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→ É formado pelas membranas fetais (âmnio e córion) e pelo líquido amniótico que, juntamente ao feto, completa o espaço chamado de cavidade amniótica ➢ A cavidade amniótica é delimitada internamente pelo âmnio e exteriormente pelo córion liso → A presença do líquido amniótico circundando o feto durante seu desenvolvimento traz inúmeros benefícios como: ➢ Favorecer a movimentação fetal; ➢ Proteger o feto contra traumas; ➢ Evitar que o cordão umbilical fique vulnerável a eventos compressivos; ➢ Manter a temperatura dentro da cavidade amniótica; ➢ Propiciar o desenvolvimento do feto. → É a partir de células epiteliais perto do trofoblasto que a cavidade amniótica evolui, entre o 7º e 8º dias de gestação, no estágio de blastocisto ➢ Nesta fase, pequenos espaços confluem entre o citotrofoblasto e o ectoderma do disco germinativo, originando a cavidade amniótica → Uma pequena vesícula se forma dorsalmente no disco germinaticom com epitélio plano e simples, formando o citotrofoblasto ➢ É nesta etapa que ocorre o desenvolvimento da cavidade coriônica, que circunda a cavidade amniótica ➢ A cavidade amniótica também aumenta progressivamente de tamanho com o crescimento do embrião, para que seja possível acomodá-lo → Verifica-se por volta das 12 semanas a expansão da cavidade amniótica, de forma que o âmnio funde-se com o córion, formando a membrana amniocoriônica → O epitélio amniótico é metabolicamente ativo e produtor de prostaglandinas E2, inibidor tecidual de metaloproteinase-1 e citocinas (IL-8) ➢ Estas substâncias estão envolvidas no mecanismo bioquímico do início de trabalho de parto ➢ As células mesenquimais presentes neste epitélio são as responsáveis pela produção do colágeno necessário à elasticidade da membrana amniótica → Nas primeiras semanas de gestação, a produção do líquido amniótico advém principalmente pela passagem de fluidos pela membrana amniocoriônica e pequena parte é produzida pelas células do âmnio ➢ A água acompanha o gradiente osmótico originado, possivelmente, no transporte ativo de solutos por meio dessa membrana semipermeável. ➢ Por difusão simples, pequenos solutos atravessam a membrana, como ureia, glicose e cloreto de sódio, espalham-se rapidamente pela membrana amniótica, no entanto, sua força osmótica é pequeníssima, atravessando, assim, as membranas com velocidades diferentes ➢ Contrariamente, as substâncias de alto peso molecular, por exemplo, as proteínas, não são capazes de atravessar a membrana facilmente, uma vez que ela não é permeável a estes compostos ➢ Isso explica a concentração de proteínas no líquido amniótico ser extremamente menor do que se pode notar no soro materno ➢ O líquido amniótico é, basicamente, um ultrafiltrado do plasma materno → A passagem intramembranosa de fluido, está relacionada à transferência direta através das membranas fetais, entre o líquido amniótico na cavidade amniótica e o sangue fetal que perfunde a superfície fetal da placenta, a pele do feto e o cordão umbilical ➢ No termo, esse meio de passagem pode chegar a um fluxo de 400 ml/dia ➢ Os canais de água proteicos da membrana celular, as aquaporinas, presentes na membrana amniocoriônica e na placenta, fazem a reabsorção de fluidos pela via transmembranosa ➢ O movimento livre de água cruzando o âmnio e o córion liso no terceiro trimestre pode ocorrer por mecanismo passivo ou por osmose do saco amniótico para o compartimento materno, mediado por gradiente químico entre o líquido amniótico hipotônico e o fluido materno isotônico ▪ Por essa via, apenas pequena quantidade de líquido livre pode ocorrer, pois há pouca vascularização materna próxima ao córion liso → A composição do líquido amniótico, entre a décima e a vigésima semana, é semelhante à do plasma do sangue fetal e a sua quantidade relaciona-se diretamente ao peso do feto → Entre 17 e 20 semanas de gestação, inicia-se a queratinização da pele fetal, que até então era formada por uma camada de poucas células bastante permeável a água, eletrólitos e ureia ➢ Em etapa posterior à queratinização, a pele fetal passa a ser impermeável, o que reduz a sua participação na regulação do volume de líquido amniótico → A diurese fetal e a deglutição desempenham, a partir da 20ª semana, participações mais significativas na dinâmica do líquido amniótico ➢ O néfron fetal, no final do primeiro trimestre mostra alguma capacidade excretora de água através da filtração glomerular ➢ A diurese fetal nesse período (20ª semana) está por volta de 2 mL/h ➢ A diurese e deglutição fetal tem maior atuação na regulação do volume do líq. amniótico no 3º trimestre, quando a diurese fetal está entre 600 e 1200mL/dia e a deglutição fetal entre 200 e 1000mL/dia → À proporção que a urina assume aspectos próprios ela perde sua isotonicidade em relação ao soro materno ➢ A crescente adição de urina do feto no conteúdo da cavidade amniótica ocasiona osmolaridade gradativamente diminuída ➢ Em virtude do fato de a urina fetal ser acentuadamente hipotônica, aceita-se que a osmolaridade do líquido amniótico seja modificada com o aumento da mistura deste com a urina → Em média, o volume de liquido amniótico aumenta 10 mL/dia, chegando a 500 mL na 20ª semana de gestação → As outras estruturas que também contribuem com a composição do líquido amniótico são a face fetal da placenta, o trato gastrointestinal, o sistema respiratório e o cordão umbilical → Os pulmões do feto contribuem com a secreção de um fluido alveolar, sendo boa parte desse líquido deglutida antes de atingir a cavidade amniótica ➢ Vale ressaltar que sua produção chega a atingir 200 a 400 mL/ dia ➢ Em fetos normais, a absorção de líquido no território pulmonar não tem muita importância na regulação do volume total do líquido amniótico → Cerca de 95% do total do líquido é renovado por dia quando se aproxima o termo da gestação, levando-se em conta todos os meios de produção e absorção do líquido amniótico ➢ Qualquer intervenção nesses processos reguladores pode resultar em mudanças importantes no volume de líquido amniótico → Características: ➢ O líquido amniótico é claro e transparente nos primeiros meses de gestação, tomando-se turvo e opalescente no final desta, passando a conter partículas de origem fetal e amniótica ➢ Encontra-se: ▪ Com cor vermelho-escura ou castanha na presença de feto morto e macerado; ▪ Amarelada nos casos de sofrimento fetal crônico ou aloimunização feto-materna; e ▪ Esverdeada quando tinto de mecônio, em caso de hipoxemia fetal, cuja gravidade pode ser avaliada pela intensidade da tonalidade observada ➢ Sua densidade é de 1.006 kg/m³ e o seu pH é 7,0 ➢ Até a 14ª semana de gestação, verifica-se que microscopicamente o líquido amniótico é praticamente acelular, a quantidade de células aumenta gradativamente a partir de então e até a 32ª semana, sendo possível notar brusco aumento da 37ª semana em diante ➢ Além de pelos e fragmentos de células da vulva e do vestíbulo da vagina em fetos femininos, células polimorfonucleares, macrófagos e células anucleadas, as células evidenciadas são dos tipos epidérmicas, de descamação, e epiteliais do sistema urinário fetal. ➢ Sua composição química evidencia que 98 a 99% do seu conteúdo é água, e 1 a 2%, componentes sólidos representados por substâncias orgânicas e inorgânicas ▪ Encontram-se no líquido amniótico proteínas, glicose, fosfolípides, ureia, bilirrubinas, vitaminas, ácido úrico, imunoglobulinas, hormônios (prolactina, cortisol, insulina, hCG, hormônio somatotrófico coriônico, progesterona, estrógenos) e muitas enzimas ▪ Há também endotelina 1, fator epidérmico de crescimento e paratormônio, provavelmente relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento fetal ▪ No que diz respeito às substâncias inorgânicas, há a presença de potássio, cálcio, magnésio, cloro, bicarbonato e fósforo ▪ Desde a décima semana, a bilirrubina é medida no liquido amniótico normal; da 18ª à 25ªsemanas, sua concentração aumenta e, depois, diminui até a 36ª semana • Valores maiores no início e na metade da gravidez podem levar à suspeita de aloimunização. ➢ Há total equilíbrio dinâmico entre mãe e feto, uma vez que qualquer doença ou mesmo a idade gestacional podem mudar muito a composição do líquido amniótico ➢ A contribuição materna diminui progressivamente e a fetal aumenta durante o desenvolvimento da gestação → Volume amniótico: → Não deve ser confundido com o volume da cavidade amniótica, que é o volume amniótico acrescido do volume fetal, nem com volume da cavidade uterina (volume intrauterino), que é o volume da cavidade amniótica somado ao volume placentário → Nos primórdios da gravidez, é maior o volume amniótico que o do concepto. Sendo mais acentuado o desenvolvimento do feto que o do âmnio, igualam-se, em torno do 5º mês, os volumes fetal e amniótico, invertendo-se a proporção ao final do ciclo gravídico, ocupando o nascituro, em geral, a maior parte do ovo. → Em média, o líquido amniótico tem 30 mℓ na 10ª semana, aumenta para 350 mℓ na 20ª, próximo ao termo alcança 1.000 mℓ, para depois diminuir 150 mℓ/semana. → Para o diagnóstico das alterações do volume de líquido amniótico, são sugeridos os critérios a seguir: ➢ Oligoâmnio ▪ É a presença de pequena quantidade de líquido amniótico entre as interfaces fetais e a parede uterina, constatação das pequenas partes fetais muito aglomeradas e diminuição evidente do líquido amniótico (abaixo de 300 a 400mL), o que dificulta o estudo da morfologia fetal ▪ Durante o segundo trimestre da gestação, esse diagnóstico está mais frequentemente associado a quadros de insuficiência placentária grave com restrição do crescimento fetal (RCF), rotura prematura das membranas ovulares (RPMO) e anomalias fetais que impedem a eliminação da urina fetal na cavidade amniótica, como agenesia renal bilateral, doença renal cística e obstruções urinárias baixas ou bilaterais ▪ Quando o quadro está relacionado à insuficiência placentária, o déficit nutritivo e o regime de hipóxia desencadeiam o fenômeno de redistribuição da circulação fetal (centralização hemodinâmica), o que destina maior fluxo sanguíneo para órgãos mais importantes (cérebro, coração e adrenais), em detrimento de outros, como rins, pulmões e sistema digestório • Com o hipofluxo sanguíneo nesses territórios, ocorre diminuição gradativa do volume de líquido amniótico, o que favorece a ocorrência de fenômenos compressivos do cordão umbilical, sofrimento fetal e, em graus extremos, óbito do produto conceptual ▪ Durante o terceiro trimestre da gestação, e principalmente no pós-datismo, o diagnóstico de oligoâmnio é frequente e associa-se ao declínio da função placentária ➢ Polidrâmnio ▪ É o aumento evidente do volume de líquido amniótico (volume excede 2000mL) com identificação de grandes bolsões, discrepância entre o tamanho do feto e a quantidade de líquido amniótico, e presença de espaços entre o feto e a parede uterina anterior ▪ O quadro pode se desenvolver de forma aguda (em poucos dias) ou crônica (ao longo de semanas) • A primeira é mais frequente durante o segundo trimestre, habitualmente antes de 24 semanas de gestação. Trata-se de quadro grave, uma vez que habitualmente cursa com trabalho de parto prematuro e elevados índices de mortalidade perinatal • Já a forma crônica é diagnosticada com maior frequência no terceiro trimestre e a evolução fetal é mais favorável ▪ Nos casos graves, a placenta se apresenta fina por causa da acentuada distensão da cavidade amniótica ▪ Quando o polidrâmnio é moderado, este pode até facilitar o estudo morfológico para investigação de malformações fetais associadas. Todavia, quando acentuado, esse estudo fica dificultado em razão do grande distanciamento entre a parede abdominal anterior materna e o feto ▪ Nessa situação, também é frequente a ocorrência de hipotensão materna supina, por compressão da veia cava inferior, o que dificulta a realização do exame ultrassonográfico ▪ Em uma série de 99 ocorrências, Landy et al classificaram 60% dos casos como idiopáticos e relacionaram 19% com diabetes materno e 9% com gestações múltiplas, e em 12% foram identificadas malformações fetais ▪ O diabetes mellitus constitui a principal condição materna associada ao polidrâmnio • O mecanismo fisiopatológico sugerido está relacionado à hiperglicemia fetal com consequente poliúria • Outra possibilidade inclui o aumento na concentração de glicose presente no liquido amniótico, o que provoca influxo de água para o interior da cavidade amniótica, seguindo o gradiente osmótico ▪ Em décadas passadas, o polidrâmnio foi frequentemente encontrado em gestantes aloimunizadas • O mecanismo nesses casos está relacionado ao hiperdinamismo da circulação fetal decorrente da anemia grave • Com o aprimoramento das técnicas de vigilância e tratamento desses casos, o polidrâmnio tem sido cada vez menos frequente nessa doença ▪ Entre as causas placentárias, a mais frequentemente encontrada é o polidrâmnio associado às gestações monocoriônicas • Por causa da presença de anastomoses vasculares entre as duas circulações fetais, uma parcela desses casos é complicada pela síndrome de transfusão feto-fetal grave em que o feto receptor geralmente é hipervolêmico e apresenta aumento da produção urinária
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