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RESUMO – EPISTEMOLOGIAS DO SUL 1. Capitulo 1: Para alem do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes · O pensamento moderno ocidental é um pensamento abissal, no qual ocorre uma divisão entre o pensamento visível e o invisível. · Ocorre, então, uma distinção entre "este lado da linha" e o "outro lado da linha". · A característica principal desse tipo de pensamento é a impossibilidade de co-existência dos dois tipos de pensamento, é comum um se tornar invisível em relação ao outro. · O pensamento abissal é capaz de destacar distinções entre as formas de pensamento. · as distinções visíveis de um lado se baseiam na invisibilidade do outro lado da linha. · tal pensamento cede à ciência moderna o direito de dizer o que é verdadeiro ou falso e em decorrência a isso ocorre o detrimento da filosofia e teologia, · de um lado da linha existe conhecimentos, considerados irreais como crenças, opiniões, magias e do outro lado ciência, filosofia e teologia. · conhecimentos populares e leigos desaparecem. · " No campo do direito moderno, este lado da linha é determinado por aquilo que conta como legal ou ilegal de acordo com o direito oficial do estado ou o direito internacional.". · nesse quesito - ciência e direito - o pensamento abissal elimina/desconsidera o que esta do outro lado da linha. · Existia ainda uma terceira zona: zona colonial · tudo que não pudesse está no campo do verdadeiro ou falso, legal ou ilegal estaria, então, nessa zona colonial. · não representa o legal ou o ilegal, mas o sem lei · A zona colonial é considerada o território dos pensamentos incompreensíveis · As amity lines · século XVI · de um lado paz, amizade, verdade do outro a lei do mais forte, violência · as leis éticas e jurídicas que funcional de um lado não se aplicam do outro. · Mesmo nos primórdios da sociedade, Roseau escreve no Contrato Social que mesmo no momento em que os homens deixam o estado de natureza para formarem uma sociedade ainda co-existe com o estado de natureza pois o mesmo não desaparece por completo, apenas uma parte da sociedade estabelece tal ato. O pensamento abissal, no entanto, torna tais perspectivas inexistentes quando coloca toda atenção apenas na sociedade e esquece a existência de um estado de natureza que não desaparece por completo. · Ao considerar-se sempre superiores e os demais inferiores (aqueles que estão na zona colonial) justifica as invasões e ocupação territorial nas colonias chamando-os de sub-humanos e;um "receptáculo vazio". · A apropriação e a violência se diferenciam no pensamento abissal: · apropriação seria incorporação, cooptação e assimilação · violência seria a destruição física, material, cultural e humana · " A humanidade moderna não se concebe sem uma sub-humanidade moderna.". · quando uma parte da humanidade se firma como moderna ocorre uma negação da outra. · essa negação de uma parte continua a ocorrer ainda hoje nos dias atuais. 1.1. A divisão abissal entre regulação/emancipação e apropriação/violência · as linhas abissais tem deslocado-se e sofreram dois grandes abalos. · lutas anticoloniais · 1970 e 1980 · O regresso colonial e o regresso do colonizador · o regresso colonial é uma resposta abissal para uma intromissão do colonial na sociedade que se mostra de três formas: o terrorista, o imigrante indocumentado e o refugiado. · o colonial começa a entrar na nos espaços metropolitanos e ter mais mobilidade. · em contrapartida, o metropolitano, se vê com pouco espaço e tenta remarcar a linha abissal. · a linha abissal que antes era bem definida começa a se tornar sinuosa. · ex: muro da segregação israelita na Palestina, categoria 'combate inimigo legal' apos o 11 de setembro. · também ocorre o regresso do colonizador, surgindo formas de governo colonial. · se mostra como um governo indireto: retira regulação social e serviços públicos são privatizados. As obrigações dos governos passam para empresas privadas que controlam a vida das pessoas. · a ascensão de um fascismo social, no qual a parte mais forte controla a mais fraca. Podemos destacar três formas de fascismo social: fascismo do apartheid social ( exclusão através de uma linha cartográfica), fascismo contratual ( a parte mais fraca aceita os termos por não ter alternativas) e fascismo territorial ( o controle do Estado é tomado por pessoas com forte capital patrimonial). · os Estados começam a tomar atitudes sem considerar direitos e garantias sob o pretexto da sua salvaguarda ou mesmo expansão. · " A modernidade ocidental só poderá expandir-se globalmente na medida em que viole todos os princípios". · "Direitos humanos são desta forma violados para poderem ser defendidos, a democracia é destruída para garantir a sua salvaguarda, a vida é eliminada em nome da sua preservação. · O fascismo social se prolifera de duas formas: · Pós-contratualistas: quem antes fazia parte do contrato social começa a ser excluído (trabalhadores e classes populares). · Pré-contratualistas: bloqueia o acesso à cidadania. · O fascismo social pode coexistir com a democracia. · O conceito de direito moderno está mudando. Começa a surgir um novo tipo de direito o soft law (direito mole). Um direito cujo cumprimento é voluntário. Tal direito se assemelha muito com o direito colonial na qual a aplicação dependia muito mais da vontade do colonizador. · " Como o fascismo social coexiste com a democracia liberal, o Estado de excepção coexiste com a normalidade constitucional, a sociedade civil coexiste com o estado de natureza, o governo indireto coexiste com o primado do direito.". 1.2. Cosmopolitismo Subalterno · Diante de formas de governo como o fascismo social é necessária uma forte resistência que seja alternativo e pós-abissal. · O cosmopolitismo subalterno é um novo movimento ainda em surgimento, para vê-lo é necessário observar por meio de uma sociologia de emergências. · É um vasto movimento de redes, iniciativas, organizações e movimentos que lutam contra a exclusão social, politica, econômica e cultural. Estas iniciativas tentam tentam redistribuir os recursos baseados no principio de igualdade e reconhecimento da diferença. ***O pensamento pós-abissal parte de um pressuposto de que a diversidade do mundo é inesgotável e que tal diversidade continua desprovida de de uma epistemologia adequada. 1.3. Pensamento Pós-abissal como um pensamento ecológico · O pensamento pós-abissal entende que a exclusão social tem diferentes formas de acordo com a linha abissal ou não-abissal. · Precisamos reconhecer o pensamento abissal e só assim podemos pensar e adir além dele. Sem tal reconhecimento continuamos a pensar sempre direcionados ao pesamento abissal e só aprofundar as linhas abissais. · "O pensamento pós-abissal é um pensamento não-derivativo, envolve uma ruptura radical com as formas ocidentais modernas de pensamento e ação.". · " O pensamento pós-abissal pode ser sumariado como um aprender com o Sul usando uma epistemologia do sul". Confronta a ciência com uma ecologia de saberes. · Ecologia de saberes: baseia-se na ideia de que o conhecimento é inter conhecimento, existem mais conhecimentos além do cientifico. · Condições para um pensamento pós-abissal · Co-presença radical ( práticas e agentes dos dois lados da linha aparecem igualmente). · " A ecologia dos saberes procura dar consistência epistemológica ao pensamento pluralista e propositivo.". · Na ecologia de saberes ignorância e saberes acabam se cruzando na medida que para aprender algo é necessário esquecer algo ou até mesmo ignora-los. · É necessário,portanto, analisar o que está sendo aprendido e o que está sendo esquecido. · Na ecologia de saberes está sendo buscado credibilidade também para conhecimentos não científicos, ou seja, está sendo buscada formas alternativas e plurais na própria ciência para, assim, promover uma interação entre saberes científicos e não-científicos. · O conhecimento possui limites internos e externos. · Os saberes ecológicos firmam-se assim em uma critica radical do possível sem desconsiderar o impossível · A ecologiados saberes se constrói a partir de perguntas e respostas incompletas, uma visão mais abrangente do que já conhecemos e por isso um conhecimento prudente permitindo a abertura de novos horizontes epistemológicos e o exercício da auto-reflexividade.
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