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Livro do professorLivro do professor Livro de atividades Produção de texto 9o. ano Volume 4 1 Proposta 5: Como entrar no universo das indagações e da busca rigorosa por respostas? 15 Proposta 6: Formas de pesquisar e de divulgar a pesquisa 21 Proposta 7: Mulheres na ciência 29 Proposta 8: Visita guiada: um olhar atento faz toda a diferença 36 2 Gêneros de pesquisa: desenvolvendo o espírito investigativo 15 Discurso: a arte de falar bem em público 2 Proposta 1: Importantes oradores e grandes discursos são lembrados quando se fala em oratória 2 Proposta 2: Uma voz ecoa no mundo... e faz história 8 Proposta 3: Discurso de formatura: marca da conclusão de um ciclo 12 Proposta 4: Discursos impactantes: o que disseram os oradores deste e de outros tempos 14 ©Shutt erstock /James bin Discurso: a arte de falar bem em público Importantes oradores e grandes discursos são lembrados quando se fala em oratória A ARTE DA BOA COMUNICAÇÃO, NO DECORRER DOS SÉCULOS, TORNOU-SE UMA IMPORTANTE FERRAMENTA ENTRE OS HUMANOS. Leia a tira para discutir sobre isso. Em geral, o verbo convencer é usado, indis- tintamente, no lugar do verbo persuadir. Apesar de, em muitos dicionários, esses ter- mos serem considerados sinônimos, verifica- mos, pela etimologia (origem) das palavras, que apresentam diferenças de sentido. Convencer significa fazer uma pessoa acreditar, crer, que algo é verdade. Persuadir, por sua vez, significa levar alguém a praticar uma ação, agir de determinada forma. QUINO. O mundo de Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 8. 1. Converse com seus colegas sobre essa tira. Depois, respondam em conjunto às questões, verificando se a compreensão inicial de vocês foi satisfatória. 2. Por que Manolito está tão revoltado? Porque ele não quer ir à escola. 3. A quem Manolito dirige toda a sua indignação? Como é possível saber quem é seu interlocutor? 4. Manolito diz: “E não me venham com discursinhos porque não vão me convencer!”. Que relação é possível estabelecer entre discurso e convencimento? 5. Na tira, há um lapso temporal entre o terceiro e o quarto quadro. Como o percebemos? 6. No último quadro, onde os personagens possivelmente estão? 7. Relacionando o quarto quadrinho com o terceiro, a que conclusão podemos chegar? a) ( ) O discurso da mãe de Manolito foi bem convincente, a ponto de fazê-lo ir para a escola. b) ( X ) A mãe de Manolito convenceu o filho apelando para o “dis- curso do chinelo”. 3. Ele se dirige aos pais. É possível saber disso pelos elementos visuais dos três primeiros quadros, que retratam Manolito em casa, em sua cama, e pelo repertório que o leitor tem dos personagens. Tanto Manolito quanto Mafalda são crianças, e o garoto detesta ir para a escola. 4. Esperamos que os alunos consigam entender que, ao fazerem um “dis- curso”, as pessoas objetivam convencer outras de alguma coisa. 5. Percebemos o lapso temporal pela mudança do cenário e pelo figurino dos personagens. 6. Os personagens estão na escola. © Jo aq uí n Sa lv ad or L av ad o (Q UI NO ) TO DA M AF AL DA /F ot oa re na Importantes oradores e grandes discursos são lembrados quando se fala em oratória Pr op os ta 1 Pr op os ta 1 Pr op os ta 1 2 Livro de atividades 1 3 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 1 3 8. A expressão “oratória do chinelo” funciona como uma metáfora, pois, nesse contexto, pode significar surra. c) ( ) O discurso que a mãe de Manolito utilizou foi o de falar sobre o chinelo. d) ( ) A mãe de Manolito foi bem convincente, usando um “discursinho”. 8. Manolito fala para Mafalda da “oratória do chinelo” de sua mãe. No contexto da tira, qual é o significado dessa expressão? A “oratória do chinelo” significa que, só de ver o chinelo, Manolito sabia a fala que estava embu- tida nele: ou vai para a escola, ou apanha. 9. O que você entende por discursar? Você sabe o que é oratória? Con- verse com seus colegas sobre isso. Leia os textos a seguir para compreender a importância da oratória na constituição dos discursos e conhecer técnicas para falar em público. Texto 1 • Adolf Hitler discursando para jovens alemães durante conferência do Partido Nazista em Nuremberg • Gandhi discursando para povo indiano • Winston Churchill discursando em 1941 • Martin Luther King Jr. discursando em Washington, D.C. Viagem no tempo A história da oratória e da retórica: saiba como surgiu a ciência do falar bem e veja por que essa arte comunicativa permanece mais atual e evidente do que nunca Durante a história humana, diversas personalidades se destacaram pelo fato de falarem bem, com clareza, carisma e persuasão. Indiví- duos como Adolf Hitler, Martin Luther King Jr., Mahatma Gandhi e Winston Churchill são nomes conhecidos pela sua habilidade com as palavras e por dominarem a atenção das pessoas, seja para o bem ou para o mal. Quantas pessoas não foram persuadidas por alguém que usou a linguagem como sua grande arma, a fim de conquistar seu público e, assim, atingir seus objetivos? Esse forte poder chamou a atenção do público e, há mais de dois mil anos, vem sendo estudado, aprimorado e aperfeiçoado para que novos discursos, mais completos e persuasivos, consigam atingir sua grande meta: conquistar pessoas. Não à toa, políticos, atores, professores e advo- gados, dentre tantos outros profissionais, buscam até hoje estudar formas de tornar suas falas mais atraentes e interessantes para sua audiência. [...] © Ge tty Im ag es /R og er V io lle t © Ge tty Im ag es /B et tm an n Ar ch iv e © Ge tty Im ag es /K ey st on e- Fr an ce /G am m a- Ra ph o © Ge tty Im ag es /H ul to n Ar ch iv e 4 Livro de atividades4 Lá na Grécia Antiga Desde quando o ser humano desenvolveu a habilidade de se comu- nicar, procurou fazer com que outra pessoa o entendesse. Seja por meio de gestos, grunhidos ou sinais, o Homo sapiens via como vital para sua sobrevivência que sua comunidade compreendesse seus pensamentos. E, então, o tempo passou. Da mesma forma que a civilização hu- mana foi se aperfeiçoando, o mesmo aconteceu com a capacidade de comunicação, como os desenhos, os objetos e a fala. Assim, a interação dos seres humanos acompanhou tal tendência. A complexidade das civilizações aumentou, tornando essencial a compreensão das relações comunicativas. E foi nas organizações sociais antigas (como Atenas, Tebas e Roma) que se tem grande destaque para o poder da comuni- cação no convencimento das pessoas. É fato que o ato de persuadir não surgiu na região da Grécia Antiga ou na Itália atual, mas foi nesses locais que essa habilidade foi usada com mais evidência. Na vida pública de algumas antigas cidades gre- gas, como Atenas, existiam estruturas que se chamavam ágoras. O local era uma grande praça na qual os atenienses se reuniam para discutir a democracia e a política daquela região. Sendo assim, cada pessoa que desejasse, falava na ágora em seu próprio nome, sem a existência de representantes. Por isso, qualquer cidadão que quisesse ter sucesso nessas reuniões necessitava aprender técnicas para falar em público com o intuito de persuadir outros indivíduos. “Sócrates já dizia: ‘fale para que eu te conheça’. Falar bem é como dar um abraço sonoro”, conta o professor e mestre em semiótica Jacques Miranda. [...] Importância dos sofistas Um grupo particular de pensadores gregos foi fundamental para o modo como os discursos foram elaborados e se desenvolveram nessa época: os sofistas. Eles formavam uma escola de intelectuais que cobra- vam dos cidadãos que quisessem aperfeiçoar sua forma de discursar, ensinando-lhes técnicas de fala, argumentação e postura. Os sofistas acreditavam que não existia uma verdade absoluta sobre as coisas, já que tudo poderia ser argumentado e discutido, buscando na razão (e não mais no misticismo) a base para seus argumentos. É por volta dessa época, então, que começoua evoluir uma nova ciência que ensinaria a melhor forma de se fazer a comunicação das ideias e maneiras de con- vencer um público, chamada de oratória. É comum que se ouça como sinônimo de oratória a palavra retóri- ca, confundindo-se o significado de ambas. Porém, de acordo com o professor Jacques Miranda, são elementos diferentes: “Oratória é uma disciplina contemporânea que estuda as técnicas para falar bem, nota- damente em público. Retórica é o ato de comunicar verbalmente”. Ou seja, enquanto a oratória é um conjunto de regras e técnicas adequadas para produzir e apresentar um discurso, a retórica se restringe apenas à ação de expressar essas técnicas por meio da voz. • Vista da antiga ágora de Atenas, hoje em ruínas A palavra sofista adquiriu sentido pejorativo pelas observações dos filósofos Aristóteles e Platão, que consideravam os sofistas falsos intelectuais, com sabedoria aparente, por- que, para eles, não importava a verdade, mas sim a defesa de uma ideia, a argumentação, independentemente de ser feita em relação a algo verdadeiro ou não. GUERINO, Leonardo. Viagem no tempo. Ler & Saber, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 6-8, 2017. © Sh ut te rs to ck /F at M an Ph ot o 5 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 1 5 Texto 2 • Capa do livro Como falar bem em público Caminhos para o sucesso Métodos e dicas para falar bem em público e atingir seus objetivos com a comunicação Chegou a hora. Você está diante da plateia, dos entrevistadores ou daqueles que deseja convencer. [...] As pessoas e seus olhos atentos estão em um lugar para ouvir o que você tem a dizer. O seu foco é se apresentar com desenvoltura, dominar o medo, demonstrar segurança e cumprir o objetivo, seja ele ministrar uma boa aula, fazer um discur- so encorajador ou ter êxito em uma situação de emprego. A circunstância descrita é motivadora de ansiedade e receio por parte de muitos indivíduos. Alunos cujos corações palpitam só de ouvir as pa- lavras “apresentar para a sala”, sujeitos preparados para um cargo que não se saem bem em entrevistas e profissionais que perdem oportunidades por não conseguirem defender pontos de vista entendem a necessidade de desenvolver melhor suas habilidades de comunicação. E é claro que não é fácil, mas um conjunto de ações pode simplificar esse momento. “Falar em público, realmente, é estar exposto e envolve vários detalhes, que sempre estão expressando algo sobre nós. A comunicação é a ação de deixar comum”, afirma Ana Lúcia Spina, fonoaudióloga, especialista em voz coach em comunicação corporativa e uma das autoras do livro Como falar bem em público, da editora Impetus. Sendo assim, para ser capaz de dividir com os outros determinados conteúdos e, o mais importante, fazer isso bem e sem sofrer, separamos algumas dicas e técnicas. 1. Expressão e naturalidade [...] Cada um com sua maneira de ser e agir deve aprimorar pontos particulares, que fazem parte das próprias características. Isso porque tentar aparentar algo totalmente diferente daquilo que você é pode ter o efeito contrário: limitar todos os impulsos revela uma atitude forçada, além de ser outra preocupação dentre as tantas presentes na mente. [...] 2. Autoconhecimento é essencial De acordo com a especialista [Ana Lúcia Spina], quem quer falar bem precisa, inicialmente, entender-se como comunicador. Conhecer os pontos fracos, trabalhá-los e saber o que funciona ou não para si são fatores determinantes. “Dizer que falar pausadamente é bom para to- dos pode ser um problema. Se uma pessoa que fala baixo e sem muita expressão vocal começar a fazer pausas, ficará com uma comunicação ainda menos expressiva”, explica a profissional. 3. Teste e treino Para saber o que fazer ou não no momento da apresentação, é necessário ter se preparado antes. E não estamos falando apenas de © Ed ito ra Im pe tu s 6 Livro de atividades6 O que seriam falhas na comunicação oral? • Usar linguagem inadequada ao público, isto é, ser muito coloquial para uma pla- teia de executivos ou muito formal para espectadores jovens. • Preocupar-se apenas com o conteúdo e não se importar com a forma como é comunicado. ALFARO, Érika. Caminhos para o sucesso. Ler & Saber, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 14-16, 2017. estudar o conteúdo. Verifique seu desempenho para que seja possível aprimorar pontos problemáticos. Filme você mesmo ou peça para um amigo assistir e ajudar a identificar possíveis falhas. 4. Mude sua visão Pessoas cuja reação a uma fala em público é o medo, provavelmente, terão um pensamento negativo sobre o momento em si. Por isso, a dica é tentar pensar na apresentação como uma oportunidade [...] de aprimo- rar um ponto fraco ou discorrer sobre um tópico interessante. Aos pou- cos, a maneira como as situações são percebidas pode ser ressignificada. 5. Preveja o que pode dar errado Durante o treino, tem sempre uma parte que você erra? Redobre a atenção e faça mais anotações nessa etapa. Se cometer o mesmo erro durante a apresentação, não se desespere. As pessoas são capazes de entender, se o momento for levado com bom humor e jogo de cintura. [...] Se tremores forem um problema, segure algum objeto, apoie as mãos em uma cadeira, na mesa ou no microfone. 6. Controle o tempo [Ana Lúcia Spina] ressalta que, nos nossos ensaios, devemos verifi- car tal questão. “É melhor usar menos tempo do que mais, pois tempo é precioso, e invadir o do outro demonstra falta de cuidado. [...] 7. Faça um checklist [...] Afinal, a bateria do computador deve estar cheia, os slides sem erros, os arquivos de vídeos baixados e vários outros detalhes, que são muitos para serem guardados apenas na cabeça. 8. Esqueça a decoreba! Traçar uma linha de raciocínio para as informações é a melhor ma- neira de não precisar decorar. Quando não existe sequência lógica, há mais propensão de lapsos de memória. Se você dominar o assunto, apenas um lembrete (que pode estar no slide) pode ser suficiente para relembrar o que deve ser dito. 9. Trabalhe o tom de voz A comunicação vai muito além do que está sendo dito. A maneira como você faz também é essencial. Por isso, para mostrar a importân- cia de uma fala, reduza a velocidade e deixe sua voz mais grave, assim a plateia terá a noção do destaque do conteúdo e se lembrará dele por mais tempo. Já se a intenção for provocar entusiasmo, fale mais rápido. 10. Atente-se aos gestos O espaço entre o queixo e a cintura é chamado pelos comunicado- res de zona do poder. Tente centralizar a maioria dos gestos nessa área. Outra dica é dar preferência para movimentos de fora para dentro do corpo para transmitir mais segurança – o contrário pode passar a sen- sação de menor importância às palavras. © Sh ut te rs to ck /R ed di sh 7 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 1 7 Produção de texto 1 Fique por dentro Conheça os objetivos dessa proposta de produção de texto: a) Refletir sobre uma boa oratória. b) Sintetizar informações. Dica: Síntese de texto em forma de esquema 1. Releia o texto de Érika Alfaro. 2. Sintetize suas ideias principais em forma de esquema ou de quadros. 3. Elabore um esquema ou quadros que possibilitem uma consulta rápida. 4. Revise seu texto. Para ter sucesso em uma comunicação oral, além das dicas dadas no texto 2, é preciso definir bem os elementos principais do discurso, que são: • contexto e público (para quem, onde, quando, em que cir- cunstância) – é importante considerar, antes de tudo, a quem o discurso vai ser dirigido (o público) e qual é o contexto (o evento, a situação); • tema (o quê) – deve-se determinar um assunto de interesse do público e identificar o tipo de discurso mais apropriado. Às vezes, o tema não é escolhido pelo orador, ou seja, em algumas situações, ele é designado para falar sobre algo em particular. Nesse caso, é necessário procurar maneiras de manter o público envolvido; • linguagem – está intimamente relacionada com o público e a situação. Se asituação é mais formal, a linguagem deve responder a essa formalidade; porém, se a situação é descontraída, a lingua- gem pode ser mais solta, mais coloquial. 10. No espaço abaixo, elabore uma síntese do texto Caminhos para o sucesso. Você deve registrar as informações em forma de esquema ou de quadros. O importante é que possa consultar rapidamente as orientações de Érika Alfaro. Se quiser, ilustre seu trabalho. Uma voz ecoa no mundo... e faz história MUITOS DISCURSOS, NO MOMENTO EM QUE FORAM PROFERIDOS, TIVERAM UMA GRANDE IMPORTÂNCIA HISTÓRICA. Vários discursos mais antigos carregam valores e ideias muito presentes no mundo atual. Há, também, diversos discursos atuais que apresentam força per- suasiva e arrebatam os interlocutores. Um exemplo disso é o discurso proferido por Malala Yousafzai na Organização das Nações Unidas (ONU) em 12 de julho de 2013. • Malala Yousafzai discursando na ONU, em 2013 A ONU determinou o dia 12 de julho de 2013 como o Dia de Malala (Malala Day). Nessa data, Malala comemorou seu 16º. aniversário. O Taliban é um grupo político-religioso islâmico autoproclamado nacionalista revolucionário. É considerado fundamen- talista porque defende o posicionamento extremista em favor das leis religiosas do islamismo. Difundiu-se no Paquistão e no Afeganistão entre membros da etnia pashtun. Eu não sei por onde começar o meu discurso, eu não sei o que as pessoas estão esperando que eu fale. Mas, primeiro de tudo, agra- deço a Deus, para quem todos nós somos iguais. E obrigada a cada pessoa que rezou pela minha rápida recuperação e nova vida. Não posso acreditar em quanto amor as pessoas têm demonstrado em relação a mim. Tenho recebido milhares de cartões e presentes do mundo inteiro. Obrigada a todos, às crianças que, com palavras inocentes, me incentivaram, e aos mais velhos, cujas orações me fortaleceram. [...] Queridos irmãos e irmãs, lembrem-se de uma coisa: O “Dia Malala” não é o meu dia. Hoje é o dia de cada mulher, cada garoto e cada ga- rota que levanta a voz pelos seus direitos. Há centenas de ativistas de direitos humanos e trabalhadores sociais que não estão falando apenas pelos seus direitos, mas que estão lutando para atingir seu objetivo de paz, educação e igualdade. Milhares já foram mortos pelos terroristas e milhões foram feridos por eles. Eu sou só mais um deles. Então, aqui estou. Então, aqui estou eu, uma menina, entre tantas. Eu falo não por mim, mas por aqueles cujas vozes não podem ser ouvidas. Por aque- les que têm lutado por seus direitos. O seu direito de viver em paz. O seu direito de ser tratado com dignidade. O seu direito à igualdade de oportunidades. O seu direito de ser educado. Queridos amigos, em 09 de outubro de 2012, o Taliban atirou no lado esquerdo da minha testa. Atiraram nos meus amigos também. Eles acharam que aquelas balas nos silenciariam. Mas falharam e, então, do silêncio vieram milhares de vozes. Os terroristas pensaram que mudariam meus objetivos e eliminariam minhas ambições, mas nada mudou na minha vida, com exceção disto: a fraqueza, o medo e a falta de esperança morreram; a força, o poder e a coragem nasceram. Sou a mesma Malala, meus desejos são os mesmos, minhas esperanças e sonhos também. Queridos irmãos e irmãs, não sou contra ninguém e nem estou aqui para falar sobre uma vingança pessoal contra o Taliban ou qualquer outro grupo terrorista. Estou aqui para falar pelo direito de cada crian- ça à educação. Quero educação para os filhos e filhas dos talibãs e para todos os terroristas e extremistas. © Ge tty Im ag es /A FP /S ta n Ho nd a 8 Livro de atividades8 Livro de atividades Pr op os ta 2 9 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 2 9 Também não odeio o Taliban que atirou em mim. Mesmo que eu tives- se uma arma na mão e ele estivesse na minha frente, não atiraria nele. Esta é a compaixão que aprendi com Maomé, profeta da misericórdia, Jesus Cristo e Lorde Buda; esta é a herança de mudança que recebi de Martin Luther King, Nelson Mandela e Mohammed Ali Jinnah. Esta é a filosofia de não violência que eu aprendi com Gandhi, Badshah Khan e Madre Teresa. E este é o perdão que eu aprendi com meu pai e minha mãe. Isto é o que a minha alma está me dizendo: estar em paz e amor com todos. Queridos irmãos e irmãs, nós percebemos a importância da luz quan- do vemos a escuridão. Percebemos a importância da nossa voz quando somos silenciados. Da mesma forma, quando estávamos em Swat, no norte do Paquistão, percebemos a importância de canetas e livros quan- do vimos armas. O sábio ditado que diz “A caneta é mais poderosa que a espada” é verdadeiro. Os extremistas têm medo dos livros e das canetas. O poder da educação os assusta e eles têm medo das mulheres. O poder da voz das mulheres os apavora. É por isto que eles mataram 14 estudan- tes inocentes no recente ataque em Quetta. E é por isto que eles matam professoras. É por isto que eles atacam escolas todos os dias: porque tiveram e têm medo da mudança, da igualdade que vamos trazer para a nossa sociedade. E eu me lembro que havia um menino em nossa escola que foi perguntado por um jornalista o porquê do Taliban ser contra a educação. Ele respondeu muito simplesmente apontando para seu livro: “um talibã não sabe o que está escrito dentro deste livro”. Eles acham que Deus é um pequeno ser conservador que apontaria armas para a cabeça das pessoas só por elas irem à escola. Esses terroristas estão fazendo mau uso do nome do Islã para seu próprio benefício pessoal. Paquistão é um país democrático e amante da paz. Pashtuns que- rem educação para seus filhos e filhas. O Islã é uma religião de paz, hu- manidade e fraternidade. É um dever e uma responsabilidade garantir educação a cada criança, é o que ele diz. A paz é uma necessidade para a educação. Em muitas partes do mundo, especialmente no Paquistão e no Afeganistão, o terrorismo, a guerra e os conflitos impedem as crianças de irem à escola. Estamos realmente cansados dessas guerras. Mulheres e crianças estão sofrendo de muitas maneiras, em muitas partes do mundo. Na Índia, crianças pobres e inocentes são vítimas do trabalho infantil. Muitas escolas têm sido destruídas na Nigéria, enquan- to os afegãos são oprimidos pelo extremismo. As meninas têm que fazer trabalho infantil doméstico e são forçadas a se casarem em uma idade precoce. Pobreza, ignorância, injustiça, racismo e privação dos direitos básicos são os principais problemas enfrentados por homens e mulheres. Hoje eu estou focando nos direitos das mulheres e na educação das me- ninas porque elas são as que mais sofrem. Houve um tempo em que as ati- vistas mulheres pediam aos homens para defender seus direitos. Mas desta vez, nós vamos fazer isto por conta própria. Eu não estou dizendo para os homens não falarem mais dos direitos das mulheres, mas estou focando na ideia das mulheres serem independentes e lutarem por si mesmas. Badshah Khan, ativista e líder político e religioso, pregava a forma não violenta de manifestações. A cidade de Quetta fica na província do Baluchistão, no oeste do Paquistão. Você sabia que Malala foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz? Realize uma pesquisa sobre as razões que a levaram a ganhar essa honraria e a categoria em que foi premiada. 10 Livro de atividades10 Então, queridos irmãos e irmãs, agora é a hora de falar. Então hoje, nós conclamamos os líderes mundiais a alterar as suas estratégias polí- ticas a favor da paz e da prosperidade. Pedimos aos líderes mundiais que todos os acordos de paz protejam os direitos das mulheres e crianças. Um acordo que se oponha aos direitos das mulheres é inaceitável. Convocamos todos os governos a assegurar a educação obrigatória livre para todas as crianças do mundo. Apelamos a todos os governos que lutem contra o terrorismo e a violência, protegendo as crianças da brutalidade e do perigo. Pedimos às nações desenvolvidas que apoiem a expansão das oportunidadeseducacionais para meninas nos países em desenvolvimento. Apelamos a todas as comunidades para que sejam tolerantes, rejeitem o preconceito baseado em casta, credo, seita, cor, religião ou agenda para garantir a liberdade e a igualdade para as mulheres, para que elas possam florescer. Nós todos não podemos ter sucesso quando metade de nós fica para trás. Conclamamos nossas irmãs ao redor do mundo a serem corajosas, abraçarem a força dentro de si e conscientizarem-se de seu pleno potencial. Queridos irmãos e irmãs, queremos escolas e educação para o futu- ro brilhante de todas as crianças. Vamos continuar a nossa jornada para o nosso destino de paz e educação. Ninguém pode nos parar. Vamos falar de nossos direitos e vamos trazer a mudança para nossa voz. Nós acreditamos no poder e na força de nossas palavras. Nossas palavras podem mudar o mundo inteiro porque nós estamos todos juntos, uni- dos pela causa da educação. E se nós queremos atingir nosso objetivo, então vamos nos fortalecer com a arma do conhecimento e vamos nos proteger com a unidade e união. Queridos irmãos e irmãs, nós não podemos nos esquecer de que milhões de pessoas estão sofrendo com a pobreza, a injustiça e a ig- norância. Nós não devemos nos esquecer de que milhões de crianças estão fora da escola. Nós não devemos esquecer que nossos irmãos e irmãs estão esperando por um futuro brilhante e pacífico. Deixem-nos, portanto, travar uma luta gloriosa contra o analfabetis- mo, a pobreza e o terrorismo. Deixem-nos pegar nossos livros e canetas porque estas são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação antes de tudo. Obrigada. Para conhecer mais sobre Malala, você pode ler o livro Eu sou Malala, uma autobiografia publicada pela editora Companhia das Letras, em 2013 (pri- meira edição). Você também pode assistir ao documen- tário produzido pelo diretor estaduni- dense Davis Guggenheim, em 2015. Por 18 meses, ele conviveu com Malala, seus pais e seus irmãos. Além de ficar na casa da família, em Birmingham, na Inglaterra, o diretor acompanhou a passagem dela por países como Nigéria, Quênia, Emirados Árabes Unidos e Jordânia, para conversar com jovens e autoridades. O filme ganhou o Prêmio Emmy 2016 como Melhor Conquista Individual em Animação. YOUSAFZAI, Malala. Dia Malala: discurso ONU. Disponível em: <http://www.ikmr.org.br/dia-malala- discurso-onu/>. Acesso em: 20 mar. 2019. 1. Converse com seus colegas e troquem impressões sobre o discurso de Malala. Indiquem as partes de que mais gostaram e as de que menos gostaram e expliquem por quê. 2. Qual é o tema central do discurso de Malala? O tema é o direito à educação, especialmente por meninas e mulheres. © Co m pa nh ia d as L et ra s © Fo x Ho m e En te rta in m en t 11 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 2 11 3. Quais são os temas periféricos abordados por Malala? Direitos humanos, violência (terrorismo), perdão, necessidade de paz no mundo, responsabili- dade governamental de garantir paz e educação aos cidadãos e reivindicação do direito à edu- cação (especialmente por parte das mulheres). 4. Malala se tornou mundialmente conhecida quando sofreu o atentado por parte do Taliban. Por que ela foi atacada por esse grupo extremista? Malala foi atacada pelo Taliban por se posicionar a favor da educação para as mulheres e por não obedecer à proibição de ir para a escola. 5. Que frase do discurso de Malala se tornou muito famosa e passou a ser repetida em todo o mundo? “Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo." Práticas de reflexão sobre a língua 6. Qual o vocativo escolhido pela oradora para se dirigir a todos os que ouviam seu discurso? Por que você acha que ela o repete constantemente? “Queridos irmãos e irmãs”. Esperamos que os alunos entendam que a repetição do vocativo é uma maneira de chamar a atenção do interlocutor, conclamá-lo a uma reflexão ou imprimir for- ça ao discurso. 7. O discurso de Malala é marcado pela subjetividade. Qual recurso lin- guístico é responsável por esse efeito? O uso da 1ª. pessoa (do singular ou do plural) marca a subjetividade, ou seja, individualiza o discur- so. Assim, Malala estende a um grupo específico (estudantes e mulheres) seu apelo (“Convoca- mos”, “Apelamos”, etc.). 8. Agora o orador será você. Tomando como base o discurso de Malala, coloque-se no lugar dela e estruture um texto dessa natureza, fazendo uma espécie de decalque. Ou seja, é importante manter o tema e a lin- guagem, mas você pode e deve abordar outros aspectos. Assim como Malala, você é um estudante. Então, o que diria à Assembleia da ONU se fosse convidado a discursar lá? A importância da educação é um tema amplo, portanto escolha alguns aspectos para abordar. Conside- rando que você vai se dirigir a autoridades, atente-se à formalidade e à correção da linguagem. Produção de texto 2 Fique por dentro Conheça os objetivos dessa proposta de produção de texto: a) Considerar as condições de produção e de recepção de um discurso. b) Estruturar o texto de acordo com a construção composicional esperada para o gênero. c) Identificar elementos constitutivos do gênero. Dica: discurso pelo direito à educação (decalque) 1. Defina o recorte do tema que será abor- dado em seu discurso. 2. Esboce os tópicos e, dependendo do assunto, pesquise dados para fundamen- tar seu discurso. Por exemplo: se você for falar do índice de analfabetismo no Brasil ou no mundo, precisará ter acesso a dados atualizados. 3. Escolha um tipo de discurso para ser o pre- dominante em seu texto. Você pode fazer um apelo ou uma reivindicação, manifestar uma indignação, etc. Cuide para que seu discurso não seja meramente expositivo, já que não se trata de uma palestra ou uma conferência. Você pode ilustrar seu discurso com experiências pessoais, porém ele não deve se reduzir a uma coleção de “achismos”. 4. Organize o texto em parágrafos, sepa- rando bem os blocos de ideias, mas não perca a ligação entre elas. 5. Edite e revise seu texto, para que ele seja claro, interessante e isento de erros. Discurso de formatura: marca da conclusão de um ciclo A FORMATURA É UM ACONTECIMENTO IMPORTANTE NA VIDA DE QUALQUER ESTUDANTE, PORQUE REPRESENTA O FIM DE UMA ETAPA. ESSE EVENTO TEM UM CARÁTER CERIMONIAL, DE CELEBRAÇÃO, DE COMEMORAÇÃO. POR ESSA RAZÃO, É TRADIÇÃO QUE O RITUAL SEJA COMPOSTO DE DISCURSOS, ENTRE ELES O DO ORADOR, AQUELE QUE FALA EM NOME DE TODOS OS FORMANDOS. Leia o discurso de formatura de Regina Marcia de Souza, formanda do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no ano de 2014. O caráter cerimonial não é uma caracte- rística exclusiva de formaturas. Vários outros eventos carregam essa peculiaridade, como casamento, bodas, funeral, iniciação religiosa e, até mesmo, as tradicionais festas de debu- tantes (15 anos). A oradora inicia o discurso cum- primentando os presentes e destaca os interlocutores a quem vai se dirigir especialmente. A oradora ressalta o papel dos professo- res na trajetória dos alunos. Ela genera- liza essa avaliação, usando a 1ª. pessoa do plural (nós). A oradora faz uma rápida retrospectiva e destaca o caráter saudosista. A oradora projeta o futuro, dizendo aos professores que os alunos poderão vir a ser seus colegas. A oradora imprime um tom divertido ao texto, já que é comum os alunos pedirem trabalhos ou avaliações alternativas para melhorar a nota. A oradora usa a es- tratégia de criação de expectativa. Novamente, o tom de humor é usado. 12 Livro de atividades12 Livro de atividades Pr op os ta 3 Boa noite a todos. Meus cumprimentos ao Excelentíssimo Vice-Reitor da Universidade Federal do Paraná, professor Zaki Akel Sobrinho, em nome de quem saúdo todas as au- toridades da mesa e outras aqui presentes. Meus cumprimentos especiais aos nossos pais,familiares e amigos que aqui vieram participar deste momento tão importante para nós. Cumprimento ainda nossos professores, a que dirijo a palavra de modo especial. Os conhecimentos literários e linguísticos certamente são essenciais para a formação de um estudante de Letras. E sabemos que vocês, professores, são preparados para nos ensinar isso. Entretanto, vocês nos ensinam muito mais do que conhecimento acadêmico. Vocês nos apresentam ao mundo das artes plásticas, da fotografia, da música, da história, da psicanálise, do teatro, do cinema... Abrem nossas mentes para que, muito mais do que bons profissionais e professores, possamos nos tornar pessoas melhores. Pessoas que vão acrescentar algo para o mundo ou que, ao menos, vão saber olhar para o mundo com mais sabedoria. Foram cinco anos de convívio. Cinco anos de conversas, de esclarecimentos, de ideias, de discussões, de críticas construtivas, de conselhos, de sorrisos e cumprimentos nos elevadores. Foram cinco anos de cumplicidade. É triste pensar que não assistiremos mais às suas aulas, que não precisaremos mais fazer os trabalhos e provas, que não receberemos mais elogios nem críticas. Nossos nomes não estarão mais em suas listas de chamada. Não estaremos mais sentados nas velhas cadeiras de madeira nem esperando na porta das suas salas para tirar dúvidas ou pegar um livro emprestado. E vocês não farão mais parte das nossas manhãs e noites... Mas as vozes, os rostos, os trejeitos, as palavras, as matérias, os poetas, romancistas, linguistas e críticos... Tudo isso seguirá conosco. E, quem sabe, um dia vocês ouçam falar de nós e esbocem um sorriso. Ou, se tudo der MUITO certo, seremos colegas de trabalho. E vocês vão pensar que valeu a pena ter nos dado mais uma chance naquela prova final. Hoje, chegou o momento de esclarecermos algumas coisas. Na maioria das vezes, aquela pergunta sem cabimento no meio da aula não foi distração ou falta de leitura. Foi apenas a vontade afobada de participar da aula e, quem sabe, impressionar vocês. Mas é claro que, nesses casos, a tentativa era sempre um fracasso. Talvez vocês não tenham percebido que algumas perguntas feitas depois da aula eram apenas uma des- culpa para ter mais um pouquinho da atenção de vocês. E, certamente, o sorriso em nossos lábios com a leitura de um poema do Drummond não era apenas o encanto 13 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 3 13 Produção de texto 3 Fique por dentro Conheça os objetivos dessa pro- posta de produção de texto: a) Considerar as condições de produção e de recepção de um discurso. b) Estruturar o texto de acordo com a construção composicional esperada para o gênero. c) Identificar elementos constituti- vos do gênero. Dica: discurso de formatura 1. Defina o enfoque que você quer dar a seu discurso. 2. Esboce os tópicos a serem abordados. 3. Escolha a linguagem que você vai usar: mais séria e formal ou mais bem-humorada e informal. 4. Se optar por fazer uma retros- pectiva, selecione momentos que possam ser interessantes a todos, e não somente a você, já que está falando em nome dos formandos. 5. Organize o texto em parágrafos, separando bem os blocos de ideias, mas não perca a ligação entre elas. 6. Edite e revise seu texto, para que ele seja claro, interessante e isento de erros. pelo poeta, mas por quem o estava lendo... E, talvez, vocês não tenham se dado conta de que o chocolate no fim do semestre não era apenas um pedido de desculpa pelos atrasos, mas uma forma boba de mostrar um pouquinho da nossa grande admiração por vocês. É preciso confessar, ainda, que, por mais amáveis e atenciosos que vocês possam ser, muitas vezes nos sentimos intimidados por vocês. A admiração é tanta que nos faz ter medo de falar bobagens diante de vocês e, obviamen- te, tudo o que conseguimos fazer é falar bobagens diante de vocês. Muitas bobagens, inclusive. Mas a paciência de vocês é incondicional. Quando pensamos em quem éramos quando entramos na universidade e em quem somos hoje, é impossível negar a responsabilidade de vocês nessa mudança. Com uma sugestão de leitura, vocês conseguem revolucionar nossa forma de pensar e de ver o mundo. Com uma crítica, vocês conseguem nos colocar de volta nos eixos. Com um incentivo, vocês possibilitam o bom desen- volvimento de uma pesquisa. Vocês nos fazem ter vontade de ler mais, de viajar mais, de pensar mais, de ver mais... E tudo o que podemos fazer para retribuir é disseminar todo esse conhecimento e experiência para nossos futuros alunos e leitores, como uma forma de agradecimento a vocês. Nós, seus alunos, pretendemos levar uma parte de vocês conosco. Esperamos conseguir ler um poema de Almada Negreiros (“Morra o Dantas, morra!”) com a mesma expressividade; ler os poemas eróticos do Drummond com a mesma doçu- ra (mas sem ficar vermelhos); falar do velho Bach e de Joyce com a mesma intimi- dade (e ainda saber falar romeno); falar de Kafka com o mesmo brilho nos olhos (e em alemão!); falar de arte e da Vênus de Willendorf com o mesmo carinho (além de desvendar Baudelaire e Rimbaud como ninguém). Enfim, cada uma dessas ima- gens e lembranças refletirá em nossa maneira de ensinar, de escrever e de viver. O que desejamos a vocês é todo o respeito que um professor merece ter. Desejamos que todas as pessoas percebam a importância que vocês têm na formação da sociedade e do indivíduo. Esperamos que toda a dedicação que vocês cultivam por seus alunos seja reconhecida e que a sua, e agora nossa, profissão seja devidamente valorizada. O conceito de que ser professor é algo que se faz por amor já se tornou um clichê. O que estimamos é que o respeito, a admiração, a valorização e o reconhecimento é que se tornem um clichê da nossa profissão, e não algo tão distante da realidade. Por fim, gostaríamos de agradecer a vocês por toda a tolerância, amizade, empolgação, puxões de orelha, incentivos, paciência, conhecimento, livros em- prestados, textos impressos, poemas declamados, romances indicados, sintaxe compreendida, músicas apresentadas, risadas, olhares de reprovação, olhares de aprovação, notas boas, notas ruins, aulas maravilhosas, trabalhos bons, orienta- ção científica no bar e, principalmente, queremos agradecer por vocês nos terem ajudado a compreender melhor o mundo, o ser humano e nós mesmos. Aqui, o tom de humor é obtido pela repetição da ideia. SOUZA, Regina M. Discurso proferido na formatura da turma de Letras da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 24 maio 2014. • Agora, imagine que você está em sua formatura de conclusão do Ensino Fundamental. Como seria seu discurso? Mãos à obra! “É chegado o momento de curar feridas. É chegado o momento de transpor abis- mos que nos separam. Cabe a nós o momento de reconstrução. Alcançamos, por fim, a emancipação po- lítica. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo da prolongada servidão da pobreza, da privação, do sofrimento e da discriminação devido ao gênero e em suas demais formas.” • Discurso proferido por Nelson Mandela na cerimônia de posse como presidente da África do Sul, em 1994. Ele passou 27 anos na prisão (até 1990) por ser ativista político contra o apartheid. Produção de texto 4 Fique por dentro Conheça os objetivos dessa proposta de produção de texto: a) Ampliar o repertório de leitura. b) Pesquisar discursos impactantes na história. c) Produzir um banner com trechos de discursos e comentário pessoal. Dica: banner com trechos de discursos 1. Pesquise, em livros, em revistas e na internet, discursos que ficaram famosos na história. 2. Leia os discursos na íntegra e selecione aquele que, em sua opinião, é o mais interessante. 3. Destaque o trecho que mais lhe chamou a atenção. 4. Elabore um banner com os dados solicitados na atividade. Faça-o de forma bem impactante, para chamar a atenção dos leitores. 5. Inclua no banner um comentário pessoal sobre o discurso como um todo e sobre o trecho destacado. 6.Revise o texto. “Aquele homem ali diz que as mulheres precisam ser ajudadas para entrar em coches, erguidas sobre valas e têm o me- lhor lugar onde quer que vão. Ninguém jamais me ajuda a subir em coches ou me ergue sobre poças de lama ou me cede o melhor lugar! [...] E eu não sou uma mulher? Olhem para mim!” • Discurso proferido por Sojourner Truth (escrava liberta que lutou pelos direitos das mulheres) em 1851, em uma con- venção feminista. “Para registro, feminismo é, por defini- ção, a crença de que homens e mulheres devem ter os mesmos direitos e oportu- nidades. É a teoria da igualdade política, econômica e social dos sexos.” • Discurso proferido na ONU pela atriz e feminista Emma Watson no lançamento da campanha HeForShe (ElePorEla), pela igualdade de gênero. “Eu tenho um sonho de que meus qua- tro filhos pequenos um dia viverão em uma nação na qual não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo teor do seu caráter.” • Discurso proferido por Martin Luther King Jr. em 1963, em Washington, durante marcha pelos direitos civis. Ele era um ativista em defesa da igualdade racial. © W ik im ed ia C om m on s/ W rig ht 's Ne w Yo rk G al le ry © Gl ow Im ag es /A P Ph ot o/ Da vi d Br au ch li © Ge tty Im ag es /A na do lu A ge nc y/ Se lc uk A ca r © W ik im ed ia C om m on s/ Ro w la nd S ch er m an 14 Livro de atividades14 Livro de atividades Pr op os ta 4 Discursos impactantes: o que disseram os oradores deste e de outros tempos A HISTÓRIA ESTÁ RECHEADA DE DISCURSOS QUE MOVERAM MULTIDÕES. Confira trechos de discursos fortes o suficiente para impactar o público. ADDIS, Ferdie. Discursos que mudaram a história. Tradução de Thaïs Costa. São Paulo: Prumo, 2012. p. 62, 163, 200. • Pesquise diferentes discursos que ficaram marcados na história e escolha um deles. Construa um banner contendo um trecho do discurso selecionado, a data e o local em que ele foi proferido e a imagem do orador. Escreva também um comentário pessoal sobre a importância do discurso como um todo e sobre a razão de ter escolhido o trecho. À semelhança dos textos acima, sua produção representará uma ampliação de repertório, para você e para toda a escola. 15 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 5 15 Pr op os ta 5 st a 5 st a 5 Gêneros de pesquisa: desenvolvendo o espírito investigativo © Sh ut te rs to ck /3 dm as k 2 Como entrar no universo das indagações e da busca rigorosa por respostas? A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA É UMA FORMA DE BUSCARMOS RESPOSTAS PARA NOSSAS DÚVIDAS OU INDAGAÇÕES. 1. Converse com um colega sobre as questões a seguir e anote suas respostas. a) Você se considera uma pessoa curiosa? Que assuntos despertam sua curiosidade? Pessoal. b) A que ideia a imagem ao lado remete? À ideia de busca por respostas de maneira minuciosa, acurada. c) Em sua opinião, qual é a relação entre curiosidade e pesquisa? Pessoal. Esperamos que os alunos respondam que a curiosidade motiva a pesquisa. 2. Que relações podemos estabelecer entre essa imagem e o espírito investigativo científico? O espírito investigativo move o pesquisador, que analisa seu(s) objeto(s) de estudo de forma minuciosa e atenta. 3. Que tipos de pesquisa você fez durante sua vida escolar? Pessoal. Fique atento às respostas dos alunos. É provável que eles mencionem a pesquisa do tipo bibliográfica. Pergunte-lhes de que modo as informações foram coletadas e se não foi no esquema “copia e cola”. 4. Qual é a importância da pesquisa científica para a sociedade? 5. O que você entende por “fazer ciência”? Pessoal. Esperamos que os alunos entendam que “fazer ciência” diz respeito a uma prática de pesquisa rigorosa, metodológica. É comum os professores solicitarem pesquisas aos alunos. Contudo, muitas delas não partem de uma curiosidade ou dúvida real dos estudantes e acabam se tornando uma atividade de cópia. Eles digitam a palavra-chave em um site de buscas e copiam o conteúdo do primeiro ou do segundo link que apa- rece. Muitas vezes, nem leem os textos que entregam ao professor. Assim, a pesquisa perde seu caráter de investi- gação e construção de novos saberes, tornando-se uma tarefa de reprodução. A sociedade se beneficia das pesquisas científicas na medida em que elas se revertem para o bem comum: descoberta de tratamento ou cura de doenças, desenvolvimento de tecnologia capaz de melhorar a qualidade de vida das pessoas, etc. 16 Livro de atividades16 Iniciação Científica na escola: práticas para a construção de conhecimento na Educação Básica A Iniciação Científica (IC), entendida como atividade estratégica para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, há até pou- co tempo, era realizada quase que exclusivamente a partir do ensino superior. Diversas iniciativas, no entanto, vêm ampliando a cobertura dos programas de iniciação científica, estimulando que atividades des- sa natureza sejam desenvolvidas no ensino médio. Assim, as escolas despertam para a possibilidade de implementarem atividades de IC não apenas para os jovens, mas, também, para as crianças e, com isso, os estudantes do ensino fundamental têm experimentado a chance de participar de programas de IC, já a partir do ensino fundamental. Há menos de duas décadas, as escolas começaram a trabalhar com projetos de aprendizagem e, posteriormente, a desenvolver ati- vidades de IC. Estas têm em vista contribuir para o desenvolvimento de capacidades sociocognitivas dos estudantes e para aprendizagens de natureza científica. Nesse sentido, os benefícios evidenciam-se no desenvolvimento de formas mais elaboradas de pensamento e de capa- cidades para trabalhar individualmente ou em equipe. Por conta disso, os estudantes aprendem a formular questões e problemas de pesquisa, a realizar procedimentos para examinar suas teorias, e a revisar con- tradições em seus modelos explicativos. Simultaneamente, aprendem a respeitar o outro, a cumprir regras e a manter acordos livremente combinados. [...] A atividade de Iniciação Científica envolve a formulação de pro- blemas, o levantamento de hipóteses de solução, a experimentação e o desenho de novos modelos explicativos para os problemas formu- lados pelo pesquisador. É preciso que [...] os estudantes da educação básica sejam desafiados a explicitar curiosidades em todas as áreas do conhecimento, a produzir indagações, a modelizar possíveis soluções aos problemas, a orientar-se por um Método de trabalho, a realizar testagens e reflexões que levem à construção de novas relações entre elementos de problemas levantados e que estão sendo estudados pelos estudantes pesquisadores e seus professores orientadores. [...] A atividade proporciona, aos poucos, uma melhor compreensão do que consiste o fazer ciência e, para além do laboratório ou da sala de aula, a atividade de IC deverá permitir que o estudante compreenda as implicações políticas e sociais dos conhecimentos científicos produzi- dos pela humanidade, para si e para outros, ao longo da vida. [...] Na IC, o estudante aprende a interrogar-se, a formular hipóteses iniciais em suas tentativas de explicar fatos, acontecimentos e fenô- menos observados diretamente ou indiretamente; aprende a realizar experimentações para testar suas ideias e a provocar seu pensamento a examinar contradições, a contrapor pensamentos, a examinar pontos de vista diferentes dos seus para, então, modificar ou consolidar suas ideias iniciais. Para que um estudo seja considerado cien- tífico, é imprescindível que estes elementos sejam definidos: • objeto de estudo – corresponde ao que é estudado (o dado, o fato, o fenômeno, etc.); • método – refere-se à técnica utilizada e aos passos seguidos na análise dos dados; • conceito – compreende a criação ou a utilização de conceitos que colaboram para a elucidação dos dados, dos fatos ou dos fenômenos. Ou seja, uma investiga- ção científica precisa de provasou testes que confirmem (ou não) as ideias iniciais acerca do problema levantado. Considerando que a IC necessita fun- damentar-se nas indagações que os estudantes se fazem a partir de suas curiosidades genuínas, e que o profes- sor irá assumir o papel de orientador de um processo investigativo protagoni- zado pelo estudante, qual é o papel do professor diante do desafio escolar de incluir a IC como estratégia de trabalho para aprendizagens em todas as áreas? (DUTRA, 2014, p. 3) Esse texto chama a atenção para o fato de que nem toda pergunta formulada a partir de uma curiosidade ou dúvida é investigativa. É preciso observar se a questão pode ser respondida com uma simples consulta a fontes de informação ou se demanda uma investigação mais aprofundada. Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 5 1717 A estimulante forma de trabalho que caracteriza a IC pode ser es- tendida ao trabalho investigativo em todas as áreas do conhecimento. [...] Sugerimos iniciar a reflexão, a partir de questionamentos tais como: • O que aprendemos e o que já sabemos, no momento, sobre os as- suntos que estamos estudando? Que curiosidades identificamos a partir das atividades desencadeadoras e das atividades derivadas que estamos realizando? • Que dúvidas estão surgindo sobre os assuntos que estamos traba- lhando? É importante destacar que, desde o momento inicial de reflexão conjunta com os estudantes para o levantamento de aprendizagens, curiosidades e dúvidas, a atividade do professor orientador é denomi- nada intervenção. Na IC, as intervenções do professor orientador são realizadas de modo que venha a estabelecer um diálogo com um ou mais estudantes, no qual as trocas de ideias permitam conhecer o ponto de vista a partir do qual cada um está trabalhando para fazer a reflexão. [...] Por uma opção didática, apresentamos inicialmente os elementos do processo investigativo: DUTRA, Ítalo M. et al (Org.). Trajetórias criativas: jovens de 15 a 17 anos no Ensino Fundamental – uma proposta metodológica que promove autoria, criação, protagonismo e autonomia. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16323-seb-traj-criativas- caderno7-iniciacao-cientifica&category_slug=setembro-2014-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 8 maio 2019. O que entendemos por curiosidade? A curiosidade é reconhecida como uma capacidade natural que se evidencia em diferentes espécies animais e corresponde às ações que os levam a explorar, a investigar e a aprender sobre o meio ao seu redor. O que entendemos por dúvida? A dúvida pode ser entendida como uma incerteza em relação a ideias, fatos, ações, asserções, ou decisões relacionadas a uma noção prévia que se tenha sobre a realidade. Intervenção A intervenção do professor orientador envolve mediar, assistir, tomar parte no processo investigativo do estudante, com o objetivo de conhecer o seu ponto de vista como autor, orientá-lo e apoiá-lo em decisões compatíveis com aprendizagens que decorrem de conduta ativa. O que entendemos por processo investigativo? Nesta proposta educativa, é um processo que faz parte das atividades de IC e se refere aos procedimentos próprios da investigação em si. Pode ser chamado também de projeto de investigação. ©Shutterstock/Rob Wilson é aquela que irá nortear a investigação; havendo mais de uma, será necessário definir a principal, sem contudo serem tomadas, no conjunto, como um questionário. é a argumentação que se refere às razões, motivações, que levaram o estudante a escolher o assunto ou tema a ser investigado. são formulações que embasam as possíveis respostas ao problema, baseadas em saberes prévios do estudante e no levantamento de conhecimentos feito em fontes de consulta disponíveis. são ações que caracterizam o Método, são planejadas de acordo com a natureza do problema a ser investigado e visam testar a validade das hipóteses. etapa em que os elementos/observações/dados são analisados e contrastados com a hipótese de trabalho, convergindo os resultados discutidos para a elaboração de uma resposta à pergunta de investigação. conjunto de palavras que melhor sintetizam o problema, o processo e os resultados da investigação; posteriormente, as palavras-chave serão utilizadas na construção de um mapa conceitual. pergunta de investigação justificativa hipóteses procedimentos análise dos dados e discussão de resultados palavras-chave 18 Livro de atividades18 6. O texto que você leu trata da iniciação científica no Ensino Fundamen- tal. Você já tinha ouvido falar sobre isso? Explique como você tomou conhecimento dessa atividade. 7. Você já participou de um projeto de iniciação científica ou conhece alguém que tenha participado? Compartilhe sua resposta com os colegas. 8. Com base no texto, o que se pode entender por “iniciação científica”? Esperamos que os alunos entendam a iniciação científica como a primeira etapa do processo de desenvolvimento de pesquisas científicas. Nessa etapa, são ensinados procedimentos básicos do fazer científico, que vão desde a formulação de um problema até a divulgação dos resultados. 9. De acordo com o texto, projetos de iniciação científica podem ser realizados ( ) exclusivamente por estudantes do Ensino Superior. ( ) apenas por estudantes do Ensino Médio ou do Ensino Superior. ( ) por estudantes de todos os níveis de ensino, somente de escolas privadas. ( ) por estudantes de todos os níveis de ensino, apenas de escolas públicas. ( X ) por estudantes de todos os níveis de ensino, de instituições públi- cas ou privadas. 10. Por que é importante desenvolver projetos de iniciação científica nas escolas? Porque esses projetos contribuem para aprendizagens de natureza científica e para o desenvol- vimento da capacidade sociocognitiva dos estudantes, de formas mais elaboradas de pensa- mento e de capacidades para trabalhar individualmente e em equipe. 11. Quando falamos em ciência, logo vem a nossa mente a imagem de pes- soas em laboratórios, não é mesmo? Segundo o texto, estudos científi- cos são realizados apenas nas áreas de Ciências da Natureza (Ciências, Biologia, Física e Química)? Justifique sua resposta. Não. Podem ser feitos estudos científicos em qualquer área do conhecimento. 12. Os trabalhos científicos podem ser feitos individualmente ou em equipe. Quais as vantagens de se trabalhar em equipe? Uma das vantagens é o fato de as reflexões e as descobertas serem partilhadas entre os estudan- tes e também com o professor. Além disso, os alunos desenvolvem a habilidade de trabalhar em grupo. Os estudantes podem fazer suas pesquisas com ou sem o auxílio de bolsas de estudos, as quais são ofertadas por instituições que financiam pesquisas, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de âmbito federal, e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), de âmbito estadual. A iniciação geralmente dura um ano. É preciso entregar um relatório parcial após seis meses e outro, final, após doze meses de pesquisa. O CNPq financia o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), com o objetivo de promover o desenvolvimento da pesquisa científica entre estudantes para a descoberta de novos talentos. Derivado do Pibic, surgiu o Pibiquinho, desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), que disponibiliza bolsas de pré-iniciação científica a alunos do Ensino Fundamental do Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni). O obje- tivo principal é incentivá-los a desenvolver o pensamento científico mediante partici- pação em atividades de pesquisa científica, com orientação de pesquisador qualificado, identificando-se novas vocações e jovens talentos. Para mais informações, consulte os sites oficiais do CNPq, da Capes, da Fapesp e da UFF (Pibiquinho). 7. O objetivo dessa questão épromover uma troca de experiências entre os alunos. Incentive-os a ampliar a dis- cussão, mencionando se têm familia- res ou amigos que se dedicam a pes- quisas científicas. 19 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 5 19 Enciclopédias, revistas, jornais, internet e livros específicos são considerados fontes de informação de fácil acesso e suficientes para a consulta a informações simples. Na atualidade, ficou cunhada a expressão dar um Google quando se deseja esclare- cer dúvidas simples sobre os mais diversos assuntos, já que esse é o mecanismo de busca mais utilizado pelos internautas. 14. Aproveite a oportunidade para dis- cutir com os alunos as implicações políticas dos conhecimentos cientí- ficos. Aqui, é importante considerar a dimensão política como aquela que diz respeito a todo cidadão e sua vida em coletividade. Isso signi- fica dizer que o desenvolvimento de conhecimentos científicos, durante toda a história da humanidade, pro- porcionou novas formas de orga- nização social e de relação entre os seres humanos, bem como alteração nos modos de vida e nas relações das pessoas com o mundo. 13. Em uma pesquisa científica, o pesquisador precisa considerar alguns elementos fundamentais. Relacione cada um deles a sua respectiva explicação. I. Formulação de problemas e identificação do objeto de estudo II. Levantamento de hipóteses III. Definição de métodos de trabalho (metodologia) IV. Realização de experimentos, testes e aplicações e análise dos dados V. Justificativa e objetivos VI. Apresentação de resultados ( III ) Compreende a definição de um conjunto de ações que serão rea- lizadas durante a investigação, ou seja, o passo a passo para se chegar aos resultados finais da pesquisa, bem como os materiais e os procedimentos necessários. ( VI ) Refere-se à resposta que se dá a todo o processo de investigação científica, ou seja, aquilo que foi pesquisado precisa ser divulga- do de alguma forma (relatório, artigo científico, comunicação em congressos, mostra de resultados em feiras, etc.). ( I ) Diz respeito à identificação de curiosidades e dúvidas sobre de- terminado fato ou fenômeno que não podem ser respondidas apenas com uma consulta a fontes de informação, requerendo um estudo mais aprofundado, uma investigação mais cuidadosa. ( V ) Compreende a identificação das razões de se realizar determina- da investigação, o apontamento de sua importância, definindo- -se, assim, aonde se pretende chegar com a investigação, ou seja, que respostas se quer alcançar. ( II ) Refere-se à elaboração de respostas possíveis acerca do dado pes- quisado, sejam elas afirmativas, sejam negativas. ( IV ) Diz respeito à necessidade de experimentar soluções ou, então, de coletar dados e analisá-los, a fim de confirmar ou rejeitar as hipóteses levantadas. 14. Releia este trecho: [...] a atividade de IC deverá permitir que o estudante compreenda as implicações políticas e sociais dos conhecimentos científicos produzi- dos pela humanidade, para si e para outros, ao longo da vida. • Quais conhecimentos científicos produzidos pela humanidade tive- ram grande impacto social? Os alunos podem citar desde a descoberta do fogo e a aprendizagem de manipulação desse recurso até os atuais desenvolvimentos tecnológicos. 20 Livro de atividades20 15. Converse com seus colegas sobre as questões a seguir. a) Se você fosse convidado a fazer parte de um projeto de iniciação científica, em que área gostaria de desenvolver sua pesquisa? Justifi- que sua resposta. b) O que você tomaria como objeto de estudo? 16. Reúna-se com alguns colegas e, com base nas orientações presentes no esquema do texto lido, elaborem um esboço de uma intenção de pesquisa. “Esboço” porque, em uma pesquisa de caráter cien- tífico, todos os seus itens precisam ser discutidos e aprimorados; “intenção de pesquisa” porque podemos definir um objeto, mas, se não encontrarmos uma dúvida ou curiosidade que desencadeie uma investigação, teremos de repensar o objeto ou o questionamento acerca dele. Isso significa que a pesquisa está sempre em construção, mas, de qualquer forma, é preciso esboçar uma intenção para que seja desenvolvida. Mãos à obra! Objeto de estudo (área de pesquisa) • O que mexe com a curiosidade de vocês? • Sobre o que gostariam de aprender mais? • A que área do conhecimento esse objeto de estudo pertence? Pergunta de investigação (dúvida, curiosidade ou definição de um problema) Avaliem se a dúvida ou a curiosidade de vocês realmente pode render uma investigação científica ou se uma consulta a uma fonte qualquer de informação pode esclarecê-la. Por exemplo: para responder por que o ouvido entope quando descemos a serra, é necessário entender o funcionamento do ouvido e sua relação com a pressão atmosférica. Justificativa Elaborem uma justificativa convincente para a pesquisa; caso contrário, ela não terá relevância e se tornará perda de tempo. Uma pesquisa relevante é aquela que contribui para o bem comum social, cultural ou politicamente. Hipóteses (suposições) Façam um levantamento de respostas possíveis. Por exemplo: A intensa utilização de aparelho celular ou tablet por crianças pode causar futuros problemas de visão? Procedimentos Considerando a natureza da pesquisa, pensem nos diversos procedimentos que podem ser usados. A resposta à pesquisa pode exigir a realização de enquetes e entrevistas, experimentações, intervenções, pesquisa bibliográfica, etc. Análise e discussão dos dados (apresentação dos resultados) Analisem os dados coletados e apresentem os resultados. Essa é uma das partes mais importantes da pesquisa. A forma mais tradicional de apresentação de resultados é a produção de relatórios, artigos, feiras, seminários, mostras, etc. Usem o formulário para esboçar suas intenções de pesquisa. Antes, porém, definam exatamente os encaminhamentos para que tais inten- ções sejam exequíveis. Produção de texto 5 Fique por dentro Conheça os objetivos dessa proposta de produção de texto: a) Localizar informações explícitas no texto. b) Relacionar o tema do texto a suas expe- riências e a conhecimentos prévios. c) Produzir o esboço de um projeto de pesquisa. Dica: esboço de uma intenção de pesquisa 1. Façam um brainstorming para definir um objeto de estudo que seja do interesse de todo o grupo. 2. Esbocem possíveis dúvidas sobre o objeto de estudo e elaborem perguntas que possam ser respondidas em uma pesquisa científica. 3. Esbocem uma justificativa para o projeto. 4. Elaborem algumas hipóteses, suposi- ções, sobre o objeto ou o tema, as quais podem ser afirmativas ou negativas. 5. Escolham o método de pesquisa (biblio- gráfica, de campo ou experimental) mais apropriado ao objeto de estudo ou ao tema escolhido. 6. A análise dos dados é possível apenas diante da realização efetiva da pesquisa. Portanto, nesse esboço, não há como pre- ver tal análise. Sendo assim, esse tópico fica em aberto. 15. b) O objetivo dessa questão é que os alunos pensem sobre as áreas de que mais gostam e com as quais têm maior afinidade.têm maior afinidade. Você sabia q ue inventaram até um prêmio para as pesquisas mais estapaf úrdias? Ele se chama IgN obel, uma sátira ao ren omado Prêmio Nob el. Encontre mais informações sobre esse prêmio e as pesquisas estranhas em revistas de divulgação científica, como Superinteressante e Mundo Estranho. Formas de pesquisar e de divulgar a pesquisa O RELATÓRIO É UMA DAS FORMAS MAIS USADAS PARA DIVULGAR RESULTADOS DE PESQUISAS CIENTÍFICAS. Agora que você já sabe a importância do desenvolvimento do espírito inves- tigativo, leia um trecho de um relatório de pesquisa, observando as partes que o compõem. O título remete diretamente ao tema da pesquisa e especifica a abordagem. Nesse caso, fica claro que será apresentado um relato de experiência. Os autores são apresentados nominalmente, com a iden- tificação da instituição aque pertencem. Os dados de contato são uma informação opcional. O resumo apresenta informações importantes sobre a pesquisa e o objeto dela, bem como os principais objetivos da investiga- ção. Geralmente, em artigos ou relatórios de pesquisa científica, consta também um resumo em língua estrangeira (comumente em inglês). Dependendo do local de publicação, exigem-se duas línguas estrangeiras. As palavras-chave são indicadoras da área ou do campo de conhe- cimento em que a pesquisa e os temas nela abordados se inserem. Na introdução, contextualiza-se o tema da pesquisa, destacando sua importância. Note que, já na introdução desse texto, os autores se baseiam em outros para fazer certas afirmações. Essas referências são indicadas conforme as normas de trabalhos científicos. Para que você compreenda melhor o gênero relatório, reproduzimos o texto quase na íntegra. Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 6 21 Pr op os ta 6 O GOOGLE ACADÊMICO COMO PLATAFORMA DE PESQUISA NA PRÉ-INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA Artemízia Cyntia Bezerra de Medeiros (Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer de Mossoró – medeiros.artemizia@gmail.com) Nelson Alves de Lara Junior (Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi – nelsonlarajr@gmail.com) Resumo: Este artigo apresenta uma investigação intervencionista realizada du- rante dois anos letivos com 252 alunos dos anos finais do ensino fundamental, no projeto de planejamento, desenvolvimento e exposição da feira de ciências de uma escola localizada no semiárido potiguar, município de Mossoró/RN. Neste estudo são apresentados e discutidos os principais desafios enfrentados pelos es- tudantes na construção do projeto científico, sobretudo para elaborar a contex- tualização da pesquisa, integrando às investigações científicas um embasamento teórico. Destarte, mediante o incipiente acervo disponibilizado pela biblioteca escolar, buscou-se uma alternativa acessível, intuitiva, de alta confiabilidade e capaz de reunir um acervo amplo sobre várias áreas do conhecimento. Assim, os alunos foram apresentados e instruídos a utilizar uma das plataformas cada vez mais diligente na divulgação de textos científicos, o Google Acadêmico. Este trabalho objetiva analisar as possibilidades de melhoria da aprendizagem de conhecimentos científicos de estudantes da educação básica a partir da inser- ção de um novo recurso didático. Os alunos buscaram estratégias e através de uma conduta investigativa transpuseram as dificuldades durante o processo de ensino-aprendizagem e conseguiram apresentar seus resultados em um evento em que eles foram os principais autores. Palavras-chave: ensino investigativo; tecnologia social; letramento científico. [...] 1. Introdução [...] A problematização e o estreitamento do diálogo entre teorias científicas e evidências do mundo real (MUNFORD; LIMA, 2007) sustentam o papel da investigação científica de desconstruir o conhecimento, permitindo aos jovens questionar e observar o meio em que estão inseridos (RODRIGUES, 2009). Dentro desta abordagem, a atividade experimental regular deve ser incorporada ao ensino de forma orgânica a fim de despertar o interesse pela investigação científica, desenvolver habilidades de interesse, senso crítico e de cooperação (ROSA, 1995). 22 Livro de atividades22 Apresentam-se também os sujeitos envolvidos na pesquisa, nesse caso, alunos e professores. Toda pesquisa precisa de uma sustentação teó- rica. Para isso, os autores fazem uma revisão bibliográ- fica e se valem de outros pesquisado- res que já estuda- ram o tema ou o contexto em que este é desenvol- vido, utilizando-os como argumentos de autoridade. Note que, mesmo na introdução, eles se preocupam em referenciar suas afirmações com a indicação de auto- res que sustentam suas ideias. Nos três primeiros parágrafos desse tópico, fundamen- tam-se a aprendi- zagem significativa e a importância da pesquisa. O perfil dos estudantes voltados às tecnologias de informação e comunicação (TIC) desperta a reflexão acerca das novas maneiras de ensino adaptadas a um novo modelo de aluno (DEMO, 2008; PRENSKY, 2001). Dessa forma, os professores são desafiados a agregar prática pedagógica e tecnologias digitais na mediação dos conteúdos (BRITO, 2006), uma vez que as mesmas refizeram a noção do processo de aquisição da leitura e escrita, da interpretação da linguagem e da pesquisa de informações. Nota-se a importância do papel do professor como orientador no uso das novas tecnologias, como, por exemplo, no direcionamento de fontes confiáveis para a execução das atividades acadêmicas (MORAN, 2000). Neste contexto, o Google Acadêmico oferece, de forma simples e gratuita, múltiplas ferramentas de pesquisa da literatura acadêmica, democratizando o acesso a informação. O aprofundamento na literatura acadêmica configura uma importante etapa da me- todologia científica e permite aos alunos a construção de argumentos mais consistentes na oralidade e escrita, amplia o olhar crítico sobre os problemas sociais, proporciona a apropriação de informações relevantes em diferentes áreas do conhecimento e desperta o interesse por novas descobertas (MARTINS et al., 2001). A necessidade de incorporar desde cedo a prática científica à formação das pessoas é inerente a preservação e ampliação das tecnologias e a descoberta de técnicas ou pro- dutos inovadores. Como prerrogativa ao ensino da metodologia científica e incentivo a pesquisa ainda nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as feiras de ciências escolares aparecem como importantes eventos que colaboram para a divulgação e popularização da ciência (PEREIRA et al, 2000). O objetivo deste trabalho foi promover a iniciação científica de estudantes do ensi- no fundamental de uma escola pública utilizando como recurso de pesquisa literária a plataforma Google Acadêmico. 2. Pressupostos teóricos A teoria de Ausubel aponta para quatro elementos centrais na construção do co- nhecimento: a valorização do saber prévio dos alunos para atingir uma aprendizagem significativa; o estabelecimento de novas ideias a partir de um elo com a estrutura cognitiva já consolidada no aluno; a adoção de materiais mais genéricos para auxiliar na incorporação de novos conhecimentos e a assimilação de novos conhecimentos por meio da diferenciação progressiva e da reconciliação integradora (MORAES, 2000). O auxílio do professor é de extrema importância para o desenvolvimento de ha- bilidades processuais nos alunos para que, com o ganho de maturidade, possam ex- plorar o mundo de um modo mais sistemático, organizado e significativo (WARD et al., 2009). O trabalho de John Dewey (1938) remete ideia de investigação do mundo real, relacionando o desenvolvimento científico e tecnológico aos processos de ensino- -aprendizagem. Em sua obra, o pai da educação progressiva, promoveu estratégias de ensino que ajudam os alunos a se empenharem ativamente na aprendizagem de tópicos relevantes para suas vidas. Para propiciar ao educando o papel de sujeito na prática pedagógica escolar, deve-se priorizar, dentre outros aspectos, uma reconfiguração da estrutura didática da escola de ensino fundamental de acordo com os mais recentes avanços e contribuições das ciências com relação ao desenvolvimento da criança e do adolescente (PARO, 2017). O impulso da pesquisa no processo de ensino proporciona ao educando oportuni- dades eficientes de aprendizagem, haja vista que a educação científica agrega situações mais dinâmicas, que permitem ao aluno explorar, conhecer e transformar seu mundo, e o próprio conhecimento e entendimento de sua vida como sujeito (BRASIL, 2009) [...] 23 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 6 23 Nos parágrafos 4 a 6, destaca-se o papel das tecnolo- gias no âmbito da pesquisa e situa-se a ferramenta que dá título ao tra- balho no cenário das tecnologias da informação. Nos parágrafos7 e 8, reafirma-se a importância da pesquisa científica feita pelos alunos e da realização de feiras para a apresentação dos resultados das investigações. No tópico refe- rente à metodo- logia, explicam-se os procedimentos realizados e o tipo de pesquisa desenvolvida. Como a pesquisa é de caráter inter- vencionista, ou seja, tem a inten- ção de interferir em dada realidade para modificá-la, é muito importante a apresentação dos sujeitos envolvidos e do contexto em que ela foi desenvolvida. O surgimento da Internet abriu a porta para o desenvolvimento de técnicas de pesquisa convencionais, como investigações, questionários, experimentos e entrevistas, e permitiu também que os pesquisadores usassem técnicas de busca e recuperação de literatura para localizar e retornar materiais da web a uma taxa exponencial em termos de tamanho e rapi- dez (COHEN et al., 2013). [...] Nessa perspectiva, o Google Acadêmico oferece um vasto acervo de literatura científica e múltiplas ferramentas de pesquisa bastante intuitivas. Dentre os materiais disponibilizados pelo site estão: artigos revisados por especialistas, teses, livros, resumos e artigos de editoras acadêmicas, organizações profissionais, bibliotecas de pré-publicações, universidades e ou- tras entidades acadêmicas. O Google Acadêmico ajuda, ainda, a identificar as pesquisas mais importantes no cenário acadêmico (GOOGLE, 2017). [...] Os projetos de pesquisa científica realizados por estudantes da Educação Básica, para apresentação em feiras de ciências, têm se mostrado uma importante metodologia para despertar o interesse dos alunos pelas mais variadas áreas do conhecimento e propiciado o desenvolvimento de habilidades para a busca de informações e aprendizagem contínua (SANTOS, 2012). O ensino da pesquisa científica surgiu a partir de esforços para envol- ver os alunos nos mesmos processos e atividades de pensamento utilizados pelos cientistas praticantes (RUTHERFORD, 1964). Para isso é necessário que os alunos sejam postos em ambientes de investigação, em que eles possam desenvolver conceitos e ideias científicas a partir de sua própria experiência, isto é, envolver os alunos em uma versão científica do empirismo (EDWARDS; MERCER, 1987). As feiras de ciências oportunizam a democratização do conhecimento científico, a desco- berta de alunos com potencial para a pesquisa e a construção de investigações. Esses eventos têm sido reconhecidos de modo a valorizar a exposição dos trabalhos científicos desenvolvi- dos ao longo do ano letivo nas instituições de ensino (VASCONCELOS et al., 2015). 3. Metodologia A investigação desenvolvida neste trabalho tem caráter qualitativo, que partilha do pressu- posto básico da investigação dos fenômenos humanos (CHIZZOTTI, 2003) e intervencionista, que pode ser vista como uma espécie de estudo de caso, no qual o próprio pesquisador está profundamente envolvido com o objeto de estudo (SUOMALA; YRJÄNÄINEN, 2012). [...] A pesquisa intervencionista também pode ser referenciada como uma técnica capaz de fornecer resultados significativos, posto que o objetivo é unificar a teoria e a prática, a téc- nica estuda o objeto em sua prática cotidiana, sempre no intuito de prover contribuições teóricas relevantes (ANTUNES et al., 2016). As informações contidas neste trabalho são pro- venientes de observações realizadas pelo período de dois anos letivos consecutivos, desde a implantação do projeto da Feira de Ciências na escola em março de 2016 até novembro de 2017. Doravante, o projeto foi consolidado e integra o calendário letivo. 3.1. Local da pesquisa A escola integra a rede municipal de ensino do município de Mossoró, Rio Grande do Norte. A instituição conta com 13 salas de aula, funciona nos turnos matutino e vespertino, oferta desde a modalidade pré-escolar até os anos finais do ensino fundamental, totalizando uma clientela de 657 alunos, tendo passado no ano de 2017 a escola porte II. Nos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9°), dos quais fazem parte os sujeitos que integram esta pesquisa, estão matriculados 421 alunos, sendo em média 35 alunos/sala de aula. A instituição oferta as disciplinas de: Língua portuguesa, Língua inglesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Ensino da arte, Ensino religioso, Educação física e Música. To- dos os docentes são graduados em sua área de ensino e, em maioria, possuem pós-gradua- ção Latu sensu, e alguns, Stricto sensu. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 24 Livro de atividades24 Essa é a parte mais importante do relatório, visto que há a descrição das etapas da pesquisa e, também, das dificuldades encontradas no decorrer do processo. (IDEB) do sexto ao nono ano é de 5,8, bem acima da média das escolas públicas brasileiras 4,5 e das demais do município de Mossoró, 3,7. A instituição não dispõe de laboratório e o acervo bibliotecário é voltado principalmente a títulos literários infantis. A restrição orçamentária limita os recursos de mídia, de modo que os professores revezam seguindo uma lista de reservas. 3.2. A intervenção A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em parceria com a Secretaria do Estado de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC) e a Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer de Mossoró, desenvolve um projeto denominado “Ciência para Todos no Semiárido Potiguar”, que busca despertar o interesse pela investigação científica nos jovens de todas as localidades do semiárido. [...] No início do ano letivo de 2016, a proposta de expor à comunidade escolar o trabalho de investigação científica executado pelos alunos, e como pré-requisito à participação da Feira de Ciência no Semiárido Potiguar, culminou na realização da primeira feira de ciências da escola. Os objetivos principais dessa ação visaram difundir o método da pesquisa científica no contexto escolar, sobretudo no intuito de fazer com que os alunos buscassem ser mais participativos e atuantes na construção do conhecimento, atentassem para a importância em buscar fontes confiáveis de referencial bibliográfico e aperfeiçoar a escrita de textos cien- tíficos. Os alunos apresentaram dificuldades substanciais no decorrer das etapas da pesquisa, incluindo revisão de literatura, escolha das metodologias adequadas e interpretação dos resultados (DE JONG; VAN JOLLINGEN, 1998). Apesar dos muitos obstáculos, os alunos foram orientados sobre o objeto de estudo de sua pesquisa e direcionados aos especialistas durante o processo de investigação (LAKKALA et al., 2005). [...] O primeiro grande empecilho foi a falta de engajamento dos professores que entendiam a feira de ciências como um evento restrito aos conhecimentos da área de Ciências do cur- rículo escolar. Por esse motivo, para a primeira edição da feira escolar, todos os trabalhos foram orientados pela professora de Ciências e, diante da inviabilidade de atender um pú- blico maior, apenas os alunos das turmas dos 9°. anos puderam inscrever seus trabalhos, totalizando 12 projetos. Desmistificar o modelo retrógrado de feiras de ciências com demonstrações pirotécnicas e apresentações orais decorativas e internalizar nos alunos a ideia de como se constrói o conhecimento científico foram outros dois grandes desafios. Aos poucos a metodologia científica foi sendo posta em prática, seguindo os passos re- presentados na Figura 1. Observações do meio Tempestade de ideias Elaboração de hipóteses Revisão de literatura Teste de hipótese Obtenção de resultados Discussão dos resultados Conclusão Publicação Figura 1. Etapas do método científico. Fonte: Adaptado de Azevedo et al. (2016). 25 Produção de texto – 9o. ano – Volume 4 – Proposta 6 25 Nessa parte, ainda é feita, de forma ilustrativa e esquemática, uma retomada das etapas de uma pes- quisa científica. Além disso, destaca- -se o acervo restrito da biblioteca da escola e evidencia- -se a ferramenta de busca como um importante aliado na pesquisa dos
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