo último senso do IBGE, são mais de 172 milhões de hectares, ocupando 20% do território nacional e 80% da área agricultável. Ao mesmo tempo em que as pastagens representam uma importante fonte de alimentação, a realidade das áreas de pastagem é preocupante. Estima-se que metade dessas áreas encontra-se em algum estágio de degradação. Essa degradação está associada entre outras coisas ao uso de monoculturas e escolha inadequada da espécie forrageira associada ao manejo inadequado e superpastejo. Um bom processo de formação de pastagem traz como conseqüências a melhoria das propriedades físicas do solo, pela contribuição do sistema radicular que melhora a aeração e enriquece o solo com matéria orgânica; minimização do aquecimento global pelo seqüestro de carbono no solo; fornece ambiente agradável para os animais quando arborizada, fonte barata de alimentação para os rebanhos a maior parte do ano. O processo de formação de uma pastagem nos dias atuais deve ter como principal objetivo a manutenção da sustentabilidade do ecossistema pastoril, garantindo assim a produtividade do pasto por tempo indeterminado. Para isso, a escolha da espécie forrageira, o preparo do solo, método de semeadura, além dos tratos culturais devem ser baseados nas condições bióticas e abióticas do local e do sistema de produção onde o pasto será implantado. 2. CRITÉRIOS PARA A FORMAÇÃO E MANUTENÇAO DE ÁREAS DE PASTO 2.1 Escolha da área É importante observar alguns parâmetros para escolha do local para implantação de um sistema de pastejo. Dar preferência a terrenos regulares de preferência já desmatados, com solos fisicamente bons e com boa fertilidade; área plana ou levemente ondulada; acesso fácil a máquinas, energia elétrica e água; próximo ao centro de manejo, casa do morador e mercados consumidores. 43 2.2 Escolha da Espécie Forrageira É bastante comum nos dias atuais observar canais de televisão vendendo para o Brasil inteiro uma série de espécies forrageiras, que assim como eletrodomésticos, prometem revolucionar a vida de quem as adquire. No entanto, precisa-se ter cautela e levar em conta critérios de natureza técnica para escolher a espécie mais adequada ao seu sistema de produção e não a mais produtiva ou a que tenha o maior teor de proteína bruta. Fatores como clima e solo são fundamentais para a escolha da forrageira. De acordo com o IPCC, que é o painel internacional de mudanças climáticas, define-se clima como sendo num sentido restrito, o 'tempo meteorológico médio', ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global. Das variáveis climáticas, a temperatura e precipitação são os fatores de maior impacto sobre o crescimento de plantas no planeta, sendo que a radiação solar também influi conjuntamente com as variáveis acima mencionadas. A grande maioria das gramíneas tropicais só irá apresentar crescimento se a temperatura média for superior a 17oC. Para a grande maioria dos produtores da região Nordeste do Brasil, a temperatura não é um fator limitante para o crescimento de seus pastos, uma vez que a temperatura média da região gira em torno dos 30oC. O outro fator climático é a água. Na região Nordeste pode-se atribuir a falta de água como principal responsável pela estacionalidade na produção de forragem. Em locais onde é possível fazer uso da irrigação, pode-se contornar esse limitante e manter constantes as produções ao longo do ano. O histórico da área é um fator que deve ser considerado. Uma vez que se houver grande banco de semente de outras espécies, faz-se necessária intervenção mais severa, com uso de maquinário mais pesado ou até controle químico. Sob pena de que não realizar estas práticas pode levar a má formação e até mesmo degradação da área cultivada. 44 Também devemos levar em consideração a declividade do terreno para tal escolha, onde gramíneas como o Tifton-85 e Coast cross são recomendadas para áreas de maior declividade (devido ao hábito de crescimento estolonífero, “enramar”) e Tanzânia, Massai, e Aruana para área de menor declividade. Segue abaixo a tolerância a seca (Tabela 1) exigência a fertilidade (Tabela 2) e atributos físicos (Quadro 1) de algumas gramíneas. Tabela 2. Classificação de plantas forrageiras por exigência em fertilidade do solo. Baixa Média Alta Capim-andropogon (Andropogon gayanus) Capim-rhodes (Chloris gayana) Capim-elefante (Pennisetum purpureum) Capim-buffel (Cenchrus ciliaris) Capim-massai (P. maximum x P.infestum) Capim-aruaua (Panicum maximum cv Aruana) Capim-corrente (Urochloa mocambicensis) Capim-gramão (Cynodon dactilon) Capim-tanzânia (Panicum maximum cv Tanzânia) Capim-marandu (Brachiaria brizantha cv Marandu) Capim-Tifton 85 (Cynodon spp.) Capim-piatã (Brachiaria brizantha cv Piatã) Capim-xaraés (Brachiaria brizantha cv Xaraés) Fonte: Cavalcante e Reis (2010). Quadro 1 – Grau de tolerância de plantas forrageiras para atributos físicos do solo Planta Forrageira Textura Profundidade Encharcamento Argilosa Média Arenosa Raso Médio Profun BoaMédia Baixa Capim- andropogon X X X Capim- buffel X X X Capim- corrente X X X Capim- tanzânia X X X Capim- mombaça X X X Capim- massai X X X Capim- elefante X X X Capim- tifton X X X Fonte: adaptado de Evangelista e Lima (2002) 45 Tabela 2. Classificação de plantas forrageiras por tolerância a seca. Alta (300-450mm) Média (500-700mm) Baixa (acima de 700mm) Capim-andropogon (Andropogon gayanus) Capim-rhodes (Chloris gayana) Capim-marandu (Brachiaria brizantha cv Marandu) Capim-buffel (Cenchrus ciliaris) Capim-massai (P. maximum x P.infestum) Capim-piatã (Brachiaria brizantha cv Piatã) Capim-corrente (Urochloa mocambicensis) Capim-tanzânia (Panicum maximum cv Tanzânia) Capim-xaraés (Brachiaria brizantha cv Xaraés) Capim-gramão (Cynodon dactilon) Capim-mombaça (Panicum maximum cv Mombaça) Capim-aruaua (Panicum maximum cv Aruana) Fonte: Cavalcante e Reis (2010). 2.3 Preparo da área O preparo da área tem como principais finalidades o controle de plantas invasoras, a homogeneização da superfície e a eliminação de qualquer irregularidade no terreno, onde, posteriormente, poderá haver acúmulo de água em demasia ou até mesmo a ocorrência de erosão. O método mais comum de preparo de área é utilizando a aração com arado de disco ou tipo aiveca e, posteriormente, a passagem de grade niveladora por duas ou mais vezes, dependendo da condição de compactação do solo e presença de invasoras. Neste método de preparo deve-se ter cuidado para que o solo não fique muito pulverizado (“fofo”), ocasionando diminuição na emergência devido ao fato de que as sementes poderem atingir grandes profundidades após a incorporação. O preparo do solo tem por objetivos: 1. Fornecer as condições necessárias ao bom arejamento e umidade para o bom desenvolvimento do sistema radicular. 2. Incorporação de restos culturais, incorporando matéria orgânica e melhorando as condições físicas do solo. 3. Controle de plantas daninhas 4. Eliminação de camadas compactadas 5. Incorporação de corretivos e fertilizantes 6. Fornecer o substrato adequado para a germinação e crescimento das plantas cultivadas via sementes ou mudas. O Para declividade acima de 3% construa terraços de base larga. 46 2.3.1 Coleta de solo Para que os pastos a serem estabelecidos permaneçam sustentáveis é preciso que os solos sejam corrigidos por meio de aplicações de fertilizantes e corretivos. Para que essas aplicações sejam efetivas e tenham resultado positivo em termos ambientais e econômicos, a coleta e análise de solo são fundamentais. Esta coleta é feita inicialmente identificando machas de diferentes tipos de solo existentes na área, quando houver, dividindo assim a área em glebas e as coletas feitas em zig zag em cada gleba, coletando-se em cada ponto até uma profundidade de 20 cm dez amostras simples/ha e depois as misturando para formar uma amostra composta em torno de 500g que será identificada com informações relevantes da área atual e seu histórico e levada ao laboratório de solos mais próximo. Os materiais necessários para tal operação são: enxadão para abrir o perfil do solo; trado, tubo para amostragem, pá ou qualquer outro material que possa ser utilizado para coletar o solo; balde de 20L para colocar as amostras simples e efetuar a homogeneização; saco plástico ou caixa de papelão para envio da amostra de solo ao laboratório (MAPA, 2009). Figura 2. Sequência de operações na coleta de amostra de solo, utilizando-se enxadão e pá reta (pá de corte). Foto: MAPA (2009). IMPORTANTE!!!!!! SE A ÁREA FOR MUITO IRREGULAR, RECOMENDA-SE QUE SEJA COLETADA UMA AMOSTRA COMPOSTA REPRESENTATIVA DE CADA UMA DAS ÁREAS. IMPORTANTE!!!!! IDENTIFIQUE BEM A AMOSTRA CONTENDO INFORMAÇÕES DA ÁREA (FAZENDA, LOCAL DA FAZENDA, TIPO DE SOLO SE SOUBER) E DO TIPO DE CULTURA QUE SERÁ PLANTADA. 47 A análise do solo deve ser realizada por profissional de agronomia ou zootecnia que deverá fazer a recomendação da quantidade adequada de adubo a ser utilizada tanto para a correção quanto para a produção, que normalmente é baseada no nível tecnológico do produtor. 2.4 Correção e adubação na formação das pastagens Para que os pastos a serem estabelecidos permaneçam sustentáveis é preciso que os solos sejam corrigidos por meio de aplicações de corretivos e fertilizantes, pois estes auxiliam na germinação e crescimento inicial da planta até seu pronto estabelecimento e uso pelos animais. Para que essas aplicações sejam efetivas e tenham resultado positivo em termos ambientais e econômicos, a coleta e análise de solo são fundamentais. A interpretação dos resultados das análises dos solos realizada em laboratórios assim como os cálculos de doses de calcário e adubos deve ser feitos sob a orientação de um engenheiro agrônomo. Esse profissional, com base nas recomendações oficiais por Estado, de calagem e adubação para as mais diversas culturas, das informações que constam do questionário sobre o ambiente geral da gleba ou talhão e do histórico de manejo irá ajudá-lo na tomada de decisão que seja técnica e economicamente mais adequada. Caso seja necessário, a calagem deve ser feita pelo menos 60 dias antes do plantio para que possa ocorrer às reações necessárias com o solo. A aplicação é feita em toda área e incorporada na camada 0-20 cm do solo. Deve-se realizar o preparo da terra antes do plantio com aração e gradagem e em casos de solos muito compactados o uso de um subsolador. Tais práticas facilitam no processo de plantio, mantendo a semente em contato com o solo a uma profundidade adequada para melhores índices de germinação. Figura 3. Gradagem (esquerda, Foto: Ana Clara Cavalcante) e sulcagem da área para o plantio (direita, Foto: Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura). 48 A adubação de formação dever ocorrer concomitantemente com a semeadura. Em plantios mecanizados isso ocorre facilmente, pois há compartimentos tanto para semente quanto para o adubo. Em plantio manual após a abertura do sulco ou da cova, o adubo pode ser colocado tanto em um sulco paralelo ou no fundo da cova, coberto com uma camada de terra e por cima, a semente. Seque abaixo (Tabela 3) um exemplo de recomendação de adubação levando em consideração o nível tecnológico empregado e a disponibilidade de nutrientes, avaliada através da análise de solo. Tabela 3. Recomendação de adubação (kg/ha) de plantio conforme disponibilidade do nutriente e nível tecnológico Adubo Nutrientes Disponibilidade Nível Tecnológico Baixo Média Alto Super triplo Fósforo Baixa 189,2 243,2 297,3 Média 94,6 189,2 243,2 Alta - - 108,1 Super simples Fósforo Baixa 437,5 562,5 687,5 Média 218,8 437,5 562,5 Alta - - 250,0 Cloreto Potássio Potássio Baixa 33,3 66,7 100,0 Média - 33,3 66,7 Alta - - - Uréia Nitrogênio s/r - 111,1 277,8 Sulfato Amônia s/r 250,0 625,0 FTE BR 12 Micronutrientes s/r - 30,0 50,0 Fonte: Adaptado de Recomendação para uso de corretivos e fertilizantes de Minas Gerais (5ª/Aproximação, 1999) II - Qualidade das Sementes (pureza, germinação e valor cultural); Após a escolha da espécie é fundamental o uso de sementes de qualidade. Esse fator é preponderante para o sucesso da implantação de pastagens. São características que devem ser observadas nas sementes: 49 1 - Pureza Quantidade de sementes puras existentes em 1 kg de sementes. Figura 1 – Sementes de capim - Tanzânia com 85% de pureza. Por não haver a comercialização em escala de sementes das principais gramíneas indicadas para a região Nordeste é comum a aquisição de sementes com baixo valor cultural. Métodos físicos e químicos podem ser utilizados para aumentar o
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