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INSTITUCIONALOZACAO DO IDOSO: QUAIS AS SUAS CAUSAS?

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FACULDADE DO PIAUÍ - FAPI 
 
 
 
JELCYENE ROSA VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O IDOSO E SUA INSERÇÃO EM ABRIGOS INSTITUCIONAIS: 
Quais as causas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA - PI 
2017 
 
JELCYENE ROSA VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
O IDOSO E SUA INSERÇÃO EM ABRIGOS INSTITUCIONAIS: 
 Quais as causas? 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à FAPI- 
Faculdade do Piauí para obtenção do título de bacharel 
em Serviço Social. 
 
Orientadora: Prof.ª Luciana Evangelista F. 
Franco 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA - PI 
2017 
 
JELCYENE ROSA VIEIRA 
 
 
 
 
 
O IDOSO E SUA INSERÇÃO EM ABRIGOS INSTITUCIONAIS: 
Quais as causas? 
 
 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi 
julgado adequado à obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social e aprovado em 
sua forma final pela FAPI- Faculdade do 
Piauí. 
 
 
Aprovada em: DEZEMBRO DE 2017 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
Prof.ª Aline Teixeira 
Faculdade do Piauí – FAPI 
 
Prof.° Fabrício Barbosa 
Faculdade do Piauí – FAPI 
 
Prof.ª Luciana Evangelista F. Franco 
Faculdade do Piauí – FAPI 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço primeiramente a Deus por todas as conquistas alcançadas; 
A minha família pela força, incentivo, por me acompanharem e apoiarem 
diante de todas as dificuldades e bênçãos recebidas nestes três anos e meio de muitos 
aprendizados. Agradecer também a todas as pessoas queridas que durante esta 
trajetória muito contribuíram para o meu enriquecimento profissional. 
E a minha querida professora Luciana Evangelista com seu 
profissionalismo e dedicação me orientou na construção deste trabalho, contribuindo 
com seus conhecimentos e experiência no desenvolvimento de minhas idéias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Velhice não deveria ser entendida como doença, pois não é 
algo contrário à natureza.” 
 (Aristóteles). 
https://www.pensador.com/autor/aristoteles/
 
 RESUMO 
O Brasil, antes considerado um país jovem vem passando por grandes mudanças 
demográficas que influenciaram na transformação dessa realidade, o decréscimo da 
natalidade e mortalidade, tornando-se um país com grande número de pessoas 
idosas. Porém, esta situação não trouxe resultados positivos, ao contrário, o aumento 
desta população transformou-se em um problema social, pois os governantes não 
prepararam o Brasil para determinada circunstância resultando em um país sem 
políticas públicas e sociais, serviços, programas e projetos de qualidades e eficientes, 
capazes de atender as necessidades básicas da população em seu processo de 
envelhecimento. Dessa maneira, o objetivo da pesquisa realizada é identificar quais 
as causas da institucionalização da pessoa idosa, a partir da análise da sociedade 
diante do processo de envelhecimento, da relação família / idoso no novo contexto 
social e assim dos motivos que resultam no processo institucional. Esta apresenta 
abordagem qualitativa, caráter explicativo, se utiliza do método Materialista Critico 
Dialético e é uma análise bibliográfica. De acordo com o estudo realizado verificou-se 
que as medidas implantadas pelo Estado para suprir as necessidades do idoso 
continuam insuficientes devido a sua ineficácia, dessa forma a família passa a ser a 
principal base na luta pela proteção e efetivação dos seus direitos. No entanto esta, 
diante de tantas imposições ideológicas colocadas pelo sistema capitalista que 
manipula a sociedade e, por conseguinte a família encontra-se fragilizada, 
impossibilitada de atender de forma eficaz as suas responsabilidades, dificultando a 
convivência familiar entre os membros e assim resultando na institucionalização da 
pessoa idosa. Todavia, é preciso que o Estado enquanto provedor disponha à família 
o suporte necessário para atender as demandas ali existentes, além de trabalhar a 
sociedade com novos olhares e conceitos, fomentando estratégias que atendam as 
demandas existentes auxiliando-a na mudança desta realidade. 
Palavras-chave: Idoso. Família. Institucionalização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Brazil, previously considered a young country, has undergone great demographic 
changes that have influenced the transformation of this reality, the decrease of the 
birth rate and mortality, becoming a country with a large number of elderly people. 
However, this situation did not produce positive results, on the contrary, the increase 
of this population has become a social problem, since the rulers did not prepare Brazil 
for a certain circumstance, resulting in a country without public and social policies, 
services, programs and projects of quality and efficient, capable of meeting the basic 
needs of the population in its aging process. In this way, the objective of the research 
is to identify the causes of the institutionalization of the elderly person, from the 
analysis of the society before the aging process, the family / elderly relationship in the 
new social context and thus the reasons that result in the institutional process. This 
one presents a qualitative approach, explanatory character, is used of the Materialistic 
Critical Dialectic method and is a bibliographical analysis. According to the study, it 
was verified that the measures implemented by the State to meet the needs of the 
elderly remain insufficient due to their inefficiency, so the family becomes the main 
basis in the struggle for the protection and realization of their rights. However, in the 
face of so many ideological impositions placed by the capitalist system that 
manipulates society and therefore the family is weakened, unable to effectively meet 
their responsibilities, making it difficult for family members to live together and thus 
resulting in institutionalization of the elderly. However, it is necessary for the State as 
a provider to provide the family with the necessary support to meet the existing 
demands, as well as to work the society with new looks and concepts, fomenting 
strategies that meet the existing demands, helping it to change this reality. 
 
Key-words: Elderly. Family. Institutionalization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1: Número de idosos com idade igual ou superior a 65 anos no Brasil, nos anos 
de 2013-2060.....................................................................................................39 
Tabela 2:Número de ILPI`s e idosos residentes nos anos de 2007-2010 no Brasil 
 ...................................................................................................................................... 40 
Tabela 3: Número de ILPI´s por região nos anos de 2009-2014................................ 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADRO 
Quadro1: As causas da institucionalização da pessoa idosa ..................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 
BPC - Beneficio de Prestação Continuada. 
CF - Constituição Federal. 
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
ILPI’s - Instituições de Longa Permanência para Idosos. 
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social. 
MDS - Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome. 
ONGs - Organizações Não Governamentais. 
PNAD- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 
PNI - Política Nacional do Idoso. 
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada. 
SESC - Serviço Social do Comércio. 
SEDH -Secretaria de Estado de Direitos Humanos. 
SUAS - Sistema Único de Assistência Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11 
2. O IDOSO NO DECORRER DA HISTÓRIA E A LEGISLAÇÃO COMO SUPORTE 
AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ................................................................ 13 
2.1. Compreendendo o ser “idoso” em tempos passados ................................... 14 
2.2. O Idoso na realidade contemporânea .............................................................. 16 
2.3. A legislação enquanto instrumento de proteção da Pessoa Idosa .............. 18 
2.3.1. O idoso na Constituição Federal de 1988 e a garantia da proteção dos seus 
direitos........................................................................................................................18 
2.3.2. Política Nacional do Idoso- PNI: Ampliando a proteção de direitos ................. 21 
2.3.3. Estatuto do Idoso: Protegendo gerações contra uma sociedade alienada ...... 23 
3. A FAMÍLIA E A PESSOA IDOSA EM UM CONTEXTO COMTEMPORÂNEO .... 27 
3.1. O envelhecimento como uma expressão da questão social ......................... 27 
3.2. A intergeracionalidade e o lar ........................................................................... 31 
4. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PESSOA IDOSA NO BRASIL: DE ONDE VEM 
ESSA IDEIA? 
 ...................................................................................................................................... 36 
4.1. ILPI’s e sua historicidade ................................................................................... 36 
4.2. A regulamentação das Instituições de Longa Permanência para Idoso ..... 42 
4.3. Institucionalização da pessoa idosa: Quais as suas causas? ..................... 45 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 49 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 53 
11 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Nas últimas décadas foi observado através de estudos realizados, que 
o perfil da sociedade tem se modificado devido o decréscimo da natalidade e da 
mortalidade, resultando no crescente número da população idosa no Brasil. Dessa 
forma, necessita-se que a sociedade esteja preparada para adaptar-se a essa nova 
realidade. 
Diante dessas informações, torna-se importante elencar que a 
sociedade contemporânea encontra-se em um estilo de vida diferente do que se 
esperava ser assegurado ao idoso, tornando esse convívio fragilizado e por muitas 
vezes impossível. E por essa razão a pesquisa buscou compreender as principais 
causas que influenciam na institucionalização do idoso, e assim identificou os motivos 
que contribuem para que a relação família/idoso encontre-se em alguns casos tão 
delicada. 
Para se chegar aos resultados optou-se por uma pesquisa com 
embasamento na Teoria Marxista, pautado no método Materialista Dialético onde se 
analisa as sociedades com suas múltiplas relações dadas e inacabadas, visando à 
compreensão das causas que motivam a institucionalização do idoso na atualidade. 
Sendo esta pesquisa bibliográfica se utilizando de acervos produzidos anteriormente, 
os dados foram coletados a partir de livros, artigos e meio eletrônico para uma melhor 
amplitude nos resultados buscados na pesquisa. 
É uma pesquisa explicativa, pois busca identificar fatores e explicá-los, 
sendo também qualitativa, pois possibilita o estímulo de uma compreensão subjetiva 
referente à problemática aqui pesquisada. Com base aos métodos mencionados a 
pesquisa tem o propósito de analisar os dados coletados para então se chegar ao 
objetivo geral desta pesquisa que são as causas da institucionalização da pessoa 
idosa, visando entender o porquê desse processo de institucionalização e assim 
contribuindo para um novo olhar dessa realidade. 
O capítulo 2, “O idoso no decorrer da história e a legislação como um 
suporte ao processo de envelhecimento”, traz um debate em torno da historicidade do 
envelhecimento e, por conseguinte do idoso no transcurso do tempo, analisando como 
eram e como são considerados e acolhidos pelas sociedades de cada época, e assim 
abordando a legislação como o principal apoio legal aos idosos, diante de toda e 
qualquer circunstância vivencial segundo SOUSA (2001), SCORTEGAGNA e 
12 
 
 
OLIVEIRA (2012), NETTO (1996), SESC (2009), CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988), 
PNI (1994), ESTATUTO DO IDOSO (2003) e outros. 
No capítulo 3, “A família e a pessoa idosa”, trabalhou-se o 
envelhecimento como uma expressão da questão social e a intergeracionalidade no 
lar, estudando qual a influência desta problemática social no convívio intrafamiliar a 
partir de IAMAMOTO (2010), SALVADOR (2010), TEIXEIRA (2015), DEBERT (2004), 
BERNARDO (2005) entre outros. 
E no capítulo 4, “A institucionalização da pessoa idosa: De onde vem 
essa ideia?”, foi discutida a trajetória das Instituições de Longa Permanência para 
Idosos, a regulamentação que normatiza o seu funcionamento e as principais causas 
da institucionalização do idoso citadas por NETTO (1996), TIER, FONTANA, SOARES 
(2004) e outros. 
Assim, foi detectado no decorrer da pesquisa que devido à educação 
repassada culturalmente entre algumas civilizações no transcorrer do tempo, e 
principalmente a implantação do sistema capitalista, que tem em sua essência o poder 
de manipulação da sociedade, a partir de falsas ideologias que de certa forma afetam 
a família e assim desestruturam os laços intergeracionais existente entre estes. Dessa 
maneira, o trabalho encontrou como uma das causas primordiais da inserção da 
população estudada em Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI’s, a 
falta de tempo para cuidar, que segundo o resultado da pesquisa desenvolvida 
culminam em outras causas identificadas como a necessidade de inserisse no 
mercado de trabalho devido suas obrigações financeiras, a indisponibilidade de outros 
membros da família para o cuidado do idoso entre outros, que são resultado da 
influencia do sistema capitalista sobre a sociedade e o Estado. 
 
 
 
 
 
13 
 
 
2. O IDOSO NO DECORRER DA HISTÓRIA E A LEGISLAÇÃO COMO SUPORTE 
AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 
No decorrer da pesquisa realizada observou-se que os idosos em 
diferentes épocas ao longo da historia eram referenciados de formas distintas, umas 
positivas e outras negativas, o que correspondia a características de cada cultura. 
Com a implantação do modelo econômico capitalista que tem como objetivo a 
obtenção do lucro, através de seu poder de manipulação social e eletrônica houve a 
disseminação de falsas ideologias que tenderam a excluir a pessoa idosa da 
sociedade pelo simples fato de não encontrar-se mais inserido no meio de produção 
capitalista, relacionando assim o significado de pessoa aposentada, a pessoa invalida. 
Dessa maneira, com tanta discriminação e desrespeito com relação à pessoa idosa 
foi necessário a criação de medidas que assegurassem a proteção destes ao longo 
de suas vidas. 
 Dessa forma, para dá inicio ao capítulo primeiramente 
compreenderemos o significado de “idoso”, que de acordo com o Estatuto do Idoso 
(2003, p. 19) em seu Art. 1 “É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os 
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. 
Segundo o dicionário Aurélio Júnior (2005) “idoso é quem tem bastante idade”. E o 
conceito de Zirmeman (2000, p. 19) é que “[...] velho é a mesma pessoa que sempre 
foi, se foi um trabalhador vai continuar trabalhando; se foi uma pessoa alegre vai 
continuar alegrando; se foi uma pessoa insatisfeita, vai continuar insatisfeita e se foi 
ranzinza vai continuar ranzinza”. 
Então, segundo o Estatuto para considerar um cidadão como idosoeste 
deve ter idade cronológica de 60 anos ou mais, mas não necessariamente deverá se 
enquadrar em um conjunto de características físicas e/ou cognitivas que são 
determinados pela sociedade erroneamente. O conceito aderido à pesquisa é o de 
que, velho não vem cheio de regras a qual cada cidadão terá que se ajustar, velho 
significa vivência, aprendizado, experiência e muito mais. 
Os significados e as características atribuídos à velhice terão aqui 
grande importância para que se possa compreender o processo da pesquisa. Este 
capítulo irá fundamentar sobre o idoso em tempos passados e na contemporaneidade, 
trazendo a concepção do “ser velho na sociedade”, desde os anos de 66d.C. baseado 
na Bíblia, até os dias de hoje a partir da visão de autores brasileiros que elaboraram 
14 
 
 
pesquisas sobre a temática. Além de apresentar leis que regulamentam e legitimam 
os direitos que fundamentam o papel da pessoa idosa nos novos tempos. 
2.1. Compreendendo o ser “idoso” em tempos passados 
O idoso em todas as passagens do tempo obteve uma 
representatividade diferenciada em cada cultura e contexto social, em algumas esse 
significado era positivo em outras não. Essas formas distintas de compreender a 
velhice dizem muito sobre as características de todas as sociedades, dessa maneira 
torna-se de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas sobre essas 
diferentes representações para que se possa conhecer o idoso ontem e hoje inserido 
em uma totalidade. 
A primeira referência cultural é o livro Bíblico de TIMÓTEO (5:1; 2.p, 
1532) que diz, “não repreenda duramente um ancião, mas exorte-o como se fosse um 
pai. Aos rapazes, como a irmãos. Às senhoras, como a mães. Às moças, como a 
irmãs, com toda a pureza”. Como está na Bíblia, em uma comunidade cristã o 
exercício da solidariedade e do respeito independe de sua geração e por isso os 
idosos naquela época eram respeitados sendo considerados como um exemplo de fé 
e sabedoria. 
Assim como também eram e são vistos os idosos na civilização oriental 
especificamente na sociedade chinesa, onde os idosos possuem condições 
privilegiadas, são bem tratados, respeitados, considerados como pessoas sábias e, 
portanto são estimados como importantes na sociedade. SOUSA (2001) traz em seu 
artigo abordagens de Lao-Tsé e Confúcio, dois filósofos orientais que veem a velhice 
como um momento de extrema espiritualidade, onde há uma libertação da alma, e que 
os mais novos devem respeitar a pessoa mais velha, sendo que esta possui uma 
autoridade patriarcal quando alcança a idade, independente do gênero sexual, pois a 
mulher que foi tão submissa, quando envelhece passa a ter poderes mais elevados 
que os jovens masculinos, tornando-se responsável principalmente pela educação 
dos netos, já que esta adquiriu devido a sua vivencia capacidade de refletir sobre os 
prazeres da vida e assim atribuir estes ensinamentos aos mais jovens. 
Na civilização ocidental os gregos por outro lado viam a velhice como 
um momento da vida mais triste, pois o corpo já não era mais jovem e estes adoravam 
a juventude. Como cita SOUSA (idem. p, 92). 
15 
 
 
Os gregos foram amantes do corpo jovem e saudável, preocupados em 
cultuá-lo e preservá-lo, sendo a velhice, de modo geral, tratada com desdém, 
muito desconsiderada e até motivo de pavor, principalmente pela perda dos 
prazeres proporcionados pelos seus sentidos. 
Os gregos cultuavam a juventude e a forma física e por isso repudiavam 
a velhice, argumentavam que os idosos eram pessoas deprimidas. SOUSA (2001) cita 
alguns filósofos como Aristóteles, Minermo e Colofos (360 a.C.) que possuem uma 
visão contrária aos orientais: estes não acreditam ter um lado bom de “ser idoso”. 
A percepção de Aristóteles (384-322 a.C.) acerca da velhice era bem 
diferente da de Platão. Na verdade, sua visão de ser idoso era deprimente: ele 
considerava os idosos reticentes, hesitantes, lentos, de mau caráter; dizia ainda que 
os idosos só imaginavam o mal, eram cheios de desconfiança e que essas 
características eram consequências da experiência de vida que os humilhou, sendo 
os carentes de generosidade, vivendo mais de recordações do que de esperanças e 
desprezando a opinião alheia (SOUSA, id. p.94). 
Na Idade Média caracterizada pela época dos mais fortes e pelos 
poderes militares, a sociedades colocavam os idosos submissos a eles, onde eram 
integrados à parte da sociedade escrava e servil, pois acreditavam que estes seriam 
incapazes de participarem de trabalhos e lutas que exigia um corpo fisicamente 
resistente. 
Conclui-se então que ao longo dos séculos conceitos pejorativos em 
relação à velhice foram continuamente levados de geração para geração, já que na 
antiguidade havia diferentes opiniões sobre o envelhecimento. Uns acreditavam que 
este era o momento de aproveitar e desfrutar da sabedoria junto aos membros mais 
jovens, além de serem vistos pela sociedade como um ser de extrema importância 
para a civilização, pois estes teriam muito a contribuir a partir de suas reflexões de 
vida. Porém, outros os viam a partir de seus “pontos negativos”, como pessoas sem 
motivação e que essa fase da vida seria um momento final, pois o idoso não teria mais 
nada a contribuir na sociedade. 
2.2. O idoso na realidade contemporânea 
As concepções do envelhecimento, como já falado, variam de geração 
para geração, de cultura para cultura e assim se transformam ao longo da história 
caracterizando as civilizações a partir de pontos particulares. Diante desta análise do 
significado do envelhecimento em tempos passados e culturas diferentes, iremos 
16 
 
 
agora compreender a partir do ponto de vista de autores brasileiros qual o significado 
do idoso e o processo de envelhecimento hoje. 
Segundo SCORTEGAGNA e OLIVEIRA (2012) na atualidade brasileira 
o modo de ver o idoso não é diferente dos ocidentais, pois é visível o descaso que a 
sociedade dar ao processo de envelhecimento. Continua arraigada a visão de que a 
pessoa idosa é uma inválida e incapaz. Esta concepção ainda é mantida por influência 
do sistema que coloca para a sociedade que quando envelhece o cidadão não tem 
mais nenhuma serventia já que não está mais contribuindo para o desenvolvimento 
econômico. Vale ressaltar que: 
[...] a sociedade moderna encontra-se hoje diante de uma situação 
contraditória: de um lado, defronta-se com o crescimento massivo da 
população idosa,fruto do aumento da expectativa média de vida da raça 
humana e de outro, se omite ou adota mesmo atitudes preconceituosas sobre 
o velho e a velhice, retardando, destarte a implementação de medidas que 
virão minorar o pesado fardo dos que ingressaram na velhice (NETTO, 1996, 
p. 9). 
Por mais mudanças e acontecimentos que tenham ocorrido ao longo do 
tempo os idosos ainda não conseguiram alcançar um reconhecimento, a sociedade 
brasileira continua preconceituosa, isso acontece devido aos ensinamentos e valores 
de cada época sendo que a representatividade de determinados conceitos são 
repassados de geração para geração. 
Portanto essa representação de velho de forma negativa está ligada a 
como é percebido o processo de envelhecimento na natureza humana. Visto que, por 
mais que a sociedade tenha consciência que envelhecer é um processo inerente a 
todos os seres humanos fazendo parte do curso da vida, esta suscita reações 
negativas, seja porque é percebida como um tempo de perda das capacidades 
laborais, seja porque é associada à solidão e à proximidade da finitude. (SESC, 2009, 
p.9) 
A sociedade relaciona o envelhecimento apenas a características 
negativas, mas esquece de que envelhecer não as define como inúteis. Cada um 
possui particularidades que as distingue das outras pessoas e estas serão as 
responsáveis por caracterizar a sua personalidade na velhice. 
Segundo FREIRE (apud SESC, 2009, p. 8), “as transformações da 
sociedade contemporânea trouxeram para a dimensão simbólica,novos arranjos que 
vem alterando e provocando novos hábitos, valores e modo de produção da 
subjetividade em relação à velhice”, ou seja, como vimos anteriormente na civilização 
17 
 
 
oriental a população tem o direito de envelhecer já que eles passaram toda a 
juventude e a vida adulta contribuindo. Porém, no ocidente a construção social de 
velhice era cercada de preconceito e no contexto social ao qual estamos inseridos 
atualmente a velhice ainda é vista de forma preconceituosa, pois mesmo que seja um 
direito envelhecer com dignidade, o sistema induz a sociedade a acreditar que não 
contribuir mais para o desenvolvimento econômico significa estar fora da reprodução 
social. 
A mídia estrategicamente midiatiza estereótipos de belezas de forma 
que negam e disfarçam a velhice como se esta fosse algo repugnante, impelindo o 
idoso ao isolamento social. Além do descaso da própria sociedade, ainda tem a mídia 
com suas diversas formas de publicidade e o sistema capitalista que disseminam o 
ato da exclusão social. 
Envelhecer significa na maioria das vezes estarmos excluídos de vários 
lugares sociais. Um desses lugares densamente valorizado é aquele relativo ao 
sistema produtivo, o mundo do trabalho. “O alijamento do mundo produtivo - 
exatamente na nossa cultura - espalha-se criando barreiras impeditivas de 
participação do velho nas outras tantas e diversas dimensões da vida social”. (NETTO, 
1996, p. 75) 
Em um sistema capitalista em que todos os processos giram em torno 
da lucratividade, o cidadão ao envelhecer e tornar-se um aposentado que não está 
mais contribuindo com o sistema é colocado de lado e visto como um fardo para 
sociedade. 
Desta forma, segundo o SESC, op. cit. (2009) o não reconhecimento 
social da velhice se expressa pela desvalorização do aposentado, da falta de um novo 
papel social e do processo de desengajamento das atividades socialmente 
valorizadas. A aposentadoria condicionou à pessoa idosa a categoria de inativo em 
uma sociedade que reconhece seus cidadãos pela sua inserção no mundo 
economicamente produtivo. 
Estar inserido em uma sociedade de um país subdesenvolvido com um 
sistema tão excludente exige das classes excluídas a busca por reconhecimento da 
questão social para juntos lutarem pelo direito de cidadania. Pois o envelhecimento 
populacional traz para a sociedade novos desafios, sobretudo a necessidade da 
transferência de recursos para atender às especificidades dessa parte da população. 
Sendo que nessa fase da vida há o aumento da demanda e com isso a necessidade 
18 
 
 
de serviços, programas e políticas qualificadas que seja um suporte ao idoso nesse 
novo momento. (SESC, 2009) 
A civilização oriental com seus ensinamentos e valores em relação à 
representatividade do idoso junto a sua população é um exemplo a ser seguido, 
colocando o idoso em uma posição valorativa impossibilitando que este sofra 
preconceitos e seja excluído do sistema. Sendo que no Brasil vivenciamos uma 
representatividade negativa, pois o primeiro a excluir é o próprio sistema. 
Sendo assim, é preciso que a sociedade reflita sobre o processo de 
envelhecimento, compreendendo que esta é uma fase da vida destinada a todos 
independentemente, deixando de lado esse preconceito e negatividades que apenas 
contribuem para um sistema tão excludente. E por essa razão buscar junto ao Estado 
uma forma de acolher ao idoso a partir da visão que a civilização oriental tem em 
relação aos seus membros, acreditando no seu potencial e indo muito além do 
aparente, respeitando-o como um ser humano. 
Nesse sentido, veremos adiante as contribuições do Estado na tentativa 
de minorar essa exclusão que afeta a população idosa. 
2.3. A legislação enquanto instrumento de proteção da pessoa idosa 
2.3.1. O idoso na Constituição Federal de 1988 e a garantia da proteção dos seus 
direitos 
Diante do que vimos anteriormente, a relação do idoso com a sociedade 
desde muito tempo atrás é conflituosa, devido a não aceitação e a falta de respeito 
desta com a pessoa idosa. Por esta razão, fez-se necessário que o Estado viesse a 
intervir nesta realidade garantindo aos idosos direitos que lhe propusessem uma vida 
digna e com respeito, assegurando-lhe um envelhecimento tranquilo. 
Já que o idoso quase sempre não é tratado como cidadão, a realidade 
obrigou a constituinte a estabelecer textos que fossem bem claros quanto a isso, 
estabelecendo meios legais que contribuíssem para que o idoso deixe de ser 
discriminado e receba o tratamento que lhe é devido. Nesse sentido, foi realizado um 
estudo sobre os direitos assegurados por lei à pessoa idosa. 
Na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 1° e inciso III tem como 
fundamento: “a dignidade da pessoa humana”, assegurando de forma geral a todos o 
direito de gozar de uma vida plena. Sendo assim, o idoso não deve ser privado de 
19 
 
 
nenhum direito que lhe é assegurado por lei. Também na Constituição em seu art. 3°, 
inciso IV dispõe: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” Ou seja, o Estado mostra que 
todos os direitos da sociedade são garantidos por ele e busca a compreensão de que 
qualquer forma de discriminação é crime. 
A CF/88 não se limitou apenas a uma acepção geral sobre o que é direito 
do idoso, mas também sobre as responsabilidades da família como um todo 
especificando em seu art. 229 o seguinte, “os pais têm o dever de assistir, criar e 
educar seus filhos menores, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os 
pais na velhice, carência ou enfermidade”. No art. 230 (CF/88) “a família, a sociedade 
e o estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação 
na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida”. É dever do Estado a garantia de meios para viver, mas sem esquecer que é 
também dever da família e da sociedade contribuir para que isso aconteça. 
Devido as necessidade dos idosos se inserirem na comunidade é 
importante que estes conheçam os direitos atribuídos a eles referente à sua dignidade 
individual e coletiva. A CF/88 em seus artigos 127 e 129 dispõem sobre as defesas 
dos direitos coletivos, incluindo a sociedade como um todo inclusive o idoso. E em 
seu art. 134 trata dos direitos individuais onde possuem meios que os protejam e os 
asseguram legalmente. 
E aos idosos que não possuem condições e que a família não possa 
prover suas necessidades básicas terá assim como previsto no art. 201, inciso I, da 
Constituição Federal de 1988 “a cobertura dos eventos de doenças, invalidez, morte 
e idade avançada pela a previdência social”. Possibilitando ao contribuinte que 
eventualmente está fora do mercado a capacidade de manter-se economicamente. E 
no art. 203 e 204 aos que não integrem o seguro social a “assistência social será 
prestada a quem dela necessitar independente de contribuição a seguridade”. Tais 
direitos são relativos ao Beneficio de Prestação Continuada- BPC, estão dispostos na 
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 que estabelece a Lei Orgânica de Assistência 
Social- LOAS, que refere-se a Assistência Social como um direito do cidadão e dever 
do Estado sendo esta uma política de Seguridade Social não contributiva, sendo esta 
a primeira lei a surgir com caráter de proteger o idoso. 
Mas, além do reconhecimento do Estado sobre suas obrigações com os 
idosos que contribuíram para o crescimento e desenvolvimento do país, o respeito 
20 
 
 
aos direitos fundamentais possibilitam que haja uma igualdade social, reeducando a 
sociedade para que semeie o respeito e o amor ao próximo. 
Quando se trata do idoso, o direito à vida engloba não apenas longevidade, 
mas ao envelhecimento com dignidade, respeito, proteção e inserção social. 
No que se refere ao direito à liberdade, deve ser ele propiciado ao idoso por 
meio de providênciasreais por parte do Estado e da sociedade, 
principalmente a independência familiar e social, através de prestações 
previdenciárias e assistenciais eficazes. Já o direito à igualdade, deve 
resguardar aos idosos as mesmas condições das demais pessoas, que vivem 
em sociedade. Quanto ao direito à cidadania, sua importância está em 
possibilitar ao idoso conservar a capacidade de analisar e compreender a 
realidade política e social, criticá-la e atuar sobre ela (CIELO; VAZ, 2009. P, 
34). 
Nesse sentido, como diz Cielo e Vaz (2009), ser velho hoje significa mais 
do que viver por muitos anos, o segredo está na qualidade de vida fornecida a cada 
cidadão. E a Constituição Federal estabelece os direitos que contribuem para que isso 
aconteça. Viver com dignidade, ter liberdade para gozar dos prazeres da vida, ter 
instituições que irão lhe acolher além de uma gama de possibilidades que lhe auxiliará 
quanto às formas de manterem-se quando estiverem fora do sistema econômico. 
Porém, não é apenas na Constituição Federal de 88 que possui normas 
e direitos que visam proteger e assegurara pessoa idosa. Mas foi a partir da sua 
promulgação em 1988 que surgiram leis que realmente obtivessem normas 
específicas para estes, que deram aos idosos os verdadeiros direitos e garantias. 
2.3.2. Política Nacional do Idoso– PNI: Ampliando a garantia de direitos 
Após a LOAS, a próxima leia a surgir com esse fim foi a de n° 8.842 de 
4 de Janeiro de 1994, estabelecendo a Política Nacional do Idoso (PNI) e sendo 
regulamentada pelo o Decreto Federal n° 1.948, de 3 de Julho de 1996. 
A PNI dispõe sobre os deveres das organizações municipais, estaduais 
e da União com relação à assistência, promoção social, efetivação dos direitos que 
asseguram o idoso e a reeducação da sociedade em relação ao processo de 
envelhecimento, pois esta não busca apenas promover a proteção ao idoso, mas 
trabalhar de forma geral para que a sociedade tenha dignidade em seu processo de 
envelhecimento. 
Diante disso tem sua base em cinco princípios estabelecidos no art. 3°, 
sendo eles: 
21 
 
 
I - a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos 
os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 
II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo 
ser objeto de conhecimento e informação para todos; 
III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; 
IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações 
a serem efetivadas através desta política; 
V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as 
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas 
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei. 
 
Analisando o inciso I e II percebe-se que é dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar aos idosos os seus direitos e defender a sua 
dignidade para que este possa conviver em comunidade como um cidadão. E para 
que isso aconteça é importante que a sociedade compreenda a necessidade de 
conhecer e manter-se informada com relação ao processo de envelhecimento. Pois 
para que a pessoa idosa seja acolhida com respeito e dignidade é indispensável que 
a sociedade se sensibilize e compreenda que o envelhecimento é uma etapa da vida 
inerente a todos os seres humanos e por isso é importante que ocorram algumas 
mudanças quanto às concepções negativas ainda impregnadas no contexto atual. 
A Política Nacional do Idoso tem como finalidade segundo o art. 1º, 
“promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”. A partir 
da inserção da pessoa idosa na fiscalização e aperfeiçoamentos de atividades, 
políticas, planejamentos e projetos que são desenvolvidos especificamente para esse 
público. Assim como estar no art. 4° da Política Nacional do Idoso nos incisos I e II. 
I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio 
do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; 
II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na 
formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e 
projetos a serem desenvolvidos; 
 
A PNI aponta para a implantação e execução de políticas e ações 
voltadas a promoção do idoso e que estas sejam eficazes e atendam as suas 
necessidades básicas. A implementação dessa política é competência dos órgãos e 
entidades públicas das áreas de promoção e assistência social, saúde, educação, 
trabalho e previdência social, habitação e urbanismo, justiça, cultura, esporte e lazer, 
além das instituições de longa permanecia que são entidades de atendimento ao idoso 
que possibilitam a este um acolhimento diante das suas necessidades e de sua 
família. Sendo que é a partir da articulação destas áreas que a o desenvolvimento de 
melhorias nas condições de vida da pessoa idosa. 
22 
 
 
Para o fortalecimento da efetividade da Política Nacional do Idoso foram 
criados conselhos de âmbito municipal, estadual, nacional e de Distrito Federal que 
são responsáveis pela fiscalização e avaliação da PNI. Como está disposto em dois 
de seus artigos: 
Art. 6º Os conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais 
dos idosos serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos 
por igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de 
organizações representativas da sociedade civil ligadas à área. 
Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei a supervisão, 
o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da política nacional do idoso, 
no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas. 
A Lei 8.842 de 1994 que estabeleceu a PNI veio para consolidar os 
direitos já estabelecidos na Constituição Federal de 88, colocando a disposição outras 
formas de efetivação de instrumentos legais capazes de reprimir a violação desses 
direitos e assim promover a proteção integral do idoso em uma sociedade tão 
contraditória. 
2.3.3. Estatuto do Idoso: Protegendo gerações contra uma sociedade alienada 
A Política anteriormente citada tem um caráter abrangente, estando mais 
relacionada aos deveres da família, sociedade e Estado como provedores dos direitos 
da pessoa idosa. Já a lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003 que estabelece o 
Estatuto do Idoso, criada pelo Senado Federal e sancionada pelo o Presidente da 
República surgiu para, além disso, dispor de caracteres mais específicos atendendo 
as necessidades individuais e coletivas dos idosos de forma minuciosa para que haja 
uma proteção mais precisa dos direitos a eles atribuído. Assegurando os direitos de 
pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
O Estatuto traz nas disposições preliminares os mesmos princípios 
estabelecidos na PNI e alguns complementos, onde está disposto no parágrafo único 
o atendimento preferencial ao idoso, seja em repartições públicas ou privadas, em 
decorrência da formulação e execução de políticas sociais públicas específicas. Além 
da inserção do idoso como partícipe na comunidade dispõe também sobre prioridade 
da proteção do idoso pela família, e sobre a necessidade de capacitação dos recursos 
humanos na área de gerontologia e geriatria e na prestação de serviços ao idoso. 
Fomentando a responsabilidade de toda a sociedade na proteção dos direitos e a 
punição caso haja a violação de alguma das normas previstas por lei. E em seu artigo 
23 
 
 
2° coloca a relevância do idoso desfrutar sobre os direitos fundamentais a ele 
concedidos: 
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, 
assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual, espirituale social, em condições de 
liberdade e dignidade. 
É a partir destes direitos essenciais à população idosa que esta exerce 
sua posição como cidadã. Sendo estes, o direito a vida com a possibilidade de 
envelhecer com qualidade e assim poder gozar do direito à liberdade, ao respeito e 
dignidade. Liberdade para ir e vir, para falar, para fazer suas escolhas e expressar 
suas vontades, sejam elas quais forem. Sendo os idosos respeitados se reconhecidos 
como pessoas dignas de viver e conviver em sociedade. Além dos direitos ao 
alimento, à saúde, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à 
Previdência Social, à Assistência Social, à habitação e ao transporte. 
Mas, não basta tê-los é imprescindível que sejam qualificados e que 
realmente atendam as necessidades da pessoa idosa e de toda sociedade. Siqueira 
(2004) afirma que estes direitos são fundamentais porque sem eles o ser humano 
seria incapaz de existir ou de sobreviver. E por isso tais direitos que já estão 
estabelecidos na Constituição Federal foram reafirmados no Estatuto para a 
segurança dos reflexos da lei maior. O que convém salientar é que estes são 
invioláveis e em nenhum momento deverão ser esquecidos, pois são eles que regem 
a dignidade de todos os seres humanos. 
O Estatuto institui medidas de proteção ao idoso de forma individual e 
coletiva e é responsável por resguardá-lo caso haja violação de algum dos direitos 
colocados em vigor nesta lei, como dispõe o art. 46: “A política de atendimento ao 
idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. 
Esse conjunto articulado de ações refere-se à rede de atendimento ao 
idoso, que se constitui a partir da articulação de serviços dos órgãos governamentais 
como o Ministério Público, Defensoria Pública, as secretarias de Saúde, Educação, 
Assistência Social, Segurança, Justiça, Esporte e Lazer; e as não- governamentais 
como as ONGs. 
24 
 
 
Essa proteção concretiza-se a partir de ações sociais básicas, previstas 
na PNI e através de políticas e programas que tenham um caráter complementar, 
capazes de atender as necessidades daqueles que carecem desses serviços, 
protegendo os que são vítimas de negligência ou qualquer tipo de violação através de 
serviços especializados, além daqueles que identifiquem e localizem parentes ou 
responsáveis por idosos que foram abandonados em hospitais ou instituições de longa 
permanência. (ESTATUTO DO IDOSO, 2003) 
Quanto às Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas- 
ILPI´s o estatuto dispõe em seu art.48 sobre suas características e obrigações. As 
entidades de âmbitos governamentais e não-governamentais, devem se 
responsabilizar pela a manutenção de suas unidades atendendo as normas de 
planejamentos e execução previstos na lei n° 8.842, de 1994. É necessário que haja 
a inscrição de seus programas junto aos órgãos competentes de Vigilância Sanitária 
e o Conselho Municipal do Idoso e na falta desses ao Conselho Estadual ou Conselho 
Nacional da pessoa idosa descrevendo o modo de atendimento, observando os 
requisitos instituídos no art. 48 nos seguintes incisos: 
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, 
higiene, salubridade e segurança; 
II – apresentar objetivos estatutários e planos de trabalho compatíveis com 
os princípios desta Lei; 
III – estar regularmente constituída; 
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. 
As ILPI´s devem atender tais requisitos para a normatização do 
estabelecimento, proporcionando conforto e qualidade aos idosos institucionalizados. 
Instituindo como princípios a manutenção dos vínculos familiares, estimulação e a 
inserção do idoso em atividades em grupo além de sua participação em atividades 
comunitárias internas e externas sempre buscando promover os direitos que lhes são 
garantidos. 
É obrigação deste tipo de instituição fornecer aos idosos ambientes 
agradáveis, assegurar vestimentas adequadas e de qualidade, espaços para o 
recebimento de visitas, cuidado a saúde, atendimento personalizado com a integração 
de profissionais especializados em áreas especificas para que em casos de doenças 
obtenham profissionais competentes, promoção de atividades interativas que 
estimulem os movimentos físicos e bem está psíquica dos idosos, assistência religiosa 
aos que desejarem. Realização de estudos sociais sobre cada indivíduo e cada caso, 
25 
 
 
comunicação as autoridades competentes informando sobre os idosos em situação 
de doenças ou violação. Encaminhamento ou solicitação ao Ministério Público para 
que requisite dos familiares ou outros responsáveis anteriores, os documentos 
necessários ao exercício de cidadania. Manutenção do registro individual do idoso 
atualizado, contendo as informações necessárias, possibilitando sua identificação e 
comunicação ao Ministério Público casos de abandono moral ou material pelos 
familiares, para que este tome as providencias cabível. 
As fiscalizações das casas-lares serão efetuadas segundo o art. 52 
“pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos 
em lei. Sendo eles os responsáveis por aplicarem multas e advertências caso seja 
necessário”. 
Vimos então que o Estatuto do idoso dispõe minuciosamente sobre os 
direitos da pessoa idosa, as regulamentações das entidades, as sanções e 
penalidades que serão destinadas aos membros da administração de instituições de 
longa permaneciam, caso haja algum descumprimento da lei vigente. E também sobre 
os deveres de todos os órgãos municipais, estaduais e nacionais com a relevância de 
seu papel como provedores de direitos. 
Diante do estudo das leis acima citadas percebemos que o dever de 
promoção dos direitos do idoso pela família, sociedade e Estado estão previsto em 
todas as normas e leis que abrangem o idoso como individuo central. E que 
teoricamente os direitos que os idosos precisam para viver com dignidade na 
sociedade estão claramente estabelecidos e contemplam as necessidades destes, 
sendo reafirmados em cada uma das leis no intuito de fortalecer seu reconhecimento 
e por consequência sua efetivação. Mas, o que se percebe é que na teoria é uma 
coisa e na prática é outra, pois o que se presencia habitualmente é que existe total 
desprezo desses direitos por alguns membros da sociedade, inclusive em alguns 
casos pela própria família que negligencia e viola a dignidade da pessoa idosa. O que 
acontece atualmente é que as instâncias que são responsáveis pela proteção do idoso 
estão fugindo do seu papel como provedor, jogando sua responsabilidade uma para 
o outra, sendo que é um dever semelhante a todos. 
Não basta sabermos que existem leis que protegem e asseguram os 
idosos diante de qualquer circunstância, é imprescindível que a sociedade de forma 
geral conheça essas leis, reconheça os direitos nelas instituídos como necessários 
para se viver com dignidade e respeito e as ponha em prática. Promovendo processos 
26 
 
 
e ações de sensibilização da sociedade, para que haja uma emancipação desta 
quanto a sua postura frente aos idosos e ao processo de envelhecimento. 
3. A FAMÍLIA E A PESSOA IDOSA EM UM CONTEXTO CONTEMPORÂNEO 
Devido ao contexto social atual e ao crescimento da população idosa, 
têm surgido estudos que buscam compreender como se concretiza essa expressão 
da questão social na realidade brasileira de maneira que este é um país em 
desenvolvimento, pois conforme o que foi visto anteriormente no capitulo dois, existem 
alguns conflitos entre as diferentes gerações sobre a questão do envelhecimento da 
população e por esta razão, estes podem ou não influenciar na relação entre os 
membros de uma família, interferindo assim em seu meio social. 
Nesse sentido, este capítulo irá abordar sobre como está sendo 
percebido o processo de envelhecimento na sociedade epor consequência no que 
isto reflete na relação do idoso em seu convívio intrafamiliar, a partir da interpretação 
da intergeracionalidade na família contemporânea. 
3.1. O envelhecimento como uma expressão da questão social 
Para uma melhor compreensão do texto vamos primeiramente conhecer 
o significado de questão social segundo a concepção de Iamamoto (2010, p. 27). 
É o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista 
madura, que têm uma raiz comum: a produção social é cada vez mais 
colectiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a 
apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte 
da sociedade. 
Nesse sentido, a questão social é o conjunto das expressões da 
desigualdade social em uma sociedade e ocorre devido à apropriação do lucro nas 
mãos de uma minoria, havendo assim uma má distribuição de renda. Dessa forma, o 
envelhecimento da população brasileira tornou-se atualmente uma das expressões 
dessa desigualdade social, devido a insuficiência do Estado frente ao processo de 
envelhecimento, omitindo-se quanto a sua responsabilidade de prover políticas 
públicas, programas e ações que sejam eficazes e atendam a demanda atual de 
idosos, sendo estas quase inexistentes. 
Segundo uma pesquisa realizada pelo SESC (2009, p.6)“o 
envelhecimento populacional constitui hoje um fenômeno mundial. Estima-se que em 
2050 o número de pessoas acima de 60 anos aumentará em todo o mundo, de 600 
27 
 
 
milhões para quase 2 bilhões de pessoas”, ou seja, de 2009 há aproximadamente 41 
anos haverá um grande aumento da população idosa em todos os países. 
Contudo, em países desenvolvidos esse fenômeno da longevidade da 
população dar-se graças a avanços na medicina e a melhorias nas condições de vida 
da sociedade, sendo uma questão de qualidade de vida já que o desenvolvimento dos 
países se dá de acordo com as necessidades da população. Porém, em países em 
desenvolvimento como o Brasil, essa questão torna-se uma problemática, pois o 
desenvolvimento do país não corresponde às expectativas desse crescimento 
populacional de idosos tornando-se então uma expressão da questão social devido 
ao país não prover respostas às necessidades básicas para um envelhecimento 
digno. 
Devido à situação atual do Brasil em “crise”, o Estado que já é ausente 
quanto ao atendimento das expressões da questão social, ver como única resposta à 
estabilidade financeira do país a redução de verbas destinadas à saúde, assistência 
e previdência social, ou seja, a Seguridade Social que consiste em um conjunto de 
políticas sociais que buscam amparar o cidadão e sua família em situação de saúde, 
envelhecimento e desemprego, respectivamente. Objetivando mudanças quanto às 
suas funcionalidades estruturais como a iminência de adiar o período de 
aposentadoria, a redução do BPC com a desvinculação do salário mínimo mais o 
adiantamento do mesmo para 68 anos, assim afetando as demais políticas públicas 
como a cultura, o lazer, a saúde e outras que são essenciais ao envelhecimento 
saudável, pois com o aumento do período de contribuição previdenciária a população 
não terá tempo de cuidar de si e, por conseguinte gozar de sua aposentadoria 
(SALVADOR, p. 430, 2010). 
Nesse sentido, no Brasil devido à crise política, social e econômica - 
sendo este último uma falsa ideologia, pois sabemos que o neoliberalismo tem como 
o seu dilema a “falta de recursos” e que por isso não pode arcar com respostas as 
necessidades de população- as expressões da questão social tem tornado-se cada 
vez mais alarmantes. No entanto, foi devido à organização de órgãos mundiais, 
pessoas idosas, e a sociedade civil que o envelhecimento passou a ser visto pelo 
Estado como uma expressão da questão social, deixando de ser responsabilidade 
apenas da família como instituição principal ao auxílio ao idoso, como cita Teixeira 
(2015, p. 14): 
28 
 
 
O envelhecimento humano que, há 40 ou 50 anos atrás, era um assunto que 
se restringia, quase exclusivamente, à esfera privada e familiar, emergindo à 
cena pública, inicialmente, como objeto de políticas previdenciárias, passou 
sobretudo depois dos anos 60, a se transformar numa questão social e 
política de maior importância no mundo contemporâneo graças à organização 
dos idosos e de entidades da sociedade civil organizadas em prol de sua 
causa, principalmente de organizações multilaterais internacionais que se 
constituíram em grupos de pressão, fundamentais na transformação da 
questão do envelhecimento em agenda pública. 
Foi a partir da luta organizada que o Estado viu-se obrigado a intervir no 
processo de envelhecimento como a expectativa de dar respostas as necessidades 
da pessoa idosa, objetivando a integração desta no meio social como forma de 
transformar essa realidade. Assim como exprime Debert (2004, p. 15). 
No Brasil, proliferaram, nas últimas décadas, os programas voltados para os 
idosos, como as “escolas abertas”, as “universidades para a Terceira Idade”, 
e os “grupos de convivência para idosos”. Estes programas, encorajando a 
busca da auto-expressão e a exploração de identidade de um modo que era 
exclusivo da juventude, abrem espaço para que uma experiência inovadora 
possa ser vivida coletivamente e indicam que a sociedade brasileira é hoje 
mais sensível aos problemas de envelhecimento. 
Dessa maneira, tais iniciativas evidenciam as tentativas de uma melhoria 
para os cidadãos no processo de envelhecimento e buscam que estes quando idosos 
possam manter-se ativos na sociedade e beneficiando-se de experiências que talvez 
não obtiveram quando jovens. No entanto, estas não são suficientes para um 
envelhecimento digno, precisa-se de muito mais. É indispensável que o direito à saúde 
seja efetivado e que se obtenha qualidade nos seus serviços. Que o lazer seja 
oferecido a todos de forma equânime e que os direitos fundamentais sem exceção, 
sejam prioridade das gestões municipais, estaduais e federais. Há uma luta incansável 
da sociedade organizada na busca por melhorias nas condições de vida do idoso, pois 
só assim a sociedade conseguirá o mínimo de cidadania. 
O envelhecimento mostra-se novamente como uma expressão da 
questão social quando este passa a possuir uma condição de interesse da mídia em 
promover um envelhecimento bem-sucedido. 
É a mídia, que ao colocar uns e outros em um debate amplamente visível, 
não só desestabiliza mecanismos tradicionais de diferenciação no interior do 
mundo dos experts, mais também dentre pessoas de mais idade; ao mesmo 
tempo, abre campos para uma nova demanda política e para a formação de 
novos mercados de consumo (DEBERT, 2004, p. 16). 
O discurso da mídia é totalmente preconceituoso, quando estereotipa o 
envelhecimento com caricaturas rejuvenescidas, medicamentos, plásticas e mais uma 
29 
 
 
série de tecnologias de rejuvenescimentos que são vendidas mundialmente como se 
o envelhecimento fosse responsabilidade apenas da sociedade e que para se ter uma 
velhice com qualidade esta deve se enquadrar em biótipos que negam a sua cultura, 
as suas condições financeiras e principalmente a essência de se viver bem. Mas, 
infelizmente este estereótipo é “comprado” por uma grande parcela da sociedade e 
particularmente pelo sistema que se apropria desse discurso ideológico como uma 
estratégia para a redução de gastos, já que o próprio cidadão responsabiliza-se em 
prover uma melhor condição de vida. 
Até algum tempo atrás falar do envelhecimento em algumas civilizações 
era sinônimo de status, pois estes eram vistos como sujeitos de direitos, dignos de 
respeito. Entretanto, na contemporaneidade a velhice é vista como um peso na 
família, na sociedade e no Estado enfatizando assim a discriminação, desrespeito e o 
não reconhecimento deste como um cidadão que tem seus direitos resguardados por 
lei. 
O envelhecimento como expressão da questão social é exatamente a 
não aceitação dapessoa idosa como ser social1 pelo sistema capitalista, típico da 
postura neoliberal de maquiar a realidade impondo que somente o que é novo, é 
jovem, é belo. A sociedade é apenas manipulada pelo sistema a reagir a essa pressão 
de ideologias impostas pelo capital e por consequência contribuir para a exclusão 
social do idoso em todas as esferas institucionais entre elas a família. 
3.2. A intergeracionalidade e o lar 
Segundo o dicionário de português Aurélio Júnior (2005) geração 
compreende-se como “o ato de gerar e ser gerado; etapa da descendência natural 
que deve ser seguida por outra; considera-se como período de tempo de cada geração 
humana cerca de 25 anos: os pais representam uma geração, os filhos representam 
a geração seguinte”. E a intergeracionalidade segundo o mesmo, simboliza “algo que 
se realiza entre duas ou mais gerações”. 
Dessa forma, infere-se que a intergeracionalidade se concretiza a partir 
da relação entre diferentes gerações. Como crianças, jovens, adultos e idosos em um 
meio social onde há a construção e reconstrução de uma identidade histórica. Então, 
 
¹O homem é um ser social um ser pensante que por ser frágil não sabe viver isolado, precisa da 
interação com seus semelhantes afim de buscar o seu auto-conhecimento, capta e guarda informações 
e portanto atinge níveis de consciência, melhorando, assim, o convívio social (Ventura, 2009). 
30 
 
 
para que se tenha uma compreensão da materialização da intergeracionalidade no lar 
é preciso que estejamos atentos ao novo perfil da família contemporânea e ao 
contexto social brasileiro atual. Pois como cita BERNARDO (2005, p.78): 
A trajetória da família brasileira atual vem-se dando num contexto de 
mudanças sócio-culturais e políticas, fazendo surgir novos modelos 
familiares, ao mesmo tempo derivados e deflagradores dessas mudanças 
sociais (baixa taxa de fecundidade, aumento da expectativa de vida, 
desvalorização da instituição do casamento, aceitação social do divórcio, 
transformações nas relações de gênero, entre outras) que merecem ser 
consideradas quando queremos compreender como se dão as relações 
dentro desse grupo social. 
Isto é, o conceito estrutural de família com o passar dos anos obteve 
algumas modificações que influenciaram no modelo e no significado dado a relação 
afetiva entre seus membros. Antes as famílias em sua maioria possuíam moradias 
enormes onde conviviam todos em um mesmo ambiente, de crianças aos idosos, 
sendo que o chefe da família junto aos homens mais jovens eram os responsáveis 
pelo o sustento de todos. 
Hoje esta estrutura encontra-se em contínuas modificações, pois com a 
implantação do sistema capitalista e a ideologia neoliberal de um estado mínimo, 
todas as gerações são obrigadas a manterem-se em constante movimentação dentro 
do sistema. Pois este determina através de seu controle sobre a sociabilidade humana 
o momento de estudar, trabalhar e envelhecer. Visto que, segundo BERNARDO 
(2005, p.78): 
Diante do reflexo da omissão do Estado frente ao alto índice de desemprego 
e à má distribuição de renda, da quase inexistência de políticas públicas 
voltadas para as questões sociais em geral e para as questões do 
envelhecimento populacional em particular, da escassez de programas 
sociais e da precariedade da saúde pública, só resta à família atuar de 
maneira mais direta e intensa na regulação das relações e nos apoios 
intergeracionais, realizando uma solidariedade familiar importante e 
diversificada na sociedade brasileira, em que os apoios se efetuam em função 
da situação social de seus atores. 
Ou seja, essa relação de gerações em âmbito familiar tem aumentado 
ao longo dos anos devido ao novo contexto social, político e econômico precário do 
qual esta inserida a sociedade brasileira, como no caso da má distribuição de renda, 
que por consequência resulta na vinda dos filhos e netos para morar com o idoso 
aposentado ou vice-versa por falta de condições de cada um ter seu espaço e nessa 
perspectiva buscara redução de gasto. Além disso, há também o novo perfil da família 
contemporânea representado em algumas situações por mulheres que trabalham fora 
31 
 
 
de casa, crianças pequenas na escola, jovens que estudam e trabalham, e o idoso 
que em algumas situações é o provedor do sustento da família, no qual o idoso 
aposentado tornar-se também um auxiliar no cuidado aos demais membros familiares, 
influenciando dessa forma para que a família torne-se a principal fonte de apoio 
intergeracional. 
Partindo dessa idéia a intergeracionalidade em âmbito familiar pode 
realizar-se de duas maneiras distintas: de maneira harmônica, quando há uma boa 
interação entre os membros da família a partir de uma troca de conhecimento, 
experiência e de dedicação ao cuidar. Porém, pode realizar-se de maneira conflituosa, 
onde não há aceitação das diferenças entre culturas. Por exemplo, são comuns em 
todas as famílias as crianças e adolescentes não ligarem mais para essa relação com 
a natureza, brincar lá fora, viver ao ar livre com amigos da vizinhança e da escola, 
preferindo passar horas no mundo digital; e muitos menos para as relações afetivas, 
entre eles, as pessoas adultas e idosas como a maneira de cumprimento tradicional 
que representava o respeito ao mais velho e que hoje não é mais usado por alguns 
jovens. Esses novos costumes, modo de agir e pensar quando não compreendido 
pelo outro tornam essa relação fragilizada e conflituosa. 
Todavia, isso depende da educação e dos valores adquiridos por cada 
ser social, pois é a partir desta que será possível que haja a percepção de que sempre 
existiram mudanças no decorrer das gerações. No entanto, a educação quando não 
repassada e apreendida culturalmente pode tornar a relação intergeracional violenta, 
provocando uma disputa pelo poder entre os membros mais jovens e a pessoa idosa. 
Dessa forma este passa a ser violentado pela a própria família, BERNARDO (2005, p. 
83) cita alguns casos: 
• Abusos físicos - tapas, empurrões, espancamento, contenção física; 
• Abusos psicológicos – ameaças, humilhação constante, insultos, 
infantilização do idoso, privação de informações, retirada do direito de 
participação na tomada de decisões a respeito de coisas de seu interesse; 
• Abusos financeiros – filhos que confiscam as aposentadorias dos pais, ou o 
uso inadequado do dinheiro da pensão para benefício próprio; indução do 
idoso a assinar documentos, dando plenos poderes para compra, venda ou 
troca de bens e serviços, etc. 
• Abusos sexuais –refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-
relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, 
relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física 
ou ameaças; 
• Negligências – recusa, omissão ou fracasso por parte do responsável pelo 
idoso em oferecer os cuidados de que ele necessita: provisão inadequada de 
medicamento, de alimentação e de cuidados médicos; 
32 
 
 
Portanto, entre os motivos que justificam tais violências no âmbito 
familiar podem ser citados a má educação que é uma questão cultural, às vezes os 
membros da família não foram educados para cuidar e respeitar ao próximo, ou seja, 
a formação doméstica; a questão de índole, pois há pessoas que não possuem 
habilidades e até mesmo não querem se responsabilizar pelo outro. No qual ocasiona 
a não valorização do processo de envelhecimento e por consequência a 
desvalorização do idoso por parte da própria família, como foi visto no capitulo 
anterior. 
A influência do sistema sob a sociedade é mais um motivo que ocasiona 
outras consequências, pois a população não se torna agressiva, negligente por opção, 
o sistema impôs à sociedade esse papel a partir da Revolução Industrial que foi um 
processo de grandes transformações econômico-sociais que começou na Inglaterra 
no século XVIII e se espalhou por grande parte do hemisfério norte durante todo oséculo XIX e início do século XX. Sendo este momento um divisor de águas na 
história, pois foi a transição do modo de produção artesanal para o de máquinas, 
influenciando dessa maneira em quase todos os aspectos da vida cotidiana da 
época.Diante disso, pode-se citar entre as diversas mudanças a inserção da mulher 
no mercado de trabalho, longas jornadas de trabalho, ambientes insalubres e outras. 
Tais mudanças induziram de forma positiva e negativa na sociedade, já 
que tal momento foi essencial para o inicio e fortalecimento do sistema capitalista, que 
é um sistema econômico e uma ideologia que visa o lucro, do qual se derivam todos 
os tipos de desigualdades existentes. 
Assim, consequentemente e de forma mais especifica, o preconceito 
sobre as pessoas idosas, impondo mudanças na sociedade contemporânea tornando-
a manipulada por uma ideologia econômica que determina de forma alienante o modo 
de pensar, agir e viver de uma sociedade com sistema capitalista, que segundo 
Iamamoto (1999, p.188) “[...] o capitalismo não é uma coisa, mais uma relação social 
de produção que se expressa por meio de coisas e que tem, como verso da relação, 
o trabalho assalariado, fonte da produção do excedente [...]”. Tal ideologia age 
influenciando negativamente a sociedade a condicionar e estigmatizar conceitos 
pejorativos em relação às expressões da questão social que são alarmantes no país, 
entre estas situa-se o processo de envelhecimento populacional. 
A ideologia impregnada em nossa cultura apresenta um caráter de seleção, 
preconceito e discriminação, tidos no senso comum como normais. Dessa 
33 
 
 
forma o envelhecimento não é visto em sua totalidade, como parte de um 
processo multidimensional da vida humana. (POLTRONIERI; COSTA; 
COSTA; SOARES, 2015, p. 294). 
Isso acontece devido aos conceitos criados negativamente quanto a 
envelhecer, representados na nossa cultura, estes impostos pelo capitalismo a partir 
das concepções que são lançadas na sociedade que quando o cidadão não vende 
mais sua força de trabalho este não tem mais nenhuma serventia, colocando todo o 
encargo negativo ao envelhecimento como uma etapa da vida da qual o cidadão deve 
ser excluído, já que este não faz mais parte do sistema capitalista (pois não vende 
sua força de trabalho). 
Sendo que como citam POLTRONIERI, COSTA, COSTA e SOARES et 
al (2015, p. 294) “ na organização social brasileira, a fragmentação cronológica 
privilegia a juventude, considerando a sua capacidade funcional ao sistema, 
menosprezando a velhice, negando-a”. Essa valorização da juventude reflete-se a 
partir do interesse do sistema capitalista tendo em vista que ela produz e o idoso não 
mais, por essa razão há uma má distribuição de renda e o aumento da pobreza. 
O que nos leva a analisar que na atualidade o sentido da idade 
cronológica encontra-se limitado por algumas barreiras, podendo em alguns casos 
influenciar na relação intergeracional no âmbito familiar, ou seja, na relação que se 
estabelece entre duas ou mais gerações. Isso porque os conceitos estabelecidos na 
sociedade são reproduzidos dentro do convívio familiar. 
Dessa forma, é indispensável que haja a desconstrução dos paradigmas 
sociais ainda existentes na realidade contemporânea brasileira, e assim a ênfase da 
necessidade do respeito e valorização da pessoa idosa. Como observado na citação 
de FERRIGNO (2006, apud POLTRONIERI, et al, 2015, p. 296): 
A geração é historicamente construída, pois a construção social das gerações 
se concretiza através do estabelecimento de valores morais e expectativas 
de conduta para cada uma delas, em diferentes etapas da história (p. 67). As 
sucessões de etapas do desenvolvimento biológico do ser humano- infância, 
adolescência, adulta e velhice- não são apenas singularidades orgânicas, 
mas, acima de tudo, são reproduções culturais. 
E assim como cita: 
Com efeito, o papel da família, importante em qualquer estagio da vida torna-
se particularmente relevante durante dois períodos polares: o período 
educativo propriamente dito, isto é, infância e adolescência e em outro pólo, 
na senectude. Em ambas as situações a consideração do individuo como 
pessoa é a única forma de desenvolver, por um lado, e de manter, por outro, 
o equilíbrio afetivo e físico do ser humano, propiciando seu desenvolvimento 
34 
 
 
harmônico e natural, valorizando todas as suas potencialidades de maneira 
global (NETTO, 1996, p. 92). 
Portanto, “essa compreensão hoje é importante, pois em alguma 
década, em certos setores, se prever o desaparecimento da família como estrutura 
válida à sociedade do futuro (NETTO, 1996, p. 92), dessa forma é necessário o 
convívio entre gerações para que haja a construção de novos conceitos e a 
desconstrução do preconceito, sendo estas relações refeitas cotidianamente com o 
compartilhamento de suas experiências e vivências a serem repassadas de geração 
para geração contribuindo para a edificação de novos comportamentos 
intergeracionais. 
No capítulo seguinte veremos como tal questão social influenciam na 
vida de alguns idosos e de suas famílias, que quando alienados pelo o sistema 
capitalista passam a reproduzir os seus ideais de forma inconsciente. 
4. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PESSOA IDOSA: DE ONDE VEM ESSA IDÉIA? 
Diante do que foi visto nos capítulos anteriores percebemos que 
envelhecer em países em desenvolvimentos como no caso do Brasil como predomínio 
do capital, não tem sido fácil devido às diversas imposições estabelecidas pelo 
sistema capitalista à sociedade a partir de suas ideologias dominantes, pois o Estado 
tem a função de moldar todos os aspectos desta, de acordo com o seu interesse. 
Dessa forma, veremos agora no último capítulo desta pesquisa, que umas das 
consequências ocasionadas pela rejeição que o sistema capitalista dissemina com 
relação ao processo de envelhecimento na contemporaneidade, uma vez que tornou-
se uma expressão da questão social, é a institucionalização da pessoa idosa que 
segundo o dicionário Aurélio Junior (2005) é a “ação de institucionalizar, de passar a 
pertencer, de fazer parte de uma instituição ou de uma organização que atende às 
necessidades sociais e coletivas de uma sociedade” . 
Dessa maneira, para uma compreensão mais aprofundada deste 
processo institucional serão discutidas a historicidade e regulamentação das 
Instituições de Longa Permanência para Idosos- ILPI’s, buscando uma análise de 
quando surgiram a necessidade da intervenção de abrigos no atendimento de idosos, 
quais as normais legais que asseguram essas instituições, e para finalizar a 
discussão, quais as causas que influenciam nesta institucionalização. Vejamos: 
35 
 
 
4.1. ILPI’s e sua historicidade 
Antes mesmo de iniciar a discussão sobre os relatos de quando surgiram 
as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI’s) vamos primeiramente 
entender o seu significado segundo ARAÚJO, SOUZA e FARO (2010, p. 252). 
Define-se asilo (do grego ásylos, pelo latim asylu) como casa de assistência 
social onde são recolhidas, para sustento ou também para educação, 
pessoas pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, 
órfãos e velhos. Considera-se ainda asilo o lugar onde ficam isentos da 
execução das leis, os que a ele se recolhem. Relaciona-se assim, a idéia de 
guarita, abrigo, proteção ao local denominado de asilo, independentemente 
do seu caráter social, político ou de cuidados com dependências físicas e/ou 
mentais. Devido ao caráter genérico dessa definição outros termos surgiram 
para denominar locais de assistência a idosos como, por exemplo, abrigo, lar, 
casa de repouso, clínica geriátrica e ancionato. Procurando-se padronizar a 
nomenclatura, tem sido proposta a denominação de instituições de longa 
permanência para idosos (ILPI), definindo-as como estabelecimentos para 
atendimento integral a idosos, dependentes ou não, sem condições familiares 
ou domiciliares para a sua permanênciana comunidade de origem. 
E segundo Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 283, de 26 de 
setembro de 2005, o seu significado consiste em: 
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) - instituições 
governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a 
domicílios coletivos de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com 
ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania. 
Ou seja, as ILPI’s possuem o mesmo caráter dos asilos, casas lares e 
outras instituições que tem como propósito o acolhimento de idosos, porém 
diferenciando-se devido a diversos fatores dos quais podem ser citados entre eles as 
estruturas e as formas de funcionamentos que mudaram ao longo dos tempos. Como 
citam as autoras, estas instituições buscam atender idosos que necessitam dessa 
atenção sejam eles dependentes ou não, que possuam família ou encontram-se sem 
estas. Tais instituições visam à proteção do idoso e a promoção dos direitos que lhes 
estão sendo negados. 
ARAÚJO, SOUZA e FARO (2010, p. 252) em sua obra exprimem que: 
“o cristianismo foi pioneiro no amparo aos velhos: há registro de que o primeiro asilo 
foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um 
hospital para velhos". Observa-se, no entanto que os primeiros indícios destas 
instituições estavam diretamente ligados a igreja católica que durante anos obteve um 
papel de reconhecimento quanto aos seus atos filantrópicos, atendendo aqueles que 
necessitavam de auxílio de forma caritativa, ou seja, como uma ajuda. Segundo elas: 
36 
 
 
No Brasil, o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, criado em 1890, foi 
à primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. O surgimento deste dá 
visibilidade à velhice. A instituição era um mundo à parte e ingressar nela 
significava romper laços com família e sociedade (ARAÚJO, SOUZA, FARO, 
2010, p. 252). 
Isso porque a velhice naquela época não era vista como um problema 
social, só a partir do momento que a pobreza tornou-se uma expressão da questão 
social houve uma maior compreensão das demais expressões que estavam em torno 
desta. E quando a única alternativa do idoso era ser institucionalizado tornava-se claro 
que seriam rompidos os laços com família e a sociedade já que este não iria mais 
conviver fora daquele espaço. 
Quando chegou aos fins do século XIX“[...] a Santa Casa de Misericórdia 
de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o aumento de internações 
para idosos passou a definir-se como instituição gerontológica em 1964” (ARAÚJO, 
SOUZA, FARO, 2010, p. 253). Não há dados de quantas instituições existiam nem o 
número de idosos que habitavam tais ILPI’s naquela época, mas discute-se que estas 
estavam diretamente relacionadas ao atendimento feito em Hospitais já que os idosos 
necessitavam do cuidado e dos serviços disponibilizado pela equipe de saúde. 
De acordo com a obra de AFFELDT (2013, p. 71-72): 
As instituições, os asilos surgiram no Brasil por volta dos séculos XIX e XX. 
Sendo representadas por hospitais, sanatórios, que abrigavam as pessoas 
que possuíam lepra, pessoas com tuberculose, idosos, doentes mentais e 
toda a população carente. Eram instituições mantidas geralmente com 
donativos comunitários e que possuíam algumas vezes características 
religiosas. Atualmente, muitas instituições delonga permanência, ou asilos, 
como são popularmente conhecidos são mantidos por ONGs. 
As instituições de longa permanência para idosos atualmente não se 
encontram exatamente articuladas às características religiosas, porém continuam com 
caráter filantrópico, pois a maioria estar associada à ONGs, organizações não-
governamentais e sem fins lucrativos. São instituições mantidas pela própria 
sociedade civil. Mas, mesmo quando a instituição está ligada a uma ONG Estado é 
obrigado a auxiliar quanto aos direitos sociais sendo eles: educação, saúde, 
alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, 
proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desamparados provendo a sua 
proteção e efetivação. 
Atualmente existem alguns tipos de instituições para idosos como cita 
Affeldt (p. 72-73, 2013): 
37 
 
 
As privadas pertencem ao grupo de instituições com finalidade lucrativa, e 
são denominadas de clínicas geriátricas, casas de repouso, colônia ou 
residencial. As filantrópicas são mantidas geralmente por grupos religiosos e 
com longo histórico assistencial. As instituições de natureza mista ofertam 
longa permanência para idosos, com algumas ações de caráter privado e 
outras públicas, como por exemplo, o oferecimento de leitos para 
atendimento gratuito, através de convênio com o Estado. 
Essa variedade de ILPI’s nos mostra claramente o distanciamento do 
Estado quanto à sua responsabilidade de promover a assistência aos cidadãos 
brasileiros, dando espaço para que a sociedade tenha como única alternativa unir-se 
na busca por respostas às expressões da questão social, e também para o 
fortalecimento do setor privado que se torna o responsável por fornecer a efetivação 
das políticas públicas àqueles que podem pagar. 
Sendo a expansão do terceiro setor uma estratégia ideológica neoliberal, 
onde é disseminada a concepção do que é oferecido pelo setor privado é de qualidade 
e o que é público não é. Dessa maneira, pode-se compreender que no momento que 
o Estado recua diante de sua função e obrigação de prover os direitos da sociedade 
civil alegando não obter fundos suficientes para subsidiar a manutenção e qualificação 
das políticas públicas ele cede o lugar para o setor privado einveste os recursos no 
mercado financeiro. 
Devido às diversas mudanças no processo histórico da sociedade do 
qual reflete na estrutura da família, além da aceleração no envelhecimento 
populacional houve um aumento na procura por ILPI’s, ou seja, o aumento 
desproporcional da população de idosos e diversos fatores externos e interno à família 
influenciou o aumento dessa demanda. Dessa forma, vejamos a seguir conforme 
dados demográficos os números de idosos de Instituições de longa permanência e, 
por conseguinte o número de idosos institucionalizados no Brasil. 
Na tabela 1,segundo dados colhidos a partir de estudos do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE identificou-se o número aproximado de 
idosos na população brasileira no ano de 2013 e as expectativas para os próximos 47 
anos.A estimativa faz parte de uma série de projeções populacionais baseada no 
Censo de 2010: 
TABELA 1: Número de idosos com idade igual ou superior a 65 anos no Brasil, 
nos anos de 2013- 2060. 
38 
 
 
Ano Quantidade numérica Quantidade percentual 
2013 14,9 milhões 7,4% 
2060 58,4 milhões 26,7% 
 Fonte: IBGE, 2013. Elaboração própria. 
Observa-se segundo os dados coletados que de acordo com a 
expectativa da pesquisa haverá um aumento de 43,5 milhões de idosos com idade 
igual ou superior a 65 anos o que equivale a 19,3% desta população nos próximos 47 
anos.Ou seja, o número de idosos vai quadruplicar até 2060. Isso irá ocorrer devido o 
aumento acelerado da população idosa que é resultado da redução no número de 
jovens no Brasil. 
Diante desta estimativa identificaremos o número de instituições 
existentes no país e o respectivo número de idosos residentes, vejamos: 
TABELA 2: Número de ILPI’s nos anos de 2007-2010 no Brasil. 
 Características Quantidades 
 
Públicas 
 
 218 
 
6,6% 
Privadas 931,5 28,2% 
Filantrópicas 2.153,6 65,2% 
Fonte: IPEA, 2011. Elaboração própria. 
Como podemos analisar na tabela 2, de acordo com o estudo realizado 
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA, o número de Instituições de 
Longa Permanência para Idosos no Brasil no ano de 2011está dividido entre públicas 
com 6,6%, privadas com 28,2% e filantrópicas com 65,2%, o que equivale a um total 
de 3.303,1ILPI’s

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