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Célia Ferreira Pinto Gramática da Língua Portuguesa I Morfologia 14 OS MECANISMOS DE COESÃO 1. A RELAÇÃO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA Muitas vezes, quando estamos escrevendo um texto, precisamos apresentar para o leitor uma situação em que determinados fatores provocam determinadas consequências. Ao associá-los, linguisticamente, é necessário deixar clara a relação de causalidade entre eles, porque é a existência de uns que determina a dos outros. Na nossa língua, muitos conectores podem indicar esse tipo de relação: porque, pois, como, por isso, já que, visto que, uma vez que etc. Os bancários desejavam um aumento de salário. (causa) Os bancários fizeram greve. (consequência) • Relacionando as duas ideias por meio de uma conjunção, teremos: o Os bancários fizeram greve porque desejavam um aumento de salário. o Como desejavam um aumento de salário, os bancários fizeram greve. Repare que, dependendo da posição em que aparecem as ideias de causa e consequência no texto, a conjunção a ser utilizada muda. 2. A RELAÇÃO DE CONTRADIÇÃO DE UMA EXPECTATIVA CRIADA Às vezes, uma primeira ideia que apresentamos no texto sugere uma determinada conclusão e precisamos indicar ao leitor que ela não acaba ocorrendo, por mais previsível que seja. Para designar esse tipo de relação, podemos utilizar vários conectores como: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, embora, ainda que, mesmo que, apesar de etc. Um aluno está com febre alta. (situação) O aluno não irá à aula. (expectativa a ser quebrada) • Relacionando as duas ideias por meio de uma conjunção, teremos: o Apesar de estar com febra alta, o aluno foi à aula. o O aluno estava com febre alta, porém, foi à aula. 3. A RELAÇÃO DE CONDIÇÃO É frequente a necessidade de, em um texto, expressarmos a dependência entre duas ideias (ou fatos), de tal maneira que a existência ou ocorrência de uma esteja condicionada à existência ou ocorrência da outra. O raciocínio hipotético, por exemplo, constrói-se com base nesse tipo de relação. Como conectores para esse tipo de estrutura, podemos usar: se, caso, contanto que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que etc. Os bancários receberão aumento. (fato possível) Os bancários precisam fazer greve. (condição para realização do fato) • Relacionando as duas ideias por meio de uma conjuntura, teremos: o Os bancários só receberão aumento se fizerem greve. o A menos que façam greve, os bancários não receberão aumento. Nesse caso, é interessante notar que o termo que expressa o fato resultante da realização da condição pode, muitas vezes, ter um elemento acrescentado à sua estrutura justamente para reforçar a ideia de ser um fato condicionado a outro. Nos exemplos acima, as palavras só e não cumprem esse papel. 4. A RELAÇÃO DE ACRÉSCIMO OU CONJUGAÇÃO Às vezes, durante a elaboração de uma análise, é preciso indicar que mais de um fato ou mais de uma ideia atuam de forma conjunta na determinação de um dado resultado ou consequência. Há vários conectores disponíveis para estabelecer esse tipo de relação, entre eles: e, também, além de, não só, nem (para o caso de se fazer um acréscimo negativo) etc. O menino pegou chuva pelo caminho. (fato ao qual será acrescentado outro) O menino ficou com a roupa molhada o dia inteiro. (fato a ser acrescentado) O menino pegou uma pneumonia. (resultado da junção dos fatos) • Relacionando os fatos por meio de conectores, teremos: o Além de pegar chuva pelo caminho, o menino ficou com a roupa molhada o dia inteiro e acabou pegando uma pneumonia. 5. A RELAÇÃO DE GRADAÇÃO Outras vezes, em lugar de apenas acrescentar ideias a outras, desejamos fazê-lo indicando que há certa hierarquia ou gradação entre elas. O estabelecimento desse tipo de relação pode tanto marcar o argumento ou a ideia mais importante (com auxílio de conectores como até, até mesmo, inclusive), como também informar a existência de ideias, fatos ou argumentos mais importantes do que aquele que se optou por apontar (nesse caso, os conectores passariam a ser pelo menos, ao menos, no mínimo, quando muito, no máximo). No Brasil, não se incentiva a prática de esportes. (primeira ideia) Os atletas brasileiros são mal preparados. (segunda ideia) Alguns atletas brasileiros podem conseguir patrocínio. (ideia a ser hierarquizada com relação às demais) • Relacionando as ideias por meio de conectores, teremos: • No Brasil, não se incentiva a prática de esportes e os atletas brasileiros são mal preparados. Alguns podem, quando muito, conseguir um patrocínio. 6. A RELAÇÃO DE TEMPO No exemplo acima, você deve ter notado que precisamos utilizar dois conectores. O primeiro (e) para indicar uma relação de acréscimo entre as ideias iniciais e o segundo (quando muito) para estabelecer uma hierarquia entre elas e a terceira ideia expressa. Optamos por finalizar esta apresentação de alguns elementos responsáveis pela coesão textual lembrando da relação de tempo entre a ocorrência de diferentes fatos. Nesse caso específico, você poderá contar com vários elementos, mas precisa estar atento ao sentido temporal associado a cada um deles, porque pode-se expressar tanto a precedência temporal entre os fatos quanto a sua sucessão. Outra relação muito importante é a de simultaneidade. Podemos, finalmente, utilizar conectores como ontem, hoje, amanhã, antes, depois, cedo, tarde, primeiramente, em seguida, a seguir, finalmente, quando, sempre, nunca, enquanto etc. O casal estava no cinema. (primeiro acontecimento) Sua casa foi assaltada. (segundo acontecimento) • Enquanto o casal estava no cinema, sua casa foi assaltada. Número do slide 1 Número do slide 2 1. A RELAÇÃO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA Número do slide 4 2. A RELAÇÃO DE CONTRADIÇÃO DE UMA EXPECTATIVA CRIADA Número do slide 6 3. A RELAÇÃO DE CONDIÇÃO Número do slide 8 Número do slide 9 4. A RELAÇÃO DE ACRÉSCIMO OU CONJUGAÇÃO Número do slide 11 5. A RELAÇÃO DE GRADAÇÃO Número do slide 13 6. A RELAÇÃO DE TEMPO Número do slide 15 Número do slide 16
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