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Gabriela Vieira BIOTRANSFORMAÇÃO/METABOLIZAÇÃO • Processo de modificação química de uma molécula/fármaco, visando torna-la mais hidrossolúvel para posterior excreção; algumas substancias, denominadas pró-fármacos, só são ativadas após passarem pelo processo de biotransformação. FÁRMACO ATIVO PRÓ-FÁRMACO (inativo) EXCREÇAO FÁRMACO ATIVO • O fármaco ao ser metabolizado se torna hidrossolúvel (inativa) e é secretado. • O pró-fármaco (inativo) quando é metabolizado, se torna um fármaco ativo, age onde deve agir e depois é excretado. • A biotransformação pode: 1- Formar metabolitos inativos (p/serem excretados) 2- Metabolitos ativos (que também vão ter atividade farmacológica para melhora ou prolongamento do efeito 3- Ativação de pró-fármacos • Quando é pró-fármaco (via oral), essa 1º passagem causa uma perda de quantidade, quando forma metabolito ativo. Sendo assim importante o pró- fármaco para isso: evitar 1º perda. • “Evitar perda de substancia ao passar pelo fígado na primeira vez, ao invés de perder substancia, deixara de ser inativo e será ativo e agirá no corpo” • Principais locais para biotransformação: - Fígado (principal) - Pulmoes - Trato gastrointestinal - Rins Todos os tecidos do corpo são capazes de metabolizar em certo grau. FASES DA BIOTRANSFORMAÇÃO • A biotransformação acontece em duas fases: - Reações de FASE I: 1- Oxidação: a maioria das enzimas encontram-se nos microssomos; mais comum 2- Redução: microssomal ou não microssomal; 3 - Hidrólise: via hidrolases não-microssomais e algumas microssomais. - Reações de FASE II 1- Conjugação • UGTs: super família de enzimas que catalisam a conjugação do ácido glicuronico (glucuroniltransferase) • Outros conjugados: metil, acetil ou glutationa. • Na fase 1 envolve a CYP. • Nem sempre passa pelas duas, pode ser a 1 ou 2 e não são necessariamente consecutivas. • Os fármacos inalatórios passam obrigatoriamente pela fase 2 FARMACOCINÉTICA BIOTRANSFORMAÇAO Gabriela Vieira • Os fármacos orais passam obrigatoriamente pela 1. REAÇOES DE FASE 1 • São catabólicas e seus produtos geralmente são quimicamente mais reativos; • Mais tóxicos ou carcinogênicos que o fármaco normal • Essas reações de fase 1. Normalmente introduzem na molécula um grupo reativo, o grupo hidroxila. • Glicuronídeo: ponto de ataque para o sistema conjugação ligar um substituinte. • O fígado é importante nas reações de fase 1 • Muitas enzimas hepáticas incluindo a CYP, estão inseridas no REL, sendo chamadas de “microssomais”. ENZIMAS MICROSSOMAIS- citocromo P-450 • Dezenas de famílias de genes do citocromo P-450 nos seres humanos, com varias enzimas em uma única célula. • As famílias 1, 2, 3, do citocromo P-450 (CYP1, CYP2 e CYP3) participam da maioria das biotransformações de fármacos em seres humanos. • Mesmo fármaco, várias CYPs • Mesma CYP, vários fármacos. • Enzimas promíscuas (pouco seletivas) • Interaçoes clinicamente significativas. CONJUGAÇAO • É a combinação dos fármacos e/ou seus metabólitos com moléculas pequenas endógenas, visando torna- los mais hidrossolúveis para posterior excreção. • Conjugação com ácido glucuronico: mais comum • As enzimas da conjugação não são microssomais, exceto as que fazem parte da conjugação com o ácido glucuronico. FATORES QUE INTERFEREM NA BIOTRANSFORMAÇÃO 1- Indutores enzimáticos: - Barbitúrico - Etanol - Nicotina - Carbamazepina - Glicocorticoides - Isoniazida • Ocorre aumento da síntese de enzimas, o que determina maior velocidade de biotransformação e correspondente redução na disponibilidade do próprio fármaco indutor ou de outro fármaco, que esteja sendo administrado concomitantemente e utilize a mesma via de metabolização. 2- Inibidores enzimáticos - Cimetidina - Omeprazol - Inseticidas organofosforados - Cetaconazol Gabriela Vieira - Antibióticos macrolídeos (ex: eritromicina) - Cloranfenicol - Tetraciclina • A inibição da atividade das enzimas pode se dar, por exemplo, pela formação de um complexo forte com o ferro hemico do citocromo P450 (ex: cimetidina e cetaconazol) ou pela depleção de co-fatores necessários á atividade de algumas enzimas da fase II • Isto leva a níveis elevados do fármaco original, com maior incidência da de toxicidade do fármaco, principalmente durante administração crônica. 3- Genética - Variaçao na capacidade de metabolizar fármacos entre indivíduos. - Polimorfismo. Ex: isoniazida: sofre acetilaçao no organismo - Isto varia de acordo com o fenótipo: -> Acetiladores rápidos e acetiladores lentos 4- Doenças - Hepatopatias: diminuem metabolização - Nefropatias: diminuem excreção - Cardiopatias: podem reduzir o fluxo sanguíneo para o fígado e comprometer metabolismo de substancias como amitriptilina, morfina, verapamil e lidocaína; 5- Idade - Fetos e recém-nascidos: menor conjugação e atividade enzimática reduzida; - Idoso: atividade metabólica reduzida. 6- Nutriçao: - A glicina (conjugação), originam-se da dieta; - Determinados alimentos podem ser indutores ou inibidores enzimáticos: Brócolis, couve de Bruxelas e carne grelhada: indutores CYP1A2 Suco de torana (grapefruit): inibidor da isoforma CYP 3 A 7- Via de administração - Via oral: a partir da absorção intestinal do fármaco, este é conduzido pela veia porta até o fígado, onde ocorre sua metabolização. Este é o efeito de primeira passagem ou metabolização pré-sistemica, que muitas vezes leva a uma redução na biodisponibilidade do fármaco administrado; - Outras vias de administração, tais como a sublingual, retal e as parenterais, evitam tal efeito. -> Efeito de primeira passagem/metabolização pré- sistemica: Gabriela Vieira EXCREÇÃO Renal (urina): principal via EXCREÇAO Biliar (fezes) Suor, saliva, expiração, lagrima e leite EXCREÇAO BILIAR (FECAL) • A depuração hepática pode ser influenciada por situações de: - Indução ou inibição enzimática - Alteração na circulação hepática - Estase biliar - Doenças do fígado • Recirculação entero-hepática - Os fármacos sofrem glucoronidaçao e que são eliminados via biliar podem sofrer reabsorção intestinal. EXCREÇAO RENAL • A excreção renal se dá graças a três mecanismos que ocorrem nos néfrons: - Filtração glomerular - Reabsorção tubular - Secreção tubular Gabriela Vieira FILTRAÇAO GLOMERULAR • Barreiras seletivas e as forças de filtração: quanto menor o peso molecular de uma substancia, melhor a filtrabilidade. • Fármacos ligados a proteínas plasmáticas não sofrem filtração; • A porcentagem filtrada é inversamente proporcional ao grau de ligação e ao volume de distribuição. • Fluxo sanguíneo renal • Penicilina G benzatina: ligação ás proteínas plasmáticas: 60% SECREÇÃO TUBULAR • Mecanismos de secreção ativa: - Competição e saturação - Independe da ligação ás proteínas plasmáticas • Ex: a probenecida, por bloquear a secreção tubular da penicilina, leva a um aumento da concentração plasmática desta. - Outro exemplo de interação: altas doses de AAS e ácido úrico. • Alguns fármacos que sofrem secreção tubular: - AAS - Lidocaína - Fenobarbital - Quinina - Penicilina - Anfetamina - Furosemida - Cocaína - Lidocaina - Morfina Gabriela Vieira REABSORÇÃO TUBULAR • Em alguns casos, após sua filtração a substancia pode retornar para a circulação, graças ao processo de reabsorção tubular. • As formas não-ionizadas dos fármacos e seus metabólitos também tendem a sofrer reabsorção. • A forma ionizada é melhorexcretada • O grau de ionização pode varias o pH local. ATENÇAO • Ocorre diminuição da excreção renal com o avançar da idade; • No entanto, estatísticas apontam que entre indivíduos maiores de 65 anos: - 90% utilizam um ou mais tipos de medicamentos por semana; - 40% mais do que cinco diferentes tipos de medicamentos por semana; - 12% mais do que dez diferentes tipos de medicamentos por semana. CINÉTICA DA ELIMINAÇÃO • Cinética de ordem zero: a taxa de depuração permanece constante a despeito do aumento dos níveis plasmáticos do fármaco ou da droga. Isso pode resultar em concentrações plasmáticas perigosamente elevadas, que podem causar efeitos tóxicos (ou até mesmo letais). • Cinética de primeira ordem: sua eliminação aumenta á medida que a sua concentração plasmática aumenta, até a saturação dos mecanismos de excreção. Atenção: algumas substancias (ex: fenitoína, álcool) tem cinética de saturação (de ordem zero) em concentrações terapêuticas. - A taxa de depuração não consegue aumentar com concentrações plasmáticas crescentes do fármaco. RISCO! Gabriela Vieira CLEARENCE • Volume de plasma que fica livre de uma determinada substancia por unidade de tempo (L/h/70kg) VOLUME DE DISTRIBUIÇAO • Fármacos confinados no compartimento plasmático: heparina; Vd pequeno. • Fármacos que se acumulam fora do plasma (ex: gordura), o Vd pode excrever o Vcorporal total. • É dito volume “aparente” de distribuição pois pode ultrapassar em muito o volume corporal total. TEMPO DE MEIA VIDA • Tempo de meia-vida de eliminação: tempo necessário para que a concentração de um fármaco no plasma decaia pela metade. • É inversamente proporcional á sua depuração e diretamente proporcional ao seu Vd NOTA CLÍNICA: PQ CONHECER O VD? DOSE DE ATAQUE: • Steady state: Conforme as doses são periodicamente administradas, o fármaco começa a se acumular no organismo, de forma que em um determinado momento a dose administrada é a mesma necessária para repor o excretado. Logo, o pico plasmático atingido é sempre o mesmo após cada dose. Dizemos, assim, que foi atingido o steady state, ou seja, estado de equilíbrio. • São necessarias cerca de 4-5 meias-vidas para que o steady state seja atingido. Gabriela Vieira • Como atingir o steady state? • Dose inicial de ataque + doses de manutenção Ou • Doses repetidas durante cerca de 4-6 meias-vidas PLANEJAMENTO POSOLÓGICO • As doses devem repor aquilo que foi excretado, tendo em vista o estado de equilíbrio; EXEMPLO DE APLICAÇAO:
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