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Reconposição da vegetação nas florestas tropicais

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Prévia do material em texto

JAIR MESSIAS BOLSONARO
Presidente da República
TEREZA CRISTINA CORRÊA DA COSTA DIAS
Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
VALDIR COLATTO
Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro
JAINE ARIÉLY CUBAS DAVET
Diretora de Cadastro e Fomento Florestal
PAULO HENRIQUE MAROSTEGAN E CARNEIRO
Diretor de Concessão Florestal e Monitoramento
FERNANDO CASTANHEIRA NETO
Coordenador-Geral de Fomento e Inclusão Florestal
VITO ENZO GENESI
Coordenador de Fomento e Inclusão Florestal
BRUNO MALAFAIA GRILLO 
CLARISSA MARIA DE AGUIAR
DÉBORA SILVA CARVALHO
FLAVIA REGINA RICO TORRES
GRACIEMA RANGEL PINAGÉ
RUBENS RAMOS MENDONÇA
TITO NUNES DE CASTRO
RUBENS RAMOS MENDONÇA
Equipe Técnica
GRACIEMA RANGEL PINAGÉ
TITO NUNES DE CASTRO
RUBENS RAMOS MENDONÇA
CLARISSA MARIA DE AGUIAR
PETER WIMMER
Conteudistas
FELIPE RIBEIRO 
INGO ISERNHAGEN
Revisão Técnica 
AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTO LTDA.
Projeto Gráfico e Ilustração
1 A recomposição da vegetação e sua re lação com as mudanças climáticas e a conservação das 
florestas 6
Apresentação 7
1. Introdução 8
1.1. Conceitos sobre recomposição 9
1.2. Conhecendo melhor as florestas tropicais 11
1.3. As estruturas da floresta tropical úmida 13
1.3.1. Composição florestal 13
1.3.2. A Biogeografia da Floresta Amazônica 16
1.4. Recomposição e a sua importância 20
1.4.1. Instrumentos legais e políticos 22
1.5. Lei de Proteção da Vegetação Nativa 24
Encerramento do módulo 1 31
2 Planejamento da recomposição da vegetação 32
2.1. Introdução 33
2. Planejamento da recomposição 34
2.1. Diagnóstico das áreas a serem recompostas 34
2.1.1. Localização e mapeamento da paisagem 35
2.1.2. Vegetação remanescente 38
2.1.3. Qualidade do solo 39
2.1.4. Logística das áreas 41
2.2. Definição dos métodos de recomposição 42
2.3. Planejamento econômico 44
2.4. Cronograma 46
Encerramento do módulo 2 47
3 Métodos de recomposição da vegetação nativa 48
1. Introdução 49
2. Regeneração Natural 50
3. Transposição de solo florestal superficial ou “topsoil” 51
4. Plantios de Adensamento 52
5. Plantio mecanizado de sementes em área total 53
6. Plantio de mudas em área total 54
SUMÁRIO
7. Plantios de enriquecimento 56
8. Sistemas Agroflorestais (SAFs) 57
9. Nucleação 59
Encerramento do módulo 3 61
4 Implantação, manutenção do plantio e monitoramento da recomposição 62
1. Introdução 63
2. Preparo do solo 64
3. Abertura de aceiros e instalação de cercas 66
Encerramento do módulo 4 84
5 Coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes florestais 85
1. Introdução 86
2. As sementes 87
Encerramento do módulo 5 102
6 Produção de mudas de espécies florestais 103
1. Introdução 104
2. Viveiros Florestais 105
2.1. Viveiros temporários x viveiros permanentes 106
2.2. Critérios para implantação do viveiro 107
2.2.1. Facilidade de acesso 108
2.2.2. Quantidade e qualidade de água 108
2.2.3. Drenagem 109
2.2.4. Orientação geográfica e proteção contra o vento 109
2.3. Insumos necessários para a produção no viveiro 110
2.3.1. Recipientes 110
2.3.2. Substratos 112
2.3.3. Tipos de substratos 112
2.4. Métodos de produção de mudas 113
2.4.1. Germinação 113
2.4.2. Dormência 114
2.4.3. Dormência exógena 114
2.4.4. Quebra de dormência exógena 115
2.4.5. Dormência endógena 116
2.4.6. Quebra de dormência 116
2.4.7. Teste de qualidade 117
2.4.8. Pureza 117
2.4.9. Germinação 118
2.5. Semeadura 118
2.5.1. Densidade 119
2.5.2. Época 119
2.5.3. Abrigo 119
2.6. Sequência operacional de atividades no viveiro 120
2.7. Elaboração de projetos de viveiros florestais 122
2.8. Monitoramento das mudas 123
2.8.1. Parâmetros morfológicos 123
Encerramento do módulo 6 125
7 Geração de renda pela recomposição florestal 126
1. Introdução 127
2. Importância da geração de renda para o sucesso da recomposição em larga escala 128
Encerramento do módulo 7 143
Referências Bibliográficas 144
MÓDULO 1 
A recomposição da vegetação e 
sua re lação com as mudanças 
climáticas e a conservação das 
florestas 
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 17
Apresentação
Olá! Eu sou o Altair, técnico extensionista da região, e irei conduzir este curso com 
a analista ambiental Carol. Os fazendeiros Eliana e João também irão partilhar as 
experiências e dúvidas sobre os temas que serão apresentados.
CAROL
TÉCNICO
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 18
Para começar, faremos uma introdução sobre o tema recomposição 
florestal, que é muito discutido hoje no Brasil e no mundo, sendo de 
grande importância o seu entendimento. Nesse curso, vamos abordar as 
principais orientações para a recomposição da vegetação em florestas 
tropicais, a partir das etapas de coleta, beneficiamento e armazenamento 
de sementes, produção de mudas e construção de viveiros. Para 
complementar, vamos estudar os principais métodos de recomposição, 
os recursos necessários, bem como acompanhar todo o seu processo de 
implementação e monitoramento.
Vale lembrar que todas as atividades mencionadas detêm princípios 
técnicos e legais muito claros e bem definidos, estando estabelecidas 
em legislação específica, como leis, decretos, portarias e instruções 
normativas, que também serão apresentadas durante os módulos.
Vamos lá conhecer mais sobre como recompor a nossa floresta!
1. Introdução
TÉCNICO
CAROL
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 19
O Serviço Florestal Brasileiro adota os termos Recomposição ou 
Recuperação, definidos no Decreto n° 8.972/2017 – Política Nacional 
de Recuperação da Vegetação Nativa. Vamos apresentar, a seguir, o 
conceito de acordo com o Decreto:
1.1. Conceitos sobre recomposição
Recuperação ou recomposição da vegetação nativa - restituição da cobertura 
vegetal nativa por meio de implantação de sistema agroflorestal, de 
reflorestamento, de regeneração natural da vegetação, de reabilitação ecológica 
e de restauração ecológica.
Importante
Fazer recuperar o uso ou o estado anterior deste.
Restituição
Segundo o World Agroforestry Center - ICRAF, os SAFs são “sistemas baseados na dinâmica, 
na ecologia e na gestão dos recursos naturais que, por meio da integração de árvores na 
propriedade e na paisagem agrícola, diversificam e sustentam a produção, com maiores 
benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos aqueles que usam o solo em 
diversas escalas”.
Sistema agroflorestal (SAFs)
Agora vamos entender cada um deles?
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 110
Intervenção humana planejada visando à melhoria das funções de ecossistema degradado, 
procurando desencadear o restabelecimento mais próximo da composição, da estrutura e 
do funcionamento do ecossistema preexistente.
Reabilitação ecológica
Produto da intervenção humana intencional em ecossistemas alterados ou degradados 
para facilitar ou acelerar o processo natural de sucessão ecológica.
Restauração ecológica
Plantação de espécies florestais, nativas ou não, em povoamentos puros ou não, para 
formação de uma estrutura florestal em área originalmente coberta por florestas.
Reflorestamento
Processo pelo qual espécies nativas se estabelecem em área alterada ou degradada a ser 
recuperada ou em recuperação, sem que este processo tenha ocorrido deliberadamente 
por meio de intervenção humana.
Regeneração natural da vegetação
Restituição de cobertura vegetal com espécies nativas por meio de plantios de mudas ou 
semeadura direta visando reabilitação e/ou restauração ecológica com a implantação de 
estratégias de plantios como sistema agroflorestal, reflorestamento ou mesmo regeneração 
natural da vegetação.
Recuperação ou recomposição da vegetação nativa
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 111
1.2. Conhecendo melhor as florestas 
tropicais
Temos nossas práticas e costumes, então 
estamos felizes porcontar agora com 
o apoio de vocês para este processo de 
recomposição.
Conte com a gente, Eliana e João. Mas 
para realizar a recomposição é necessário 
entender as características da vegetação 
que pretendemos recompor, pois cada 
área apresenta uma disposição própria 
conforme o local de ocorrência.
As principais características das florestas tropicais são:
• Clima quente (devido à proximidade com a linha do Equador); e
• Grande diversidade de espécies. 
Essas florestas estão localizadas na região entre os trópicos, mais precisamente 
na América Central e México, na América do Sul, na África, no sudeste Asiático e em ilhas do 
Oceano Pacífico.
De acordo com a FAO (2012), são divididas em três categorias: tropicais secas, tropicais 
estacionais e tropicais úmidas.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 112
• Apresentam um longo período seco (5 a 8 meses), onde todas as árvores perdem as 
folhas nesta época;
Exemplo: Bioma Caatinga.
Florestas tropicais secas
• Apresentam um período seco (3 a 5 meses), onde algumas árvores perdem suas 
folhas durante esse período.
Exemplo: Manchas de vegetação no Bioma Mata Atlântica.
Florestas tropicais estacionais
• Apresentam ou não uma estação seca que pode variar de 0 a 3 meses;
Exemplo: Bioma Amazônia.
No próximo item, daremos destaque as características da floresta tropical úmida.
Florestas tropicais úmidas
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 113
1.3. As estruturas da floresta tropical úmida
1.3.1. Composição florestal
As florestas são formadas por milhares de espécies que apresentam diferentes tamanhos, 
formas e funções dentro do ecossistema florestal. Em relação ao tamanho e forma dessas 
espécies, podemos dividir a floresta em quatro estratos (altura): herbáceo, sub-bosque, 
dossel e emergente.
Emergente: árvores altas que ultrapassam o 
dossel.
Dossel: patamar superior da floresta correspon-
dendo à mais alta camada de folhas, caules e 
pequenos ramos expostos;
Sub-bosque: conjunto de plântulas e plantas 
jovens que crescem abaixo do dossel florestal;
Herbáceo: camada de ervas (planta não lenhosa 
e terrestre), subarbustos (planta de base 
lenhosa e ápice herbáceo), trepadeiras (planta 
de hábito escandente de forma ampla), sendo 
estas herbáceas (vinhas) ou lenhosas (lianas) 
e arbustos (planta lenhosa ramificada desde a 
base) com até 1,30m.
* Planta recém brotada ou muito nova.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 114
Para cada estrato, podemos identificar e quantificar em uma determinada área a:
Densidade de indivíduos: número de indivíduos por hectare;
Área basal: área ocupada pela circunferência dos indivíduos por hectare;
Distribuição espacial: forma de distribuição dos indivíduos na floresta, se em grupos, 
espaçados etc.
Estrutura florística: como as diferentes espécies se distribuem nos diferentes estratos 
e locais da floresta.
Distribuição diamétrica: frequência dos indivíduos por tamanho de seus diâmetros;
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 115
As espécies da floresta apresentam diferentes estratégias de crescimento e sobrevivência, 
que se adaptam à natureza conforme os recursos disponíveis. Entre estes grupos temos:
• Espécies primárias que possuem crescimento rápido (atingindo rapidamente o 
dossel), necessitando de maior iluminação para seu crescimento, com ciclo de vida 
reduzido e produzem grande quantidade de sementes, que ficam bastante tempo 
no solo esperando melhores condições para se desenvolver. Essas espécies se 
desenvolvem melhor após algum distúrbio na floresta, como por exemplo a abertura 
de uma clareira na floresta. Exemplo: Açaí (Euterpe sp.), Paricá (Schizolobium 
amazonicum (Vell)) e Maricá (Mimosa bimucronata).
• Espécies secundárias e clímax crescem em condições de luz reduzida, possuem ciclo 
de vida longo produzindo sementes em menor quantidade. As espécies desse grupo 
são capazes de desenvolver plântulas dentro do sub-bosque da floresta. Exemplo: 
Jatobá (Hymenaea courbaril var. stilbocarpa), Copaíba (Copaifera sp.) e Sobrasil 
(Colubrina glandulosa Perkins).
• Espécies intermediárias possuem comportamentos situados entre os dois casos 
citados anteriormente, mudando o comportamento de crescimento após atingirem 
certos níveis da floresta.
• Nestes casos, no momento de escolher as espécies para o plantio, é importante 
reconhecer as espécies de diferentes estratégias de ocupação do ambiente, aquelas 
de recobrimento ou seja aquelas que não apenas crescem rápido, mas produzem 
grande biomassa de folhagem e assim são capazes de competir com as invasoras, 
ao mesmo tempo sejam relativamente fáceis de sair do sistema quando forem 
substituídas naturalmente pelas espécies de diversidade e crescimento mais lento, 
que são aquelas fundamentais na estruturação final da restauração ou seja, as 
espécies clímax.
Grupos ecológicos sucessionais
A mortalidade e a formação de clareiras ocorrem o tempo todo dentro da floresta. Quando 
um indivíduo adulto de estrato arbóreo morre, abre-se uma clareira que beneficia as 
espécies de crescimento rápido. Estas sombreiam relativamente rápido a área, facilitando 
o crescimento de espécies tolerantes à sombra. Isso transforma a floresta em uma junção 
de unidades florestais em diferentes processos de sucessão (clareiras em processo de 
fechamento de dossel, áreas com vegetação madura, entre outros) criando um mosaico 
dinâmico.
Esses parâmetros auxiliam no entendimento da composição e da dinâmica da floresta 
e devem ser observados durante a recomposição da vegetação possibilitando, assim, 
acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da floresta como um todo.
Mosaicos
Nessa mesma área podemos observar a evolução da floresta ao longo do tempo, diante das 
seguintes observações:
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 116
1.3.2. A Biogeografia da Floresta Amazônica
A Floresta Amazônica é considerada a maior floresta tropical do mundo e está localizada 
no norte da América do Sul, abrangendo os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, 
Pará, Roraima, norte do Mato Grosso e Tocantins e oeste do Maranhão, além de menores 
proporções nos países Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e no 
território da Guiana Francesa.
Mapa da Amazônia continental Mapa dos biomas
Fonte: IBGE, adaptado SFB
A Floresta faz parte do bioma Amazônico, no qual ocupa 49,29% do território nacional, 
aproximadamente 4.196.943 km2, representando o maior bioma do Brasil (SNIF).
* Bioma: um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação 
contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes 
e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma 
diversidade de flora e fauna própria(IBGE, 2005).
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 117
O clima predominante da região é o equatorial úmido, devido à proximidade com a linha 
do Equador, apresentando pouca variação de temperatura ao longo do ano, com médias 
anuais de 26 a 27°C. 
As chuvas são abundantes com médias de precipitação anuais de 2.300 mm. Quanto à 
hidrografia, a região norte abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, a Bacia Amazônica, 
onde os rios mais importantes da região são o rio Amazonas e o rio Tocantins.
Clima
O relevo Amazônico apresenta áreas de planície 
(terrenos com pouca variação de altitude) que são 
constantemente inundadas pela água dos rios, 
áreas de depressões (tipo de relevo aplainado, 
onde são encontradas colinas baixas) e áreas de 
planaltos (terrenos com superfície elevada), como 
o planalto das Guianas.
Mapa de altitude do Brasil
(https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/
atlas/mapas_brasil/brasil_fisico.pdf).
Relevo
A vegetação da FlorestaAmazônica está intimamente ligada ao clima, ao solo e ao relevo.
Devido à influência do clima e das diferentes formações geológicas e de relevo, os solos 
amazônicos são geralmente arenosos com uma fina camada de nutrientes resultantes do 
processo de decomposição de folhas, galhos, frutos e animais mortos, possibilitando o 
crescimento de uma rica floresta com uma enorme biodiversidade e diferentes formações 
florestais, são elas (IBGE, 2012):
Floresta Ombrófila Densa ou floresta tropical úmida ou pluvial: vegetação formada 
por árvores de grande porte, sendo a vegetação mais presente na floresta amazônica. Essa 
formação florestal foi subdividida em cinco categorias de acordo com as variações das 
faixas de altitude são elas: Altomontana, Montana, Submontana, Terras Baixas e Aluvial.
Solo e Vegetação
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 118
Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.
Floresta Ombrófila Aberta: possui um dossel mais aberto devido à grande presença de cipós 
ou palmeiras ou bambus ou sororocas;
Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.
O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade do mundo natural, 
em espécies, populações dessas espécies e a diversidade genética.
Formações florestais se refere àos diferentes tipos de vegetação arbórea, como a Mata de Araucarias, 
Cerradão, Mata de bambus na Amazônia, etc.
Ombrófila é um termo em grego que quer dizer amigo da chuva.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 119
Campinarana florestada ou Caatinga da Amazônia e Caatinga-Gapó: esse tipo de vegeta-
ção apresenta árvores menores e com troncos mais finos em relação as florestas ombrófilas 
e ocorrem no alto rio Negro (noroeste do Amazonas) e no médio rio Branco (sul de Roraima);
* Sororoca ou banana-da-mata, planta da família da banana, que se parece com ela, mas sem 
frutos, de matas úmidas.
Campinarana arborizada ou Campinarana e Caatinga-Gapó: ocorre nas mesmas localidades 
da campinarana florestada, porém em locais com solos mais arenosos, apresentando árvores 
menos desenvolvidas.
Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) disponível em IBGE, 2012.
Mapa da vegetação da Amazônia.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 120
1.4. Recomposição e a sua importância 
CAROL
Pessoal, quero ressaltar que manutenção dos serviços ambientais e a conservação 
da biodiversidade já representam razões importantes para recompor uma área 
degradada ou alterada, mas vale incluir ainda a exigência legal e os compromissos 
internacionais do Brasil.
Exatamente, Carol! Desta forma, as florestas representam 
uma grande fonte de recursos naturais, gerando riqueza 
ambiental e socioeconômica. Entre os serviços ambientais 
destacamos a manutenção do ciclo das águas, absorção de 
carbono, polinização e dispersão de sementes, controle de 
enchentes e erosões. Em termos socioeconômicos, a coleta 
e comercialização dos produtos florestais madeireiros e não-
madeireiros geram segurança alimentar e renda para diversas 
famílias.
Serviços ambientais: trata-se dos benefícios que as pessoas obtêm da natureza direta ou indiretamente, 
através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta, como proteção contra erosão, água 
potável, solos férteis e muitos outros.
Absorção de carbono: as plantas, enquanto crescem, retiram gás carbônico do ar – uma árvore adulta 
tem cerca de 40% de seu peso de carbono.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 121
A degradação ou alteração de uma área pode ocorrer por diversas ações, 
tanto naturais, quanto antrópicas (causada por ação do homem), entre elas:
• pecuária extensiva; 
• exploração predatória de madeira e produtos não-madeireiros; 
• agricultura de corte e queima; e 
• agricultura mecanizada de grãos.
Essas atividades foram e continuam sendo atrativas economicamente, 
entretanto, causam degradação das florestas e a redução de bens e 
serviços ambientais, comprometendo o bem-estar das gerações presentes e 
futuras, como também podem reduzir o potencial produtivo das atividades 
destacadas acima.
O relatório “O Futuro Climático da 
Amazônia”, aponta o importante pa-
pel da floresta na regulação do clima, 
destacando a sua capacidade em 
manter a umidade do ar, possibili-
tando que ocorram chuvas dentro do 
continente, longe dos oceanos, como 
o fenômeno dos rios voadores.
Este fenômeno ocorre da seguinte 
forma: os ventos alísios (ventos que 
sopram de leste para oeste) carregam 
vapor d’água que vem do oceano 
Atlântico para a região amazônica, 
gerando chuvas e fazendo mover os 
rios voadores. Essa umidade avança 
até atingir a Cordilheira dos Andes, onde ocorre uma nova precipitação forman-
do as cabeceiras dos rios da Amazônia. A umidade que atinge a região andina em 
parte retorna para o Brasil, podendo gerar precipitações nas regiões centro-oes-
te, sudeste e sul.
Saiba mais
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 122
1.4.1. Instrumentos legais e políticos
A recomposição da vegetação obrigatória, quando 
ocorrer, é definida na Lei n° 12.651 de 2012, que trata 
sobre a Proteção da Vegetação Nativa, também conhe-
cida como Novo Código Florestal. É a lei que traz regras 
sobre como se deve usar a terra e proteger as florestas 
brasileiras. Essa lei determina quais as áreas de vege-
tação nativa que toda propriedade e posse precisam 
ter, a Reserva Legal (RL) e a Área de Preservação Per-
manente (APP), como também em que condições pode 
realizar intervenções na vegetação nativa como sua 
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima 
florestal, o controle da origem dos produtos florestais, 
o controle e prevenção dos incêndios florestais, e a pre-
visão de instrumentos econômicos e financeiros para o 
alcance de seus objetivos.
O Brasil assumiu o compromisso internacional de recompor doze milhões de hectares de áreas 
desmatadas e degradadas, perante a Convenção da Diversidade Biológica e a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).
Essas duas Convenções, juntamente com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à 
Desertificação e Mitigação dos efeitos da seca, foram elaboradas durante a Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 
1992, a Rio 92, na qual reuniu representantes de 179 países, onde foi consolidada uma agenda 
global para minimizar os problemas ambientais mundiais.
Um dos resultados mais importantes da Convenção-Quadro, foi a criação do Protocolo de 
Quioto em 1997 durante a COP3 (Conferência entre as Partes), no qual estabeleceu metas de 
redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) para países desenvolvidos, considerados 
os responsáveis históricos pela mudança atual do clima. O Protocolo entrou em vigor em 
2005, onde foi estabelecido que os países desenvolvidos deveriam reduzir 5% das emissões 
em relação aos níveis de 1990. O Brasil aderiu ao Protocolo em 2002.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 123
Em 2015, na COP 21, foi aprovado um novo acordo global, o Acordo de Paris, que possui metas 
de redução de emissões de gases de efeito estufa para todos os países, desenvolvidos e em 
desenvolvimento, definidas nacionalmente conforme as prioridades e possibilidades de cada 
um. O Brasil fez o compromisso de reduzir as emissões dos GEEs em 37% abaixo dos níveis de 
2005 até o ano de 2025 e 43% para o ano de 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a 
participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% 
até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma 
participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética 
em 2030.
Outro compromissointernacional relacionado ao tema ambiental, foi o Desafio de Bonn 
em 2011, onde foi estabelecido meta mundial de 150 milhões de hectares em processo de 
restauração até 2020 e ampliado para 350 milhões de hectares restaurados até 2030.
* Gases de efeito estufa são as substâncias gasosas que absorvem o calor (radiação infravermelha) e 
impedem que ele se dissipe no espaço, esquentando a atmosfera da terra.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 124
1.5. Lei de Proteção da Vegetação Nativa
A Lei n° 12.651/2012 estabelece regras para a recomposição das áreas de Reserva Legal e a 
Área de Preservação Permanente para todas as propriedades rurais. Vamos entender agora a 
relação das áreas de um imóvel rural com a regularização ambiental, seus serviços e produção 
sustentável.
Áreas de APP e RL
As áreas de RL e APP são áreas de grande importância socioambiental. A proteção de rios, 
nascentes e lagoas contribui para a manutenção de boas fontes de água. A vegetação 
dos morros e ribanceiras ajuda a proteger o solo, diminuindo a possibilidade de erosão e 
deslizamentos. Sendo assim, a manutenção da vegetação nativa nessas áreas contribui para 
manter o clima mais agradável, conservar os recursos hídricos e permitir a sobrevivência dos 
animais silvestres, além de outros serviços ecossistêmicos. 
Cada imóvel rural precisa ter em sua área uma porcentagem de Reserva Legal. Confira os 
dados.
Amazônia legal
Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Para, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do 
Maranhão
área de floresta:
área de de 
campos gerais:
Demais regiões 
do país
área de cerrado:
80%
35%
20%
20%
Em relação à Área de Proteção Permanente (APP), as seguintes áreas deverão estar protegidas 
tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais:
APP de curso d’água – São matas ciliares que formam faixas na beira de qualquer rio ou 
riacho, mesmo quando o rio é do tipo que seca uma vez ao ano. O tamanho da APP varia de 
acordo com a largura desse rio dentro do imóvel rural e deve ser medida a partir da borda da 
calha do leito regular desse rio.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 125
APP de lagos e lagoas naturais – São as faixas de vegetação em volta de espelhos d’água 
naturais. Quanto maior o lago ou lagoa, maior deve ser a faixa de mata.
Nascentes – São os lugares onde nascem os rios. Também são conhecidas como cabeceiras, 
olhos-d’água, minas ou fontes. Devem ter uma faixa de vegetação de 50 m em seu entorno.
Topos de morro, montanhas, montes e serras, com altura mínima de 100 metros e 
inclinação média maior 25º – A vegetação deve ser preservada em pelo menos 1/3 da 
parte superior das elevações muito inclinadas. 
Altitudes maiores que 1800 m – Não importa o tamanho do imóvel, a regra é a mesma: 
trata-se de APP e deve ser preservada.
Encostas ou parte de encostas com declividade superior a 45º: As elevações mais 
inclinadas do terreno antes de chegar ao topo de um morro, como os paredões de uma 
montanha, também devem ter a vegetação protegida.
Veredas: Aqui cresce a palmeira buriti, em um solo encharcado conhecido como brejo. A 
regra para essa APP, no caso de pequenos imóveis rurais, é manter uma faixa de vegetação 
com 50 metros contados a partir do brejo.
Há outras condições em que as áreas podem ser enquadradas como APP conforme 
estabelecido na Lei, como o entorno de reservatórios de águas artificiais que foram 
represadas, as bordas de tabuleiros ou chapadas. As restingas e manguezais do ambiente 
costeiro também são consideradas APP e devem ser preservadas em toda a sua extensão.
Vale lembrar que existem três possibilidades das áreas de APPs sofrerem intervenções ou 
supressões da sua vegetação, são elas: 
• hipótese de utilidade pública; 
• interesse social;
• atividades eventuais ou de baixo impacto social.
REGRA GERAL
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 126
A Lei 12.651/2012 trouxe novidades em relação a regularização ambiental de todas as 
propriedades rurais. A inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) é o primeiro passo para 
obtenção da regularidade ambiental do imóvel, e contempla: 
• Dados do proprietário, possuidor rural ou responsável direto pelo imóvel rural; 
• Dados sobre os documentos de comprovação de propriedade e ou posse; e 
• Informações georreferenciadas dos limites do imóvel, das áreas de interesse social e 
das áreas de utilidade pública, com a informação da localização dos remanescentes de 
vegetação nativa, das APPs, das Áreas de Uso Restrito (AUR), das áreas consolidadas 
e das RLs.
Recomposição de APP e RL
Área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, 
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;
Saiba mais: http://www.car.gov.br/#/
Caso as propriedades rurais não estejam de acordo com a legislação devido à retirada 
irregular de remanescentes de vegetação nativa para uso alternativo do solo, como 
roçado, plantações e construções, os proprietários e/ou possuidores, deverão recompor 
essas áreas conforme estabelecido na Lei n° 12.651/2012.
Os Programas de Regularização Ambiental - PRA - referenciados na Lei nº 12.651/12, e nos 
Decretos nº 7.830/12 e nº 8.235/14, restringem-se à regularização ambiental das Áreas de 
Preservação Permanente - APP, de Reserva Legal - RL e de uso restrito desmatadas até 
22/07/2008, ocupadas por atividades agrossilvipastoris, que poderá ser efetivada mediante 
recuperação, recomposição, regeneração ou compensação. A compensação aplica-se 
exclusivamente às Áreas de Reserva Legal – RL suprimidas até 22/07/2008. 
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 127
Ao aderir ao PRA, e enquanto estiverem sendo cumpridas as obrigações estabelecidas 
no PRA ou no Termo de Compromisso para a regularização ambiental, o proprietário/
possuidor tem acesso aos seguintes benefícios:
• suspensão de sanções administrativas decorrentes de autuações por infrações 
cometidas antes de 22 de julho de 2008, relacionadas à supressão irregular de 
vegetação em Reserva Legal, caso existam;
• suspensão da punibilidade dos crimes previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, 
de 12 de fevereiro de 1998, cometidos até 22 de julho de 2008;
• manutenção de atividades nas Áreas de Preservação Permanente, uso restrito e de 
Reserva Legal desmatadas até 22 de julho de 2008;
• acesso a apoio técnico e incentivos financeiros criados em âmbito federal, estadual 
ou municipal que poderão incluir medidas indutoras e linhas de financiamento para 
atender, prioritariamente, às pequenas propriedades ou posses rurais familiares, nas 
iniciativas de (i) Recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente e de 
Reserva Legal; (ii) Recuperação de áreas degradadas; e (iii) Promoção de assistência 
técnica para regularização ambiental e recuperação de áreas degradadas.
• om a efetiva regularização do imóvel rural, as multas das autuações cometidas serão 
consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação 
da qualidade do meio ambiente, e será extinta a punibilidade.
Identificada na inscrição a necessidade de recomposição de vegetação nativa, o proprietário 
ou possuidor de imóvel rural poderá solicitar de imediato a adesão ao Programa de 
Regularização Ambiental - PRA, sendo que, com base no requerimento de adesão ao PRA, 
o órgão estadual competente convocará o proprietário ou possuidor para assinar o termo 
de compromisso.
Para recompor, o proprietário e/ou possuidor rural pode aderir ao Programa de Regulariza-
ção Ambiental – PRA que representa um conjunto de ações ou iniciativas a serem desenvol-
vidas com o objetivo de adequar e promover a regularização ambiental de imóveis rurais. 
Ao aderir ao PRA, os proprietários e/ou possuidores rurais que retiraram de forma irregular 
a vegetação de APPs, RLs e AURs antesde 22 de julho de 2008, ficam isentos de autuação 
por infrações. Destacamos que todo imóvel rural que tenha área de RL em extensão inferior 
ao estabelecido poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA.
Aqueles que não aderirem ao PRA não terão acesso aos benefícios acima listados, e deverão 
responder nas esferas civil, penal e administrativa sobre os ilícitos cometidos objetos dos 
PRA (infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de 
vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito).
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 128
Como o CAR será analisado pelo órgão ambiental estadual/distrital, as providências acima 
indicadas provavelmente dar-se-ão à medida que o órgão competente notificar o detentor 
do imóvel rural para cumpri-las. A análise é uma espécie de fiscalização das informações 
declaradas, a partir da qual o órgão identifica passivos ambientais e notifica o proprietário/
possuidor para resolvê-los, seja no âmbito do PRA ou não.
Atualmente, a informação para a sociedade da regularidade ambiental do imóvel rural está 
atrelada à situação e à condição do CAR do imóvel rural, que são informações públicas 
hoje. À medida que o CAR é analisado pelo órgão competente, a situação e a condição do 
CAR vai se alterando até chegar à situação e condição de regularidade ambiental do imóvel 
rural.
Formas de Recompor a Reserva Legal
 A recomposição da RL pode ser feita por meio das seguintes técnicas, que podem ser 
combinadas entre si: 
1. Regeneração natural da vegetação na área de RL; 
2. Plantio; 
3. Compensação da Reserva Legal. 
No caso de recomposição poderá ser feito o plantio intercalado de espécies nativas com 
exóticas ou frutíferas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: 
1. O plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de 
ocorrência regional; 
2. A área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% (cinquenta por 
cento) da área total a ser recuperada.
É possível fazer a exploração econômica da RL, mas sempre com manejo sustentável 
previamente aprovado pelo órgão ambiental.
A recomposição da vegetação de APP varia de acordo com o tamanho do imóvel rural e o 
tipo de APP (beira de rios, lagos, lagoas, etc), e pode ocorrer das seguintes formas:
• Condução da regeneração natural;
• Plantio de espécies nativas;
• Plantio de espécies lenhosa, perenes ou de ciclo longo, misturando nativas e exóticas 
em até 50% da área total a ser recomposta. 
Para imóveis que apresentavam APP ocupadas antes de 22 de julho de 2008, a Lei 
12.651/2012 apresenta regras específicas de acordo com o tamanho da área (módulo fiscal) 
de cada propriedade.
Formas de Recompor APPs
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 129
Exceções da porcentagem de Reserva Legal para a Amazônia:
a. Os empreendimentos que realizaram desmatamentos na Amazônia entre 1989 
e 1998, respeitando o limite de 50%, estão desobrigados de recomposição até 
80%. Caso possuam excedente acima dos 50%, estes podem ser usados para 
compensação.
b. O percentual pode ser reduzido para até 50% se:
I) o estado tiver Zoneamento ecológico-econômico e mais de 65% do seu 
território ocupado por unidades de conservação regularizadas ou terras 
indígenas homologadas, considerando-se o ponto de vista do Conselho Estadual 
de Meio Ambiente.
II) o município tiver mais da metade de sua área ocupada por unidades de 
conservação ou terras indígenas homologadas.
Saiba mais
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 130
Para saber mais consulte a legislação ambiental
• Lei Federal 12.651/2012: Institui a nova legislação ambiental e apresenta 
as regras para proteção e restauração da vegetação nativa.
• Decreto Federal 7.830/2012: Dispõe sobre o Sistema de Cadastro 
Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural e estabelece normas de 
caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental. 
• Instrução Normativa 2/2014 do MMA: Dispõe sobre os procedimentos 
para a integração, execução e compatibilização do Sistema de Cadastro 
Ambiental Rural-SICAR e define os procedimentos gerais do Cadastro 
Ambiental Rural-CAR.
• Decreto nº 8.235 de 5 de maio de 2014: Estabelece normas gerais 
complementares aos Programas de Regularização Ambiental. 
• Resolução Conama 429/2011: Dispõe sobre a metodologia para 
Restauração de APP. 
• Resolução Conama 425/2010: Trata de critérios para Agricultura Familiar 
dos povos e comunidades tradicionais como de interesse social para fins 
de produção, intervenção e restauração de APP.
• Resolução Conama 369/2006: Considera de utilidade pública, interesse 
social ou de baixo impacto ambiental as agroflorestas realizadas em Área 
de Preservação Permanente em propriedade de Agricultura Familiar. 
• Instrução Normativa 005/2009 do MMA: trata de procedimentos 
metodológicos para restauração e recuperação das APP e RL, incluindo as 
agroflorestas como forma de restauração. 
• Lei Federal 9.985/2000: Apresenta regras para as áreas protegidas no 
Brasil, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. 
• Lei Federal 11.326/2006: Apresenta definições para a Agricultura Familiar 
e Empreendimentos Familiares Rurais.
Saiba mais
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS MÓDULO 131
Encerramento do módulo 1
TÉCNICO
CAROL
Neste módulo, apresentamos os conceitos sobre recomposição e 
conhecemos um pouco mais sobre as florestas tropicais. Também 
abordamos as estruturas da floresta tropical úmida, sua composição 
florestal e a biogeografia da floresta amazônica. Tratamos ainda, 
sobre a recomposição da floresta e sua importância, e sobre seus 
instrumentos legais e políticos.
Um outro assunto importante que vimos neste 
módulo foi relacionado a Lei de Proteção da 
Vegetação Nativa, destacando as áreas de 
APP e RL, sua recomposição e as formas de 
recompor.
No próximo módulo falaremos sobre o plane-
jamento da recomposição da vegetação.
MÓDULO 2 
Planejamento da 
recomposição da vegetação
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 33
MÓDULO 2
2.1. Introdução
Até aqui, foi possível entender a 
importância da recomposição, além 
da preservação de áreas. Mas como 
podemos colocar isto em prática?
João, para a recomposição de uma área, é 
importante elaborar um projeto que descreva 
as etapas de planejamento, implantação, 
manutenção e monitoramento.
A etapa de planejamento tem por objetivo detalhar as atividades necessá-
rias para implantar todas as etapas, com base em um diagnóstico da área, 
ou seja, um estudo sobre a situação atual dessa área (localização, qualida-
de do solo e vegetação remanescente). A partir desse diagnóstico, é pos-
sível identificar o método de recomposição mais adequado e assim calcu-
lar os custos de implantação da técnica indicada, como também planejar 
quando será realizada cada atividade de cada etapa.
Nesse módulo vamos apresentar as principais etapas de um bom planejamento de recom-
posição. 
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 34
MÓDULO 2
2. Planejamento da recomposição
2.1. Diagnóstico das áreas a serem 
recompostas
Pessoal, o diagnóstico das áreas alteradas ou degradadas é o primeiro passo para o 
planejamento e o seu objetivo é trazer uma visão da situação atual da área, ou seja, sua 
localização, se existe vegetação ainda presente (vegetação remanescente) e qual a qualidade 
do solo. O levantamento dessas informações permite escolher melhor as atividades de 
recuperação necessárias para a área, abordando inclusive a importância de identificar e cessar 
ou ao menos mitigar o fator de degradação. Vamos entender cada uma delas?!
TÉCNICO CAROL
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 35
MÓDULO 2
2.1.1. Localizaçãoe mapeamento da 
paisagem
Este é o primeiro passo para o diagnóstico da recomposição da vegetação, 
seja para regularização ambiental do imóvel, para fins econômicos ou para 
conservação. 
Esta atividade é realizada a partir da localização e mapeamento de todas 
as áreas presentes no imóvel rural, por exemplo:
• Áreas remanescentes da vegetação nativa;
• Rios, lagos e nascentes;
• Estradas;
• Construções;
• Áreas com inclinação acima de 45°; e
• Áreas produtivas existentes.
O mapeamento traz uma maior clareza da situação ambiental e produtiva do imóvel rural 
ao localizar todas as estruturas, áreas produtivas e áreas com vegetação remanescente.
IMPORTANTE - Neste momento identificamos as Áreas de Preservação Permanente (APP) e 
a Reserva Legal (RL), já descritas no módulo anterior.
A seguir serão apresentados alguns métodos que podem ser utilizados para o mapeamento 
do imóvel rural.
O CAR é uma ferramenta estratégica 
para o mapeamento da propriedade. 
Ele gera um mapa com as informações 
detalhadas das áreas e atividades 
presentes no imóvel rural. Ao final, o 
proprietário ou possuidor consegue 
visualizar a situação quanto à necessi-
dade de recomposição da vegetação.
h t t p : / / w w w . f l o r e s t a l . g o v . b r /
documentos/car/3-manual-car-
modulo-de-cadastro/file
Cadastro Ambiental Rural (CAR)
http://www.florestal.gov.br/documentos/car/3-manual-car-modulo-de-cadastro/file
http://www.florestal.gov.br/documentos/car/3-manual-car-modulo-de-cadastro/file
http://www.florestal.gov.br/documentos/car/3-manual-car-modulo-de-cadastro/file
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 36
MÓDULO 2
Atualmente a internet disponibiliza várias imagens de satélite que podem ser úteis para 
compreender a paisagem do imóvel rural e entorno, tais como:
• Conexões entre fragmentos florestais; 
• Áreas degradadas ou alteradas dos rios, lagos e nascentes;
• Áreas de vegetação nativa; 
• Áreas produtivas; e 
• Áreas construídas.
Imagens de satélite
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 37
MÓDULO 2
A identificação das áreas também pode ser realizada com a elaboração de um desenho das 
áreas do imóvel rural.
IMPORTANTE – As informações indicadas no mapa ou croqui devem ser verificadas em 
campo para garantir que estão de acordo com a realidade.
Croqui
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 38
MÓDULO 2
2.1.2. Vegetação remanescente
A vegetação remanescente é toda a vegetação que está presente em uma área, composta 
por espécies nativas e/ou exóticas nos mais diversos estágios de sucessão.
Dessa forma, a vegetação remanescente irá auxiliar na identificação do nível de intervenção 
necessária para recompor a área, por exemplo:
1. Áreas alteradas/degradadas que apresentam uma diversidade de espécies nativas 
de árvores e arbustos e/ou estão próximas a fragmentos de vegetação nativa são 
mais favoráveis à regeneração natural, por possibilitar a dispersão de sementes das 
plantas presentes no local e entorno (disponíveis para germinação, estoque no solo 
ou, ainda, migração para outras áreas);
2. Áreas que apresentam um maior grau de alteração/degradação e/ou estão longe 
de fragmentos de vegetação nativa possuem menor potencial de regeneração 
natural, exigindo maior interferência. A situação se torna ainda mais difícil no caso da 
presença de gramíneas exóticas invasoras, tais como as braquiárias (Urochloa spp.), 
o capim-colonião (Panicum maximum), o capim-elefante (Pennisetum purpureum) 
e o capim-gordura (Melinis minutiflora), que dificultam a regeneraçãode espécies 
nativas.
Espécies nativas: são originárias do local em questão.
Espécies exóticas: são aquelas cujo local de origem é outro que não o que está sendo analisado. Uma 
espécie pode ser exótica em um lugar e nativa em outro.
Fragmentos da vegetação: áreas de vegetação natural interrompidas por barreiras antrópicas ou 
naturais, como estradas, áreas de plantio, rios largos, etc.
Exóticas invasoras: são espécies exóticas que se reproduzem de maneira muito agressiva em determinado 
local, ameaçando as espécies nativas.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 39
MÓDULO 2
2.1.3. Qualidade do solo
O solo é o resultado da transformação e desgaste da camada de rocha da superfície da 
Terra devido à ação da chuva, ventos, temperatura e organismos vivos. Ele é composto por 
elementos sólidos, como minerais e matérias orgânicas, água, ar e numerosos organismos 
vivos, como fungos, insetos, bactérias e minhocas. Possui um papel de extrema importância 
para a vegetação, pois promove o suporte das raízes e a nutrição mineral das plantas.
Examinando os solos em um perfil horizontal ou vertical, se observa que o solo possui 
camadas (horizontes). Os horizontes são formados por processos de degradação da rocha e 
o depósito de sedimentos de natureza diversa ao longo do tempo e apresentam diferentes 
características, como: cor, profundidade, textura e porosidade. São classificados como:
• Horizonte O – camada mais superficial do solo com predominância de restos de 
plantas e animais;
• Horizonte A – primeiro horizonte mineral, com grande acúmulo de matéria orgânica, 
sendo o horizonte mais afetado pela atividade agrícola;
• Horizonte B – horizonte com maior concentração de argila e com pouca matéria 
orgânica, formado por partes bastantes desagregadas da rocha-mãe;
• Horizonte C – horizonte pouco atingido pelo processo de degradação da rocha, 
contendo pedaços de rocha que ainda estão se transformando em solo;
• Rocha – rocha-mãe não alterada.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 40
MÓDULO 2
O mesmo horizonte irá se diferenciar em cada tipo de solo em relação ao tamanho, 
cor, textura, composição química, sendo que alguns horizontes podem estar ausentes, 
principalmente, devido à idade de formação do solo ou algum processo erosivo.
A qualidade do solo está diretamente ligada ao processo de formação desse e, 
principalmente, ao histórico de uso e a situação atual da área, principalmente ao modo de 
produção (agrícola, pecuária ou florestal).
Uma boa qualidade do solo, para recomposição, deve considerar a dinâmica entre a 
estrutura física, os nutrientes e os organismos vivos que interagem com este.
Os solos cobertos por vegetação e/ou matéria orgânica mantêm a ciclagem de nutrientes 
e o protegem da ação das chuvas, do sol e do pisoteio de animais. Em solos descobertos, 
ocorre o aumento dos processos erosivos, favorecendo a perda de solo e o aparecimento 
de sulcos de erosão e voçorocas, gerando prejuízo em sua estrutura e na disponibilidade 
de nutrientes. Com isso, é necessário um maior investimento inicial, como, por exemplo, 
introdução de plantas de cobertura e adubação do solo.
Estrutura física do solo é como se distribuem os componentes sólidos, gasosos e líquidos do solo, e a 
textura deles.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 41
MÓDULO 2
2.1.4. Logística das áreas
A origem das plântulas (mudas e sementes) a serem usadas na recomposição 
devem ser, prioritariamente, de procedência local ou o mais próximo possível 
da área a ser recomposta. Isso garante que as plantas estejam adaptadas 
as condições climáticas locais, dando maiores condições para o sucesso da 
recomposição.
Importante
A logística está relacionada ao acesso ao local 
da recomposição e de produção de mudas, é um 
conjunto de fatores decisivos no planejamento e 
escolhas das técnicas para recomposição, podendo 
influenciar nos custos das atividades. Deve ser 
considerado na área:
• Relevo (plano ou inclinado) – indica a 
possibilidade de mecanização;
• Acesso e condições das estradas – indica a 
facilidade de acesso e deslocamento para a 
área e dentro dela; e
• Distância entre áreas de coleta de sementes, 
viveiros e locais de compra de insumos – 
determina o custo de transporte dos produtos 
necessáriospara a recomposição.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 42
MÓDULO 2
2.2. Definição dos métodos de recomposição
Como podemos decidir o método para a 
recomposição do nosso terreno?
Existem diversos métodos de recomposição 
da vegetação que se diferenciam por grau e 
período de intervenção, custos e tempo para a 
vegetação se recuperar.
TÉCNICO
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 43
MÓDULO 2
Para a definição do método, é importante ter clareza sobre a finalidade da recomposição, 
sendo compatível com os recursos disponíveis. Entre as finalidades, podemos destacar:
• Cumprir a exigência legal no processo de regularização do imóvel rural;
• Agregar renda com a integração de espécies agrícolas e florestais; e
• Conservação dos recursos naturais.
Dentre as estratégias de recomposição, podemos destacar:
Para áreas degradadas:
• Transposição de solo florestal superficial ou “topsoil”;
• Plantio direto de sementes em área total, com espécies de recobrimento e/ou 
diversidade;
• Plantio de mudas em área total, com espécies de recobrimento e/ou diversidade;
• Nucleação, com plantio de sementes, mudas e estruturas para atrair polinizadores e 
dispersores
• Plantio de enriquecimento com transposição de solo florestal superficial ou “topsoil”, 
ou semeadura direta e/ou plantio de mudas;
• Consórcio nativas e exóticas ex. Sistemas Agroflorestais – SAFs.
A descrição de cada método será detalhada no próximo módulo.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 44
MÓDULO 2
2.3. Planejamento econômico 
O planejamento econômico é uma etapa fundamental, pois ele garante a sustentabilidade 
financeira do projeto. É necessário saber quanto de recursos se tem disponível para 
investimento e qual será a estimativa de custo do projeto. 
Para isso, deve-se listar todas as atividades previstas, incluindo as atividades de manutenção 
e monitoramento do projeto e fazer uma estimativa de custos de cada atividade, conforme 
exemplo a seguir.
Atividade Item
Valor unitário 
(R$/unidade)
Unidade Quantidade Valor Total (R$)
Plantio de 
mudas
Mudas 500,00 1000 mudas 3 (mil mudas) 1.500,00
Adubo 15,00 Saco (50 kg) 1 15,00
Combustível 
do trator
4,00 Litros 75 300,00
Mão de obra … … … …
… … … … …
… … … … … …
Total
Soma de todos os 
custos
* Os valores demonstrados aqui são exemplos e não refletem a realidade.
Exemplo
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 45
MÓDULO 2
Vale lembrar que cada metodologia possui custos diferenciados que serão 
diretamente relacionados à estrutura regional onde se localiza o projeto, ao nível 
de degradação da área e aos recursos já disponíveis na propriedade rural. De 
forma geral, o momento da implantação (preparo do solo e plantio) é o mais caro. 
No entanto, é importante que se planeje recursos adicionais para a manutenção 
dos plantios (roçadas, capinas, prevenção ao ataque de formigas e replantio) e 
para o monitoramento.
Atenção
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 46
MÓDULO 2
2.4. Cronograma
O cronograma é fundamental para organizar e planejar as atividades de implantação, 
manutenção e monitoramento, conforme exemplo ao lado.
Vale lembrar: as atividades de manutenção e monitoramento devem ser planejadas por 
um período de pelo menos 3 anos após o plantio, para garantir o sucesso da recomposição.
Atividade Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Aquisição das mudas
Preparo do solo
Controle de formiga
Controle de gramíneas
Transporte das mudas
Plantio
Manutenção
Replantio
Monitoramento
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 47
MÓDULO 2
Encerramento do módulo 2
TÉCNICO
Neste módulo, falamos sobre o planejamento da recomposição 
da vegetação e o diagnóstico das áreas a serem recompostas, 
além da localização e o mapeamento da paisagem, bem como 
sobre o Cadastro Ambiental Rural. Por fim, tratamos sobre a 
vegetação remanescente, a qualidade do solo e a logística 
das áreas e sobre a definição dos métodos de recomposição, 
planejamento econômico e sobre o cronograma.
No próximo módulo iremos abordar os 
métodos de recomposição da vegetação 
nativa.
MÓDULO 3 
Métodos de recomposição da 
vegetação nativa
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
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MÓDULO 3
1. Introdução
Como vimos no módulo anterior, a escolha do melhor método de recomposição vai 
influenciar diretamente no sucesso da recomposição e no custo associado a esta. 
Nesse módulo vamos detalhar os principais métodos de recomposição.
CAROL
TÉCNICO
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MÓDULO 3
2. Regeneração Natural
A regeneração natural consiste em deixar a vegetação nativa se recuperar 
naturalmente (sem a interferência humana), sendo necessário eliminar 
ou minimizar fatores de degradação ambiental através do cercamento e a 
construção/manutenção de aceiros, reduzindo o pastoreio de animais e a 
ocorrência de fogo.
Esse método é mais recomendado para áreas com solos pouco 
compactados, baixa presença de espécies invasoras e/ou próximas à remanescentes de 
vegetação nativa (alta densidade e diversidade de plantas nativas).
A área deve ser monitorada periodicamente, acompanhando o desenvolvimento das 
espécies que germinaram, para auxiliar na tomada de decisão dos próximos passos. Caso 
seja observado o crescimento de bambus, cipós e/ou gramíneas exóticas será necessário o 
manejo da área com roçadas e capinas periódicas.
Este método é o menos custoso dentre os métodos existentes, pois não existem custos com 
sementes, mudas, adubação e máquinas.
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MÓDULO 3
3. Transposição de solo florestal superficial 
ou “topsoil”
Essa técnica consiste em transferir a camada superficial de solo (20 
a 30 cm de profundidade) de uma formação natural para a área a ser 
recomposta.
A camada de solo superficial de uma floresta junto com a serapilheira 
(folhas mortas que caem das árvores que estão iniciando o processo de 
decomposição) é um importante reservatório de sementes de espécies 
nativas, matéria orgânica, insetos, microrganismos e nutrientes, 
possuindo um enorme potencial para iniciar a regeneração.
Ela é mais utilizada em grandes obras, como estradas, barragens e 
mineração. O solo das áreas a serem desmatadas ou alagadas por 
essas obras é previamente retirado e utilizado para a recomposição 
de espaços adjacentes, onde a vegetação foi retirada e o banco de 
sementes do solo é inexistente ou foi destruído.
A camada de solo retirada pode ser distribuída na área a ser recomposta 
com o uso de trator de esteira ou com o uso de uma enxada, deixando 
uma camada fina de até 5 cm de altura para aumentar o rendimento de 
uso. O solo pode ser distribuído em área total ou em faixas.
Sendo assim, ao retirar uma camada de solo com 30 cm de profundidade 
em uma área de 1 hectare, será possível utilizá-lo em até 6 hectares de 
área a ser recomposta ao distribuí-lo em uma camada fina de 5 cm.
Esta técnica deve ser realizada para curtas distâncias entre o local de 
retirada do solo e a área degradada, pois demanda o uso de maquinários 
pesados para recolhimento e transporte do solo.
Vale lembrar que a retirada do solo só deve acontecer em áreas que 
serão atingidas por uma grande obra, pois a retirada de solo florestal de 
áreas íntegras irá danificar a floresta local.
O monitoramento dessa técnica é importante, pois é muito frequente 
a existência de espécies exóticas indesejadas no banco de sementes. 
Caso isso ocorra, deve ser realizado o controle dessas espécies por meio 
de capina e roçadas periódicas.
O banco de sementes do solo são as sementes viáveis, de várias espécies, que se encontram na camada 
superior do solo aguardando boas condições para germinar.
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MÓDULO 3
4. Plantios de Adensamento 
Os plantios de adensamento são plantios de mudas 
e/ou sementes de espécies iniciais da sucessão 
(pioneiras) nos espaços não ocupados pela 
regeneração natural. Essa atividade é recomendada 
para áreas que alternam boa presença de regeneração 
natural com locais falhos, bordas ou clareiras.
O plantio das mudas e/ou sementes pode ser feito 
obedecendo a espaçamentos e alinhamentos pré-
definidos ou pode ser distribuído de forma isolada ou 
agregadas (“ilhas”) em locais favoráveis como locais úmidos, sob a copa de árvores, etc.
Esse método ajuda a controlar a expansão de espécies invasoras e favorece o desenvolvi-
mento das espécies secundárias ou clímax por meio do sombreamento.
Neste método, podemos optar por uma ampla diversidade de espécies de acordo 
com a finalidade do plantio. Espécies pioneiras podem ser utilizadas para plantios 
conservacionistas e espécies frutíferas e madeireiras, para geração de renda.
O custo desse método é relativamente baixo, pois o número de mudas e/ou sementes por 
área é pequeno, entretanto uma das desvantagens é a baixa mecanização, pois as mudas 
são dispostas em meio à vegetação nativa já existente.
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MÓDULO 3
5. Plantio mecanizado de sementes em área total
Esse método utiliza maquinários agrícolas para o preparo do solo e plantio das sementes. 
Geralmente é utilizada uma mistura de sementes de espécies de árvores, arbustos e de 
adubação verde, que é conhecida como é conhecida como muvuca.
Aconselha-se fazer duas ou mais muvucas com sementes de tamanhos e formas diferentes, 
separando sementes grandes de sementes pequenas e aladas, pois as grandes podem ser 
enterradas até 3-4 cm de profundidade no solo, enquanto as pequenas e aladas devem 
ficar próximas à superfície. As sementes pequenas são misturadas com terra ou areia para 
aumentar o volume a ser distribuído e evitar que uma grande quantidade de sementes caia 
em um mesmo local.
Essa técnica é indicada para áreas extensas com histórico de uso por pastagem e lavoura. 
Em áreas ocupadas por pastagem, é necessário realizar a descompactação do solo e o 
controle das gramíneas antes da semeadura, que pode ser realizada com lançadeiras de 
capim, espalhadores de calcário ou à mão. Já em áreas ocupadas por lavouras mecanizadas, 
a semeadura pode ser realizada em linhas com plantadeiras através da técnica de plantio 
direto, dispensando as operações de preparo de solo.
O Instituto Socioambiental (ISA) uti-
liza a muvuca para a recomposição 
de APPs degradadas na bacia do rio 
Xingu, no estado do Mato Grosso.
Guia da muvuca:
h t t p s : / / u s 1 4 . c a m p a i g n - a r c h i v e .
com/?u=2e9f3527128e6ed6d086fc5b4&id=64400ed51b
h t t p s : / / w w w . s o c i o a m b i e n t a l . o r g / p t - b r / n o t i c i a s -
socioambientais/vamos-plantar-florestas
Saiba mais
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https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/vamos-plantar-florestas
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MÓDULO 3
6. Plantio de mudas em área total
É o plantio de mudas de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas realizado de forma 
aleatória ou em linhas, com espaçamentos entre mudas, podendo variar em função do 
relevo, das espécies escolhidas e do objetivo da recomposição.
Essa técnica pode ser utilizada em regiões com antigo histórico de ocupação do solo pela 
agricultura e/ou pecuária, como também em áreas que apresentam baixa ou nenhuma 
capacidade de regeneração natural.
Os plantios em linhas podem ser feitos combinando espécies de diferentes grupos 
sucessionais (pioneiras, intermediárias, secundárias e clímax), compondo unidades que 
resultam em uma gradual substituição de espécies no tempo, caracterizando o processo 
de sucessão.
Para combinação das espécies, é recomendado o plantio de mudas de dois grupos distintos 
em linhas alternadas, conforme metodologia desenvolvida no Laboratório de Ecologia e 
Restauração florestal (LERF) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ). O 
primeiro grupo, denominado de recobrimento, é constituído por espécies que possuem 
rápido crescimento e boa cobertura de copa, proporcionando o rápido fechamento da área 
plantada. Essas espécies, em sua maioria, são classificadas como pioneiras e, em geral, 
possuem ciclos de vida curtos. Outra característica desejável para as espécies do grupo 
de preenchimento é que elas possuam florescimento e produção precoce de sementes. 
Com o rápido recobrimento da área, as espécies desse grupo criam um ambiente favorável 
ao desenvolvimento dos indivíduos do segundo grupo, denominado de diversidade, e 
desfavorecem o desenvolvimento de espécies competidoras como gramíneas e cipós.
No grupo de diversidade incluem-se as espécies de crescimento lento e copas menores, 
mas com ciclos de vida longo. Estas são fundamentais para garantir a perpetuação da área 
plantada, já que é esse grupo que vai gradualmente substituir o grupo de preenchimento 
quando este entrar em declínio.
Quando a recomposição for destinada apenas à recuperação ambiental e conservação, 
devemos utilizar o maior número de espécies de diversidade possível, buscando reproduzir 
as espécies originais do local. O plantio deve ser feito de maneira que as mudas da mesma 
espécie não sejam plantadas lado a lado ou muito próximas umas das outras, nem muito 
distantes a ponto de proporcionar o isolamento reprodutivo destas.
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MÓDULO 3
Se desejarmos obter algum rendimento econômico a partir da recomposição, podemos 
escolher um conjunto de espécies de interesse que serão plantadas em maior densidade. 
A EMBRAPA Amazônia Oriental já possui alguns modelos de plantios intercalados de paricá 
(Schizolobium amazonicum (Vell)), castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), andiroba 
(Carapa guianensis Aubl.) e taxi-branco (Sclerolobium paniculatum Vogel).
O ideal é que o plantio seja executado com ciclos de colheita definidos de forma individual 
para cada espécie, a partir da velocidade de maturação comercial das mesmas. Dessa 
forma, teremos diversas colheitas ao longo do tempo, gerando rendimentos periódicos 
sem impactar excessivamente a estrutura do nosso plantio.
A grande vantagem ao realizar o plantio de mudas em área total é a possibilidade de escolha 
das espécies, pensando em colheitas futuras, e a previsibilidade em relação ao processo 
de recomposição. Por outo lado, é uma das técnicas mais caras, pois demanda o preparo 
do terreno, compra ou produção das mudas, implantação, adubação e as atividades de 
manutenção periódicas.
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MÓDULO 3
7. Plantios de enriquecimento
Essa técnica se baseia no plantio de mudas ou sementes de espécies de estágios finais de 
sucessão em linhas abertas no interior da vegetação.
Plantios de enriquecimento possuem os seguintes objetivos:
• Aumento da diversidade em áreas com vegetação nativa alteradas ou degradadas 
que apresentam baixa diversidade de espécies; e/ou
• Agregação de renda para o proprietário ou posseiro com a introdução de espécies 
comerciais, nativas ou exóticas. Devem ser observadas as condições para a introdução 
de espécies exóticas em áreas de RL e APP conforme disposto na Lei 12.651/2012.
Também devem ser observadas e avaliadas as seguintes características locais para o 
planejamento do plantio:
• Estado de degradação/alteração da vegetação;
• Presença de espécies exóticas invasoras;
• Composição florística;
• Presença de plantas regenerantes.
http://esalqlastrop.com.br/capa.asp?j=31#![1]/6/O espaçamento de plantio é mais amplo, em comparação ao plantio em área total, devido à 
presença de vegetação, sendo que a definição do espaçamento poderá variar dependendo 
do objetivo do enriquecimento.
A manutenção dessa técnica é reduzida, pois as mudas irão aproveitar a sombra, umidade 
e nutrientes proporcionados pelos indivíduos existentes.
Apesar do plantio das mudas ser simples e o sistema exigir pouca manutenção, a alocação 
e abertura das linhas de plantio demanda uma maior mão de obra.
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MÓDULO 3
8. Sistemas Agroflorestais (SAFs)
Os sistemas agroflorestais, segundo o Centro Internacional de Pesquisa 
Agroflorestal (ICRAF), são “sistemas baseados na dinâmica, na ecologia e 
na gestão dos recursos naturais que, por meio da integração de árvores na 
propriedade e na paisagem agrícola, diversificam e sustentam a produção, 
com maiores benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos 
aqueles quem usam o solo em diversas escalas”.
Como já demonstrado no módulo 1, a Lei 12.651/2012 permite a utilização de sistemas 
agroflorestais para a recomposição de APP e RL, desde que a área recomposta com 
espécies exóticas não exceda a 50% (cinquenta por cento). Lembrando que no caso de APP, 
a utilização de exóticas para recomposição só é permitida em imóveis de até 4 módulos 
fiscais.
Os SAFs podem ser classificados como:
Os sistemas simplificados (SAFs simples) utilizam poucas espécies comerciais, apresentam 
baixa intensidade de manejo e geralmente são plantados em faixas ou em linhas visando 
facilitar o processo produtivo e a geração de renda.
Os sistemas complexos (SAFs sucessionais) baseiam na sucessão natural, com alta 
biodiversidade e alta intensidade de manejo visando criar abundância no sistema e 
otimização da produção agroflorestal, com dinâmica de manejo e produção escalonada 
ao longo do tempo.
Apesar de a terminologia SAF ter se tornado popular recentemente, a técnica já é antiga 
e tradicionalmente utilizada no Brasil, em especial na região amazônica, na forma dos 
quintais agroflorestais. Situados próximo às residências, estes sistemas associam árvores 
com espécies agrícolas e/ou animais, medicinais e outras de uso doméstico. Normalmente 
são altamente produtivos e contribuem de maneira importante para a segurança alimentar 
e o bem-estar da família.
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MÓDULO 3
Entre os benefícios sociais e econômicos, destacamos (MICCOLIS et al., 2016):
• promoção de soberania e segurança alimentar; 
• geração e diversificação de renda; 
• maior estabilidade financeira ao longo do ano; 
• diminuição no uso de insumos externos; 
• redução do risco econômico, pois é menos sensível às variações de preço e clima; 
• intensificação do uso do espaço; 
• aumento na eficiência do uso da água, luz, nutrientes; 
• melhor qualidade do trabalho e de vida (trabalho na sombra); 
• mão de obra melhor distribuída ao longo do ano;
• menor suscetibilidade a pragas e doenças nos cultivos;
• manutenção da agro-biodiversidade e dos conhecimentos associados;
• potencialização da produção de mel de abelhas (exóticas e nativas).
Entre os benefícios ambientais dos SAFs, podemos destacar (MICCOLIS et al., 2016):
• restauração e conservação da fertilidade e estrutura do solo;
• sombra e criação de microclimas;
• favorece a biodiversidade de forma geral, incluindo agentes polinizadores;
• regulação de águas da chuva e melhoria da qualidade da água;
• mitigação e adaptação a mudanças climáticas.
Apesar desses benefícios listados anteriormente, SAFs são métodos mais complexos que 
os tradicionais, pois exigem conhecimento específico e são extremamente exigentes em 
mão-de-obra devido à demanda de trabalho manual. Sendo assim, as principais causas de 
insucesso dos SAFs em escala local são (MICCOLIS et al., 2016).
• falta de planejamento agroflorestal e econômico;
• baixo acesso a conhecimento;
• baixa disponibilidade de mão de obra;
• baixo acesso a insumos;
• fatores limitantes do meio físico.
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MÓDULO 3
9. Nucleação
A nucleação é uma técnica de formação de ilhas, ou núcleos de vegetação 
ou elementos, com capacidade de melhorar o ambiente, atraindo animais 
que vêm se alimentar de seus frutos ou obter outros benefícios, como local 
de pouso e abrigo.
A atração de animais acelera o processo de recomposição das áreas 
degradadas e/ou alteradas e diminuem os custos em relação as outras 
técnicas, pois a manutenção e o controle de pragas são reduzidos.
São obtidos por plantios de árvores de rápido crescimento com copa favorável para o pouso 
de aves e morcegos. Poleiros artificias podem ser construídos com varas de bambu, postes 
de eucalipto ou outro tipo de madeira, sendo recomendado o plantio de trepadeiras para 
colonizar o poleiro. Esses poleiros servem de locais estratégicos para pouso, reprodução 
ou esconderijo de aves e morcegos, aumentando a dispersão de sementes na área e a 
interação fauna-flora;
Poleiros naturais ou artificias
Para a nucleação são retiradas apenas pequenas porções da camada superficial de solo de 
uma formação natural para a área a ser recomposta.
Transposição de solo de áreas próximas – técnica “topsoil”
Consiste na coleta periódica de sementes no interior de matas vizinhas. Essas sementes 
podem ser usadas para a produção de mudas ou para semear diretamente na área a ser 
recuperada;
Transposição de sementes de áreas próximas
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MÓDULO 3
Consiste em formar pilhas de galhos, tocos e galhos de rebrota de altura variada entre 30 e 
50 cm que irão funcionar como atrativo e abrigo de animais;
Enleiramento de galharia
Consiste na plantação de mudas de espécies nativas que florescem e frutificam 
precocemente de forma adensada e simétrica. Cada ilha pode conter de 3 a 25 mudas de 
espécies arbóreas e arbustivas com distância máxima de 1 metro entre as mudas.
Plantio de ilhas ou núcleos
Essas técnicas devem ser usadas em conjunto de forma aleatória ou sistemática na área a 
ser recomposta, conforme exemplo.
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MÓDULO 3
Encerramento do módulo 3
Quantas técnicas e práticas importantes.
Agora temos que colocar tudo em prática.
No próximo módulo vamos ver a implantação, manutenção e monitoramento das áreas 
recompostas. Até lá!
CAROL
MÓDULO 4 
Implantação, manutenção do 
plantio e monitoramento da 
recomposição
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
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MÓDULO 4
1. Introdução
TÉCNICO
Agora que você já conhece como é realizado o planejamento da recomposição e quais 
são os principais métodos utilizados, vamos entender melhor como realizamos a 
implantação, manutenção e monitoramento das áreas recompostas?!
CAROL
Após a implantação da recomposição, é necessário realizar a manutenção da área ou 
as atividades pós-plantio. Essa manutenção envolve atividades semelhantes às da 
implantação, como o controle de formigas e de plantas competidoras, entretanto realizadas 
de forma mais pontual.
A última etapa do projeto de recomposição é o monitoramento da área para verificar se as 
etapas e atividades resultaram na recomposição da vegetação.
A etapa de implantação da recomposição envolve as atividades de pré-plantio e plantio como a 
preparação do solo para a semeadura e/ou plantio de mudas, o controle de formigas cortadeiras 
e plantas competidoras, seleção das espécies, adubação, plantio e irrigação.
Sabemos que a execução de cada uma dessas atividades vai estar relacionada com o grau de 
degradação/alteração da área e com o método de recomposição selecionado.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 64
MÓDULO 4
2. Preparo do solo
O principal objetivo do preparo do soloé fornecer condições adequadas para o 
desenvolvimento e estabelecimento das sementes e mudas. Essas condições estão 
relacionadas ao aumento da aeração, capacidade de infiltração de água e disponibilidade 
de nutrientes no solo. 
Em solos que já apresentam condições adequadas, o sistema de cultivo mínimo, que 
consiste em um preparo mínimo do solo, é o mais recomendado, onde o preparo será 
realizado somente na linha ou cova do plantio e, quando possível, os resíduos de plantas 
competidoras deverão ser mantidos para controlar os processos erosivos. Sendo assim, 
o preparo consiste basicamente em reduzir a competição da vegetação espontânea e 
melhorar a condição das propriedades físicas do solo, o que permite uma expansão do 
sistema radicular das plantas. 
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 65
MÓDULO 4
A recuperação é recomendada para solos com histórico de uso intenso, com ausência das 
camadas mais superficiais (horizontes A e B) e/ou intenso processo erosivo. Essa atividade 
tem o objetivo de melhorar as qualidades físicas, químicas e biológicas e podem ser 
realizadas pelas seguintes ações, observando os custos para cada atividade: 
• Construção de terraços e bacias de acúmulo de água para reduzir os processos 
erosivos; 
• Descompactação do solo, ou seja, aumentar a porosidade/espaços vazios desse solo 
melhorando a qualidade física e facilitando o crescimento das raízes; 
• Avaliação da fertilidade do solo por meio da análise química do solo, que consiste em 
uma análise do solo feita em laboratório para medir a quantidade e a disponibilidade 
dos nutrientes minerais no solo, com o objetivo verificar a necessidade e a dosagem 
de adubação mineral e orgânica para melhorar o desenvolvimento das espécies.
Após essas etapas, inicia a semeadura e o plantio de mudas. Entretanto, para solos muito 
degradados ainda é recomendado o uso de espécies de adubação verde, como: a mucuna 
(Mucuna pruriens), o nabo-forrageiro (Raphanus sativus) e a crotalária (Crotalária spp.). 
Vale lembrar: em áreas declivosas, a semeadura das espécies de adubo verde deve ser 
realizada em covas e em curvas de nível.
Recuperação dos solos
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
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MÓDULO 4
3. Abertura de aceiros e instalação de cercas
Ao redor da área a ser recomposta é necessária a construção e também manutenção dos 
aceiros, que são espaços sem vegetação ao redor de uma área, com o objetivo de proteger 
essa área contra incêndios. Em áreas maiores podem ser abertos aceiros internos até o 
crescimento da vegetação, após este período, os aceiros internos também deverão ser 
revegetados. 
A largura dos aceiros vai depender do porte da vegetação do entorno e podem ser abertos 
de duas formas: 
• Manual: são utilizadas enxadas para eliminar toda vegetação. A palhada seca 
remanescente deve ser retirada para diminuir os riscos de incêndio.
• Mecanizada: é feita com uma lâmina acoplada a um trator agrícola, que deverá 
raspar a camada superior do solo, amontoando o solo e a vegetação para parte 
interna da área.
O cercamento da área (sempre que possível com arame farpado) é recomendado quando 
existe a possibilidade da entrada de animais, principalmente bovinos e equinos.
As formigas cortadeiras dos gêneros Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns) podem 
causar danos ao desenvolvimento das mudas, plantas jovens e regenerantes, sendo 
recomendado o seu controle antes de iniciar o preparo do solo e as outras etapas do projeto 
de recomposição, pois essas formigas são sensíveis e podem mudar o seu comportamento 
em decorrência de qualquer alteração na área. 
O primeiro passo é verificar se existem folhas sendo devoradas por formigas. Caso seja 
observado, o controle pode ser realizado de forma química, orgânica, mecânica, entre 
outros, por meio de iscas granuladas, formicidas, produtos naturais etc.
Iscas granuladas: as iscas podem ser químicas (princípio ativo a Sulfluramida ou Fipronil) 
ou orgânicas (à base de rotenona ou extratos naturais) e podem ser espalhadas pela área 
na forma granulada ou porta-iscas de acordo com a recomendação do fabricante. 
Controle de formigas cortadeiras
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
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MÓDULO 4
Formicidas de contato: a aplicação é realizada dentro dos formigueiros ou sobre as mudas 
já plantadas da seguinte forma:
• Gasosa (utilização de termonebulizador); 
• Pó seco (utilização de polvilhadeira); e 
• Líquida (diluição do inseticida). 
Estes formicidas possuem ação imediata, entretanto são mais tóxicos, exigindo maior 
cuidado no momento da aplicação e orientação de um técnico responsável.
• Uso de produtos à base de mamona e de gergelim, que são prejudiciais ao fungo que 
a formiga utiliza para se alimentar;
• Revolvimento dos ninhos com uso de enxadas; e
• Injeção de grande volume de água, gás de cozinha ou gás de escapamento de trator 
nos olheiros. 
Obs: Caso sejam adotados tais métodos, o monitoramento deve ser mais constante, pois, 
em geral, essas técnicas são menos eficientes.
O controle deve ser realizado em três momentos distintos: pré-plantio, plantio e repasses 
pós-plantio.
Outras formas de controle: 
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
COM ÊNFASE NAS FLORESTAS TROPICAIS 68
MÓDULO 4
Pré-plantio: É importante que a área seja vistoriada preventivamente antes de iniciar o 
plantio e de qualquer intervenção na área (controle do mato, preparo do solo, abertura de 
covas, etc.). Recomenda-se que a busca seja realizada logo pela manhã ou ao cair da tarde, 
com o objetivo de registrar o pico de atividade das formigas. Os indicadores da presença 
das formigas são plantas atacadas, “carreadores” e “olheiros”. Os carreadores são trilhas 
limpas de 10 a 15 cm de largura, geradas pelas formigas ao transportar a vegetação atacada, 
já os olheiros são as entradas dos ninhos onde se observa montes de terra revirados.
 
Controle de plantio: deve ser realizado 5 a 7 dias antes do plantio, com um repasse logo 
após a implantação das mudas, sendo realizado da mesma forma que na fase pré-plantio.
Repasse pós-plantio: é indicado que seja realizado periodicamente até o segundo ano 
pós-plantio das mudas. Nos primeiros 2 meses, esse controle deve ser realizado a cada 
15 dias e, após esse período, a cada 2 meses. Nessa fase, o controle deve ser realizado 
somente nas vizinhanças das mudas cortadas e próximo aos olheiros.
Controle de plantas competidoras
O controle de plantas competidoras deve ser realizado nas fases iniciais do projeto e du-
rante a sua manutenção para aumentar a oferta de água, luz e nutrientes para o desenvol-
vimento da regeneração natural e das sementes e mudas.
A escolha do controle mais adequado para área dependerá:
• Da forma de vegetação existente (árvores, ervas, palmeiras);
• Grau de desenvolvimento das plantas (semente, plântula, juvenil ou adulto); e
• Espécie de planta competidora.
INTRODUÇÃO À RECOMPOSIÇÃO DA VEGETAÇÃO 
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MÓDULO 4
Esse controle pode ser realizado de forma: 
• Mecânica: corte da vegetação através do uso de ferramentas ou máquinas;
• Química: herbicidas; e
• Manejo: procedimentos que geram condições desfavoráveis para o crescimento da 
vegetação (uso de cobertura morta, adubação verde ou sombreamento pelas copas 
das árvores). 
O controle mecânico é a técnica mais utilizada no início do projeto por meio da roçada e 
durante a manutenção pelo coroamento das mudas. 
A roçada consiste no corte de toda a vegetação que não seja de interesse no processo de 
recomposição, podendo ser:
• Manual: utilização de foices;
• Semimecanizada: utilização de uma roçadeira costal; e
• Mecanizada: utilização de tratores. Essa atividade geralmente é realizada em áreas 
planas, livres de encharcamento, pedras e com baixo potencial de regeneração 
natural.
O coroamento consiste na remoção ou controle da vegetação em um raio de, no mínimo, 
cinquenta

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