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→ Trata-se de uma das manifestações mais frequentes do período neonatal, ocorrendo em recém-nascidos (RN) de todas as idades gestacionais → Designa a coloração amarelada da pele e/ou conjuntivas, sendo definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) > 1,5 mg/ dL ou de bilirrubina direta (BD) > 1,5 mg/dL, desde que esta represente mais do que 10% do valor de bilirrubina total (BT) → A cor amarela geralmente resulta do acúmulo do pigmento bilirrubínico não conjugado, não polar e lipossolúvel na pele ➢ Esta bilirrubina não-conjugada (bilirrubina indireta) é um produto final do catabolismo das proteínas heme realizado por uma série de reações enzimáticas da hemeoxigenase e biliverdina redutase ➢ Também pode ser causada pela bilirrubina conjugada (direta), produto final da conjugação da bilirrubina indireta no microssomo das células hepáticas, através da enzima uridina ácido difosfoglicurônico (UDP)- glucoronil transferase-1, para formar o glicuroneto de bilirrubina polar e hidrossolúvel → Propriedades da bilirrubina: ➢ A bilirrubina é o produto final do catabolismo da protoporfirina férrica ou heme, cuja maior fonte é a hemoglobina circulante ➢ A formação da bilirrubina a partir da hemoglobina envolve a remoção do ferro e da porção proteica, seguida por um processo oxidativo catalisado pela enzima microssômica hemeoxigenase, encontrada no sistema reticuloendotelial (SRE), bem como em muitos outros tecidos ▪ A ponte de α-metano do anel heme porfirina é aberta, e formam-se CO e biliverdina ▪ Uma molécula de CO e uma de biliverdina (subsequente bilirrubina) são formadas para cada molécula heme ➢ A bilirrubina é lipofílica, o que significa que: ▪ É difícil de ser excretada ▪ Atravessa com facilidade as membranas biológicas, como a placenta, a barreira hematoencefálica e a membrana plasmática dos hepatócitos → Metabolismo: ➢ A bilirrubina já pode ser identificada no líquido amniótico a partir da 12° semana de gestação, porém desaparece até a 36° semana ➢ A capacidade do fígado fetal de remover a bilirrubina da circulação e conjuga-la é muito limitada ➢ A principal via de excreção fetal da bilirrubina é através da placenta ▪ Como a maior parte da bilirrubina presente no feto é a não-conjugada, ela é facilmente transferida para a circulação materna através da placenta, onde é excretada pelo fígado ▪ Por isso é muito raro que o RN nasça com icterícia, exceto quando há doença hemolítica grave com acúmulo de bilirrubina não-conjugada ▪ A bilirrubina conjugada não é transferida para a placenta e se acumula no plasma e outros tecidos ➢ Metabolismo neonatal: ▪ A destruição normal dos eritrócitos circulantes representa cerca de 75% da produção diária de bilirrubina no RN • No RN, outras fontes além dos eritrócitos contribuem significativamente para a produção diária de bilirrubina: o Um componente não eritropoético, resultante da renovação da proteína heme não hemoglobínica e heme livre, basicamente no fígado o Um componente eritropoético, que se origina da eritropoese não efetiva e da destruição de precursores eritroides imaturos, tanto na medula quanto na circulação ▪ Os eritrócitos senescentes são removidos e destruídos pelo SRE, no qual o heme é catabolizado e convertido em bilirrubina • O catabolismo de 1g de hemoglobina produz 35g de bilirrubina ▪ Após deixar o SRE, a bilirrubina é transportada no plasma e está ligada firmemente à albumina ▪ As células parenquimatosas do fígado apresentam capacidade seletiva e extremamente eficiente de remover a bilirrubina não-conjugada do plasma • Quando o complexo albumina-bilirrubina alcança a membrana plasmática do hepatócito, parte da bilirrubina é transferida para o hepatócito em um processo que envolve 4 proteína de transporte • No interior do hepatócito, a bilirrubina liga-se principalmente à ligandina ▪ Por causa de suas características, a bilirrubina não-conjugada (apolar, lipossolúvel) precisa ser convertida em bilirrubina conjugada (hidrossolúvel) antes de ser excretada • A bilirrubina é combinada a um açúcar, o ácido glicurônico, produzindo os pigmentos monoglicuronídio e diglicuronídio de bilirrubina, que são hidrossolúveis o bastante para serem excretados na bile ou filtrados nos rins ▪ O processo de conjugação é catabolizado por uma isoforma hepática específica (1A1) que pertence à família de enzimas ▪ Embora a família da UGT1 contenha diversas isoformas, apenas a isoforma A1 (UGT1A1) participa da conjugação da bilirrubina • A enzima glicuronosil transferase é sintetizada no hepatócito, e sua estrutura é determinada pelo gene UGT1A1 • Mutações no éxon UGT1A1 ou no seu promotor afetam a conjugação da bilirrubina (síndrome de Gilbert e a síndrome de Crigler-Najjar) ▪ Após a conjugação, a bilirrubina é rapidamente excretada para os canalículos biliares pelas células hepáticas, processo que exige trabalho metabólico para o transporte ativo da bilirrubina através de um grande gradiente de concentração • Qualquer interferência neste processo é provavelmente responsável pela hiperbilirrubinemia associada a distúrbios hepatocelulares, como a hepatite ▪ Uma vez no intestino delgado, a bilirrubina conjugada não é reabsorvida • No adulto sadio, é reduzida pela ação das bactérias colônicas em vários tetrapirróis incolores, coletivamente conhecidos como urobilinogênio, e uma quantidade insignificante é hidrolisada em bilirrubina não conjugada e reabsorvida pela circulação êntero-hepática → Etiologia: ➢ A hiperbilirrubinemia indireta pode ser causada ou agrava por qualquer fator que: ▪ Aumente a carga de bilirrubina a ser metabolizada pelo fígado (anemias hemolíticas, policitemia, vida mais curta das hemácias, aumento da circulação enterro-hepática, entre outros) ▪ Danifique ou reduza a atividade da enzima transferase ou de outras enzimas relacionadas (deficiências genéticas, hipóxia, infecção, deficiência da tireóide) ▪ Atue competindo pela enzima transferase ou bloqueando sua ação (drogas e outras substâncias que são conjugados ao ácido glicurônico) ▪ Determine a ausência ou diminuição de quantidade da enzima ou a redução da captação de bilirrubina pelas células hepáticas ➢ Os efeitos tóxicos da hiperbilirrubinemia indireta são agravados por fatores que reduzam sua retenção na circulação (hipoproteinemia, deslocamento da bilirrubina de seus locais de ligamento com a albumina) ➢ Os efeitos neurotóxicos estão ligados diretamente à permeabilidade da barreira hematoencefálica e das membranas das células nervosas e também à sucetibilidade neuronal às lesões ➢ A demora na liberação do mecônio, que contém 1mg de bilirrubina/dL, pode contribuir para aumentar a icterícia atravésa da circulação enterro-hepática, após desconjugação pela glicuronidase intestinal → Manifestações clínicas: ➢ A icterícia pode estar presente ao nascimento ou aparecer em qualquer momento do período neonatal, dependendo da etiologia ➢ A hiperbilirrubinemia indireta denominada “fisiológica” caracteriza-se na população de termo por início tardio (após 24 horas) com pico entre o 3º e 4º dias de vida e bilirrubinemia total (BT) máxima de 12 mg/dL ▪ A presença de icterícia antes de 24-36 horas de vida, independentemente da idade pós- natal, alerta para a investigação de processos patológicos ➢ Ela geralmente fica visível em progressão cefalocaudal, com início na face e avanço para o abdome e depois até os pés, à medida em que os níveis séricos aumentam ▪ A icterícia até a parte média do abdome, com sinais e sintomas ou fatores de risco precisam ser bem avaliadas pois sugerem icterícia não fisiológica ➢ Enquanto a icterícia por deposição de bilirrubina indireta tende a apresentar um aspecto amarelo vivo ou alaranjado, a icterícia obstrutiva (BD) tem um tom esverdeado ou amarelo-acastanhado e opaco ➢ Os recém-nascidos afetados pelo kernicterus apresentam letargia e recusa alimentar e, sem tratamento, podem evoluirpara encefalopatia bilirrubínica aguda → Icterícia fisiológica: ➢ Sob circunstâncias normais, o nível de BI no soro do cordão umbilical é de 1-3 mg/dL e sofre taxa de elevação inferior a 5 mg/dL/24h; deste modo a icterícia se torna visível no 2°-3° dia, e geralmente atinge seu máximo entre o 2° e o 4° dias, com 5-6 mg/dL, caindo para menos de 2 mg/dL entre os 5° e 7° dias de vida ➢ Acredita-se que a icterícia fisiológica se deva ao aumento da produção de bilirrubina associado à limitação do fígado neonatal imaturo em conjugar a bilirrubina ▪ Trata-se de quadro comum, benigno e autolimitado ➢ Várias são as restrições do metabolismo da bilirrubina que explicam a chamada “icterícia fisiológica”: ▪ A origem da bilirrubina está na degradação de hemácias, fisiologicamente normal nos RN ▪ A partir desse fenômeno, instala-se uma cascata de eventos: a sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito e a menor capacidade de captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina ➢ A sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito decorre da produção aumentada de BI ▪ O RN produz 2 a 3 vezes mais bilirrubina do que o adulto, por causa da maior quantidade proporcional de hemoglobina e menor vida média das hemácias, que é de 70 a 90 dias ▪ Uma vez que o catabolismo de 1 g de hemoglobina fornece 34 mg de bilirrubina, a produção diária de bilirrubina no neonato é de 6 a 10 mg/kg, sendo 75% derivada do catabolismo dos eritrócitos e 25% do anel heme, das proteínas hepáticas e da destruição de eritrócitos imaturos ➢ Os fatores de risco para hiperbilirrubinemia indireta elevada são: ▪ Idade materna ▪ Raça (chineses, japoneses, coreanos e americanos nativos) ▪ Diabetes materno ▪ Prematuridade ▪ Drogas ▪ Policitemia ▪ Sexo masculino ▪ Trissomia do 21 ▪ Extravasamento de sangue ▪ Indução por ocitocina ▪ Aleitamento materno ▪ Perda de peso ▪ Retardo para evacuar o mecônio ▪ Histórico familiar ➢ Uma hiperbilirrubinemia indireta que dure mais de 2 semanas sugere hemólise, deficiência hereditária de glucoronil transferase, icterícia por leite materno, hipotireoidismo ou obstrução intestinal ➢ Em geral, deve-se investigar a icterícia quando: ▪ A visualização acontece antes das 24-36 horas de vida; ▪ A bilirrubina sérica se eleva em velocidade maior que 5 mg/dL/24h; ▪ A bilirrubina sérica é > 12 mg/dL em RNs a termo ou 10-14 mg/dL em RNs pré-termo; ▪ A bilirrubina direta é > 2 mg/dL em qualquer momento ➢ Fatores que sugerem icterícia patológica são: ▪ História familiar de doença hemolítica ▪ Hepatomegalia ▪ Esplenomegalia ▪ Falta de resposta à fototerapia ▪ Vômitos ▪ Letargia ▪ Recusa alimentar; ... → Icterícia do aleitamento materno: ➢ Uma elevação significativa de BI desenvolve-se em cerca de 2% dos RNs a termo que recebem aleitamento materno depois do 7° dia de vida, com concentrações máximas de 10-30 mg/dL, atingidas durante as 2° e 3° semanas ▪ Se o aleitamento for mantido, a bilirrubina diminui gradualmente, mas pode persistir por 3- 10 semanas em níveis mais baixos ▪ Se o aleitamento for interrompido, o nível de bilirrubina vai cair rapidamente, chegando a níveis normais em alguns dias ▪ Com a retomada do aleitamento, os níveis de bilirrubina quase nunca voltam aos níveis prévios altos ➢ A fototerapia pode ser benéfica ➢ Embora incomum, o kernicterus pode acontecer em pacientes com icterícia por leite materno ➢ A etiologia deste tipo ainda não foi bem esclarecida, mas pode ser atribuída à presença de glucoronidase no leite materno ➢ É aparente desde a primeira semana de vida com persistência por duas a três semanas, chegando até três meses ➢ Nessa síndrome chamam a atenção o bom estado geral do RN e o ganho adequado de peso → Hiperbilirrubinemia patológica: ➢ A icterícia e a hiperbilirrubinemia subjacente a ela são consideradas patológicas se o momento de aparecimento, a duração ou o padrão variarem significativamente em relação ao da icterícia fisiológica, mas existirem outras razões para suspeita de que o RN tenha risco especial para neurotoxicidade ➢ Pode não ser possível determinar a causa precisa de uma elevação anormal da BI, mas muitos desses RNs tem fatores de risco associados, como os já mencionados (raça, idade materna,...) ➢ Frequentemente a terminologia icterícia fisiológica exagerada ou hiperbilirrubinemia do recém- nascido é usada para RNs, cujo problema primário é a deficiência ou a inatividade da enzima glucoronil transferase (síndrome de Gilbert) e não uma carga excessiva de bilirrubina para excreção ➢ A combinação de deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e uma mutação da região promotora de UDP-glucoronil transferase-1 produz hiperbilirrubinemia indireta na ausência de sinais de hemólise ▪ A deficiência de G6PD deve ser pesquisada em todo RN que apresente icterícia não fisiológica, mesmo que outra causa explique a hiperbilirrubinemia ▪ É uma doença genética, ligada ao cromossomo X ▪ A maioria dos afetados possuem ancestrais do Mediterrâneo, como Itália e Oriente Médio, África equatorial e sudeste da Ásia ▪ No período neonatal existem 2 fases da doença: • A hemolítica aguda com rápida ascensão da BI desencadeada por agentes oxidantes (antimaláricos, infecções, talcos mentolados, ...) • A hemolítica leve associada ao polimorfismo genético com expressão reduzida da glucoronil transferase e conjugação limitada da bilirrubina, sem presença de anemia ➢ Também pode ser causada por uma mutação no gene para a UDP- glucoronil transferase-1 ➢ O maior risco da hiperbilirrubinemia patológica é o desenvolvimento do kernicterus (encefalopatia bilirrubínica), que depende do nível de BI, da duração da exposição aos níveis elevados, da causa da icterícia e do bem-estar do RN ▪ A lesão neurológica ocorre em níveis mais baixos de BI em RNs pré-termo e na presença de asfixia, hemorragia intraventricular, hemólise ou drogas que desloquem a bilirrubina da albumina ➢ A idade gestacional entre 35 e 36 semanas, independente do peso ao nascer, é considerada um dos fatores de risco mais importantes para hiperbilirrubinemia significativa em razão da capacidade diminuída da conjugação hepática da bilirrubina e da dificuldade na sucção e deglutição para manter a oferta adequada de leite materno ▪ O baixo aporte geralmente com poder de sucção ainda deficiente favorece o aumento da circulação enterohepática da bilirrubina ➢ Outra causa frequente de hiperbilirrubinemia indireta é o jejum prolongado, que favorece a absorção da bilirrubina no nível intestinal e seu maior aporte para a circulação sanguínea ➢ A icterícia prolongada pode ser a única manifestação do hipotireoidismo congênito, pois o hormônio tireoidiano é um indutor da atividade da glucoronil transferase ➢ Na presença de céfalo-hematoma, equimoses ou outros sangramentos, a hiperbilirrubinemia manifesta-se 48 a 72 horas após o extravasamento sanguíneo e pode causar icterícia prolongada → Icterícia por incompatibilidade Rh (antígeno D): ➢ A hemólise ocorre quando as hemácias do feto e RN, portadoras do antígeno D, são destruídas por anticorpos maternos IgG anti-D ▪ São mães sensibilizadas em gestações anteriores que não receberam a imunoglobulina específica, com prova de Coombs indireta positiva ➢ A intensidade da hemólise pode determinar formas leves da doença, com icterícia tratável com fototerapia e anemia, que pode perdurar por 1 a 3 meses; formas moderadas da doença tratadas com fototerapia e, às vezes, com indicação de exsanguinotransfusão anemia, com duração de 1 a 3 meses também; e formas graves com hidropsia fetal e péssimo prognóstico → Icterícia por incompatibilidade ABO: ➢ Caracterizada pela tipagem A ou B em mãe O, seja Rh positivo ou negativo ➢ Mais encontrada na primeira gestação ➢ A icterícia costuma aparecer nas primeiras 24-36 horas de vida e a hemólise pode ocorrer por até 2 semanas ➢ O nível de BT pode atingir valores de mg/dL ➢ Não é tão gravequanto a incompatibilidade Rh ➢ Usualmente tratada com fototerapia → Hiperbilirrubinemia direta: ➢ Resulta de distúrbios hepáticos ou doenças sistêmicas potencialmente graves ➢ A icterícia colestática caracteriza-se pelo aumento prolongado da BD, causado pela redução da excreção pelas células parenquimatosas hepáticas ou doença do trato biliar ➢ A icterícia pela BD elevada dá a pele um tom esverdeado ou amarelo-acastanhado opaco ➢ As causas a serem consideradas envolvem obstrução, sepse, doença do trato biliar, toxinas, inflamação e doenças metabólicas e genéticas ➢ Entre os critérios que indicam hiperbilirrubinemia grave, está o aumento da bilirrubina conjugada > 1 mg/ dL, se BT < 5 mg/dL, ou quando bilirrubina conjugada > 20% da bilirrubina total se BT > 5 mg/dL ➢ A colestase é causada por uma obstrução extra ou intra-hepática ao fluxo biliar ▪ Resulta em retenção no soro de substâncias que normalmente são excretadas na bile, e o marcador mais comum é a hiperbilirrubinemia conjugada ▪ Não é neurotóxica e seu acúmulo é sempre patológico ▪ Deve ser feito o diagnóstico de forma precoce em razão do potencial de gravidade da atresia biliar, uma das causas mais comuns de colestase • A atresia biliar é definida como ausência ou obliteração dos ductos biliares extra- hepáticos, sendo a principal indicação de transplante hepático em crianças ➢ A icterícia pode ser o primeiro sinal de disfunção hepática. Outras manifestações clínicas podem estar presentes, como urina de cor escura, fezes acólicas (descorada) e hepatomegalia ▪ Esses sinais contribuem para a identificação da colestase, porém oferecem poucos indícios para definição da etiologia, sendo necessários exames complementares para a diferenciação da patologia de base ▪ Entre as várias causas, as mais prevalentes são a atresia de vias biliares e a hepatite neonatal ➢ Os recém-nascidos desenvolvem esta icterícia nas primeiras 8 semanas de vida e podem apresentar acolia fecal, entretanto, muitas vezes no início do quadro aparentam bom estado geral e adequado ganho de peso ➢ Os testes laboratoriais apresentam níveis elevados de bilirrubina conjugada, discretos ou moderados aumentos de aminotransferases e elevação da gama-glutamil transpeptidase (GGT) ➢ Um estudo brasileiro demonstrou que a maioria dos pacientes é operada tardiamente (após 60 dias de vida), situação relacionada a pior prognóstico ▪ O encaminhamento tardio dos pacientes com atresia biliar para correção cirúrgica continua sendo um problema em nível nacional, portanto é fundamental que o pediatra esteja apto ao reconhecimento e diagnóstico precoce dessa patologia ➢ A hepatite neonatal idiopática é uma doença de causa desconhecida; inclui-se no diagnóstico diferencial da atresia, sendo caracterizada por aumento prolongado da bilirrubina conjugada e pelo achado histológico de células gigantes em biópsia hepática ➢ A sepse neonatal causada por organismos Gram-positivos ou Gram-negativos está associada a colestase ▪ Nos casos de infecção do trato urinário por Escherichia coli, a icterícia pode ser o único sinal presente ▪ Em infecções congênitas, como nos casos de toxoplasmose, rubéola, CMV, herpes e sífilis, os recém-nascidos também podem evoluir com icterícia colestática ➢ Erros inatos do metabolismo cursam com hiperbilirrubinemia direta, como nos casos de galactosemia ou tirosinemia, patologias que devem ser diagnosticadas precocemente para início de um tratamento eficaz e melhor prognóstico Referências: BEHRMAN, Richard E; KLIEGMAN, Robert M; JENSON, Hal B. Distúrbios do Sistema digestório. In: BEHRMAN, Richard E; KLIEGMAN, Robert M; JENSON, Hal B. Nelson: tratado de pediatria. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. p. 753-765 SBP. Tratado de Pediatria. 4. ed. São Paulo: Manole, 2017 MAISELS, M. J.; WATCHKO, J.F. Icterícia. In: MACDONALD, Mhairi G.; SESHIA, Mary M. K. Avery neonatologia, fisiologia e tratamento do recém-nascido. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 942-1022
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