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Complicações trans-operatórias. EExxooddoonnttiiaa O melhor e mais fácil caminho para controlar uma complicação cirúrgica é prevenir que ela ocorra. A prevenção de complicações cirúrgicas é mais bem executada através de uma minuciosa avaliação, um amplo plano de tratamento e uma cuidadosa execução do procedimento cirúrgico. Fratura de agulha anestésica. A fratura das agulhas anestésicas pode ocorrer por encurvamento intencional da agulha pelo cirurgião-dentista antes da injeção, movimentos bruscos e inesperados do paciente e contato vigoroso com o osso. Radiografia panorâmica evidenciando agulha anestésica fraturadadurante anestesia do nervo alveolar inferior. ● Como prevenir. → Não forçar a introdução da agulha quando houver resistência. → Aplicar a injeção com segurança, técnica e conhecimento. → Não introduzir totalmente a agulha nos tecidos. → Não realizar a punção anestésica sem avisar o paciente (a fim de evitar movimentos bruscos). ● Como agir: → O profissional deve orientar o paciente a não realizar movimentos. → Se o fragmento da agulha estiver visível, deve-se buscar removê-lo com uma pinça mosquito. → Caso o fragmento esteja imerso nos tecidos, um serviço de referência hospitalar deverá ser procurado para avaliação da condição. HEMORRAGIA TRANSOPERATÓRIA O tratamento imediato inicial se dá através de algumas etapas: 1. Manobras transcirúrgicas. O tecido mole deve ser cuidadosamente inspecionado quanto à presença de qualquer artéria específica que esteja sangrando. Se houver, esta deve ser controlada com pressão direta (com uso de algum instrumento sobre a região sangrante, como um sindesmótomo ou descolador) ou pela apreensão da artéria com uma pinça hemostática por 5 minutos ou até que o sangramento seja controlado. O cirurgião-dentista também deve checar o sangramento ósseo. Às vezes, um pequeno e isolado vaso sangra de um forame ósseo. Se isso ocorrer, o forame deve ser ocluído com a ponta de algum instrumento (como o sindesmótomo) por 5 minutos ou até que o sangramento seja controlado. Ainda, como alternativa, podemos realizar a aplicação de cera para osso. Aplicaremos essa substância no interior do alvéolo com finalidade de controlar o sangramento. 2. Sutura em massa 3. Hemostasia por compressão Solicitar que o paciente morda uma gaze por 30 minutos e que o mesmo permaneça no consultório durante este período. Após 30 minutos, o cirurgiãodentista deverá reavaliar a ferida e checar se houve regressão do sangramento. O cirurgião-dentista não deve dispensar o paciente até que a hemostasia seja alcançada Se o sangramento persistir, o cirurgião-dentista deverá tomar medidas adicionais. Muitos materiais diferentes podem ser colocados no alvéolo para auxiliar a hemostasia: → Esponjas hemostáticas absorvíveis (ex: Hemospon®): após recortar o tamanho necessário da esponja, devemos aplicá-la diretamente na área que necessita de hemostasia, exercendo ligeira pressão. Após controle do sangramento, a esponja é deixada no interior do alvéolo, onde será absorvida. Se o sangramento for em alguma região exposta e que não permita sua estabilização, podemos deixar a esponja no local até que o sangramento esteja controlado e, então, retirá-la. → Gaze embebida em adrenalina: uma gaze embebida em solução com adrenalina pode ser aplicada diretamente no local de hemorragia. Pressionar por 5 minutos e retirar após controle do quadro. → Uso de ácidos (ácido aminocapróico ou ácido tranexâmico): estes medicamentos possuem apresentação em comprimidos ou injetável. Em caso de comprimido, podemos triturar o mesmo e aplicá-lo diretamente no alvéolo ou na região sangrante. Em caso injetável, necessitaremos realizar a aplicação via endovenosa. → Injeção de vitamina K: Pode ser subcutânea, intramuscular ou endovenosa. Auxilia no controle através dos fatores de coagulação. Se após todas tentativas de controle, o sangramento ainda persistir, o serviço de emergência deve ser contatado. Fratura do ápice radicular O problema mais comum associado à extração de um dente é a fratura de suas raízes. Raízes longas, curvas, divergentes e que se encontram em osso denso são as mais prováveis de serem fraturadas. ● Como prevenir? → Realizar uma cirurgia cuidadosa. → Se o dente apresentar resistência durante a luxação, devemos realizar odontossecção. → Se o acesso não estiver adequado, utilizar a técnica de extração aberta (removendo o osso para diminuir a quantidade de força necessária para extrair o dente). DESLOCAMENTO DE RAIZ DENTÁRIA As raízes dentárias mais comumente deslocadas para dentro de espaços anatômicos são as raízes de molares superiores. ● Como agir? 1. Identificar o tamanho da raiz deslocadas para o interior do seio maxilar. 2. Avaliar se existe alguma infecção no dente ou nos tecidos periapicais. 3. Avaliar a condição pré-operatória do seio maxilar (observar a presença de infecção associada ao seio maxilar, pois é mais difícil tratar uma raiz deslocada para um seio que está ou que tenha sido cronicamente infectado). ● Tratamento imediato Se o fragmento do dente que foi deslocado é pequeno (2 ou 3 mm) e nem dente nem o seio têm infecção preexistente, o cirurgião-dentista poderá fazer uma breve tentativa para remover a raiz: irrigar através da abertura alveolar e, então, sugar a solução irrigada do seio via alvéolo, permitindo a expulsão do fragmento radicular. Se essa técnica não for bem-sucedida, nenhum procedimento cirúrgico adicional deverá ser realizado através do alvéolo e o fragmento radicular deverá ser deixado no seio. Um pequeno e não infectado ápice radicular poderá ser deixado, porque é improvável que cause alguma sequela inoportuna. Entendemos que, nessa situação, uma cirurgia adicional causará maior morbidade ao paciente do que a não intervenção. Se o ápice da raiz é deixado no seio, devem ser tomadas medidas similares àquelas tomadas quando algum fragmento radicular é deixado no interior do alvéolo dentário. O paciente deve ser informado da decisão e deve receber instruções pós-operatórias peculiares para monitoramento regular da raiz e do seio. Além disso, deverá se realizar o mesmo tratamento e abordagem dos casos de comunicação bucosinusal. Encaminhamento e tratamento com cirurgião bucomaxilofacial Existem 3 casos onde o dente deverá ser removido: 1. O pequeno fragmento dentário deslocado possui infecção prévia (ex: periodontite). 2. Paciente com infecção sinusal prévia (ex: sinusite crônica). 3. O fragmento deslocado tem um tamanho grande ou é, até mesmo, o dente inteiro. FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR A causa mais provável de fratura do processo alveolar é o uso de força excessiva com o fórceps, que fratura grandes porções da lâmina cortical. Se o cirurgião-dentista perceber que uma força excessiva é necessária para remover um dente, deve-se lançar mão de técnica de exodontia aberta (retalho mucoperiostal, osteotomia e, se necessário, odontossecção). A idade do paciente também é um fator importante para considerarmos, pois o osso de um paciente mais velho tende a ser menos elástico e, dessa forma, mais suscetível à fratura do que à expansão. Dentes com processos alveolares aderidos. ● Como prevenir? → Exame pré-operatório (clínico e radiográfico) e planejamento cirúrgico. → Não utilizar força excessiva. → Usar técnicas cirúrgicas para reduzir a força requerida (ex: técnica aberta). ● Como agir? 1. Reposicionar adequadamente o tecido mole, permitindo que o osso remanescente possa ser reparado de forma correta. 2. O profissional deve também suavizar as bordas ósseas, que podem ter sido causadas pela fratura. Se existirem tais arestas cortantes, deve-se lançar mão de instrumentos para plastia óssea (como pinça goiva, lima para osso e, até mesmo,instrumentos rotatórios). LUXAÇÃO DE DENTE ADJACENTE O uso inapropriado de instrumentos para extração pode luxar um dente adjacente. Essa luxação é evitada pelo uso criterioso da força com alavancas e fórceps. ● Como prevenir? → Se o dente a ser extraído está comprimido e sobreposto aos dentes adjacentes, conforme comumente é visto na região de incisivos inferiores, um fórceps fino e estreito pode ser útil à extração. → Os fórceps com a extremidade larga devem ser evitados, pois causarão lesão e luxação dos dentes adjacentes. ● Como agir? 1. Se um dente adjacente é significantemente luxado ou parcialmente avulsionado, o tratamento proposto é a reposição do dente em sua posição apropriada e sua estabilização através de contenção semirrígida para que uma cicatrização adequada ocorra. COMUNICAÇÃO BUCOSINUSAL A remoção dos dentes superiores ocasionalmente resulta em comunicação entre a cavidade bucal e o seio maxilar. Por isso, após a exodontia de dentes posterosuperiores, o cirurgião-dentista deve realizar a manobra de Valsalva. Técnica de vasalva. Pressionar as asas nasais bilateralmente do paciente (obstruindo as narinas) e solicitar a ele que expire o ar pelo nariz, mantendo a boca aberta. Na presença de comunicação, o ar será expirado através do alvéolo para ointerior da cavidade bucal, provocando um ruído característico de escape e o borbulhamento do sangue, acumulado no próprio alvéolo dentário. ● Como agir? Se ocorrer comunicação bucosinusal, devemos estar atentos às duas sequelas mais preocupantes: sinusite pós-operatória e formação de fístula crônica bucosinusal. Para isto, o tratamento imediato para o fechamento da comunicação está indicado: 1. Retalho mucoperiostal vestibular é tracionado e alojado sob mucosa palatina previamente descolada. 2. Sutura em U horizontal. Após este fechamento principal, suturas simples isoladas podem ser associadas. 3. Analgesia e antibioticoterapia (para estes casos, a indicação é penicilina por14 dias). 4. Orientar o paciente a não repetir a Manobra de Valsava em casa, não assoar o nariz, evitar movimentos de sucção (como o uso de canudinhos e tomar chimarrão) e não fumar. Além disso, se o paciente sentir vontade de espirrar, o mesmo deve realizá-lo de boca aberta, diminuindo a pressão na região. 5. Remoção de sutura pode iniciar no 7º dia pós-operatório pela incisão relaxante e finalizando na área de comunicação/alvéolo a partir do 14º dia pós-operatório. Tratamento tardio É mais complexo e deverá ser realizado por um cirurgião bucomaxilofacial. Por isso, a verificação adequada da manobra de Valsalva no transoperatório é imprescindível.
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