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Fichamento - Toque de Clássicos (Max Weber)

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA (ICHF)
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
Docente: Jorge La Barre
Rafael Valladão Rocha
Fichamento do livro Toque de clássicos, capítulo sobre Max Weber
1. Para entender o conceito de sociologia no pensamento weberiano, é necessário entender primeiramente o que significa ação social. Reunidos em comunidades maiores ou menores, em sociedades mais ou menos homogêneas em seus aspectos constitutivos, os indivíduos todos têm em comum uma capacidade: agir, tomar uma ação. Todo ser humano é dotado da capacidade de agir sobre sua própria condição e modificar seu comportamento, seu estilo de vida, sua opinião sobre algum tópico em discussão; contudo, a ação que interessa ao pensamento de Weber é aquela que se realiza sobre a sociedade, e, simultaneamente, no interior dela. É a ação social uma conduta adotada pelos indivíduos que atinge, de diferentes maneiras, a sociedade. Essa ação também se caracteriza por ser realizada por um indivíduo que atribui significado à sua ação, que se orienta de determinada maneira para agir em um dado sentido. 
Um exemplo fácil são os jovens recém-formados no ensino básico, que, ansiosos por ingressar o mais rapidamente possível no ensino superior, lotam cursinhos preparatórios para os exames vestibulares. A ação tomada pelo estudante ao buscar preparar-se para a universidade reflete diretamente os anseios de outros jovens que, igualmente, também pretendem ingressar no ensino superior; além disso, entre o pré-vestibular e o vestibulando, há os indivíduos que criam e mantém em funcionamento a empresa ou o colégio que fornecerá as aulas aos estudantes interessados. Em larga escala, esse esquema simples abriga inúmeros estudantes e inumeráveis centros de preparação para o exame vestibular, que, reunidos e agindo simultânea e reciprocamente entre si, atingem diretamente a sociedade. Note-se que os alunos buscam os cursos pré-vestibulares porque se interessam de modo particular pelo ingresso no ensino superior e atribuem um significado subjetivo aos estudos preparatórios. No mesmo quadro, também os empreendedores por trás da criação e da manutenção dos cursos se interessam, subjetivamente, na preparação dos jovens para o ensino superior. Ao isolarmos as relações entre vestibulandos e os cursos preparatórios só podemos observar o resultado da ação social tomada por estudantes e empreendedores. Contudo, a sociedade se movimenta e se constitui a partir das ações sociais, e é nesse sentido que podemos definir sociologia, conforme entendida por Max Weber.
2. Sociologia é a ciência que compreende a ação social, seu desenvolvimento e seus impactos sobre um ou mais indivíduos, ou sobre um grupo ou mais de pessoas no seio da sociedade. Embora Weber não esgote o significado da sociologia no estudo sistemático das ações sociais, ele as privilegia como fio condutor de toda a sua sociologia. Um sociólogo, segundo ensina Weber, não deve fazer juízos de valor sobre o sentido das ações sociais, tampouco buscar entender seus agentes como pessoa, mas tão-somente analisar o sentido, as causas e os impactos da ação social sobre o corpo coletivo. Pensar a ação social, portanto, é um exercício que mais se aproxima da investigação e menos da avaliação, mais próxima da observação analítica e menos do julgamento crítico. Aqui vislumbramos, mais uma vez, o imperativo da impessoalidade nos estudos da sociologia. Ora, o sentido da ação social é perceptível, mas não suas motivações morais ou espirituais. Isso escapa ao alcance do escrutínio sociológico.
3. As ações sociais são racionalizadas na medida em que o agente se distancia de afetos, costumes e inclinações previamente incutidas nele pelo convívio em sociedade ou por seu temperamento individual. Ou seja, quanto mais racional se mostrar a ação social, mais fácil será analisá-la sociologicamente. Caso contrário, os afetos, as paixões e os valores pessoais do agente inseridos na ação social jamais poderiam orientar o sociólogo com prudência e respeito ao método científico – sequer haveria método científico, aliás. A desigualdade espiritual entre os homens torna impossível a investigação certeira da ação social dos indivíduos. Por exemplo, um sociólogo ateu teria dificuldades incontornáveis para averiguar ações sociais tomadas por grupos religiosos, se a opção religiosa determinasse o curso da investigação. Para tornar a sociologia possível, o método científico iguala os indivíduos ao desconsiderar suas motivações morais ou suas inclinações pessoais e subjetivas por trás – ou à frente – das ações realizadas. Com o fim de facilitar a análise sociológica, assim contornando os obstáculos estabelecidos pela pessoalidade, Weber estipula tipologias que serão instrumentos de análise e orientação para o sociólogo.
4. Os tipos ideais ou tipos puros são invenções do intelecto destinadas a representar um dado conjunto de qualidades verificáveis nos indivíduos. São, nas palavras dos autores do livro, “elaborações limite”, o que significa que os tipos ideais funcionam como representações intelectivas, como quadros imaginários onde são pintadas as características e os atributos que são encontráveis, em menor grau, nos indivíduos dispersos na sociedade. Exemplo clássico é o casal shakespeariano Romeu e Julieta: ardoroso, inquieto, corajoso e imprudente como nenhum casal real e concreto poderia ser. Contudo, a literatura e as artes plásticas e visuais testemunham constantemente a influência da invenção de Shakespeare sobre os casais de namorados reais. A verve impetuosa e apaixonada de Romeu e Julieta servem, portanto, como tipo ideal do qual é possível extrair características gerais para classificar os indivíduos reais na sociedade.
Bibliografia
1. QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; DE OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro. Um Toque de Clássicos – Marx, Durkheim, Weber. Editora UFMG. Belo Horizonte, 2003.

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