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possuem valores ecológicos diferentes e, portanto, contribuem em maior ou menor medida ao valor moral do ecossistema. Finalmente, no extremo, outorga-se valor moral à biosfera toda. Em qualquer desses casos, as entidades (neste caso a biosfera) possuem interesses que não têm por que coincidir com as dos membros, (as espécies) e, no caso extremo, defende-se que os interesses humanos são irrelevantes frente aos da biosfera. A selvageria (a qualidade de ser prístino de contato com humanos), embora não possua um valor moral, às vezes é considerada como possuindo um valor intrínseco, e, portanto, devemos nos preocupar para que o nível de independência dos ecossistemas em relação ao ser humano (selvageria) se mantenha. Por isso, algumas pessoas consideram reprovável a reintrodução de espécies num ecossistema ou desextinção, porque os animais reintroduzidos perdem sua caraterística de selvagem quando passam pelas mãos humanas. 2.5.3 Outras Visões Ecologistas Além das linhas de pensamento mencionadas anteriormente, existem também outras que, embora não majoritárias, possuem uma importância crescente para entender os debates existentes na sociedade sobre o ecologismo. • Ecofeminismo. Este é um movimento bem diverso, mas que tem um ponto em comum: existe uma ligação mutualmente fortalecedora entre a dominação da mulher e a dominação do meio ambiente que pode explicar os abusos atuais de ambos. As diferentes variantes de ecofeminismo oferecem diferentes explicações sobre qual é a ligação entre patriarcalismo e abuso do ecossistema e, em alguns casos, incluem explicações mais amplas que abrangem o racismo e o classismo na sociedade. Além disso, as visões ecofeministas usualmente fazem uma crítica contra o uso de princípios morais abstratos que não têm em conta as emoções na hora de fazer decisões éticas. Tudo isso influi na hora de outorgar status moral aos diferentes componentes dos ecossistemas e, em geral, à nossa relação com os seres vivos e a sociedade a um só tempo. Assim, existem ramos do ecofeminismo que podem ser denominados como ecofeminismo materialista, ecofeminismo vegetarianista e ecofeminismo espirituallxvi. • Pragmatismo Meio ambiental. Essa forma de pensar acredita que as aproximações “clássicas” (consequencialismo, deontologia etc.) não têm como oferecer um discurso único que possa nos dar linhas morais satisfatórias, de modo que se afastam disso e se concentram em objetivos práticos que podem ser discutidos, analisados e que, finalmente, possam produzir políticas ou diretrizes. Assim, acreditam que, em muitos casos, não existem contradições entre assumir uma posição antropocentrista “Debates on basic moral principles are important. One cannot just call for an end to the ‘humans first’ and ‘nature first’ debate on the basis of expediency. […] Particular cultures have their specific conceptions of the good, and advancing decisions by using the machinery of the state to expedite matters is unacceptable. For instance, one can think of mining and its impact on a community’s way of life. Deciding on the basis of practicality in this regard is disrespectful and tyrannical. Policies advanced on the basis of expedient outcomes would be ethically and democratically deficient.” Maboloc, C. R. (2016) On the Ethical and Democratic Deficits of Environmental Pragamatism. J Human Values 22: 107- 114. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/097168581 5627930 Figura 24 – Onde a mágica acontece. Fonte: http://www.remsol.co.uk/sustainabi lity-pragmatism-vs-idealism/ https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0971685815627930 https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0971685815627930 http://www.remsol.co.uk/sustainability-pragmatism-vs-idealism/ http://www.remsol.co.uk/sustainability-pragmatism-vs-idealism/ ou defender valores não humanos, porque, no final, se o ecossistema é preservado, tanto os valores de uma aproximação como da outra são respeitadoslxvii. Considerações Finais: A bioética abrange mais do que simplesmente as atuações que têm os humanos como sujeitos. A consideração pelos animais, seja como instrumentos de experimentação, fonte alimentar ou companheiros de viagem na terra, é fácil de entender “instintivamente”. Porém, justificar quantos animais usarmos e de qual espécie numa determinada atuação experimental precisamos entender o conceito de senciência e nossa visão atual dela, entre outros requerimentos. Mas a vida, e a bioética, não estão restritas aos animais. Plantas, microrganismos e o ecossistema todo são também sujeitos de consideração. Assim que ainda hoje as visões desde a utilidade para os humanos sejam o ponto de partida do que entendemos como justificável, essas visões estão deixando espaço para outras onde os humanos somos apenas uma parte mais do ecossistema. Bibliografia consultada O texto desenvolvido aqui está baseado principalmente em: • Hubrecht, R. C. UFAW-The Welfare of Animals Used in Research. 2014. Willey Blackwell. • Mepham, B. Bioethics, An Introduction for the Biosciences. 2nd Edition. 2008. Oxford University Press. • Oksanen, M. & Siipi, H. (Eds) The Ethics of Animal Recreation and Modification. 2014. Palgrave McMillan. • Palmer, C., McShane, K. & Sandler, R. (2014) Environmental Ethics. Ann. Rev. Environ. Resour. 39:419-442. • Parekh, S. R. (Ed.) The GMO Handbook. 2004. Springer. • Ricroch, A. E., Guillaume-Hofnung, M. & Kuntz, M. (2018) The Ethical Concerns about Transgenic Crops. Biochem. J. 475: 803-811. • Steinbock, B. (Ed.) The Oxford Handbook of Bioethics. 2007. Oxford University Press. De forma complementar, podem consultar: • Andersen, M. L. & Winter, L. M. F. (2019) Animal Models in Biological and Biomedical Research - Experimental and Ethical Concerns. An Acad. Bras. Cienc. 91, e20170238 [para legislação e instituições brasileiras sobre uso de animais em experimentação]. • Carere, C. & Mathers, J. (Eds) The Wellfare of Invertebrate Animals. 2019. Springer [para bioética relacionada aos invertebrados]. • Herring, R. J. (Ed.) The Oxford Handbook of Food, Politics, and Society. 2015. Oxford University Press [para Ética e Produção Agropecuária]. Os casos são de produção própria. O material Bioética Animal e Meioambiental de Agustín Hernández López está licenciado com uma licença Creative Commons - Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/ http://poca.ufscar.br/ http://poca.ufscar.br/ Notas bibliográficas i Vignes, J. D. (2011) C. R. Biologies 334: 171-181. ii The Ethics of Research Involving Animals (2005) The Nuffield Council on Bioethics, Reino Unido. iii Hubrecht, R. C. (2014) UFAW-The Welfare of Animals Used in Research. Willey Blackwell. iv Hubrecht, R. C. (2014) UFAW-The Welfare of Animals Used in Research. Willey Blackwell. v Mepham, B. (2008) Bioethics: An introduction to the biosciences. 2nd Edition. Oxford Univ. Press. vi Mepham, B. (2008) Bioethics: An introduction to the biosciences. 2nd Edition. Oxford Univ. Press. vii The Ethics of Research Involving Animals (2005) The Nuffield Council on Bioethics, Reino Unido. viii The Ethics of Research Involving Animals (2005) The Nuffield Council on Bioethics, Reino Unido. ix Mepham, B. (2008) Bioethics: An introduction to the biosciences. 2nd Edition. Oxford Univ. Press. x The Ethics of Research Involving Animals (2005) The Nuffield Council on Bioethics, Reino Unido. xi Hubrecht, R. C. (2014) UFAW-The Welfare of Animals Used in Research. Willey Blackwell. xii Mepham, B. (2008) Bioethics: An introduction to the biosciences. 2nd Edition. Oxford Univ. Press. xiii Jones, R.C. (2013) Biol Philos 28: 1-30. xiv Hubrecht, R. C. (2014) UFAW-The Welfare of Animals Used in Research. Willey Blackwell.