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MEIO AMBIENTE Thais Miranda Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Protocolo de Kyoto Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer alguns fenômenos que levam aos conceitos de aqueci- mento global e efeito estufa. � Identificar o conceito do protocolo de Kyoto, qual sua origem e mo- mento histórico e ações. � Destacar alguns debates, resultados e aplicabilidades que aconteceram durante e após o protocolo. Introdução Neste texto, você irá estudar o Protocolo de Kyoto, os acordos, as medidas e metas estabelecidas, compreendendo que não foi apenas mais uma conferência para assuntos ambientais. O tratado foi um marco específico e particular para as discussões sobre as aceleradas mudanças climáticas. Acordos como este implicam em comprometimento e reduções de emissões, o que levaria a uma segunda discussão, que seria sobre ética, equidade e desenvolvimento social. Para tanto, percebe-se a necessidade de avaliar cada caso e elaborar acordos e metas para agir globalmente. Como surge a necessidade de acordo Os anos 1960, 1970 e 1980 foram marcados por inúmeras catástrofes climá- ticas e incidentes sociais e ambientais, gerando polêmica, gastos públicos e o comprometimento da boa visibilidade política. Catástrofes como furacões, ciclones, tufões, tsunamis, ondas de calor, tempestades, enchentes, famílias desabrigadas, casas destruídas, mortes, doenças e epidemias, mudanças drásticas no clima mesclam-se entre teorias dos ciclos naturais geológicos da terra e do aquecimento global de origem antropogênica (práticas humanas). Veja as Figuras 1 e 2. Figura 2. Enchentes castigaram o estado de Santa Catarina em 2008. Fonte: Araújo (2010). Figura 1. Inundação na Indonésia. Fonte: Araújo (2010). O Atlas Nacional do Brasil Milton Santos (nova versão do Atlas Nacional do Brasil) foi lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento revelou que, de 2007 a 2009, o número de brasileiros afetados por inundações, secas, vendavais e temperaturas extremas foi triplicado. Protocolo de Kyoto230 Embora existam discordâncias no campo científico, a principal causa do problema climático que afeta todo o planeta é a intensificação do efeito estufa. Esse fenômeno natural é responsável pela manutenção do calor na Terra e vem apresentando maior intensidade em razão da poluição do ar resultante das práticas humanas. Emissões de processos industriais (gases), como material particulado (MP), dióxido de enxofre (SO2), trióxido de enxofre (SO3), monóxido de carbono (CO) e oxidantes fotoquímicos, como ozônio (O3), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx), são intensificados de acordo com a evolução produtiva e econômica de cada país. Isso modifica padrões de qualidade do ar, da água e do solo. Nesse ponto, surge o conceito de efeito estufa — fenômeno natural que gera o aquecimento térmico que possibilita a vida no planeta. O planeta Terra é envolto por uma camada de ar chamada atmosfera; é a atmosfera terrestre a responsável pela retenção de cerca da metade dos raios solares que chegam ao planeta. O conceito foi muito abordado ao longo dos anos, revertido e demasia- damente conhecido por seus aspectos negativos, mas é um fenômeno natural. Existe uma relação com impactos ambientais negativos, por conta de ações irresponsáveis do homem, e, com isso, o efeito estufa está se tornando cada vez mais intenso, o que passa a ser bastante prejudicial para a vida na Terra. Os raios solares que chegam sobre a Terra têm dois destinos: parte é absor- vida pelo planeta e transformada em calor, para manter a atmosfera quente, e a outra parte é refletida e direcionada ao espaço na forma de radiação ultravioleta. Com a emissão de muitos gases poluidores, que causam diversas reações químicas, mais da metade da radiação acaba por ficar retida na superfície do planeta, devido à ação refletora dessa camada de gases. O excesso dos gases estufa, que agem como isolantes por absorver a energia irradiada, forma uma espécie de “cobertor térmico” em torno do planeta, impedindo que o calor volte para o espaço. Efeito estufa natural Na atmosfera terrestre, existe uma grande quantidade de gases e de partículas de poeira que funciona como uma redoma natural. Essa redoma retém parte do calor refletido pela superfície terrestre, mantendo a temperatura média da Terra em torno de 15ºC. O restante do calor é irradiado para fora da atmosfera. Sem essa estufa natural, a temperatura média do planeta ficaria em cerca de –27ºC. 231Protocolo de Kyoto Efeito estufa artificial A excessiva quantidade de gases produzidos pelas atividades humanas acumula- -se na atmosfera. Assim, os raios solares penetram na atmosfera e aquecem a superfície, mas são irradiados para o espaço de forma reduzida. Parte do calor que deveria ser liberado para o espaço fica aprisionado, intensificando o efeito estufa e aumentando a temperatura média do planeta. Estudos apontam que o efeito estufa artificial não acontece de forma equilibrada e igual em todos os continentes, e o que não é de conhecimento comum é que, muitas vezes, essa massa prejudicial se desloca em direção a continentes que não são geradores desse tipo de impacto, causando surpresa, revolta e sensação de injustiça. O Quadro 1 traz os maiores emissores de cada continente. Fonte: Adaptado de Santos e Alencar (2010). América do Norte Emissão total: 6.787 milhões de toneladas País que mais emite: Estados Unidos (5.800 milhões de toneladas) América Central Emissão total: 155 milhões de toneladas País que mais emite: Trinidad e Tobago (29 milhões de toneladas) América do Sul Emissão total: 756 milhões de toneladas País que mais emite: Brasil (299 milhões de toneladas) Ásia Emissão total: 10.226 milhões de toneladas País que mais emite: China (4.151 milhões de toneladas) África Emissão total: 943 milhões de toneladas País que mais emite: África do Sul (365 milhões de toneladas) Oceania Emissão total: 400 milhões de toneladas País que mais emite: Austrália (355 milhões de toneladas) Europa Emissão total: 6.180 milhões de toneladas País que mais emite: Rússia (1.496 milhões de toneladas) Quadro 1. Quantidade de emissão de CO2 produzida a nível mundial Protocolo de Kyoto232 Movimentos de intervenções foram iniciados pela ONU antes do tratado de Kyoto. A ideia começou em 1988, na “Toronto Conference on the Changing Atmosphere” (Canadá); desde então, foram realizadas várias outras conferên- cias sobre o meio ambiente e clima, até que foi discutida e negociada a criação do Protocolo de Kyoto, no Japão, em 1997. Em 1990, foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climá- tica com o objetivo de alertar a população sobre o aquecimento global. Em 1992, foi a vez da Rio-92, onde ficou decidido que os países eram responsáveis pela conservação do clima independentemente do tamanho da nação em questão. O protocolo entrou em vigor em 2005 e evidenciou o interesse de países em utilizar o carbono como moeda. O que é o Protocolo de Kyoto? O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional com o objetivo de firmar acor- dos e discussões para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos impactante a países em crescimento. O fenômeno “Kyoto” foi constituído de vários outros movimentos socioambientais anteriores e tomou forma em 1997, na cidade japonesa de Kyoto. Na reunião, 141 países se dispuserama aderir ao protocolo e o assinaram, comprometendo-se a implantar medidas com o intuito de diminuir a emissão de gases. Porém, o tratado só entrou em vigor em 2005. As reduções das emissões aconteceram em várias atividades econômicas. O Protocolo de Kyoto estimulou os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas: � reformar os setores de energia e transportes; � promover o uso de fontes energéticas renováveis; � eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da convenção; � limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; � proteger florestas e outros sumidouros de carbono. 233Protocolo de Kyoto Os Estados Unidos, maior emissor de dióxido de carbono do mundo, se opôs ao Protocolo de Kyoto, afirmando que a implantação das metas prejudicaria a economia do país. Na época, o presidente George W. Bush considerou a hipótese do aquecimento global bastante real, mas disse que preferia combatê-lo com ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas soluções tecnológicas. Outro argumento do líder para refutar o acordo foi a falta de exigência sobre os países em desenvolvimento para a redução das emissões — mais especificamente, China e Índia. Já outros representantes internos da Casa Branca questionaram o consenso científico de que os poluentes emitidos causassem a elevação da temperatura da Terra. Mesmo que o governo dos Estados Unidos não tenha assinando o Protocolo de Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos tentaram maneiras de reduzir a emissão de gases tóxicos — buscando não diminuir sua margem de lucro com essa atitude. O Quadro 2 mostra alguns dados das emissões de CO2 em 2004, per capita, realizadas por um pequeno grupo de países. Observe as enormes diferenças — a produção de 10,13 toneladas no Kuwait e a não produção no Chade. Mesmo entre países do mundo “desenvolvido”, há uma grande variação: por exemplo, os Estados Unidos produzem 5,61 toneladas de CO2, enquanto que na França a quantidade produzida é de 1,64. Um assunto de crescente interesse é o modo como essas diferenças afetam a disposição dos países a entrar em acordos ambientais internacionais, e como os termos desses acordos poderiam ser criados de forma a motivar uma ampla participação. Detalhes de alguns países: � União Europeia: seus 15 membros são as maiores vozes a favor desse acordo. � China: segundo maior emissor de gases-estufa do planeta, tem redu- zido muito suas emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Não tem meta de emissão a cumprir, mas os americanos querem que adote compromissos de redução. � Austrália: faz parte do “Umbrella Group” (integrado, ainda, por Ca- nadá, Noruega, Japão e Nova Zelândia), conjunto de países que se aliaram aos Estados Unidos. Em 2007, após uma troca de governo, os australianos repensaram sua posição e ratificaram o acordo durante a Conferência da ONU em Bali. A participação do país nas emissões de gases de efeito estufa é de apenas 2%, mas é o maior exportador de carvão do mundo. Protocolo de Kyoto234 Fonte: Adaptado de International Monetary Fund (2011). País PIB (US$, 2010) Emissões de CO2 (toneladas métricas, 2008) Percentual de emissões globais (2008) Austrália 39.764 18,9 1,3 China 7.544 5,3 23,3 Colômbia 9.593 1,5 0,2 França 35.910 6,1 1,3 Índia 3.408 1,5 5,8 Indonésia 4.347 1,8 1,4 Iraque 3.548 3,4 0,3 Kuwait 38.775 26,3 0,3 Nepal 1.269 0,1 < 0,1 Noruega 51.959 10,5 0,2 Rússia 15.612 12,1 5,7 Reino Unido 35.059 8,5 1,7 Estados unidos 46.860 12,5 18,1 Quadro 2. PIB e emissões de CO2, per capita, em países selecionados � Rússia: o colapso econômico pós-União Soviética fez com que o terceiro maior emissor não precisasse reduzir suas descargas. � Japão: foi o país em cuja antiga capital, Kyoto, foi assinado o protocolo. Tem uma posição duvidosa, mas apoia o tratado. � Kiribati: maior interessado no Protocolo de Kyoto, o arquipélago está ao nível do mar e vai desaparecer se as águas subirem. Muitos ecologistas fizeram manifestações em vários países. Na cidade de Sidney (Austrália), os manifestantes fizeram esculturas de gelo e as levaram para as ruas e, depois de algum tempo, elas derreteram. Esta foi uma forma de mostrar o que pode acontecer nas calotas polares se a temperatura da Terra aumentar. 235Protocolo de Kyoto Em Brasília, foram plantadas várias mudas de árvores brasileiras e de outros países, que compuseram o chamado “Bosque de Kyoto”. Em São Paulo, em frente ao consulado dos Estados Unidos, alguns manifestantes levaram faixas de repúdio ao governo americano. Nesse ano de assinatura, países em desenvolvimento, como o Brasil e a Índia, não precisaram se comprometer com metas específicas. Segundo o Protocolo, estes são os que menos contribuíram para as mudanças climáticas em curso e, por outro lado, tendem a ser os mais afetados por elas. Grande parte das nações em desenvolvimento aderiram ao documento. Como signatários, têm o dever de manter a ONU informada sobre seus níveis de emissão e, assim como os demais, desenvolver estratégias de redução. O documento propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem suas metas ambientais: � O primeiro prevê parcerias entre países na criação de projetos ambien- talmente responsáveis. � O segundo dá direito aos países desenvolvidos comprarem “créditos” diretamente das nações que poluem pouco. � O terceiro foi a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como mercado de créditos de carbono. Assim, foi criado o sistema de “Crédito de Carbono”, que conta com cer- tificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa (GEE). Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito de carbono equivalente (equivalência em dióxido de carbono). Comprar créditos de carbono no mercado corresponde, aproximadamente, a comprar uma permissão para emitir GEE. O preço dessa permissão, negociado no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o emissor deveria pagar ao poder público, por emitir GEE. Para o emissor, portanto, comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter um des- conto sobre a multa devida. Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota máxima de GEE que os países desenvolvidos podem emitir. Os países, por Protocolo de Kyoto236 sua vez, criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões tornam-se compradores de créditos de carbono. Como funciona o mercado de carbono? Cada tonelada de CO2 e equivalente não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento pode ser negociada no mercado mundial. Os termos comuns são descritos a seguir. Crédito de carbono Unidade comercial, com objetivos monetários, que representa uma tonelada de CO2 equivalente (tCO2e). O valor desse crédito varia diariamente, pois sua atribuição de valor é dada por vários fatores externos. A variação é semelhante a uma bolsa de valores. Tonelada de CO2 equivalente (tCO2e) Total emitido de gases que causam o efeito estufa multiplicado pelo seu potencial de aquecimento global. Mercado de carbono Campo de trocas, regulado pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite a países com altas emissões de carbono comprar o “excedente” das cotas de países que produzem menos CO2. Redução certificada de emissão Unidade emitida pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para cada tCO2 reduzida ou removida do meio ambiente. Mecanismo de desenvolvimentolimpo Projetos que visam ao crescimento econômico de um país sem causar prejuízos ao meio ambiente. Cap and trade Expressão utilizada para nomear o processo de limita as emissões de gases. Por meio desse modelo, é criada a estrutura do mercado de carbono, pois faz com que grandes empresas emissoras de gases comprem os créditos excedentes das companhias que emitem menos. Principais gases do efeito estufa Dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6). Famílias de gases, hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs). 237Protocolo de Kyoto Debates, resultados e aplicabilidades durante e após o protocolo O protocolo de Kyoto não propôs apenas discussões e implantações de medi- das de redução de gases, mas também incentivou e estabeleceu medidas com intuito de substituir produtos oriundos do petróleo por outros que provocam menos impacto. A maioria dos países desenvolvidos, com exceção dos Estados Unidos, comprometeu-se com metas de redução de emissões dos principais gases de efeito estufa. As metas variaram entre as nações; algumas foram autorizadas a aumentar as suas emissões em uma determinada quantidade, enquanto outras foram obrigadas a fazer cortes significativos. O objetivo era atingir um corte médio de cerca de 5% em relação aos níveis de 1990 com prazo para ser atingido até 2012. De forma geral, há mais sucessos do que fracassos, e a soma das emissões de países com metas de Kyoto caiu significativamente. Nesse meio tempo, no entanto, as emissões em países como China e algumas outras economias emergentes aumentaram. Grande parte do crescimento na China e outras economias emergentes foi impulsionado pela produção de bens e serviços exportados para países desenvolvidos — logo, muitos países contribuem indiretamente para o avanço nas emissões. Um dos grandes avanços com o protocolo de Kyoto foi a tomada do primeiro grande passo na diplomacia do clima global. Discutindo melhorias para um novo acordo — O que poderia conter nas reso- luções de um novo acordo? Um dos pontos mais importantes e polêmicos diz respeito aos países em desen- volvimento que ficaram de fora das medidas propostas por Kyoto e agora deverão adotar compromissos semelhantes aos dos países desenvolvidos. Os Estados Unidos terão de adotar ações equivalentes às dos demais países industrializados. Também deve ser pensado um mecanismo para reduzir o desmatamento nas florestas tropicais, como a Amazônica. Outros três tópicos devem ser contemplados: adaptação às mudanças climáticas, financiamento aos países em desenvolvimento e transferência de tecnologia. Protocolo de Kyoto238 A principal crítica ao protocolo de Kyoto é que as metas instituídas re- presentam pouco a luta contra o aquecimento global, causando um impacto pequeno na mudança do panorama atual. Baseando-se nessa crítica, boa parte dos especialistas se mantém cautelosa quanto ao novo tratado, na esperança de que seja mais rígido e abrangente. Para eles, a falta de adesão dos Estados Unidos enfraqueceu muito a utilidade do acordo, já que é o país com maiores emissões de gases poluentes do mundo. Por outro lado, os defensores do Protocolo apontam que, além da importância em traçar as linhas gerais para o próximo acordo, Kyoto foi essencial para que diversas nações e empresas tenham transformado em lei as metas de redução, tornando concretas as ações ambientais neste âmbito. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change) foi criado em 1988 pela Organização Meterológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para avaliar de forma regular possíveis mudanças climáticas. O IPCC foi criado com a percepção de que a interação dos seres humanos com o meio ambiente tinha uma grande influência sobre as constantes mudanças climáticas, sobretudo, através das emissões de gases poluentes. O Protocolo de Kyoto expirou em 2012. Após 10 anos, as discussões foram retomadas em Donha (Catar) entre representantes de 195 países — 18ª Con- ferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-18). O tratado é o único que compromete os países desenvolvidos à redução dos gases de efeito estufa. No Brasil A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou, em seu discurso sobre o Brasil no Protocolo de Kyoto, que esse foi um resultado histórico. “O Protocolo de Kyoto é mais do que um documento, ele expressa a convicção de que a mudança climática exige uma ação multilateral, a abordagem baseada em regras. O Protocolo de Kyoto é o padrão de integridade ambiental”, afirmou a 239Protocolo de Kyoto ministra. O Brasil exerceu importante papel para esse resultado e foi elogiado por vários países por seu desempenho nas negociações. A ministra destacou, também, que o Brasil está trabalhando muito e com sucesso na luta contra as mudanças climáticas. “Estamos orgulhosos dos nossos esforços na redução do desmatamento na Amazônia, que falam por si. Estamos cumprindo tudo com o que nos comprometemos, de acordo com esta Convenção”, enfatizou. Teixeira reafirmou o compromisso do país em continuar sua participação ativa na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, “...plenamente consciente de que o multilateralismo é a melhor ferramenta para enfrentar o aquecimento global”. No entanto, Teixeira afirmou que o Brasil não está totalmente satisfeito com o resultado obtido. “Queríamos mais. Acreditamos que é necessário mais, mas também acreditamos que uma Conferência que garantiu o segundo período do Protocolo de Kyoto é, por definição, um sucesso”, disse. A ministra lamentou que Partes do Anexo I estejam gradualmente se afastando das obrigações estabelecidas na Convenção: “esses países não estão tomando a liderança e não estão apoiando os países em desenvolvimento suficientemente em seus esforços para combater as alterações climáticas”, postura que a ministra clas- sificou como “inaceitável”. 1. Quais foram as duas principais discussões no tratado de Kyoto? a) Proteger florestas e outros sumidouros de carbono e reformar os setores de energia e transportes. b) Reduzir temperaturas globais fazendo manejos florestais e aumentar o uso dos recursos renováveis. c) Estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente a países industrializados e criar formas de desenvolvimento menos impactantes a países em desenvolvimento. d) Promover desenvolvimento sustentável diminuindo os impactos ambientais e reduzir temperaturas com a reforma agrária. e) Reduzir em 20% as emissões atmosféricas dos Estados Unidos, da China e da Austrália, assim como aplicar tecnologias mais limpas nesses países. 2. Sobre o efeito estufa, marque a opção correta. a) Fenômeno prejudicial apenas à qualidade do ar. b) Fenômeno que não interfere os raios UV causando impactos ambientais. Protocolo de Kyoto240 c) Tem se intensificado nos polos do planeta. d) Fenômeno de aquecimento que pode prejudicar principalmente o território de países subdesenvolvidos. e) É um fenômeno natural de aquecimento, mas podemos interferir de forma negativa. 3. No Protocolo de Kyoto existiram metas específicas para países em desenvolvimento, como o Brasil? a) Não. Países em desenvolvimento deveriam participar e tomar algumas cautelas, mas não precisaram se comprometer com metas específicas, pois pouco contribuíram para as mudanças climáticas e tendem a ser os mais afetados por elas. b) Sim. As medidas e metas firmadas no acordo eram semelhantes em todos os territórios, pois somente assim todos se comprometeriam com as metas. c) Não. As ações para países como o Brasil se restringiam a precauções e diligência com a Mata Atlântica. d) Sim. Países em desenvolvimento puderam se desenvolver e fazer emissões sem mitigação até 2012. e) Não. Durante essa conferência, países em desenvolvimento não precisaram participar no momentodo fórum sobre tecnologias limpas. 4. Quais medidas o protocolo lança para o setor privado (corporações) para responsabilizar e reduzir as emissões atmosféricas? a) Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção; limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos. b) Implantar o transporte de massa e mobilidade sustentável e instigar a produção de consumo sustentável. c) Envolver nos processos industriais a prática dos 3Rs e criar legislação para obrigatoriedade de tecnologias mais limpas. d) Parcerias entre países com projetos ambientalmente responsáveis. Direito aos países desenvolvidos de comprar “créditos” das nações que poluem pouco. Aplicação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos de carbono. e) Adotaram-se medidas como desenvolvimento zero e as reduções de tempo em atividades industriais. 5. Além dos Estados Unidos, outras nações industrializadas se negaram a assinar o protocolo? a) Todos os países em todos os continentes foram signatários. b) Inicialmente, os Estados Unidos se negaram a ser signatários, mas metade dos municípios do país protestou e optou por executar medidas. c) Alguns países da União Europeia e Ásia não se comprometeram. d) Apenas Japão e Austrália não foram signatários. e) Sim, Canadá, Noruega e Nova Zelândia fizeram parte do conjunto de países que se aliaram aos Estados Unidos. 241Protocolo de Kyoto ARAÚJO, J. Triplica número de afetados pelo clima no Brasil. 16 dez. 2010. Disponível em: <https://biogalera.wordpress.com/tag/aquecimento-global/>. Acesso em: 19 dez. 2016. BILL’S EXCELLENT ADVENTURES. Kiribati. 23 jul. 2015. 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COP 18 termina com acordo às pressas no Catar e estende Protocolo de Kyoto até 2020. 08 dez. 2012. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/meio-am- biente/ultimas-noticias/redacao/2012/12/08/cop-18-termina-com-acordo-as-pressas- no-catar-e-estende-protocolo-de-kyoto-ate-2020.htm>. Acesso em: 19 dez. 2016. Protocolo de Kyoto242 Conteúdo:
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