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ONCOLOGIA UROLÓGICA

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Andressa Marques – medicina UFR 
ONCOLOGIA UROLÓGICA 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANATOMIA RENAL 
→Na vista anterior, no hilo renal, observam-se as seguintes estruturas, em sua respectiva posição; 
1. Veia renal 
2. Artéria renal 
3. Pelve renal 
 
→Observe que a veia renal esquerda é mais extensa (fato que facilita o procedimento cirúrgico) em 
comparação a direita e das veias testiculares/ováricas esquerda tributarem para veia renal esquerda, 
enquanto as veias testiculares/ováricas direitas tributam para veia cava inferior. 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
INTRODUÇÃO 
→Cânceres urológicos podem envolver a víscera adjacente, a vasculatura, os tecidos moles e 
estruturas da parede do corpo de modo que o conhecimento cirúrgico adicional é necessário para 
concluir procedimentos exenterativos manuais e apoiar os esforços de reconstrução. 
TUMORES RENAIS 
→Têm sido diagnosticados, em sua maioria, de forma incidental, ou seja, ao acaso; isso se deve ao 
atual uso da ultrassonografia e da tomografia computadorizada para um maior número de indicações, 
logo, os pacientes tem sido descobertos ainda em uma fase assintomática. 
→Quando há sintomas presentes, os mais característicos são: Hematúria; Dor; Massa no flanco; 
Perda de peso ou sintomas constitucionais resultantes de doença metastática – presente em cerca 
de 25% dos cânceres de células renais com apresentação recente. 
→A tríade clássica atualmente está presente em menos de 10% dos cânceres de células renais, sendo 
ela: 
 Dor no flanco 
 Massa no flano 
 Hematúria 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
→Neoplasias malignas do rim apresentaram incidência crescente ao longo das últimas décadas, numa 
média de 2% ao ano. 
→Câncer renal em adultos corresponde a 2 a 3% de todas as neoplasias malignas. 
→É o mais letal dos cânceres urológicos; tradicionalmente, mais de 40% dos pacientes morrem da sua 
doença, em contraste com 20% de mortalidade associada aos cânceres de próstata e de bexiga. 
→Tumor renal é duas a três vezes mais frequente em homens, sendo mais prevalente dos 50 
aos 70 anos de idade. 
→Câncer de rim pode ser esporádico ou estar associado a fatores genético/hereditários (como 
doença de VonHippel-Lindau e carcinoma renal hereditário), insuficiência renal crônica, doença 
renal cística adquirida e esclerose tuberosa. 
→Estima-se que 4% dos tumores são hereditários, geralmente multifocais, bilaterais e ocorrem em 
pacientes mais jovens. 
→Tabagismo é um fator de risco definitivo para câncer renal – duplica a chance de 
desenvolvimento desse tumor e contribui com pelo menos um terço de todos os casos. 
→Outros fatores relacionados incluem obesidade, hipertensão arterial, cádmio, derivados da gasolina 
e de chumbo, irradiações e terapêutica com estrogênios. 
→O aumento na incidência dos tumores renais se deve ao uso mais prevalente de ultrassonografia 
(US) e de tomografia computadorizada (TC) para avaliação de uma variedade de queixas 
abdominais ou gastrintestinais. 
→No entanto, aumento dos diagnósticos de tumores assintomáticos não tem sido acompanhado de 
redução concomitante nas taxas de mortalidade. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E PATOLÓGICAS 
 SINTOMAS 
 
→Mais de 60% dos casos de tumores renais são diagnosticados incidentalmente durante 
realização de exames de imagem. 
→Naqueles sintomáticos, as apresentações clínicas são variadas. 
→Sinais e sintomas mais comuns são hematúria, dor lombar ou no flanco e massa palpável; 
associados ou não a outros menos específicos, como emagrecimento, febre, sudorese noturna, 
hipertensão e varicocele. 
→Hematúria macro ou microscópica é o sinal urológico mais frequente, presente em 30 a 60% 
dos casos. 
→Massa palpável no flanco e dor lombar aparecem isoladamente em cerca de um terço dos 
pacientes. 
→A tríade clássica – dor lombar, hematúria e massa palpável no flanco – é vista em menos de 10% dos 
casos. 
→São muitas as manifestações possíveis decorrentes de metástases (em 20% dos casos ao 
diagnóstico) ou de síndromes paraneoplásicas (em 20% dos casos), incluindo febre, disfunção 
hepática, anemia, perda de peso, caquexia, hipercalcemia, eritrocitose e hipertensão arterial. 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
 ESTADIAMENTO CLÍNICO 
 
→Começa com história clínica completa, exame físico e uso criterioso dos testes laboratoriais. 
→Apresentação sintomática, perda de peso significativa (superior a 10% do peso corpóreo), dor 
óssea e performance status ruim sugerem doença avançada, assim como achados, ao exame 
físico, de massa palpável ou linfadenopatia. 
→Varicocele não redutível e edema de membros inferiores sugerem envolvimento venoso. 
→US é o método de imagem mais empregado para rastreamento de patologias renais. Seu papel 
principal consiste em detectar lesões parenquimatosas focais e classificá-las em três categorias: 
definitivamente cisto simples, definitivamente nódulo sólido ou natureza indeterminada. 
→TC possibilita a diferenciação entre cistos e nódulos sólidos, além de estadiar e auxiliar na 
programação cirúrgica dos tumores renais. Ela fornece informações sobre extensão tumoral 
primária, envolvimento venoso, aumento de linfonodos locorregionais e condições das glândulas 
adrenais e do fígado, além da função e da morfologia do rim contralateral. 
→Ressonância magnética (RM) pode ser utilizada como exame complementar à TC, além de ser o 
método de escolha para pacientes nefropatas crônicos ou com alergia ao contraste iodado. Melhor 
indicada para investigação de tumores com suspeita de invasão das veias renal e da cava inferior. 
→Arteriografia renal seletiva fica reservada para casos inconclusivos após realização de TC e de RM 
ou quando há necessidade de conhecimento específico sobre a vascularização renal, como 
planejamento de nefrectomia parcial (NP) em paciente com rim único ou em tumores próximos ao hilo 
renal. 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Avaliação de metástases pulmonares deve ser feita por radiografia de tórax, reservando-se 
a TC para casos inconclusivos, pacientes com sintomas pulmonares ou com radiografia de tórax 
anormal. 
→Indica-se TC de crânio quando há suspeita de metástases cerebrais. 
→Exames laboratoriais recomendados incluem hemograma, velocidade de hemossedimentação, 
provas de função hepática e renal, fosfatase alcalina e cálcio plasmático. 
→Para pacientes com alterações da fosfatase alcalina, recomenda-se prosseguir o estadiamento com 
realização de cintilografia óssea, que por sua vez é indicada para tumores localmente avançados 
(estádio clínico/ tomográfico T3b ou superior), presença de dor óssea, hipercalcemia ou elevação de 
fosfatase alcalina. 
→Resultados de testes de função hepática anormais, elevação da fosfatase alcalina sérica ou da 
velocidade de hemossedimentação e anemia significativa apontam à probabilidade de doença 
avançada. 
→Biópsia renal por agulha fina tem papel limitado na avaliação de pacientes com câncer renal, mas 
pode ser considerada em casos selecionados. 
→Sensibilidade e especificidade da biópsia são bem determinadas e variam de 80 a 95%. 
→Pode ser recomendada para pacientes com suspeita de doença metastática nos rins, abscesso renal 
ou linfoma, todos tratados clinicamente. 
→Outra indicação para biópsia é a necessidade de estabelecer um diagnóstico patológico de câncer 
renal em pacientes com metástases disseminadas, tumores primários irressecáveis, comorbidades 
extensivas ou outras contraindicações à cirurgia. 
 CLASSIFICAÇÃO E PROGNÓSTICO 
→Quanto às características patológicas, 70 a 80% dos tumores do parênquima renal são 
carcinomas de células claras. 
→Tumores papilares aparecem em 10 a15% dos casos e tumores cromófobos em cerca de 3 a 5%. 
→O restante são tipos mais raros de neoplasia, como tumores de ducto coletor (de Bellini) e não 
classificados. 
→Qualquer um desses subtipos pode ter componente sarcomatoso. Quando isso ocorre, o 
prognósticoé reservado e mais de 80% dos pacientes não sobrevivem em cinco anos. 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
→Tumores renais tendem a apresentar crescimento e invasão tecidual local, podendo disseminar-
se por via linfática ou hematogênica. 
→Linfáticos acometidos geralmente estão na região peri-hilar do rim, mas qualquer linfonodo 
retroperitoneal pode ficar comprometido. 
→Preferencialmente, metástases hematogênicas se espalham para pulmões, ossos, pele, fígado e 
cérebro, em ordem decrescente, e, virtualmente, para qualquer outro sítio. 
→O estadiamento mais utilizado é do sistema TNM (tumor, nódulos, metástases) da American Joint 
Committee on Cancer, atualizado em 2009. 
(Obs: FOCAR no T.) 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
→Os maiores determinantes da sobrevida dos pacientes com câncer renal são extensão anatômica 
do tumor (estadiamento), subtipo histológico, características sarcomatoides, grau de anaplasia 
celular (grau de Furhman), estado clínico geral do paciente, sintomas locais, tempo de aparecimento 
de metástases (sincrônico ou metacrônico com a nefrectomia) e realização de nefrectomia prévia. 
→Fatores secundários incluem ploidia nuclear, índices de proliferação do tumor e densidade 
microvascular. 
→Algumas variáveis predizem sobrevida curta e incluem níveis de DHL superiores a 1,5 vezes o 
normal, baixos níveis de hemoglobina, níveis de cálcio sérico corrigido superiores a 10mg/dl, intervalo 
de tempo inferior a um ano do diagnóstico original e o início da terapia sistêmica, escore de Karnofsky 
de 70 ou menos e dois ou mais sítios de metástases em órgãos. 
→No carcinoma de células renais, a estimativa de sobrevida em cinco anos é de 96% para 
pacientes com doença estádio I, 82% para estádio II, 64% para estádio III e 23% para estádio 
IV. 
TRATAMENTO 
 TUMORES LOCALIZADOS 
Andressa Marques – medicina UFR 
Nefrectomia radical 
→Cirurgia ainda é o único tratamento curativo para câncer renal localizado e tem por objetivo 
remover completamente a neoplasia com adequada margem cirúrgica. 
→Para tanto, pode ser realizada nefrectomia radical ou parcial preservadora de néfrons. 
→A radical é mais indicada para tratamento de pacientes com rim contralateral normal, na 
impossibilidade de realização de Nefrectomia parcial (NP) com margem livre. 
→Via de acesso para nefrectomia radical (NR) aberta depende da preferência do cirurgião, das 
características do tumor e das condições clínicas do paciente, podendo ser por lombotomia ampliada 
com ressecção da 12ª ou da 11ª costela, laparotomia transversa ou toraco-frenolaparotomia. 
→Os princípios da NR, estabelecidos por Robson, incluem ligadura precoce das artérias e das veias 
renais, remoção completa do rim envolto pela gordura perirrenal, remoção da glândula adrenal 
ipsilateral e linfadenectomia retroperitoneal extensa. 
→Alguns desses princípios têm sido questionados atualmente. Necessidade da realização de 
linfadenectomia retroperitoneal e seus limites permanecem incertos. 
→Cerca de 10 a 25% dos pacientes submetidos a NR apresentam linfonodos retroperitoneais 
comprometidos, sem indício de metástases a distância. 
→Linfadenectomia no câncer renal tem o estadiamento como objetivo principal, sendo raramente 
curativa; para esse propósito, linfadenectomia hilar seria suficiente. 
→Linfadenectomia ampliada (da crura diafragmática até a bifurcação dos grandes vasos, 
bilateralmente) ficaria restrita a pacientes com comprometimento linfonodal macroscópico. 
→O comprometimento da glândula adrenal ocorre em torno de 5% dos casos e na maioria das vezes 
relaciona-se à extensão direta de grandes tumores do polo superior. 
→Assim, adrenalectomia ipsilateral deve ser realizada apenas para pacientes com grandes tumores 
no polo renal superior e quando houver alteração da glândula em relação a seu tamanho ou a sua 
densidade no exame de imagem (TC tem especificidade acima de 99% e sensibilidade próxima de 90% 
para detectar acometimento adrenal antes da cirurgia). 
→Resultados oncológicos a longo prazo da nefrectomia laparoscópica (NRL) são semelhantes aos da 
cirurgia aberta, com sobrevida livre de doença em cinco anos de 91% para NRL e de 87% para cirurgia 
aberta. 
→Há menor morbidade para casos operados por via laparoscópica, com menos tempo de hospitalização 
e retorno mais rápido às atividades, além de efeito cosmético superior. 
Nefrectomia parcial 
→Atualmente, NP é o tratamento padrão nos casos de lesões pequenas (<4cm) e periféricas, 
nas quais a chance de multifocalidade é reduzida, e nos cistos complexos (Bosniak III e IV), 
devendo ser indicada mesmo quando o rim contralateral for normal, sempre que se obtiver uma 
margem cirúrgica mínima de segurança. 
→Há também uma tendência de se considerar a realização de NP em lesões de até 7 cm em 
casos selecionados. 
→São várias as motivações para realização desse procedimento: melhor diagnóstico de lesões sólidas 
pequenas e de cistos complexos; melhores condições de planejamento pré-operatório possibilitadas 
pelos métodos de imagem; conhecimento sobre a anatomia vascular do rim e sobre as técnicas de 
Andressa Marques – medicina UFR 
prevenção de isquemia transoperatória; excelentes taxas de sobrevida, comparáveis às séries de 
nefrectomia radical tradicional (80 a 95% em cinco anos); baixas taxas de complicações (7 a 11%); e 
excelente controle local (recorrência local em menos de 5% dos casos). 
→Outros estudos confirmam que NR associa-se a aumento no risco de doença renal crônica, e esta, 
por sua vez, correlaciona-se diretamente com riscos cardiovasculares e mortalidade aumentada. 
→Lesões pequenas geralmente permitem NP sem clampeamento do pedículo renal. 
→Uma modificação técnica também foi descrita, utilizando clampeamento do parênquima renal 
seletivo com auxílio de um ou de dois clampes vasculares Satinsky grandes. 
→Essa abordagem permite NP sem clampeamento do pedículo renal e sem necessidade de hipotermia 
da superfície renal, não limitando o tempo cirúrgico. 
→Quando clampeamento do pedículo renal for necessário, preconiza-se a adoção de medidas para 
preservação da função renal, como uso de manitol; entretanto o tempo de isquemia quente não deve 
ultrapassar 30 minutos. 
→Cirurgia de banco pode ser necessária em casos mais complexos. 
→O tratamento padrão é realizar o procedimento por via aberta, pois NP laparoscópica é uma 
tecnologia em evolução ainda restrita a centros especializados. 
→Os melhores casos para NP laparoscópica são tumores menores que 4 cm, exofíticos e 
localizados no polo inferior, que geralmente permitem a cirurgia sem clampeamento do pedículo 
renal. 
CÂNCER DE BEXIGA PTA, PTIS E PT1 
INTRODUÇÃO 
→Cerca de 70% dos tumores vesicais apresentam-se como tumores PTa, PTis ou PT1 que, no 
passado, eram classificados como superficiais. 
→No entanto, devido ao aspecto heterogêneo desse grupo e ao comportamento invasivo do PT1, a 
nomenclatura “superficial” foi abandonada por muitos autores e tem-se dado preferência à 
denominação específica de cada subgrupo: PTa, PTis e PT1. 
→Com relação à epidemiologia, câncer de bexiga é a segunda neoplasia maligna mais frequente 
do trato genitourinário e corresponde a aproximadamente 6% de todos os tumores malignos. 
→Atualmente, é a quarta neoplasia mais prevalente no sexo masculino e a oitava no feminino. 
→Além disso, é mais frequente na raça branca, mais comum em homens que mulheres (proporção 
3:1), com maior incidência na sexta década de vida. 
→Esse grupo de tumores apresenta alta taxa de recorrência após ressecção completa do tumor, 
podendo chegar a 90% caso não seja realizado tratamento complementar intravesical. 
CLASSIFICAÇÃO DOS TUMORES DE BEXIGA 
CARCINOMA UROTELIAL 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Em nosso meio, mais de 90% dos tumores de bexiga são carcinomas uroteliais, que difere do 
urotélio normal por apresentar mais camadas epiteliais, alteraçãona maturação celular, nucléolos 
proeminentes e mais mitoses. 
→A forma de apresentação macroscópica do carcinoma urotelial pode ser papilífero (mais frequente), 
séssil, infiltrativo (característica maligna), nodular, misto e carcinoma in situ. 
→No exame de cistoscopia, carcinoma in situ (CIS) pode aparecer como área de hiperemia e plana, 
ou frequentemente passar despercebido. 
→Consiste em tumor de células uroteliais pouco diferenciado e confinado ao epitélio, podendo 
ocasionar sintomas de polaciúria, disúria e urgência miccional. 
→Ultrassonografia (US) e outros métodos de imagem não conseguem identificar CIS por causa de 
seu aspecto plano. 
→Nesse caso, os melhores exames para diagnóstico e acompanhamento são cistoscopia, citologia 
urinária e biópsia vesical. 
 
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (CCE) 
→Prevalência de carcinoma de células escamosas (CCE) varia de acordo com as regiões de ocorrência, 
correspondendo a cerca de 3 a 7 % dos casos de tumores de bexiga nos Estados Unidos e 80 % no 
Egito. 
→Sua alta prevalência em países mediterrâneos pode ser explicada pela infecção crônica da 
bexiga por S. haematobium, endêmico nessas regiões. 
→Nesses casos, os ovos do Schistosoma podem atingir a parede vesical e causar processo 
inflamatório crônico, metaplasia escamosa e, por último, CCE. 
→Casos não relacionados ao S. haematobium, que são mais comuns em nosso meio, ocorrem 
principalmente por irritação da parede vesical provocada por cálculos, infecção urinária e cateter 
vesical de demora. 
→Cerca de 80% dos pacientes paraplégicos em uso de cateter de demora, por longos períodos, 
apresentam metaplasia escamosa na bexiga e, desses, 5% desenvolvem CCE. 
→CCEs geralmente ocorrem entre 50 a 60 anos de idade, sendo que a maior parte desses 
apresenta prognóstico ruim, frequentemente com doença avançada no momento do diagnóstico. 
 
ADENOCARCINOMA 
→Adenocarcinoma de bexiga representa menos de 2% dos tumores vesicais e pode ser classificado 
em primário, de uraco ou não uraco, e secundário ou metastático com etiologia de: reto, 
estômago,endométrio, mama, próstata e ovário. 
→Em geral, adenocarcinomas ocorrem na cúpula vesical, são tumores pouco diferenciados e mais 
frequentes em pacientes com extrofia vesical. 
→Normalmente, são diagnosticados em estádio avançado, com pior prognóstico e sobrevida de 
11 a 55% em cinco anos. 
→Carcinomas de uraco são extremamente raros, podendo ocasionar descarga mucoide ou 
sanguinolenta no umbigo e, eventualmente, massa abdominal palpável. 
→Em alguns casos, quando o tumor invade a parede vesical, pode ocorrer hematúria e eliminação de 
muco na urina. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Adenocarcinomas de uraco tem pior prognóstico que não-uraco e podem apresentar metástases 
precocemente para linfonodos ilíacos inguinais, omento, fígado, pulmões e ossos. 
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA 
→Em 1998, uma nova classificação foi proposta pela World Health Organization (WHO) e pela 
International Society of Urological Pathology (ISUP) e permanece até os dias atuais. 
→Entre outras mudanças, a principal diferença foi o agrupamento dos tumores: grau l – carcinoma 
urotelial papilífero de baixo grau e graus 2 e 3 – carcinoma papilífero de alto grau. 
→Com relação ao prognóstico, tumores de alto grau apresentam maior possibilidade de recidiva 
e progressão e, portanto, de piores prognósticos quando comparados aos de baixo grau 
histológico. 
 
ETIOLOGIA 
→Agentes carcinogênicos podem atuar de diversas formas no DNA da célula urotelial, causando 
alterações genéticas, descontrole nos mecanismos de proliferação celular e apoptose, todos 
relacionados ao surgimento do processo neoplásico. 
→Dentre os agentes estudados, com certeza tabagismo é o mais importante e o que apresenta 
maior relação com aparecimento de câncer de bexiga. Além disso, fumantes apresentam risco 
quatro vezes maior para desenvolvimento dessa doença, que está diretamente relacionada ao 
tempo de tabagismo e à quantidade de cigarros consumidos. 
→Aminas aromáticas e anilinas relacionam-se ao câncer de bexiga em até 20% dos casos de carcinoma 
urotelial de bexiga, com longos períodos de latência. Essa correlação pode ser observada, 
principalmente, em trabalhadores de indústrias relacionadas a produtos químicos aromáticos, como 
corantes, borracha, tecidos, tintas, solventes, couros, papéis, carvão, produtos de combustão do 
diesel, alguns metais etc. 
→Alguns produtos farmacêuticos e modalidades terapêuticas também parecem estar relacionados à 
maior incidência do tumor de bexiga, como analgésicos contendo fenacetina, acetaminofen, 
citostáticos, ciclofosfamida e radioterapia pélvica. 
→Por último, alterações genéticas no P53, assim como de outros genes supressores, também têm sido 
associadas ao surgimento, desenvolvimento e ao prognóstico de câncer de bexiga. 
ESTADIAMENTO 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Estadiamento histopatológico é determinado pela profundidade de invasão tumoral da parede 
vesical e dependerá da ressecção transuretral (RTU) do tumor, por via endoscópica, para seu 
diagnóstico correto. 
 
 
→Ainda para estadiamento, recomenda-se sempre radiografia de tórax (RX) para investigação 
de metástases pulmonares. 
Andressa Marques – medicina UFR 
→Em caso de lesões suspeitas, tomografia computadorizada (TC) de tórax poderá complementar a 
RX. 
→Por causa da possibilidade de lesão urotelial no trato urinário superior concomitante ser de 5%, 
justifica-se sua investigação com exame de urografia excretora ou TC de abdome. Atualmente, essa 
investigação tem sido restrita aos tumores grau 3 ou de alto grau. 
→No caso de tumores invasivos, realiza-se sempre TC abdominal completa para avaliação de 
acometimento muscular e/ou extravesical, pesquisa de adenomegalia pélvica e retroperitonial. 
→Ressonância magnética (RM) não acrescenta informações à estes casos e fica reservada para 
situações de contraindicação da TC. 
FATORES PROGNÓSTICOS 
→Os principais fatores relacionados com o prognóstico do tumor de bexiga são: 
I. Grau histológico. 
II. Estadiamento. 
III. Carcinoma in situ (CIS). 
IV. Multifocalidade (mais de três lesões). 
V. Tamanho de lesões (>3 cm). 
VI. Aspecto endoscópico da lesão tumoral (séssil ou sólido é pior). 
VII. Tempo de recidiva após tratamento (menos de um ano, pior prognóstico). 
VIII. Outros fatores menos importantes: invasão linfovascular, idade, sexo, ploidia tumoral, 
marcadores tumorais, perfuração vesical durante RTU e invasão prostática. 
TRATAMENTO RESSECÇÃO TRANSURETRAL (RTU) DE BEXIGA 
→A RTU é o procedimento inicial de escolha para diagnóstico e tratamento das lesões tumorais, 
sendo indicada para todos os casos de tumores ou de lesões vesicais suspeitas. 
→Re-RTU é indicada para casos de estádio PT1 e na ausência de camada muscular própria nos 
fragmentos analisados 4 a 6 semanas após a primeira ressecção. 
TRATAMENTO COMPLEMENTAR INTRAVESICAL, APÓS RESSECÇÃO COMPLETA DA LESÃO 
→Na tentativa de diminuir as taxas de recidivas, vários agentes de uso intravesical foram utilizados 
e hoje fazem parte do arsenal terapêutico para o carcinoma urotelial de bexiga. 
→Esses medicamentos podem ser divididos em quimioterápicos e imunoterápicos. 
→Dentre o grupo de quimioterápicos, os principais são mitomicina C, doxorrubicina e epirrubicina. 
CISTECTOMIA 
→Cistectomia radical é o tratamento mais eficiente para tumor invasivo de bexiga. 
→No entanto, alguns autores têm preconizado sua indicação em tumores superficiais de mau 
prognóstico. 
→O principal argumento favorável a essa indicação são as taxas de sobrevida em 5 anos, que diminuem 
de 90% para 50% se o tratamento radical for realizado antes da recorrência ou progressão tumoral. 
→No entanto, como os índices de progressão desses tumores de alto risco são de 25% com RTU + 
BCG, cistectomia trataria de maneira exagerada 75% desses pacientes. 
AndressaMarques – medicina UFR 
→Outro aspecto importante a ser considerado, são as taxas de morbidade (30%) e de mortalidade 
(1 a 4%) associadas à cistectomia, nos melhores centros de tratamentos, que não são desprezíveis e 
deverão ser levadas em conta com impacto na qualidade de vida. 
→Dessa forma, cistectomia no carcinoma vesical superficial está reservada a pacientes de alto risco 
após segunda falha no tratamento intravesical, sempre considerando taxas de morbi-mortalidades 
relacionadas à cirurgia.

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