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LIVRO ÉTICA E CIDADANIA

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Prévia do material em texto

Ética e Cidadania 
Laura Mariano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Governador de Pernambuco 
Paulo Henrique Saraiva Câmara 
 
Vice-governador de Pernambuco 
Raul Jean Louis Henry Júnior 
● 
 
SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO 
 
Secretário 
Milton Coelho da Silva Neto 
 
Secretária Executiva 
Marília Raquel Simões Lins 
 
Diretora do CEFOSPE 
Analúcia Mota Viana Cabral 
 
Coordenação de Educação Corporativa 
Priscila Matos 
 
Coordenação da Educação a Distância 
José Lopes Ferreira Junior 
Marilene Cordeiro Barbosa Borges 
 
Autor 
Laura Tereza Nogueira Mariano 
 ● 
 
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 
 
Secretário 
Frederico da Costa Amâncio 
 
Secretária Executiva de Educação Profissional 
Maria Medeiros de Araújo 
 
Gerente Geral de Educação Profissional 
Maria do Socorro Rodrigues dos Santos 
 
Gestor de Educação a Distância 
George Bento Catunda 
 
Design Educacional 
Annara Mariane Perboire da Silva 
Hugo Carlos Cavalcanti 
Renata Marques de Otero 
 
Revisão de Língua Portuguesa 
Alécia Guimarães 
 
Diagramação e normalização 
Hugo Carlos Cavalcanti 
● 
 
Material produzido em parceria entre o Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos do 
Poder Executivo Estadual – CEFOSPE e a Secretaria Executiva de Educação Profissional – SEEP. 
 
Setembro, 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB 
M333e 
Mariano, Laura Tereza Nogueira. 
Ética e Cidadania: Gestão de Pessoas / Laura Tereza Nogueira Mariano. – Recife: CEFOSPE, 
2018. 
81 p.: il. 
 
Material produzido em parceria entre o Centro de Formação dos Servidores e Empregados 
Públicos do Poder Executivo Estadual (CEFOSPE) e a Secretaria Executiva de Educação 
Profissional de Pernambuco (SEEP-PE). 
Inclui referências bibliográficas. 
 
1. Ética. 2. Cidadania. 3. Direitos humanos. I. Mariano, Laura Tereza Nogueira. II. Título. 
 
CDU – 37.014.252:17 
 
Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129 
 
 
7 
Sumário 
Introdução .............................................................................................................................................. 9 
1.Competência 01 | Compreender o que é Ética, Moral e o que as Diferenciam ............................... 12 
1.1 Por que estudar ética? ........................................................................................................................... 12 
1.2 Ética ....................................................................................................................................................... 13 
1.2.1 Moral .................................................................................................................................................. 16 
1.2.2 Diferenças entre Ética e Moral ........................................................................................................... 16 
1.2.3 Tipos de Ética: pessoal, de grupo e profissional ................................................................................. 20 
1.2.4 Moral da integridade e moral do oportunismo .................................................................................. 25 
1.2.5 Pequenas corrupções ......................................................................................................................... 27 
2.Competência 02 | Aspectos Jurídicos da Ética na Administração Pública ....................................... 32 
2.1 Princípios constitucionais que balizam a atividade administrativa ....................................................... 33 
2.2 Crimes contra a Administração Pública ................................................................................................. 37 
2.2.1 Peculato .............................................................................................................................................. 38 
2.2.2 Peculato mediante erro de outrem .................................................................................................... 39 
2.2.3 Inserção de dados falsos em sistema de informações ....................................................................... 40 
2.2.4 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações ............................................. 40 
2.2.5 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento .............................................................. 41 
2.2.6 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas ............................................................................... 41 
2.2.7 Concussão ........................................................................................................................................... 41 
2.2.8 Excesso de exação .............................................................................................................................. 41 
2.2.9 Corrupção passiva .............................................................................................................................. 42 
2.2.10 Facilitação de contrabando ou descaminho ..................................................................................... 43 
2.2.11 Prevaricação ..................................................................................................................................... 44 
2.2.12 Condescendência criminosa ............................................................................................................. 44 
2.2.13 Advocacia administrativa ................................................................................................................. 45 
 
 
8 
2.2.14 Violência arbitrária ........................................................................................................................... 45 
2.2.15 Abandono de função ........................................................................................................................ 46 
2.2.16 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado ............................................................ 46 
2.2.17 Violação de sigilo funcional .............................................................................................................. 47 
2.2.18 Violação do sigilo de proposta de concorrência ............................................................................... 47 
2.3 Assédio Moral (Lei nº 13.314, de 15 out 2007) ..................................................................................... 47 
2.3.1 Assédio Vertical – Descendente:de cima (chefia) para baixo (subordinados) ................................... 49 
2.3.2 Assédio Vertical – Ascendente: debaixo (subordinados) para cima (chefia) ..................................... 50 
2.3.3 Assédio Horizontal Paritário ............................................................................................................... 51 
2.3.4 Misto ................................................................................................................................................... 51 
3.Competência 03 | Declaração dos Direitos Humanos ...................................................................... 54 
3.1 Conceito e valores básicos da cidadania ............................................................................................... 54 
3.2 A cidadania em pleno século xxi: direitos civis só na lei! ...................................................................... 61 
4.Competência 04 | Mundo do Trabalho e Cidadania Organizacional................................................ 66 
4.1 Sustentabilidade: percalços e conquistas na busca de uma cidadania planetária ................................ 71 
4.2 A cidadania e o combate á corrupção ...................................................................................................74 
Referências ........................................................................................................................................... 78 
Minicurrículo da Tutora Conteudista ................................................................................................... 81 
 
 
 
 
 
9 
Introdução 
Olá, participante do curso de Ética e Cidadania! Seja muito Bem-Vindo! 
Você está diante de um novo desafio. Este curso é uma proposta à reflexão do seu 
comportamento perante a Ética, tanto no campo pessoal, quanto no campo profissional. Afinal de 
contas, costuma-se dizer que a Ética não é uma tabuada, não é 2+2, nem tampouco um livro de 
autoajuda. Ética é sim, um eterno pensar, uma análise das suas atitudes diante das circunstâncias 
da vida. 
Além da Ética, este curso tratará também da Cidadania, dos direitos e direitos do cidadão tão 
fundamentais à construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária. 
O foco deste curso está no pensar e no agir: 
PENSAR onde você enquanto cidadão, através das suas experiências de vida tem se portado 
contrariando a boa-fé, a moral e os bons costumes. 
E o agir? 
O AGIR é o agora. É refletir se você deve continuar agindo em algumas situações de forma 
oportunista, desonesta e de má-fé ou se tens tentado ser mais íntegro, mais leal e mais honesto 
nas suas relações pessoais e profissionais. 
E ainda vamos mais além. Reflita se você tem exercitado os seus direitos e deveres como cidadão, 
ou se tem apenas cobrado resultados, sem “mover uma palha”, para que estes aconteçam. 
E aí, caro aluno, você está disposto a fazer essa autoanálise? 
Vamos refletir a respeito, trazendo à tona questões do dia a dia para analisá-las à luz da Ética. 
Textos complementares e vídeos serão trabalhados para fixação da aprendizagem. 
Você irá perceber a forma sintética dos textos, diferente de um livro, por terem sido adaptados à 
 
 
10 
leitura para Educação a Distância, evitando tornar-se cansativo e mais lúdico. 
Algumas dicas importantes: 
Reserve um momento privado para a leitura e para os exercícios. Isto lhe ajudará na sua 
concentração e fará com que você avalie e reflita melhor acerca das questões aqui colocadas. 
Seja perseverante, não desista. Leia e releia, se necessário, responda aos exercícios que isto lhe 
ajudará muito na nossa avaliação. Sua participação e motivação nesse processo é de extrema 
importância. 
No quadro a seguir, você vai ter acesso a uma síntese da nossa proposta, na Ficha do Curso. 
FICHA DO CURSO 
Objetivo: Desenvolver a capacidade de análise crítica em torno de aspectos da ética e da cidadania. 
Refletir de forma autônoma e participativa sobre o ser como agente transformador da sociedade em 
que vive. Investigar a origem e a importância da ética nas questões que envolvem cultura, identidade 
e que permeiam as relações sociais e políticas no mundo contemporâneo. 
Explicação: Durante o curso farei o possível através de indagações, vídeos e textos que você, meu 
caro aluno, exerça um pensamento crítico e reflita acerca dos seus valores e costumes na vida 
pessoal, profissional, bem como da sua vida em sociedade, pois a ética não é um código de condutas, 
mas sim um eterno construir, afinal, hoje o que lhe parece correto, amanhã pode não ser. 
Carga Horária: 20h/a. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Fontes: Este conteúdo foi adaptado do curso presencial de Ética e Cidadania do CEFOSPE, nas 
experiências e aprendizagens da didática do tema ministrado ao longo de 4 anos, pela autora desta 
apostila Laura Tereza Nogueira Mariano. Inclui uma seleção de textos acadêmicos e informais, vídeos 
e exercícios práticos para fixação do conteúdo. 
Sobre a avaliação: Fazer os exercícios é condição essencial ao aproveitamento do curso. 
Considerando que grande parte dos conteúdos dos exercícios são muito pessoais, não será exigido 
que você apresente suas respostas na maioria deles, servindo apenas como metodologia da 
aprendizagem. 
Mas atenção! A avaliação de aprendizagem para cada semana de curso terá questões objetivas que 
você poderá não conseguir responder corretamente, caso não tenha feito exercícios e visto com 
atenção o material apresentado, incluindo vídeos, textos e PowerPoint. 
 
Vamos começar!? 
 
 
12 
 
1.Competência 01 | Compreender o que é Ética, Moral e o que as 
Diferenciam 
O intuito deste capítulo é fazer com que você perceba as diferenças entre o que é ético e moral, 
para que seja capaz de observar e analisar os fatos da vida cotidiana, tanto na esfera privada 
quanto no ambiente de trabalho. 
A ética está presente no nosso dia a dia, na nossa vida pessoal e profissional. Como podemos 
perceber estamos vivenciando uma crise de valores, uma crise ética, na política, no futebol, nos 
meios de comunicação e assim por diante. 
Quando eu vou escolher um governante para me representar ou um companheiro para me 
relacionar será que eu analiso os valores morais deste cidadão? Será que eu procuro saber a 
respeito do seu caráter ou dos seus princípios éticos? 
É com base nessas indagações que está pautado o objetivo do nosso estudo. 
Fazer com que você, meu caro aluno, exerça um pensamento crítico e reflexivo acerca dos seus 
valores e costumes na sua vida pessoal, bem como na sua vida profissional e no seio da sociedade. 
A Ética é um eterno construir, pois hoje o que lhe parece correto, amanhã pode não ser. 
Portanto, acho importante reforçar os motivos que temos para estudar Ética: 
1.1 Por que estudar ética? 
Por que incluíram esse tema na grade de formação e capacitação dos servidores da Administração 
Pública? 
Podemos citar diversos motivos, tais como: 
 
 
13 
 É um assunto recorrente e que sempre foi de interesse do homem. As questões éticas 
perpassam por todos os aspectos da vida (familiar, profissional, acadêmico, social), ao passo que 
desde a antiguidade o homem nutre interesse pelo assunto; 
 Por conta do aumento da competitividade e do individualismo. O modelo econômico 
vigente, o sistema capitalista, estimula os imperativos “cada um por si” e “os fins justificam os 
meios”, o que gera várias distorções no convívio social; 
 Por conta da crise de valores. A corrupção está impregnada no cenário político, econômico 
e social do nosso país que acaba por possibilitar perdas de referências éticas. As pequenas 
corrupções e o “jeitinho brasileiro” estão entranhados na cultura brasileira, ao passo que pessoas 
que se comportam eticamente às vezes são tachadas de “bobas”, enquanto que os que burlam as 
leis, por exemplo, são tidas como “espertas”, gerando uma confusão entre o que é o certo e o 
errado, ocasionando assim a crise de valores. 
 Para fortalecer ações éticas no setor público. Exatamente por conta da crise de valores, 
que se faz mister, fomentar as discussões sobre a ética a fim de fortalecer as ações éticas no setor 
público, além de possibilitar que as reflexões sejam conduzidas pelo(a) servidor(a) para os mais 
diversos âmbitos de sua vida. 
1.2 Ética 
Após essa breve introdução, pergunto a você, meu caro aluno: O que é ética? 
A palavra Ética deriva do termo grego, “ethos” e significa modo ser, caráter, comportamento. É um 
ramo da filosofia que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases 
da moralidade social e da vida individual. Trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais 
consideradas tanto no âmbito coletivo como no individual. 
Para Sá (2003, p. 15), a ética “estuda os fenômenos morais, as morais históricas, os códigos de 
normas que regulam as relações e as condutas dos agentes sociais, os discursos normativos que 
identificam, em cada coletividade, o que é certo ou errado fazer”. 
Em outras palavras, Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do 
 
 
14 
comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, 
científica e teórica. A Ética teoriza sobre as concepçõesque dão suporte à moral. “É uma espécie 
de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e 
princípios que regem um determinado sistema moral” (MORAIS, s.d, p.1). Em suma, é uma 
reflexão sobre a moral. 
O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes vigentes tem 
início ainda, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos, a 
exemplo de Sócrates, Platão e Aristóteles. Questionadores que eram, propunham uma espécie de 
“estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a todos os 
homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto 
histórico nos quais estavam inseridos tais filósofos era o de uma Grécia voltada para a 
preocupação com a pólis, com a política. 
Nesse contexto, a ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido 
exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, 
se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e até que ponto nós damos o 
efetivo valor a estes. 
Segundo alguns filósofos, nossas vontades e nossos desejos poderiam ser vistos como um barco à 
deriva, o qual flutuaria perdido no mar, o que sugere um caráter de inconstância. Essa mesma 
inconstância tornaria a vida social impossível se nós não tivéssemos alguns valores que 
permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um verdadeiro caos. Logo, é necessário educar 
nossa vontade, recebendo uma educação (formação) racional, para que dessa forma possamos 
escolher de forma acertada entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado. 
Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá pela educação da vontade. Segundo Marilena 
Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), a disciplina denominada ética nasce quando se passa 
a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes. Nasce quando também se busca 
compreender o caráter de cada pessoa. Isto é, quando se busca compreender, refletir sobre o 
senso moral e a consciência moral individual. 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Dilema Ético 
Fonte:https://acropolejardimamerica.files.wordpress.com/2014/07/etica-e-moral-calvin-e-hobbes.jpeg. 
Acessado em:24/10/2015. 
Descrição da imagem: a Figura 1 trata de uma charge, na qual dois personagens conversam entre si e um 
deles relata que na prova do colégio teve que decidir se colaria ou não e para isso o fez a seguinte 
pergunta: “se era melhor ser honrado e reprovar, ou se era melhor copiar e passar?” E aí chegou à 
conclusão de que no mundo real as pessoas se interessam mais pelo êxito que pelos princípios. E ainda 
indagou: será que o mundo não é um desastre por causa disso? 
E finalmente, após esse dilema o aluno acabou entregando a prova em branco. 
O dilema ético retratado na tirinha é apenas um exemplo dentre muitos, tais como: É ou não ético 
desligar os aparelhos de uma pessoa que está com uma doença terminal e que só está viva porque 
as máquinas a conservam? Uma garota descobre que está grávida, mas não tem condições 
psicológicas, nem materiais de criar o bebê, deve ela abortar? Um desempregado, pai de três 
filhos, recebe uma proposta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa 
irregularidades que beneficiem seu patrão, deve ele aceitar essa oferta? 
Como podemos ver, nos deparamos diariamente com vários dilemas que envolvem a ética. Umas 
questões são mais simples e outras nem tanto assim. Mas de um modo geral, elas permeiam 
nossas vidas. Através da ética decidimos acerca de várias questões como a escolha dos nossos 
governantes, dos nossos cônjuges, das nossas amizades... Enfim, através da ética decidiremos qual 
o caminho iremos trilhar. 
 
 
16 
1.2.1 Moral 
Como você pode perceber, a ética e a moral estão relacionadas, apesar de serem distintas. A ética 
estuda/reflete a moral. Mas, então, o que é moral? 
A palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”. 
A moral é o conjunto de regras que regulam as relações entre as pessoas de uma sociedade, na 
busca pelo bem comum, felicidade e justiça. Estas regras são adquiridas pela educação, tradição 
e cotidiano, e orientam cada indivíduo nas suas ações e julgamentos sobre o que é certo ou 
errado, bom ou mau, moral ou imoral. 
De acordo com Vásquez (1998), moral é um conjunto de normas, regras e valores que uma 
sociedade define para si mesma. Desse modo, podemos entender que a moral não é inata, 
inerente ao homem, na verdade ela é fruto da consciência coletiva, das experiências individuais e 
culturais que foram se construindo durante a história da humanidade. A partir do que foi 
adquirido, distingue-se o bom do mau, o permitido e o proibido. A moral surgiu da necessidade de 
respostas às necessidades da vida em grupo, sendo possível somente quando o homem se tornou 
um ser social e este ser social só existe se tiver regras. 
Para ficar ainda mais claro para você o que é Ética e Moral, vamos apresentar as principais 
diferenças entre ambos. 
1.2.2 Diferenças entre Ética e Moral 
A Moral surgiu nas sociedades primitivas, quando o homem passou a viver em agrupamentos. A 
partir dessa fase, passou a ter consciência Moral sobre o que era o bem e o mal naquele ambiente 
em que vivia. A Ética surgiu com Sócrates, na antiguidade, quando existia maior capacidade 
intelectual para investigar, explicar criticar e refletir sobre as normas morais. 
A Ética faz com que as atitudes dos homens não se deem apenas por tradição, educação ou 
hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e 
reflexiva, a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, ao passo que o 
conhecimento e a ação são indissociáveis. Eis uma das diferenças que Vásquez (1998) elencou. 
 
 
17 
Outra distinção ocorre de o fato da Ética tender a se universalizar, enquanto que a Moral é 
relativa, pois pode variar com o tempo, e/ou de sociedade para sociedade. Vejamos um exemplo 
que engloba as diferenças vistas até agora: 
Suponhamos que Juca pediu emprestado o livro de um colega. Como o colega não cobrou a 
devolução do livro, Juca decidiu ficar para si, vendê-lo ou doá-lo a outra pessoa. Em qualquer uma 
dessas ações, se o colega for religioso, ele entenderá que Juca agiu de forma contrária à moral, 
pois feriu o mandamento divino de não roubar. Se o colega for uma pessoa que afirma o direito da 
propriedade privada, entenderá que a ação de Juca também foi moralmente reprovável, pois 
violou a lei e praticou um crime. 
Note que, pessoas diferentes condenariam Juca por motivos diferentes. Cada pessoa ou grupo 
tem noção de certo e errado. Umas se fundamentam na religião, outras nas leis, etc. Temos, 
então, várias “morais”, em que cada uma se fundamenta em noções diferentes para dizer o que é 
certo e o errado. Temos então o caráter relativo da moral. 
Caso o filósofo fosse refletir sobre essa situação, iria analisar se os critérios de religiosidade é um 
bom critério para definir o que é o bem, ou se a observância da lei seria o melhor caminho. E iria 
fazer quantos questionamentos fossem necessários até chegar a um critério que fosse universal. 
Eis o caráter reflexivo e tendência à universalidade da Ética. 
Neste exemplo, Juca agiu contrário ao que socialmente é entendido como certo, logo, sua ação foi 
imoral. Mas, vamos supor (de forma bem hipotética mesmo) que no país em que Juca foi criado o 
costume da sociedade era de, ao pedir algo emprestado, quando o outro não cobrava, significava 
que tinha doado, então, nesse caso hipotético, Juca havia agido de acordo com a moral do local 
em que foi criado. Ele aprendeu que era certo agir daquela forma e apenas agiu conforme lhe foi 
ensinado. Por isso que diz que a Moral é prática. Consiste na reprodução por meio de ações do 
que é dito pelos costumes, valores e normas de umasociedade como sendo certo, muitas vezes 
até mesmo sem nem um tipo de reflexão. 
Podemos entender com esse exemplo que, nem tudo que é moral é ético. Para Mario Sérgio 
Cortella, em entrevista no programa do Jô Soares (link disponível na próxima página), este fez a 
seguinte afirmação: “tem coisa que eu QUERO, MAS NÃO DEVO, tem coisa que eu DEVO, MAS 
 
 
18 
NÃO POSSO, tem coisa que eu POSSO, MAS NÃO QUERO”. Então, agir conforme a ética reside em 
agir com base nesses três pilares: DEVO, POSSO E QUERO. 
Portanto, as normas morais se cumprem por meio da convicção íntima e adesão interna de cada 
um dos indivíduos, já as normas jurídicas não exigem essa convicção. A pessoa que pertence 
aquele contexto social deve cumprir a norma jurídica, ainda que não a ache justa, pois há o 
dispositivo externo que o obriga a cumpri-la. 
Ou seja, a Moral é internalizada e nos constitui como sujeito. A Ética, com suas leis, nos possibilita 
compreender se a nossa moral encontra-se adequada com a sociedade, porém isso não significa 
que vou concordar ou agir como a lei determina, pois a ação moral independe de ter ou não 
regras. Sendo assim, podemos extrair outras diferenças, tais como: os princípios éticos possuem 
obrigatoriedade em seu cumprimento, podendo acarretar, inclusive, em sanções penais; já ao que 
se refere à Moral, há livre arbítrio, no máximo o que acontecerá é a desaprovação social. 
Nesse ponto da discussão, vale abrir um parênteses para explicar as diferenças entre amoral, 
imoral, antiético e aético. 
a) Amoral – é aquela pessoa que não tem conhecimento das normas morais, não tem as condições 
subjetivas necessárias agir segundo os preceitos morais. Por exemplo: uma criança que foi criada 
na selva por dez anos pelos chimpanzés, e ao ser resgatada, não tinha noção de que andar nua, 
roubar para comer e fazer suas necessidades fisiológicas na rua era errado. 
b) Imoral – é aquele que age contra a moral, mesmo sabendo quais as regras morais da sociedade 
em que faz parte. Por exemplo: um trabalhador que aceita suborno para infringir uma regra. 
c) Antiético – é alguém que age contrariando a ética que um grupo compartilha e aceita. 
d) Aético – pessoa incapaz de escolher, decidir e julgar, tais como: crianças ou pessoa com 
deficiência mental, idoso com esclerose senil, tanto que a lei considera inimputável. 
 
Assista ao primeiro vídeo: uma entrevista que o Prof. Mário Sérgio Cortella concedeu ao 
Programa de Jô Soares na TV Globo explicando a diferença entre Ética, Moral, Imoral, Amoral, 
Antiético: 
Segue o link: www.youtube.com/watch?v=vjKaWlEvyvU. 
Acessado em 27/07/2017. 
 
 
 
19 
Como podemos perceber, são conceitos muito próximos e que para compreendê-los precisamos 
ter bem definido que a Moral está relacionada com a prática, com a ação em si, com os costumes, 
valores, tradições e hábitos. Já a Ética é a reflexão que se faz acerca da Moral e que tende a 
formular conceitos universais, que valham em qualquer lugar, independente da Moral específica 
do grupo, o exemplo mais próximo disso é a Declaração dos Direitos Humanos, de 1948, que 
falaremos mais adiante. 
Depois de tudo que foi dito, tornou-se fácil para você perceber que em uma mesma sociedade o 
que era Moral pode deixar de ser com o passar do tempo, isso demonstra o caráter temporal da 
Moral. Por exemplo, há décadas atrás era inaceitável que as mulheres trabalhassem fora de casa e 
se realizassem profissionalmente. Hoje, você aceitaria que uma mulher fosse proibida de 
trabalhar? Enquanto que a Ética, pelo fato de buscar princípios universais, o caráter é mais 
permanente. 
Vejamos agora um quadro-resumo com as diferenças entre Ética e Moral: 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Diferenças entre Ética e Moral 
Fonte: www.codigodeconduta.org/eticaemoral.php.Acessado em: 24/10/2015. 
Descrição da Imagem: A figura trata de um quadro expondo as principais diferenças entre Ética e 
Moral, onde a sua esquerda você encontrará as características da Ética: Ética é princípio, é 
permanente, universal, é regra, teoria, reflexão e trata do bem e do mal. Já a sua direita você 
encontrará as características da Moral, quais sejam: Moral é conduta específica, é temporal, 
cultural, é conduta da regra, é prática, é ação e trata do certo e do errado. 
Acreditando que você já conseguiu entender que a Ética e a Moral possuem conceitos distintos, 
 
 
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apesar de fazerem parte de uma mesma realidade, vamos falar agora sobre os tipos de Ética. 
Mas se você quer compreender ainda melhor estes conceitos, que muitas vezes se confundem 
assista ao vídeo que segue do grande professor e filósofo Clóvis de Barros Filho, que tratará do 
assunto de forma bastante didática: 
 
 
Acesse o link: www.youtube.com/watch?v=Q0jzSJpB3OM. 
 Acessado em 16.08.2017. 
 
 
Em suma, segundo Clóvis de Barros Filho estamos no campo da moral quando temos a liberdade 
de escolha para decidir qual o melhor caminho a seguir, numa dimensão própria, de cada um. Já 
no campo da Ética também temos a liberdade de escolha, porém, numa dimensão universal / 
coletiva. 
1.2.3 Tipos de Ética: pessoal, de grupo e profissional 
A Ética Pessoal são os princípios que norteiam a vida de um indivíduo. Por exemplo, quando você 
se pergunta: Como buscarei a minha felicidade? Em quais princípios irei respaldar minhas ações? 
As respostas que obtiver a esses questionamentos podem apontar para a sua Ética Pessoal. Em 
outras palavras, a Ética Pessoal funciona como uma bússola que orienta indivíduo a proceder 
segundo alguns princípios pré-estabelecidos por ele mesmo. 
O indivíduo cria na mente uma espécie de “central de análise”, onde as situações passam por 
avaliações internas que buscam moldar a concepção sobre determinado aspecto. A Ética Pessoal 
pode ser influenciada/moldada positiva ou negativamente pelas experiências, educação, 
treinamento e pressão de grupo. 
O ideal é que a Ética Pessoal perpasse sempre pelo respeito à dignidade da pessoa humana, às 
diferenças culturais, aos pontos de vistas do outro. 
 
 
21 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Qual caminho a seguir? 
Fonte:http://futurodahospedagem.blogspot.com.br/2013/10/etica-na-vida-profissional. 
html. Acessado em: 24/10/2015. 
Descrição da imagem: A figura trata duas mãos, uma em posição “de legal” “tudo “bem”, 
“positivo”, a outra o polegar está para baixo, tudo “mal”, “negativo”, e entre uma mão e 
outra há uma linha, ou uma corda onde uma pessoa tenta se equilibrar sobre esta. E a 
pergunta é: qual o caminho a seguir? 
Essa figura denota que estamos sempre em uma linha tênue, entre o “bem e mal”, “o bom e o 
ruim”, “o certo e o errado”. E você, como tem conduzido a sua vida? Para qual lado desta corda 
você está mais voltado? 
 
 
REFLITA!!! 
 
 
 
Quanto a Ética de Grupo esta consiste em princípios que orientam o comportamento dos 
membros de um grupo, são os padrões subculturais como a linguagem, os rituais, que são 
adotados pelos integrantes. Normalmente, o novato quando chega em um setor sofre pressão do 
grupo para se ajustar aos padrões. Em determinadas circunstâncias, pode haver um conflito entre 
a Ética Pessoal e a Ética do Grupo, nesses casos o indivíduo precisa decidir sobre qual irá seguir. 
Vale frisar que a Ética de Grupo não é necessariamente melhor do que a Pessoal, e vice-versa. 
Já a Ética Profissional consiste em um conjunto de normas codificadas do comportamento dos 
praticantes de uma determinada profissão. Advogados, médicos, militares, por exemplo, possuem 
seus códigos de ética que dizem de forma expressa quais os princípios que devem ser respeitados 
pelos profissionais da área. A Ética Profissional busca regulamentar o relacionamento entre os 
 
 
22 
profissionais, cultivar e preservar a imagem da instituição, visando o respeito à dignidade da 
pessoa humana e a construção do bem-estar no contexto sociocultural em que o profissional está 
inserido. 
A Ética Profissional enquantoconjunto de normas codificadas que devem ser seguidas pelos 
profissionais no exercício de seu trabalho, significa que ter ética profissional nada mais é do que o 
indivíduo cumprir com todas as atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados 
pela lei, pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho. 
A Ética Profissional busca regulamentar o relacionamento entre os profissionais, cultivar e 
preservar a imagem da instituição, visando o respeito à dignidade da pessoa humana e a 
construção do bem-estar no contexto sociocultural em que estão inseridos. 
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a 
diferentes áreas de atuação. No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e 
por isso são aplicáveis a qualquer atividade profissional, tais como: honestidade, integridade, 
imparcialidade, coragem etc. 
O princípio básico de atuação do servidor público consiste em servir o cidadão e a coletividade. 
Todo aquele que é aprovado em concurso público deve possuir esse pressuposto básico: agir de 
forma ética e transparente. Afinal de contas, ao servidor público é reservada a importante missão 
de gerir a coisa pública, tanto em nível estratégico, por meio de políticas públicas, quanto no 
tático e operacional, na condução e execução das atividades públicas. Cabe ao servidor dedicar-se, 
ter zelo e agir na busca pelo bem comum. 
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal traz 
orientações que servem como base para os servidores das mais diversas esferas, inclusive a 
estadual, vejamos algumas: 
a) O servidor deve desempenhar seu trabalho norteado pela dignidade, decoro, zelo, eficácia e 
consciência dos princípios morais; 
 
 
23 
b) Sua conduta deve ser ética, baseia-se na verdade, dispor do sigilo, zelo, disciplina, moralidade, 
cortesia, boa vontade, o cuidado e o tempo necessário para o cumprimento de seus deveres; 
c) A razão da atuação do servidor é a busca pelo bem comum; 
d) O servidor deve sempre se lembrar que o seu salário é pago por meio dos tributos dos cidadãos, 
inclusive ele mesmo, e que a contrapartida esperada pela sociedade é que os serviços prestados e 
todo tipo de atuação seja respaldado na ética; 
e) Como integrante da sociedade, o bom serviço prestado pelo servidor reflete nele mesmo; 
f) Os atos e fatos da vida privada do servidor interferem na sua vida profissional, em decorrência 
disso, a conduta fora do órgão público deve ser tão ética quanto durante a execução do seu 
trabalho; 
g) Os danos ao patrimônio público pelo servidor, tanto pela deterioração quanto pelo descuido, 
constituem em ofensa a todos àqueles que se dedicaram no processo de construção; 
h) São considerados danos morais: deixar o cidadão esperando longas filas, maltratar o cidadão ou 
atrasar na prestação do serviço público. 
Como pode ser visto, o servidor público deve respeitar os valores éticos e morais, deve respeitar 
as leis, pois estes contribuem sobremaneira com a qualidade do atendimento no âmbito do poder 
público, além de conjugar o respeito ao usuário. 
Para finalizar este tópico, podemos elencar algumas dicas para a conduta ética do servidor 
público: 
 Lembre-se da Missão, Visão e Valores do seu órgão; 
 Saibam quais são as suas atribuições e responsabilidades; 
 Respeite o próximo, a privacidade do outro e a hierarquia; 
 Esteja comprometido e envolvido com seu trabalho; 
 Seja assíduo e pontual; 
 Trate todos com respeito, até alguém que não gosta; 
 Assuma uma atitude imparcial; 
 Exerça suas funções com zelo, competência e eficiência; 
 
 
24 
 Seja transparente com suas ações; 
 Seja humilde para assumir seus erros, tolerante e flexível em relação ao outro e com 
mudanças; 
 Atribua os créditos a quem merece; 
 Devolva o que pedir emprestado; 
 Se precisar corrigir alguém, faça-o em particular; 
 Cumpra com sua palavra; 
 Afaste-se de fofocas; 
 Aja de acordo com seus princípios, mesmo que contrarie a maioria; 
 Demonstre confiança e energia (conheça suas forças e fraquezas); 
 Conheça os aspectos legais dos seus direitos e deveres. 
RESUMO: 
Até aqui vimos a importância de estudar Ética. Aprendemos que Ética e Moral não são a mesma coisa, 
apesar de estarem interligadas. Que a Ética é teórica e reflete a Moral; tende a ser universal e atemporal; 
além de estabelecer quais os princípios que irão nortear a vida de um indivíduo. A Moral, por sua vez, 
consiste nos costumes, valores, hábitos, tradições. Ela se caracteriza na prática pela relatividade e 
temporalidade. Por fim, compreendemos o que é Ética Pessoal, de Grupo e Profissional. 
E quem disse que a arte não imita a vida? Ou seria o contrário? 
Se possível, assista ao filme sugerido logo abaixo e veja como em determinadas situações a vida 
nos prega “peças”, que nos deixam atônitos. E aí como devemos nos portar diante desses conflitos 
de interesses pessoais. Você já passou por algo semelhante? 
 
Um Ato de Coragem(John Q, 2002), em que o vencedor do OscarDenzel 
Washingtoninterpreta John Quincy Archibald, um operário, pai de família enfrentando sérios 
problemas financeiros. John, ao saber que o filhoprecisa urgentemente de um transplante de 
coração caríssimo, mobiliza várias ações, mas não consegue arrecadar o dinheiro necessário 
exigido pelo hospital, e acaba por encontrar como melhor meio de obter o transplante fazer 
de refém o médico responsável pelo caso de seu filho, além de outras pessoas, no setor de 
emergência do hospital. 
 
 
 
 
25 
1.2.4 Moral da integridade e moral do oportunismo 
No nosso país, percebemos a coexistência simultânea de duas morais opostas: Moral da 
Integridade e Moral do Oportunismo, segundo Srour (2002). O que vem a ser cada uma? 
A moral da integridade é um sistema de normas morais oficiais que permeiam o imaginário 
brasileiro, e acaba se personificando em uma gama de virtudes. Ela tem base em valores como a 
honestidade, lealdade, idoneidade, decoro, decência, lisura, confiabilidade, respeito, entre outras, 
enquanto que a desonestidade, enganação, fraude, blefe e da manipulação do inocente é 
veemente criticada. Dispõe de um discurso oficial (verdadeiro ou fingido) de integridade, que se 
manifesta contrário a corrupção, a falta de vergonha na cara, e todas as demais práticas antiéticas 
e imorais. Costuma enaltecer as pessoas de “caráter”, “´sérias” e ditas de confiança, em 
detrimento as que “não prestam”. A moral da integridade costuma ser compartilhada nas escolas, 
igrejas, tribunais, imprensa. O bem comum é tido como prioritário, para tanto, deve-se cumprir 
com as obrigações sociais, como se fossem mandamentos. 
A moral do oportunismo é eminentemente egoísta, consiste naquela ideia de levar “vantagem em 
tudo”, “é bom quando é bom para mim”, de “dar jeitinho”, “cada um por si”, “salve-se quem 
puder”, de valer-se da ingenuidade alheia. Inclusive, o ideal é que isso não se torne público, afinal, 
este é um discurso oficioso. 
Enfim, a moral do oportunismo é aquela moral que alimenta e sacramenta a hipocrisia, pois, em 
público, todos simulam ser adeptos da moral da integridade, e o indivíduo que faz uso dela é tido 
como esperto. Inclusive, essa malandragem é encarada como se fosse uma travessura, como se 
fizesse parte do cotidiano, ser esperto é uma forma de vencer na vida. 
E o pior, quem não faz parte deste esquema é taxado de “babaca”, “ingênuo”, “mané”. Na moral 
do oportunismo os interesses particulares estão acima de todos os demais, e o que importa é o 
triunfo da conveniência sobre a responsabilidade social. Ou seja, é o extremo oposto da moral da 
integridade. Quem costuma assumir a moral do oportunismo são aquelas pessoas que valorizam o 
enriquecimento fácil e rápido. 
 
 
26 
Podemos citar algumas das várias práticas que caracterizam a moral do oportunismo: caixa dois, 
subornos de fiscais, sonegação fiscal, compra ouvenda de produtos sem nota fiscal, fraudes 
contábeis, formação de cartéis, superfaturamentos, exploração do trabalho infantil, contratação 
de funcionários sem carteira assinada entre outros. 
 
 
 
 
Figura 4 - Integridade x Oportunismo 
Fonte: http://blogdoparamazonas.blogspot.com.br/Acessado em: 24/10/2015. 
Descrição da Imagem: A figura retrata um político fazendo campanha e dizendo as 
pessoas que no seu bolso nunca entrou dinheiro público e uma destas pessoas que o 
ouvia disse a outra do seu lado “tá de calça nova, né?” 
A moral da integridade prima-se pelo jogo limpo, pois se acredita que todos irão respeitar as 
regras, o que gera confiança em pessoas de fora do grupo. Já na moral do oportunismo, não há 
confiança nas pessoas de fora das “panelinhas”, pois não se tem certeza se o esquema e os 
jeitinhos para obtenção de vantagens e lucros continuarão em segredo. 
Infelizmente, existem muitas pessoas que oscilam entre a moral da integridade e a moral do 
oportunismo. Em certos momentos ficam horrorizados com as falcatruas dos políticos, mas 
quando tem oportunidade, utilizam-se logo do “jeitinho” para receber vantagens. Só é necessário 
que os interesses próprios sejam ameaçados, que já se tem motivos para quebrar as regras, burlar 
as normas. 
Enquanto servidores públicos, nossas ações devem estar respaldadas necessariamente na moral 
da integridade, pois, como se já não bastasse o caráter hipócrita da moral do oportunismo, ainda 
garante ao servidor público que ele sofra sanções em decorrência do seu uso. 
O ideal é que na nossa vida prática possamos reavaliar nossas ações em busca de uma sociedade 
 
 
27 
mais justa. Precisamos ir além do discurso e demonstrar com atos a nossa vontade de melhorar 
enquanto coletividade. 
1.2.5 Pequenas corrupções 
Esse tópico complementa o anterior na medida em que aponta as pequenas corrupções que 
lidamos diariamente. Para tanto, partimos de um pronunciamento feito no mês de março de 2015 
pela Presidente Dilma, que diante de tantos escândalos, se referiu à corrupção como uma 
“senhora idosa”, que já vive há muitos anos entre nós. Infelizmente, desde quando os primeiros 
indivíduos vagavam pelos continentes já existiam os espertos, que tiravam vantagens em 
detrimento do prejuízo alheio. Basta recordamos o que ocorreu com a chegada dos portugueses 
no Brasil, em 1500. 
A cultura do “jeitinho”, em muitos casos, nos faz realizar ações prejudiciais ao próximo. Quando 
furamos fila, sonegamos impostos, estacionamos em vaga de idoso indevidamente, dentre outras 
coisas, estamos sendo corruptos. Aí você deve está se perguntado: corrupto? Sim. Porque quando 
um indivíduo prejudica alguém, pouco ou muito, está na verdade fortalecendo um dos maiores 
males do nosso país. Agir de forma leviana é uma prática corriqueira em todo o território 
brasileiro, mesmo que algumas pessoas achem que corrupção só existe em Brasília. A corrupção 
está na verdade, infelizmente, impregnada em boa parte da população. 
No terreno da ética o apodrecimento dos valores éticos positivos se inicia por meio de pequenos 
delitos, infrações e aceitações. Quando, por exemplo, é noticiado que os marginais soltaram 
rojões para sinalizar a entrada da polícia na favela, o cidadão comum costuma reprovar tal ação. 
Entretanto, esse mesmo cidadão não ver nada de mal em piscar o farol na estrada para alertar que 
a viatura policial rodoviária está na outra direção. Isso se caracteriza como um relativismo ético, 
que acaba por corroer toda a nossa estrutura de dignidade. 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
Figura 5 - Corruptos e Corruptos 
Fonte: https://oraculo-decassandra.rhcloud.com/tag/corrupcao/Acessado em 20.08.2017 
Descrição da Imagem: A figura demonstra quatro personagens, a primeira é Maria que joga o 
papel de bala no chão e diz que “é pequeno”. O segundo personagem é Chico que estaciona em 
vaga preferencial e fala que “é rapidinho”. O terceiro é João que fura a fila na balada e diz 
“ninguém vê” e o quarto personagem, Tonho desvia dinheiro público para sua conta na Suíça e 
diz “só um pouquinho”. 
E você, representa algum desses personagens? Qual o que você se identifica, por já ter agido como 
eles em alguma situação? 
Importante ter em mente que os políticos não vêem de Marte. Eles partem dessa mesma 
sociedade que busca se favorecer de algum modo, “desenrolando”, mesmo correndo o risco de 
prejudicar alguém. Então, até que ponto estamos contribuindo com a corrupção em nosso país? 
Eis uma questão que vale a pena refletir. 
Uma campanha criada pela Controladoria-Geral da União, nos anos de 2013 e 2014, intitulada de 
“Pequenas Corrupções – Diga não”, visou chamar a atenção do cidadão para as pequenas 
corrupções que praticamos diariamente, muitas vezes sem nos darmos conta de que estamos 
alimentando toda uma rede de corrupção. Essas pequenas atitudes são antiéticas, ou até mesmo 
ilegais, e costumam ser culturalmente aceitas e terem sua gravidade ignorada e/ou minimizada. A 
campanha deixa claro que “a mudança por um país mais ético começa em cada um de nós”. 
 
 
 
 
29 
Vejamos dois dos encartes divulgados na campanha: 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Pequenas Corrupções – Diga Não! 
Descrição da imagem 1.5: Na figura temos um encarte com nove frases: 1) Estacionar 
em vaga especial; 2) Copiar trabalho acadêmico da internet; 3) Colar na prova; 4) 
Furar fila; 5) Aceitar troco errado; 6) Comprar produtos falsificados; 7) Falsificar 
carteirinha de estudante; 8) Roubar tv a cabo; 9) Apresentar atestado médico falso. E 
abaixo de cada frase temos um símbolo que diz: “Pequenas Corrupções, DIGA NÃO”. 
 
 
 
 
 
Figura 7 - Pequenas Corrupções – Diga Não! 
Fonte:www.cgu.gov.br/redes/diga-nao/campanha-pequenas-corrupcoes-diga-nao. 
Acessado em: 24/10/2015 
Descrição da imagem 1.6.: Nesta outra figura temos um encarte com mais algumas 
frases: 1) Bater ponto pelo colega de trabalho; 2) Tentar subornar o guarda para evitar 
multas. E temos um símbolo que diz: “Pequenas Corrupções, DIGA NÃO”. “A mudança 
por um Brasil mais ético começa em cada um de nós. Maus hábitos cotidianos muitas 
vezes são, na verdade, práticas antiéticas e até ilegais, que devem sim ser combatidas. 
Diga não as corrupções do dia a dia e faça sua parte na luta #contracorrupção#.” 
(Grifos nossos). 
 
 
30 
E aí caro aluno, gostaria que você refletisse: Como você tem encarado as pequenas corrupções no 
seu dia a dia? Você tem evitado comportamentos antiéticos ou até mesmo ilegais? 
Então você deve está se perguntando: quando morrerá a “senhora idosa”? Talvez nunca, mas 
podemos controlá-la e fazer com que ela perca suas forças. É bem verdade que isso leva tempo e 
requer trabalho duro, porém é possível. 
Acreditamos que a ação mais importante consiste nos adultos darem exemplo as crianças. Elas 
aprendem por meio do exemplo, e se queremos que no futuro os políticos e os cidadãos sejam 
honestos, precisamos ser hoje aquilo que queremos ser no amanhã. 
Na esfera pública, quem não tem notícia das pequenas corrupções, tais como levar material de 
expediente para casa, merenda escolar, material cirúrgico, dentre outros? Além de serem atitudes 
que contrariam a ética, também incorrem em crime como veremos na próxima competência. 
O ideal é que possamos repensar nossas ações no ambiente de trabalho e na vida, buscando 
minimizar as nossas pequenas corrupções de cada dia. 
Agora ao término desta competência, sugiro você a assistir o vídeo feito pelo professor e filósofo 
Mário Sérgio Cortella acerca do espanhol Ivan Fernandes Anaya, corredor de maratona, que 
surpreendeu o mundo com uma atitude ética. 
 
Dica de vídeo: 
Segue o link: www.youtube.com/watch?v=_bRvG6Ohjuw. Acessado em 28/07/2017. 
 
 
RESUMO: 
Ao final desta competência vimos qual a conduta que deve ter um servidor público no exercício das suas 
funções. Fortalecemos o conceito de que o foco do servidor deve ser sempre em garantir o bem comum,para tanto, deve respaldar sua conduta na moral da integridade. O ideal é que, não apenas como servidor, 
mas também como cidadãos possamos reavaliar nossa conduta, possibilitando maior afastamento da moral 
do oportunismo, do “jeitinho brasileiro”, e das pequenas corrupções, contribuindo assim com uma nação 
 
 
31 
mais digna de se viver. 
 
Mas antes disso, vamos assistir a nossa primeira Vídeoaula que tratará sobre Ética, Direito e 
Justiça: 
Vídeoaula 1 – Ética, Direito e Justiça. 
 
Agora que você assistiu a nossa primeira vídeoaula e concluiu o estudo da competência 01, que 
trata da Ética e da Moral, acredito que você já saiba distinguir uma da outra, bem como suas 
similitudes, então vamos agora realizar o nosso primeiro Fórum de Conteúdo Temático. 
Fórum Temático 01: 
Ouve-se muito falar que a corrupção está entranhada na cultura do povo brasileiro e que não 
há mais jeito de mudar essa realidade. Tal “afirmação” parece denotar comodidade, 
tolerância e quem sabe até aceitação. 
O filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821) cunhou a seguinte expressão: “Cada 
povo tem o governo que merece”! 
Baseado nessas duas ideias, discorra: 
a) O que você como cidadão de direitos e deveres tem feito para contribuir com a 
manutenção da corrupção, ou o contrário, para acabá-la? 
b) A começar de nós, como podemos mudar este cenário de crise ética na política brasileira? 
 
 
 
32 
 
2.Competência 02 | Aspectos Jurídicos da Ética na Administração 
Pública 
Após a definição de ética já vista na competência anterior, analisaremos agora os princípios que 
norteiam a Administração Pública, para que através destes possamos desenvolver uma postura 
ética na nossa vida pessoal e profissional e que sejamos capazes de cobrar um serviço público 
voltado às finalidades da Administração Pública, bem como exercer as atividades estatais com 
lisura e retidão. 
Nesta competência iremos conhecer os aspectos jurídicos da Ética na Administração Pública e o 
Assédio Moral nas relações de trabalho, onde traçaremos um paralelo da função da Administração 
Pública em um Estado Democrático de Direito e os sistemas adotados pelo Estado, no intuito de 
evitar o desvio de suas finalidades por intermédio de atos não éticos praticados por seus 
administradores e servidores. 
Segundo o administrativista e mestre Hely Lopes Meirelles a Administração Pública pode ser 
entendida como: “... O conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo. 
Em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em 
acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios 
do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração 
é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à 
satisfação das necessidades coletivas.” 
E continua nosso ilustre doutrinador: 
“A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior 
ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. (...) O 
Governo comanda com responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade 
profissional pela execução; a Administração executa sem responsabilidade constitucional ou 
 
 
33 
política, mas com responsabilidade técnica e legal pela execução. A Administração é o instrumento 
de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo”. 
Diante dessas colocações resta clarividente que é a Administração Pública que exterioriza a 
atividade do Estado, colocando em prática as decisões políticas de seus governantes. Desta forma, 
para que o Estado atinja suas finalidades e promova justiça social é essencial que toda a máquina 
administrativa trabalhe com eficiência, ética e responsabilidade. 
 São através das atividades desenvolvidas pela Administração Pública que o Estado alcança seus 
fins e para que tais atividades não desvirtuem das finalidades estatais, a Administração Pública se 
submete às normas constitucionais e às leis especiais. Todo esse aparato de normas objetiva a um 
comportamento ético e moral por parte de todos os agentes públicos que servem ao Estado. 
2.1 Princípios constitucionais que balizam a atividade administrativa 
Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pautar seus atos pelos princípios 
elencados na Constituição Federal, em seu art. 37 que prevê: “A administração pública direta e 
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. 
Quanto aos citados princípios constitucionais, o entendimento do doutrinador pátrio Hely Lopes 
Meirelles é o seguinte: 
 Legalidade - A legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que 
o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e 
às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato 
inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (...) 
 Impessoalidade – O princípio da impessoalidade, (...), nada mais é que o clássico princípio 
da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E 
o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como 
objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio também deve ser entendido para excluir a 
 
 
34 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas 
(...) 
 Moralidade – A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de validade 
de todo ato da Administração Pública (...). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador de tal 
conceito – da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como “o conjunto de 
regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração” (...) 
 Publicidade - Publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início 
de seus efeitos externos. (...) O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além 
de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos 
interessados diretos e pelo povo em geral, através dos meios constitucionais (...) 
 Eficiência – O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com 
presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, 
que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados 
positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de 
seus membros. (...).” 
 
Regrinha para decorar os cinco princípios. As iniciais deles formam a palavra LIMPE! 
Legalidade; 
Impessoalidade; 
Moralidade; 
Publicidade; 
Eficiência. 
 
 
Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administração Pública em nosso país passou a 
buscar uma gestão mais eficaz e moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma 
gestão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37 da Carta Magna. 
Para isso a Administração Pública vem implementando políticas públicas com enfoque em uma 
gestão mais austera, com revisão de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade. 
Aliada a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada com a preparação dos agentes 
públicos para uma prestação de serviços eficientes que atendam ao interesse público, o que 
 
 
35 
engloba uma postura governamental com tomada de decisões políticas responsáveis e práticas 
profissionais responsáveis por parte de todo o funcionalismo público. 
A nova gestão pública procura colocar à disposição do cidadão instrumentos eficientes para 
possibilitar uma fiscalização dos serviços prestados e dasdecisões tomadas pelos governantes, 
exemplos destes instrumentos são: as ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração Pública 
direta e indireta, bem como os Tribunais de Contas e os sistemas de transparência pública que 
visam a prestar informações aos cidadãos sobre a gestão pública. 
Tais instrumentos têm possibilitado aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização e tutela da 
ética na Administração apresentar resultados positivos no desempenho de suas funções, cobrando 
atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte dos agentes públicos. Ressaltando-se 
que, no sistema de controle atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão 
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. 
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é necessário despertar no cidadão uma 
consciência política alavancada pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla 
democracia. 
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda mudança na educação, onde os 
princípios de democracia e as noções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, 
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função pública ou atingir a plenitude de 
seus direitos políticos. 
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está despertando para essa realidade, uma vez 
que tem investido fortemente na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para 
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes com o interesse social. 
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes públicos, a Administração Pública passou 
a instituir códigos de ética para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de um 
comportamento condizente com a moralidade administrativa é mais eficaz e facilitada. 
 
 
36 
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa tem sido a aplicação da Lei de 
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
Complementar nº 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que desvia sua atividade 
dos princípios constitucionais a que está obrigado responde pelos seus atos, possibilitando à 
sociedade resgatar uma gestão sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse social. 
Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública está caminhando no rumo de 
quebrar velhos paradigmas consubstanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e 
desvio de finalidade. 
Não há mais lugar para uma gestão destoante dos fins sociais do Estado Democrático de Direito. 
Resta claro que a gestão pública deve estar fundada nos princípios constitucionais que regem a 
Administração Pública, ficando, os agentes públicos, sujeitos ao controle administrativo, judicial e 
social em todas as suas decisões e atividades administrativas desenvolvidas no âmbito público. 
Deve-se enfatizar que para a real implementação da ética na gestão pública é necessário a 
conscientização da sociedade como um todo, de modo que todos os cidadãos passem a atuar 
concretamente na fiscalização e cobrança de uma governabilidade eficaz e moralmente correta. 
Para que se possa mudar o comportamento de toda a sociedade com vistas a atingir o objetivo 
maior de obtermos uma Administração Pública totalmente ética, atuando com economia, 
eficiência e acima de tudo dentro dos princípios democráticos é necessário mudar a forma de 
pensar e de sentir do cidadão em geral. E, neste sentido, pode-se observar que nosso país está 
começando a dar os primeiros passos, embora muito ainda esteja por fazer. 
Assim sendo, é evidente que a nova Administração Pública deve, cada vez mais investir em 
preparação e atualização de seus agentes públicos para proporcionar-lhes condições de conhecer 
as melhores técnicas e os melhores meios de atingir um serviço público voltado ao interesse geral 
da sociedade. Deve ainda, implementar e aperfeiçoar instrumentos capazes de permitir ao 
cidadão um acompanhamento de toda a atividade administrativa com possibilidade de denunciar 
maus gestores da coisa pública e opinar sobre possibilidades de melhoria da coisa pública. 
 
 
37 
Por outro lado, deve-se ressaltar ainda, a importância da mudança de comportamento de todo 
agente público no sentido de identificar-se com o fim social da Administração Pública e lutar para 
a obtenção de todas as finalidades almejadas pelo Estado Democrático de Direito. 
Para finalizar, apontamos a necessidade de a Administração realizar, constantemente, o controle 
sobre os atos editados, visando a preservar os direitos dos cidadãos e resguardar a moralidade 
pública. 
Nesse diapasão está o ensinamento do mestre Juan de Dios Pineda Guadarrama: “(...) Se a ética 
tem a ver com a melhora das pessoas, também tem a ver com a melhora das instituições. Daí que 
devem ser institucionalmente muito valorados os mecanismos que ajudem aos administradores a 
comportar-se eticamente, tais como os códigos de comportamento, a aplicação das normas de 
controle e os conselhos cidadãos de vigilância. A liderança, para tanto, está indissoluvelmente 
unida ao comportamento ético...” “As pessoas são capazes dos maiores esforços e sacrifícios se 
encontram sentido no que fazem. Transmitir esse sentido é a missão da liderança, pois uma das 
condições de ser líder é sua capacidade de influência. A principal missão do líder é desenvolver 
líderes ao seu redor. Líderes dispostos a defender e difundir os valores morais que sustentam a 
ação empreendida na gestão pública e na ética.” (tradução livre). 
Agora que vimos os princípios da Administração Pública vamos assistir a nossa segunda 
Vídeoaula aprofundando um pouco mais o conhecimento deste tema, com exemplos e casos 
práticos de ofensas a estes princípios que burlam a Ética e a Moral: 
2 – A Ética e os Princípios que regem a Administração Pública 
 
 
2.2 Crimes contra a Administração Pública 
Antes de adentrarmos propriamente nos crimes contra a Administração pública é mister 
atentarmos para o conceito de funcionário público, segundo o Código Penal Brasileiro . Reza o 
Artigo 327: 
“Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” 
 
 
38 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 
Portanto, meus caros alunos, como vocês percebem temos uma vasta gama de crimes contra 
a Administração Pública. Fiquem bastante atentos ao conceito de funcionário público na 
seara penal, pois muitas vezes um servidor pode incorrer em crimes desta natureza e não 
saber, por não conhecer da lei. Desta forma, aquele que exerce função pública com ou SEM 
remuneração; ou mesmo aquele que a exerce de forma transitória já se enquadra neste 
conceito, e por isso, pode se enquadrar em quaisquer destes tipos penais. 
 
Agora vamos estudar todos os crimes praticados por funcionários públicos, previstos no Código 
Penal Brasileiro: 
2.2.1 Peculato 
Art. 312 do CPB- Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público 
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Portanto, o que seria o peculato? 
O peculato é um crime de apropriação por parte de funcionário público (daí chamarmos de crime 
próprio), no qual este funcionário se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,público ou privado de que tenha a posse em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio ou 
alheio. E caso não tenha a posse, vale-se da facilidade que lhe proporciona o cargo e subtrai-o ou 
concorre para que seja subtraído para si ou para outrem. 
Peculato é o fato do funcionário público que, em razão do cargo, tem a posse de coisa móvel 
pertencente à administração pública ou sob a guarda desta (a qualquer título) se apropria, ou a 
distrai do seu destino, em proveito próprio ou de outrem. 
 
 
39 
Três são as modalidades: 
1. Peculato-apropriação, o funcionário público se apropria do dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular de que tem o agente a posse em razão do cargo; 
2. Peculato-desvio, o funcionário público aplica ao objeto material destino diverso que lhe foi 
determinado em benefício próprio ou de outrem; 
3. Peculato-furto, o funcionário público não tem a posse do objeto material e o subtrai, ou 
concorre para que outro o subtraia, em proveito próprio ou alheio, por causa da facilidade 
proporcionada pela posse do cargo. 
2.2.2 Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 do CPB - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por 
erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa 
O artigo 313 do Código Penal traz outra forma de peculato impróprio, ou seja, o peculato 
mediante erro de outrem, o qual consiste em apropriar-se de dinheiro ou de qualquer utilidade 
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. É o dito peculato apropriação de coisa 
havida por erro (Noronha, 1988, p. 222), haja vista que “nessa espécie de delito, o funcionário não 
induz a vítima em erro como no estelionato, mas se aproveita do erro em que ela sozinha incidiu 
para apropriar-se do bem” (Capez, 2005, p. 408). Pune-se a má-fé do agente público. 
 
 
 
 
Figura 8 
Fonte:www.jusbrasil.com.br/topicos/290060/peculato.Acessado em: 20.09. 
2017. 
Descrição da Imagem 2.1: A figura retrata uma mão se apropriando de uma 
 
 
40 
quantia em dinheiro. 
 
2.2.3 Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A do CPB. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir 
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública 
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 
Fonte:http://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-royalty-free-homem-3d-
trabalhando-no-computador-image15052286.Acessado em: 20.09.2017. 
Descrição da Imagem 2.3: A figura retrata uma pessoa na frente de um 
computador. 
A conduta genérica dolosa consiste em: a) inserir (incluir, fazer constar) ou facilitar a inserção 
(permitir que outrem inclua) dado falso no sistema ou banco de dados da Administração Pública; 
b) alterar (modificar) ou excluir (retirar, remover, eliminar) dados corretos no sistema ou banco de 
dados da Administração Pública. 
Exemplifica Nucci (2006, p. 982) que tais condutas podem promover “o pagamento de benefício 
previdenciário a pessoa inexistente” ou “eliminar a informação de que algum segurado faleceu, 
fazendo com que a aposentadoria continue a ser paga normalmente”. Exige-se o especial fim de 
agir, ou seja, obter vantagem indevida (seja, ou não, patrimonial), para si ou para outrem, ou 
causar dano. 
2.2.4 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
Art. 313-B do CPB. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática 
 
 
41 
sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração 
resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 
2.2.5 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 do CPB - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; 
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
2.2.6 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 do CPB – Dar as verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
2.2.7 Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
Concussão é quando o servidor público exige para si ou para terceiro, dinheiro, um bem, ou um 
favor para fazer ou deixar de fazer algo, ainda que fora da função, mas desde que seja em razão 
desta. 
2.2.8 Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando 
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para 
 
 
42 
recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Segundo a Wikipédia, excesso de exação é um crime típico do funcionário público contra a 
administração pública, definido no Código Penal como um subtipo do crime de concussão. Dá-se 
quando um funcionário público exige um pagamento que ele sabe, ou deveria saber que é 
indevido. Também é considerado excesso de exação atuar de forma humilhante, socialmente 
inadequada ou abusiva frente ao cidadão cobrado. Exação significa cobrança específica pelo 
Estado, excesso de exação é ultrapassar o limite da exatidão definida em lei. 
2.2.9 Corrupção passiva 
Art. 317 do CPB - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário 
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
 
Você sabia que o guarda de trânsito ao solicitar uma determinada quantia em dinheiro para 
não multá-lo responderá pelo crime de corrupção passiva? Nesta hipótese, o guarda 
responderá por este crime e ainda na modalidade consumada, mesmo que o cidadão não 
pague de forma alguma a propina que lhe foi solicitada. 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
Figura 10 
Fonte: http://igepri.org/news/2011/08/o-modelo-precisa-mudar/. Acessado em 
10.08.2017 
Descrição da Imagem 2.3: A figura retrata uma mala cheia de dinheiro. Imagem 
meramente ilustrativa. 
 
 
 
 
Figura 11 - Diga não a corrupção 
Fonte:www.arsenalatibaia.com/#!diga-não-a-corrupção!/zoom/mainPage/image1g 
69Acessadas em: 20.09.2017. 
Descrição da Imagem 2.4: A figura retrata uma mão aberta, com a sinalização de 
proibido, tendo nesta a seguinte frase: “DIGA NÃO A CORRUPÇÃO, comece pelas 
pequenas”. Imagem meramente ilustrativa. 
 
2.2.10 Facilitação de contrabando ou descaminho 
Podemos observar, claramente, que o crime de Descaminho permanece no art. 334 e o de 
Contrabando vira tipo penal autônomo no art. 334-A. 
Mister ressaltar a diferença entre os dois tipos penais, pois são constantemente confundidos por 
muitas pessoas, inclusivepor profissionais técnicos. 
 
 
44 
No descaminho, o crime é relacionado ao (não) pagamento do imposto devido, como podemos 
observar: “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, 
pela saída ou pelo consumo de mercadoria”. 
Perceba que nada tem a ver com a mercadoria ser proibida. É aqui que reside os maiores 
equívocos. Tudo, principalmente para a imprensa televisiva, é “Contrabando”, quando na verdade 
é Descaminho. 
Já no crime de Contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser 
importada ou exportada, como observado no dispositivo: “Importar ou exportar mercadoria 
proibida”. Logo, se for proibida perante a nossa legislação, será tipificado o crime de Contrabando. 
2.2.11 Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição 
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
O retardamento do trabalho para prejudicar um desafeto ou para beneficiar alguém de seu 
interesse é a conduta fundamental que caracteriza o delito de prevaricação. Esta deve ser 
deliberada, movida por dolo, isto é, por vontade livre e consciente de agir ou omitir-se. Caso o 
agente retarde a decisão de um processo administrativo porque precisa de documento relevante 
para sua análise, por exemplo, o retardamento é justificado, e não há configuração do crime. Se o 
agente público não pratica ato de sua função ou o atrasa por simples impossibilidade, também 
não há crime de prevaricação, bem como a inação devido ao excesso de trabalho, sem que o 
funcionário haja dado causa à situação. 
2.2.12 Condescendência criminosa 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no 
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade 
competente: 
 
 
45 
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. 
É crime contra a Administração Pública, praticado por funcionário público que, por clemência ou 
tolerância, deixa de tomar as providências a fim de responsabilizar subordinado que cometeu 
infração no exercício do cargo, ou deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade 
competente, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário infrator. 
2.2.13 Advocacia administrativa 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se 
da qualidade de funcionário: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além de multa. 
O autor do fato pede algum favor para seu colega do próprio órgão público ou de outro. Usa o seu 
poder funcional junto a um órgão público, sempre em favor de terceiros, nunca em proveito 
próprio. Por exemplo, adiantar o dossiê de aposentadoria de sua tia, facilitar o recadastramento 
eleitoral para seu primo, etc. 
2.2.14 Violência arbitrária 
322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente à violência. 
É um crime praticado por funcionário público, que em função do cargo, age não contra 
a Administração Pública, mas contra o administrado, agredindo-o. Mesmo que grande parte da 
atuação pública exija violência, são violências toleradas pela lei. O presente crime se refere à 
violência ilegal, arbitrária e fora dos parâmetros permitidos. 
 
 
46 
2.2.15 Abandono de função 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
É um crime praticado por funcionário público, que abandona o cargo, ou seja, não comparecer 
durante determinado período relativamente longo de tempo, previsto no Estatuto como 
necessário para que aconteça administrativamente o abandono. No momento em que estiver 
consumada a infração administrativa do abandono, estará também consumada a infração penal 
correspondente. Há crime mesmo que o abandono não resulte prejuízo nenhum para a 
administração pública. 
2.2.16 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a 
exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou 
suspenso: 
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. 
 Diferencia-se da usurpação, porque nesta o criminoso não é servidor, e se faz passar por algo que 
não é. Na usurpação, encontra-se o falso médico, o falso policial, o falso professor da rede pública, 
que são pessoas que nunca concursaram ou foram nomeados, ou seja, são criminosos que se 
intrometeram como servidor. 
Na outra modalidade, "exercício prolongado", o servidor foi transferido ou exonerado e insiste em 
permanecer onde está, podendo ser preso em flagrante. 
 
 
47 
2.2.17 Violação de sigilo funcional 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou 
facilitar-lhe a revelação: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – Permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o 
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração 
Pública; 
II – Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
2.2.18 Violação do sigilo de proposta de concorrência 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de 
devassá-lo: 
Pena - Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Concorrência é uma das modalidades de licitação, logo, aquele que violar o sigilo da proposta 
responderá pelo respectivo crime. 
Agora iremos falar sobre um assunto super discutido nas relações de trabalho e que tem sido alvo 
de muitas ações na justiça. 
2.3 Assédio Moral (Lei nº 13.314, de 15 out 2007) 
Dispõe sobre o assédio moral no âmbito da Administração Pública Estadual direta, indireta e 
Fundações Públicas. 
Para fins do disposto na presente lei, considera-se assédio moral toda ação repetitiva ou 
 
 
48 
sistematizada praticada por agente e servidor de qualquer nível que, abusando da autoridade 
inerente às suas funções, venha causar danos à integridade psíquica ou física e à auto-estima do 
servidor, prejudicando também o serviço público prestado e a própria carreira do servidor público. 
(Art. 2º da Lei 13.314/2007). 
 
 
 
 
 
Figura 12 
Fonte:www.sintchospir.com.br/sintchospir/ass%C3%A9dio.htm.Acessado 
em: 21.09.2017. 
Descrição da Imagem 2.5: A figura retrata uma carinha raivosa com uma 
frase escrita: Assédio Moral Não! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 
Fonte: www.sintchospir.com.br/sintchospir/ass%C3%A9dio.htm. Acessado em 21.09. 
2017. 
Descrição da Imagem 2.6: A figura retrata uma pessoa com medo, possivelmente do 
seu chefe que está lhe dando ordens apontando a sua mão para este. Também existe 
na imagem as seguintes palavras: Isolamento, Humilhação, Deboche, Acúmulo de 
Trabalho, Pressão, Ameaça. 
Não se cale, DENUNCIE. 
 
 
49 
O assédio moral é mais comum em relações hierárquicas e autoritárias, em que predominam 
condutas negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, de um ou mais

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