Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretora de Ensino a Distância: Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Designer Educacional: Clovis Ribeiro do Nascimento Junior Diagramador: Alan Michel Bariani Revisão Textual: Letícia Toniete Izeppe Bisconcim / Mariana Tait Romancini Domingos Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña Berger Revisão dos Processos de Produção: Rodrigo Ferreira de Souza Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR UNIDADE 3WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS A GESTÃO COM PESSOAS ..................................................... 5 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE RECURSOS HUMANOS .......................................................................................... 9 CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE GESTÃO DE PESSOAS PROF. ME. JORGE VAN DAL 01 4WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos. Nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido. Charlie Chaplin Para que possamos compreender a evolução do conceito de Recursos Humanos nas organizações, antes é preciso relembrar um breve histórico sobre a evolução do próprio trabalho humano nos últimos séculos. A transformação mais impactante no modo de trabalho da civilização humana se dá a partir da Revolução Industrial que tem início a partir da segunda metade do século XVII e que de forma rápida, desloca o trabalho agrícola, manual e artesanal para o trabalho tecnicista e mecanizado das fábricas. Partindo desse cenário construiremos nossa primeira unidade, que abarcará conceitos e definições sobre definições de pessoas. 5WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS A GESTÃO COM PESSOAS De acordo com Alvin Toffler em seu livro: “A terceira onda”, após a primeira onda de mudanças desencadeada na era agrícola, ingressamos no que ele chama de segunda onda, que teve início com a revolução industrial (século XVIII). Neste momento, temos a concretização da sociedade de consumo. A sociedade da segunda onda, baseada no consumo e nos meios de comunicação de massa, tem seu auge no século XX. Após a 2ª Guerra Mundial, o mundo ocidental vive uma grande expansão econômica e o Marketing moderno, como conhecemos hoje, emerge nesse contexto e contribui para o esse novo tempo. A introdução do computador, o jato comercial, da internet e de tantas outras inovações de alto impacto, marca definitivamente o surgimento da terceira onda, a sociedade da informação. O quadro abaixo demonstra essa evolução: Quadro 1 – Evolução. Fonte: Galindo (2012 apud ROGERS 1986). A partir do exposto acima, nota-se que a evolução técnico-cientifica contribuiu significativamente para o estabelecimento da grande indústria e do poderio econômico daqueles que possuíam os meios 6WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 - Eras da Sociedade. Fonte: Via vida (2017). Para Chiavenato (2006), foi a partir desse marco que grande parte da sociedade deixou de ser exclusivamente manual e passou a ser maquinaria, de forma que as pessoas com condições financeiras adquiriam as máquinas e se tornavam detentoras dos meios de produção, e aqueles que não possuíam condições econômicas tinham de vender muito barato sua força de trabalho para os donos das máquinas. Segundo Pacheco (2009, p. 13), o crescimento no número de indústrias foi significativo, pois “o volume de produção vindo das fábricas era muito maior que o volume da produção manual, e por isso, rapidamente o trabalho manual perdeu forças e deu espaço aos trabalhos de fábrica”. Então, fica evidente a transformação que a Revolução Industrial trouxe no desenrolar do trabalho humano, pois modificou o mercado na época e, consequentemente, as empresas começavam a delinear seus formatos direcionando-os assim para novas perspectivas e um constante crescimento. Essa transformação influenciou os modelos administrativos (PACHECO, 2009, p. 13). Após forte impacto da Revolução Industrial que provocou inúmeros conflitos e disputas entre os grandes empregadores e os trabalhadores das fábricas que reivindicavam condições dignas de trabalho e remuneração, surge uma ruptura nas formas de trabalho desenvolvidas pelas pessoas, o que provoca as primeiras observações com relação às pessoas no ambiente de trabalho. Peter Drucker, considerado pai dos estudos da administração moderna, define esse período de mudanças nas relações de trabalho como “divórcio entre quem produz e os meios de produção”. Verifica-se a desintegração do saber, das especialidades do operário, ou seja, o trabalho, inicialmente executado por um único homem, é dividido em suas partes componentes. Também nesse período surge a divisão do trabalho, restringindo a mão-de-obra dos trabalhadores em setores e linhas de produção de forma mecânica e repetitiva, o que gerou ganhos significativos de produtividade. O grande desafio foi tornar uma mão de obra que antes era artesanal que controlava seu processo de trabalho, em um trabalhador obediente, cumpridor de ordens e horários. 7WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para doutrinar os trabalhadores das fábricas, se intensificaram as atividades de supervisão, registro e controle da produção. Novos processos de divisão metódica do trabalho foram impostos ao trabalhador, este torna-se apenas uma parte de várias etapas de produção, prejudicando suas capacidades de compreensão do todo e limitando a própria condição humana. Os gestores da época estavam bastante preocupados com a melhoria da eficiência das empresas, para isso, desenvolveu-se a ORT (Organização Racional do Trabalho), que favoreceu o desenvolvimento da acumulação de capital segundo novas modalidades, ou seja, a produção em massa, a dominação do capital sobre o processo de trabalho. TAYLORISMOUm dos primeiros estudos que tinham como objetivo criar novos processos de reorganização da forma como se realiza o trabalho foi denominado de taylorismo, desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor. Taylor propôs uma abordagem considerada mecanicista, por evidenciar mais os aspectos técnicos do que humanos. Uma visão justificada até pelo fato de ser engenheiro e que refletia e brilhava aos olhos dos empresários. Sua teoria da máquina tinha como preceito a superespecialização do operário, o que isolava e robotizava o ser humano ao torná-lo mais uma peça do maquinário industrial. A preocupação de Taylor também era o desperdício. As normas, princípios e leis “científicas” da administração do trabalho taylorista visaram, sobretudo, a exploração do trabalho em seu limite máximo, daí o estudo minucioso do tempo e movimentos, sendo um dos pontos fundamentais a separação entre os momentos de planejamento e execução do trabalho. Vale destacar pontos fortemente evidenciados em “Princípios da Administração Científica”, como substituição dos métodos empíricos por métodos científicos e cronometrização das tarefas, ao lado da divisão do trabalho intelectual e trabalho mecânico segundo critérios de inferioridade mental (BATISTA, 2006, p. 5). O Taylorismo estabeleceu uma nova relação entre o capital e o trabalho, que colocava a participação dos recursos humanos em processos estabelecidos para diminuir os custos e aumentar a produtividade. Para isso, era necessário que as organizações tivessem total controle das atividades desenvolvidas nos procedimentos adotados no trabalho, com sequência e tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional. Surge então a figura do supervisor funcional, que estabelecia parâmetros e acompanhava todas as fases de um trabalho, verificando se as operações foram executadas em conformidade com as instruções programadas. Tais instruções eram sistematicamente e frequentemente transmitidas a todos os operários. Com o objetivo de maximizar significativamente a eficiência e produtividade da organização, Taylor incluiu ainda um sistema de remuneração por quantidade (ou por peça) fabricada. Isso servia de estímulo e competição entre os funcionários, fazendo com que aumentassem seus esforços. FORDISMO No início do século XX a indústria automobilística de Henry Ford sistematizou o trabalho mecanizado via esteira de montagem. De acordo com Batista (2006, p. 3), com a padronização de poucos modelos Ford customizou a produção de carros em série, o que, após a Segunda Guerra, pôde abastecer o consumo de massa. Para subordinar a força de trabalho ao ritmo extenuante da produção, Ford organizou a produção a partir de uma nova lógica. 8WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA O fordismo revolucionou a indústria automobilística, quando Ford introduziu a primeira linha de montagem automatizada. Os veículos eram montados em esteiras rolantes, que se movimentavam enquanto o operário ficava praticamente parado. Segundo Batista (2006, p. 5), o modelo de produção em massa de Ford foi universalizado e combinado com as técnicas de administração científica de Taylor, “ao passo que foram ampliados diversos direitos sociais, o que suavizou temporariamente o conflito inerente à relação capital- trabalho até a crise de seu padrão de acumulação”. O Estado arrecadava os impostos e assegurava certos direitos trabalhistas, o patronato se comprometia com o pagamento dos altos salários inspirados no modelo produtivo de Ford e os trabalhadores suportavam as formas fordistas- tayloristas de exploração do trabalho (BATISTA, 2006, p. 5). Ford tinha obsessão pela redução de custo e, para isso, buscava eliminar qualquer “movimento inútil” em sua linha de montagem: o objeto de trabalho era entregue ao operário, em vez de ele ir buscá-lo. Dessa forma, não era necessária quase nenhuma qualificação dos trabalhadores. Cada operário realizava apenas uma operação simples ou uma pequena etapa da produção. REFLITA Características do Fordismo • Redução de custos na linha de produção; • Aperfeiçoamento da linha de montagem do produto; • Pouca qualificação dos operários; • Divisão das funções de trabalho; • Repetitividade do trabalho; • Trabalho em cadeia; • Trabalho contínuo • Especialização técnica de cada operário de acordo com sua função; • Produção de produtos em massa, ou seja, em grandes quantidades; • Grande investimento em máquinas e instalações nas fábricas; • Uso de máquinas operadas pelo homem no processo de produção. Fonte: Significados.com.br Disponível em: https://www.significados.com.br/fordismo/ Toyotismo: o chamado Toyotismo foi o modelo de configuração da produção industrial que predominou sobre o fordismo e o taylorismo a partir das décadas de 1970 e 1980, quando surgiu uma crescente demanda de produtos mais personalizados, tecnológicos, com melhor qualidade e performance no mercado de consumo. A principal característica do Sistema Toyota de Produção, criado e desenvolvido pela empresa japonesa produtora de automóveis Toyota Motor, foi a eliminação do desperdício, criando uma produção mais “enxuta”, no lugar da desenfreada massificação do produto feito no fordismo. Fonte: Significados.com.br Disponível em: https://www.significados.com.br/fordismo/ 9WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA Nesse ambiente mecanicista e desumano da linha de produção, o conhecimento individual do trabalhador fica em segundo plano, pois suas habilidades físicas e intelectuais foram restringidas ao seu campo limitado de atuação por sua função repetitiva. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE RECURSOS HUMANOS Para Chiavenato (2016, p. 3), esse ambiente de opressão e conflitos abre caminhos para o que foi denominado de “Relações Industriais, como uma atividade mediadora entre organizações e as pessoas, para abrandar ou reduzir o conflito industrial entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas, até então considerados incompatíveis e irreconciliáveis”. Nessa época, a atividade de “Relações Industriais” ainda não coloca o trabalhador como o centro do processo produtivo, nem mesmo considera sua condição humana. Trata-se muito mais de uma visão tecnicista do trabalho, onde embora as pessoas e organizações vivessem uma relação de interdependência, “mantinham-se compartimentos separados, com fronteiras fechadas e trincheiras abertas, requerendo um interlocutor que articulasse as relações entre o capital e o trabalho, ambos interdependentes, mas conflitantes” (CHIAVENATO, 2016, p. 3). A atividade de Recursos Humanos é uma especialidade que emergiu a partir do desenvolvimento das organizações e da crescente complexidade das relações de trabalho que tomam grandes proporções no início do século XX. Com o passar do tempo, o conceito de Relações Industriais mudou radicalmente. Já por volta de 1950, devido à evolução da legislação trabalhista e às conquistas de direitos, a atividade passou a ser denominada “Administração de Pessoal”, pois já não se tratava apenas de intermediar desavenças e reduzir conflitos, mas sobretudo, administrar pessoas e conflitos que ganhavam força devido à crescente atuação dos sindicatos. Nos anos 1960, o conceito teve nova reformulação. A legislação trabalhista tornou-se gradativamente obsoleta e não atendia mais aos desafios das organizações e às pressões dos trabalhadores por mais direitos que cresciam desproporcionalmente. “As pessoas passaram a ser consideradas os recursos fundamentais para o sucesso organizacional. Aliás, os únicos recursos vivos e inteligentes que as organizações dispõem para enfrentar os desafios pela frente” Filme: Tempos Modernos Link: https://youtu.be/4OmEi_AIjZc Ano: 1936 Diretor: Charles Chaplin Sinopse: Um operário de uma linha demontagem, que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. 10WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA (CHIAVENATO, 2016, p. 3). Já na década de 1970, surge o conceito de Administração de Recursos Humanos (ARH), mas as pessoas ainda eram vistas como meros recursos do processo produtivo, onde as atividades deviam ser determinadas e controladas a partir das necessidades das organizações. Embora nessa época, a atividade de ARH envolvesse todos os processos de gestão de pessoas que hoje conhecemos, “ela parte do princípio de que as pessoas devem ser administradas pela organização ou por um órgão central de Administração de Recursos Humanos” (CHIAVENATO, 2016, p. 3). A partir das transformações provocadas pelas tecnologias, pela globalização e competitividade no mundo dos negócios, os anos 1990 e 2000 marcam a transição do conceito de Administração de Recursos Humanos ou de Pessoas para Gestão com Pessoas. Nesse novo ambiente, as organizações bem-sucedidas não mais administram recursos humanos, pois isso significa tratá- las como agentes passivos e dependentes, mas sobretudo, administram as pessoas. Isso corresponde a tratá-las como agentes ativos e proativos dotados de inteligência e criatividade, iniciativa e decisão, habilidades e competências, e não apenas de capacidades manuais, físicas, musculares ou artesanais. As pessoas não são recursos que a organização consome utiliza e que produzem custo benefícios. Ao contrário, são um poderoso ativo que impulsiona a competitividade organizacional. Assim, parece-nos melhor falar em Administração de Pessoas para ressaltar a administração com as pessoas como parceiras, e não como meros recursos (CHIAVENATO, 2016, p. 4). Fica claro que para as organizações atingirem seus objetivos, é preciso que compreendam e pratiquem a realidade notória da importância das pessoas nesse processo. Ou seja, a realização de qualquer objetivo, meta ou trabalho jamais poderá ser alcançado apenas por meio do esforço pessoal isolado. As organizações surgem exatamente para aproveitar a sinergia dos esforços de vários indivíduos que trabalham em conjunto. As pessoas não são recursos que a organização consome, utiliza e que produzem custos. Ao contrário, as pessoas constituem fator de competitividade, da mesma forma que o mercado e a tecnologia (CHIAVENATO, 2016, p. 12). Portanto, o contexto em que funciona a Administração de Recursos Humanos é uma representação da organização e pelas pessoas que dela participam. “Assim, parece-nos melhor falar em gestão de pessoas para ressaltar a administração com as pessoas (isto é, com a ajuda das pessoas) como parceiras –e não sobre as pessoas-, como meros recursos organizacionais” (CHIAVENATO, 2016, p. 12). Nesse novo conceito, Chiavenato (2016, p. 12-13) ressalta três aspectos fundamentais: a)Pessoas como seres humanos, profundamente diferentes entre si e dotados de personalidades próprias, com uma história particular e diferenciada, possuidora de habilidades e conhecimentos, destrezas e capacidades indispensáveis á adequada gestão dos recursos organizacionais. Pessoas como pessoas, e não como meros recursos da organização. b)Pessoas não como meros recursos (humanos) organizacionais, mas sobretudo como elementos impulsionadores da organização e capazes de dotá-la de inteligência, talento e aprendizagem indispensáveis à sua constante renovação e competitividade em um mundo pleno de mudanças e desafios. As pessoas possuem um incrível dom de crescimento e desenvolvimento pessoal. Pessoas como fonte de impulso próprio, e não agentes inertes ou estáticos. c)Pessoas como parceiros da organização e capazes de conduzi-la a excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento, etc. – na 11WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | UN ID AD E 1 ENSINO A DISTÂNCIA expectativa de colherem retornos desses investimentos – como salários, incentivos, crescimento profissional, carreira, etc. qualquer investimento somente se justifica quando algum retorno interessante. À medida que o retorno é bom e sustentável, a tendência certamente será o aumento do investimento. Daí o caráter de reciprocidade nessa interação entre pessoas e organizações. E também o caráter de atividade e autonomia, e não mais de passividade e inércia das pessoas. Pessoas como parceiros da organização, e não como meros sujeitos passivos dela. Portanto, é preciso que os gestores de pessoas desenvolvam a visão de que as pessoas não são apenas recursos a serem explorados e que cada ser humano é um universo incrível de descobertas. Só assim, o gestor terá humildade suficiente para não escolher o caminho mais curto ou fácil, que é o de classificar, rotular e encaixar pessoas diferentes nos mesmos padrões. Na próxima unidade vamos nos aprofundar na incrível complexidade humana e ficar perplexos com tamanha diversidade e unicidade de cada ser humano. Livro: Administração de Recursos Humanos: Fundamentos Básicos Autor: Idalberto Chiavenato Editora: Manole Sinopse: Lidar com pessoas nas organizações está se tornando uma responsabilidade pessoal, indelegável e crucial de todos aqueles que ocupam posições executivas ou de liderança. Não se trata mais de simplesmente mandar/ obedecer, seguindo a abordagem imediatista, lógica e racional que não funciona mais, mas de conquistar/empreender uma nova abordagem psicológica e social. Esses são os dois lados da mesma moeda. Nos dias de hoje, o investimento que traz mais rápido e profícuo retorno em qualquer negócio é aquele feito em pessoas: seja em capacitação, treinamento, orientação, liderança, coaching, apoio e suporte. Somente assim as pessoas podem passar a ser inseridas como valores humanos dotados de conhecimento e competências, prontos para se adaptarem a um contexto complexo e mutável e a aliar qualidade, produtividade e competitividade para agregar valor ao negócio. UNIDADE 12WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 13 O FUNCIONAMENTO DO SER HUMANO ................................................................................................................ 14 COMPLEXIDADE HUMANA ...................................................................................................................................... 17 CICLO MOTIVACIONAL ........................................................................................................................................... 22 O SER HUMANO POR TRÁS DAS ORGANIZAÇÕES: CONHECER A COMPLEXIDADE HUMANA É A CHAVE PARA GERIR PESSOAS. 02 PROF. ME. JORGE VAN DAL 13WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Sempre foi um dos grandes desafios da ciência explicar como funcionam os mecanismos complexos do organismo humano e o que nos faz seres tão únicos. Porém, a neurociência nos dá pistas de que apesar das semelhanças, cada ser humano percebe o mundo a sua maneira, de acordo com seus aspectos cognitivos, experiências de vida e até mesmo por sensibilidades únicas que estão em consonância com o cérebro, uma “máquina” incrível, um “universo” pessoal a ser explorado. Partindo dessa necessidadede conhecimento, investigaremos, nesta unidade, o ser humano por trás das organizações, o que auxiliará no processo de gestão de pessoas. 14WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O FUNCIONAMENTO DO SER HUMANO A complexidade humana é tamanha que nos leva a repetir um padrão de comportamento social replicado nas organizações, que é o de buscar semelhanças, rotular e julgar os indivíduos, a partir da nossa percepção. Para refletir sobre esse comportamento e nos trazer luz sobre o funcionamento do cérebro e da percepção humana, lhe apresento a contribuição do professor Pedro Calabrez que é neurocientista pesquisador do Laboratório de Neurociências Clínicas da UNIFESP. Em vídeo intitulado “Humildade Psicológica”, Calabrez diz que, apesar de sermos semelhantes, cada ser humano percebe o mundo a sua maneira, ou seja, captamos o mundo físico de forma bem pessoal. “Mesmo irmãos gêmeos univitelinos, que são iguais fisicamente, são muito diferentes em diversos aspectos da vida” (CALABREZ, 2016). O neurocientista diz ainda que por enquanto a ciência não tem qualquer prova de que a experiência sensorial de um indivíduo seja exatamente igual a de outro, ou seja, podemos ser expostos, junto com outras pessoas, à sensação de frio extremo, por exemplo, mas cada terá uma sensibilidade única. As experiências de cada um são únicas, e as associações que fazemos entre nossas novas e antigas experiências também são únicas. Com essas constatações, acho que nem preciso calcular a possibilidade de uma experiência de mundo de alguém ser idêntica à experiência de mundo de outro alguém (CALABREZ, 2016). Agora sim, sabemos que nosso cérebro “funciona” de forma semelhante ao das outras pessoas e, por isso, buscamos estabelecer padrões que tentam qualificar os outros a partir da nossa percepção, mas descobrimos também que cada um de nós é diferente do outro, por isso é preciso evitar pré-conceitos, julgamentos precipitados e não forçar os outros a enxergar o mundo com os nossos olhos. O ser humano é um animal social dotado de uma irreprimível tendência à vida em sociedade. Ele vive em organizações e em ambientes cada vez mais complexos e dinâmicos. Assim, organizações são pessoas; organizações são grupos; e organizações são organizações. Gerentes administram pessoas; gerentes administram grupos; e gerentes são membros de organizações (CHIAVENATO, 2016, p. 105). Como seres sociais que dependemos uns dos outros e como gestores de pessoas nas organizações é preciso compreender, respeitar e até mesmo admirar as individualidades. Só assim vamos desenvolver a verdadeira “humildade psicológica” e nos abrir para as inúmeras possibilidades que antes não enxergávamos. A diversidade pode ser um dos elementos mais valiosos de uma organização. Isso implica absolutamente tudo: a comunicação, a delegação de Assista ao vídeo “humildade psicológica” e veja com mais detalhes as ideias do neurocientista Pedro Calabrez a respeito da formação do cérebro e percepção humana e perceba que apesar das semelhanças somos diferentes uns dos outros. Link: https://youtu.be/zdCp4U8fw6g 15WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA tarefas e funções, a remuneração, os benefícios, as jornadas e estilos de trabalho, os treinamentos, tudo! A tarefa de gerir pessoas fica muito mais complexa assim, mas pode ser revolucionária, pode ser desafiadora e pode ter resultados incríveis quando o gestor não tenta impor o mesmo padrão a todos e, principalmente, quando conhece, respeita e estimula as capacidades, talentos e potencialidades de cada um. Pessoas como pessoas, não podem ser tratadas de maneira padronizada e uniforme. Até há pouquíssimo tempo, elas eram tratadas como objetos e como recursos produtivos – quase da mesma forma que máquinas ou equipamentos de trabalho, como meros agentes passivos da administração (CHIAVENATO, 2016, p. 103). Muitos gestores ainda pensam como Henry Ford no início do século passado que dizia “o problema é que toda vez que preciso de um par de mãos, vem um ser humano junto com elas’. Frase horrível, não é? Mas Ford estaria muito feliz hoje, ao ver a indústria, o campo e o comércio cada vez mais automatizados, mais robotizados. As máquinas já há algum tempo vêm substituindo a força de trabalho humana, seus braços e pernas. Ford daria saltos de alegria ao ver sua linha de produção hoje em dia operada quase que 100% por robôs. A automatização não é exclusivamente ruim, pois livra o homem do trabalho braçal e abre caminho para a valorização do cérebro, do capital intelectual, da inteligência e do conhecimento. O problema são os milhões de trabalhadores que não receberam educação para atuar nesse novo cenário e enfrentam o desemprego. Portanto, o cérebro humano e sua colaboração seriam, ou ainda são, por enquanto, a força de trabalho do século XXI, da sociedade do conhecimento, não fosse a ameaça eminente da inteligência artificial que já não é mais coisa de filme de ficção científica, é realidade. Mas calma, não se desespere, as máquinas “ainda” não conseguem substituir o ser humano em todas as suas funções, principalmente nas mais nobres delas, como nas relações sociais, nos sentimentos e emoções, na criatividade genuína, no altruísmo e nas realizações coletivas. Por isso, é cada vez mais importante a valorização humana nas organizações, não apenas como recursos humanos (braçais ou cerebrais) para gerar lucro, mas para criar e prosperar valores únicos para a sociedade. “No século XXI, o conhecimento é muito importante para a inovação, criação, para que o indivíduo não se sinta alguém que apenas ganha seu sustento, mas que colabora, realiza e tem uma vida com propósito” (CORTELLA, 2016, p. 45). As organizações do novo milênio devem ter mais do que missões, devem ter propósitos maiores e pessoas que comunguem da mesma visão de mundo, que possam contribuir para a organização e para sociedade com seus talentos, com o que têm de melhor e não apenas executar funções repetitivas e sem sentido para receber um salário no final do mês. Convém reafirmar a necessidade de que o trabalho se descole da alienação, daquilo que é a ausência de pertencimento. Eu não quero apenas fazer coisas, quero ter uma postura autoral em relação às coisas que faço, como algo que também é da minha lavra. De certa forma, essa autoria se aproxima do espírito artífice (artesão) da história do Ocidente. Aquele que fazia as coisas com as próprias mão e assinava a obra (CORTELLA, 2016, p. 45). A arte, a ciência e a história nos prova a cada dia como o ser humano é essencialmente criativo, realizador e desafiador. Pensando assim, fica difícil olhar para as organizações como “pessoa jurídica”, como empresa, como negócio (negação ao ócio). Não existem organizações sem pessoas! Mas há casos em que muitas delas são frias, sem sentimentos, sem propósito, porque simplesmente não enxergam, de fato, as pessoas, apenas os números. 16WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA É muito comum no mundo do trabalho ouvir pessoas dizerem: “Não me reconheço naquilo que faço”. E não é um reconhecimento de natureza pecuniária (relativo a dinheiro). Não é só o reconhecimento do tapinha nas costas, do abono ou da Participação nos Lucros e Resultados. É o reconhecimento autoral. (CORTELLA, 2016, p. 45). Chiavenato (2016) reforça esse conceito de que toda organização é basicamente constituída por pessoas e, por consequência, dependem de pessoas para dirigi-las e controlá-las e para fazê- las funcionar. É claro que as pessoas são vistas e tratadas por muitas organizações como recursos, quase que como matéria orgânica, ainda necessária, para produção de todo tipo de mercadoria ouserviço, mas a própria complexidade da sociedade atual e o maior acesso à informação tem forçado muitas dessas organizações a levarem em conta o papel do ser humano e seus aspectos pessoais, de personalidade, sua individualidade, expectativas, valores, motivações, etc. “Pessoas não são recursos, mas personalidades incríveis e portadoras de diferenças individuais. No entanto, elas são importantes recursos para as organizações, mas nem por isso podem ser tratadas meramente como meios de produção” (CHIAVENATO, 2016, p. 103). Nesse sentido, a gestão de pessoas na atualidade ou a gestão com pessoas, deve tratar os indivíduos como seres humanos. Para estudar as pessoas inseridas em uma organização, o especialista em recursos humanos tem duas alternativas: considerar as pessoas como pessoas (dotadas de características próprias de personalidade e de individualidade, aspirações, valores, atitudes, motivações e objetivos individuais) ou considerar as pessoas como recursos (dotados de habilidades, capacidades, destrezas, conhecimento e competências necessários para a tarefa organizacional) (CHIAVENATO, 2016, p. 103). Livro: Por que Fazemos o que Fazemos? Autor: Maria Sérgio Cortella Editora: Planeta Sinopse: O filósofo e escritor Mario Sergio Cortella desvenda em “Por que fazemos o que fazemos?” as principais preocupações com relação ao trabalho. Dividido em vinte capítulos, ele aborda questões como a importância de ter uma vida com propósito, a motivação em tempos difíceis, os valores e a lealdade – a si e ao seu emprego. O livro é um verdadeiro manual para todo mundo que tem uma carreira, mas vive se questionando sobre o presente e o futuro. Recheado de ensinamentos como “Paciência na turbulência, sabedoria na travessia”, é uma obra fundamental para quem sonha com realização profissional sem abrir mão da vida pessoal. 17WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA COMPLEXIDADE HUMANA Tenho certeza de que você, por sua própria experiência fantástica de ser humano, já compreendia a tamanha complexidade humana. O problema é que, às vezes, demoramos para enxergar que os outros também são um complexo fenômeno multidimensional, sujeitos a uma variedade gigantesca de influências e fatores internos e externos que implicam em mudanças de personalidade, comportamento e postura diante dos outros e da vida. “O raio de diferença em aptidões e características pessoais é grande e os padrões de comportamento aprendido são diversos. As organizações não dispõem de dados ou meios para compreender os seus membros em sua total complexidade” (CHIAVENATO, 2016, p. 106). Apesar dessa complexidade é preciso que o gestor de pessoas tenha conhecimento sobre os padrões de comportamento humano, que são maneiras ou modos pelos quais as pessoas costumam conduzir-se sem seus contatos pessoais e afazeres cotidianos. Vale ressaltar que esses padrões são válidos em qualquer técnica ou área que envolva a percepção e comportamento humano e, sim, podemos encontrá-los e constatarmos sua existência na maioria dos casos. Só não podemos ter nosso entendimento limitado a padrões. O comportamento humano é poderosamente afetado por dois conjuntos de fatores: externos (decorrentes do ambiente que o envolve, isto é, das características organizacionais, como cultura, estrutura, sistemas de recompensas, políticas e procedimentos) e internos (características de personalidade, como aprendizagem, percepção, cognição e motivação) (CHIAVENATO, 2016, p. 106). São as diferenças individuais que fazem com que cada pessoa tenha suas próprias características de personalidade, suas percepções, aspirações, valores, atitudes, motivações, aptidões, etc. “Nunca se deve esquecer que pessoas são pessoas, isto é, portadoras de características de personalidade, expectativas, objetivos pessoais, historias particulares, etc”. No entanto, Chiavenato (2016) salienta que é importante compreender que algumas características são genéricas nas pessoas e podemos utilizar esse entendimento para auxiliar nossa percepção a respeito do comportamento humano nas organizações. Ao entrar na organização, cada indivíduo traz consigo seus valores, características, atitudes, percepção, experiências anteriores que afetam o comportamento da pessoa no contexto organizacional e acaba contribuindo na relação com outros profissionais e clientes. Podemos aqui destacar os valores pessoais, que nada têm a ver com questões ligadas a preço ou pagamento. Podemos considerar os valores como convicções individuais ou compartilhados por um grupo, a respeito de um modo de conduta, ou a partir do que acreditamos ou julgamos ser correto, bom ou ruim. Cada um de nós tem seu próprio sistema de valores, uma espécie de hierarquização dos valores individuais, pela importância que atribuímos a ele, como: responsabilidade, honestidade, comprometimento, justiça, liberdade, respeito, entre muitos outros. Nesse sentido, cabe ao gestor de pessoas, a partir dos estudos sobre as características psicológicas dos indivíduos, conduzi-los de maneira colaborativa e não impositiva, a engajar-se na organização para alcançar os seus objetivos pessoais e também os objetivos coletivos. Para isso, a seguir vamos aprofundar nossos conhecimentos a respeito das características psicológicas dos indivíduos, a partir dos estudos sobre: Percepção, Cognição, Atitudes, Personalidade e Motivação. 18WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA PERCEPÇÃO A percepção é a maneira como as pessoas recebem e interpretam as informações que estão a sua volta. Refere-se à aquisição de conhecimentos específicos sobre objetos, eventos ou situações que estimulam diretamente os sentidos em um determinado momento. A percepção envolve o conhecimento e a interpretação dos objetos, das situações, dos símbolos e das pessoas de acordo com experiências anteriores. Os processos perceptivos diferem de indivíduo para indivíduo, dependendo dos critérios que cada um utiliza para selecionar os estímulos. Em decorrência disso, as pessoas ás vezes julgam mal as outras, um grupo, objeto ou situação. Interpretam o comportamento em função do contexto no qual elas próprias se encontram (CHIAVENATO, 2016, p. 108). O processo perceptivo, no entanto, está sujeito a limitações como: 1)Estereótipos: julgamentos feitos sobre alguém com base no fato de pertencer a determinado grupo étnico. Em geral, as pessoas categorizam os outros sob determinado ponto de vista ou referência. 2)Percepção seletiva: as pessoas não percebem tudo o que o ocorre ao seu redor, mas apenas aquelas partes do ambiente que lhes são relevantes ou significativas em um dado momento. Com isso, percebemos que o comportamento humano está mais baseado em suas percepções individuais e subjetivas do que em fatos objetivos e concretos que existem na realidade. “Não é a realidade, mas a maneira pessoal e individual de visualizá-la e interpretá-la que conta” (CHIAVENATO, 2016, p. 111-112). Assim, as pessoas se comportam não em relação à realidade propriamente dita, mas de acordo com a maneira pela qual a percebem e a sentem, conforme as suas cognições pessoais. COGNIÇÃO Cognição significa a maneira pela qual alguém percebe e interpreta a si próprio e o seu ambiente. A cognição é o filtro pessoal por meio do qual cada um vê a si mesmo, sente e percebe o mundo que o circunda. É a tomada de conhecimento que estabelece a crença e a opinião pessoal a respeito de si ou do mundo exterior. Chiavenato (2016, 109-110) apresenta duas importantes teorias para se compreender o comportamento das pessoas no âmbito dessa colocação: a teoria de campo de Lewin e a teoria da dissonância cognitiva de Festinger. Ambas sinalizam como a cognição ocorre: A teoria da dissonância cognitiva de Festinger baseia-se na premissa de que todoindivíduo se esforça para estabelecer um estado de consonância ou consistência com ele mesmo e com o ambiente que a rodeia. Se uma pessoa tem cognições sobre si mesma e sobre seu ambiente que são inconsistentes entre si (isto é, se uma cognição implica o oposto da outra), então ocorre um estado de dissonância cognitiva – uma das principais fontes de inconsistência no comportamento. As pessoas não toleram a inconsistência e, quando ela ocorre (quando alguém acredita em uma coisa e, no entanto, age contrariamente a essa crença), o indivíduo está motivado para reduzir o conflito. A esse conflito ou inconsistência Festinger dá o nome de dissonância cognitiva. O elemento cognitivo é uma espécie de crença, conhecimento ou opinião que o indivíduo tem de si mesmo ou do meio externo. 19WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA APRENDIZAGEM Aprendizagem é o processo pelo qual se obtém uma mudança de comportamento relativamente estável resultante da prática, que envolve tanto as experiências obtidas, como o treinamento formal dentro da organização. A mudança comportamental deve ser mais ou menos permanente. O processo de aprendizagem não pode ser observado diretamente, mas inferido a partir das mudanças comportamentais. Essas mudanças podem ser tanto adaptativas e promover eficácia no comportamento, como também ineficazes e não adaptáveis. O processo da aprendizagem acontece pela lei do efeito, na análise do comportamento e função de suas consequências. Quando o comportamento é seguido de uma consequência favorável como elogio, gratificação, dinheiro, sorriso, promoções, esse tende a ser repetido e aprendido, mas quando o comportamento é seguido de uma consequência desfavorável como uma crítica da chefia e perdas, a pessoa não voltará a expressá-lo. Aprendemos de duas formas, por formação ou por modelagem. Quando a aprendizagem ocorre em etapas graduais, podemos dizer que há uma aprendizagem por formação. Já, a aprendizagem por modelagem, ocorre quando observamos outras pessoas e imitamos seu comportamento. A partir do entendimento de como ocorre o processo de percepção, cognição e aprendizagem nos indivíduos, já é possível compreender como esses processos influenciam a natureza humana e, portanto, as relações sociais e organizacionais, o que se percebe claramente ao analisarmos características e comportamentos, como: Atitudes, Personalidade e Motivação. ATITUDES São determinantes do comportamento, pois estão relacionadas com percepção, personalidade, aprendizagem e motivação. Uma atitude é um estado mental de prontidão, organizado pela experiência, que exerce influência específica sobre a resposta às pessoas, aos objetivos e às situações com as quais uma pessoa se relaciona. Para Robbins (2009), uma pessoa pode ter centenas de atitudes, mas o estudo do comportamento organizacional foca somente aquelas ligadas ao trabalho. São aquelas atitudes relacionadas à satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e o comprometimento organizacional. A atitude de uma pessoa determina o que ela faz; assim, as atitudes mais importantes para a pessoa tendem a ter uma relação com o comportamento, principalmente se a pessoa tem experiência direta com esse objeto. Administradores e profissionais da área devem buscar conhecer as atitudes de seus colaboradores, uma vez que elas influenciam o comportamento. PERSONALIDADE Aqui temos que ter muito cuidado para não rotular ou restringir as pessoas a apenas alguns padrões de comportamento ou aos chamados traços de personalidade. Mas, para nos ajudar na compreensão da formação da personalidade ou personalidades, podemos conceituá-la como sendo um conjunto relativamente estável de características individuais e de temperamento, formado por herança e por fatores sociais, culturais e ambientais. Para Bock (2006), personalidade é o modo constante e peculiar de perceber, pensar, sentir e agir da pessoa, incluindo suas habilidades, crenças, atitudes, emoções e desejos, o modo de comportar-se e os aspectos físicos da pessoa. É o modo como todos esses aspectos se integram, se organizam, que confere peculiaridade e singularidade ao indivíduo. A personalidade também é profundamente influenciada por fatores sociais e culturais. Para Chiavenato (2016), esse conjunto de variáveis determina os traços comuns e as diferenças 20WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA no comportamento do indivíduo. Essa conceituação nos conduz às seguintes conclusões: • A personalidade é um todo organizado, pois de outro modo o indivíduo não teria significado. • A personalidade parece estar organizada em padrões, que são até certo ponto observáveis e mensuráveis. • Embora haja uma base biológica da personalidade, o desenvolvimento específico é produto do ambiente social e cultural. • personalidade tem aspectos superficiais, como é o caso de atitudes para com os outros, e um aspecto mais profundo, como os sentimentos. • A personalidade envolve tanto características comuns, como características singulares. Toda pessoa difere das outras em alguns aspectos e assemelha-se em outros. Podemos dizer também que a personalidade de uma pessoa é constituída por centenas de traços que se organizam formando as características frequentemente observadas. Alguns traços podem ser encontrados iguais em mais de uma pessoa. Por exemplo, a timidez é um entre dezenas de traços que podemos encontrar em várias pessoas. Mas a personalidade de cada indivíduo, assim como sua digital, é única, pois essa é formada pela combinação de dezenas ou centenas de traços, por isso, cada a personalidade é irrepetível. Conforme Vecchio (2008), dentre os traços de personalidade que recebem atenção nas organizações temos: • O centro de controle que identifica onde as pessoas consideram que reside o controle em suas vidas: neles próprios ou em forças ambientais. Pessoas com orientação interna diferem das de orientação externa em termos de reação às pressões do grupo, de sucesso na escola, renda, status profissional, velocidade de ascensão na carreira e preferência por tipos específicos de retribuição. • A ética no trabalho engloba um conjunto de crenças, incluindo o respeito pela dignidade de todo trabalho, desprezo pela ociosidade, autoindulgência e a crença de que o trabalho árduo será recompensado. • O estilo cognitivo refere-se a quatro maneiras de colher e avaliar informações: introvertido/extroversão, pensamento/sentimento, sensação/intuição e julgamento/percepção. • A maturidade moral diz respeito ao estágio de julgamento ético em que se encontra a pessoa. A atenção se concentra em cinco dimensões: simpatia, conscientização, ajuste emocional, extroversão e curiosidade. 21WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Revista Pequenas EMPRESAS & Grandes NEGÓCIOS, outubro 2012. MOTIVAÇÃO “Motivação é uma porta que se abre pelo lado de dentro”. Podemos usar essa antiga e conhecida frase como uma das chaves para desvendar de fato o que é a motivação, termo usado de forma muito equivocada por muitos palestrantes “motivacionais”. Para Chiavenato (2016), é difícil definir exatamente o conceito de motivação, uma vez que tem sido utilizado com diferentes sentidos. De modo geral, motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser provocado por um estímulo externo (provindo do ambiente) e pode também ser gerado internamente nos processos mentais do indivíduo. Cortella (2016, p. 59) ressalta que não devemos confundir motivação com estímulo. Já que “a motivação é uma porta que se abre pelo lado de dentro”, o máximo que umgestor de pessoas consegue fazer é estimular seu colaborador a fazer algo, mas não o obrigar a fazer algo que deveria partir de uma atitude da própria pessoa. “O integrante da equipe é até capaz de cumprir a ordem, mas não estará motivado. Ele fará como uma tarefa, um dever”. Só quem é cego pelo próprio ego que não percebe a diferença no resultado desastroso ou no mínimo medíocre de uma pessoa fazendo uma tarefa ou algo porque é obrigado, em comparação com aquela pessoa que encontra um motivo, um propósito pessoal ou maior para executar uma tarefa, tocar um projeto, participar de um trabalho em equipe, etc. O papel do gestor de pessoas que reconhece esses atributos da motivação é mais de revelar e apontar a importância e relevância dos desafios e também descobrir quais estímulos de cada indivíduo de sua equipe os leva a ter sua própria motivação: reconhecimento, elogio, valorização, metas e prazos compatíveis com os desejos organizacionais e individuais, comissões, outros benefícios, etc. A lista é interminável, pois cada um de nós somos uma caixinha de surpresa e maioria delas “das surpresas” são maravilhosas, só temos de descobri-las e estimulá-las. Qual é a personalidade de sua empresa? Após anos de prestação de serviços na área de marketing para empresas de grande porte, a americana Sandra Fekete confirmou suas suspeitas: empresários e executivos da maioria das grandes corporações têm uma ideia enviesada de seus negócios. Poucos conhecem os costumes e os traços de personalidade de suas empresas, que costumam diferir consideravelmente dos hábitos dos líderes e de seus funcionários. Para confirmar sua tese, Sandra aplicou um teste em sua própria empresa de marketing, a Fekete + Co. Baseou as perguntas no teste de personalidade de Myers-Briggs, fundamentado nos trabalhos do psicanalista Carl G. Jung. Os resultados ajudaram-na a identificar e a entender padrões universais de como as pessoas percebem e processam as informações. Segundo a especialista, 80% dos empresários têm uma percepção da empresa diferente dos empregados, o que pode impactar, entre outros fatores, na produtividade da equipe. Tabulando as respostas, Sandra conseguiu identificar oito tipos de personalidades, em quatro diferentes grupos: introvertida e extrovertida, intuitiva e silenciosa, pensadora e sensível, crítica e perceptiva. Fonte: Revista Pequenas EMPRESAS & Grandes NEGÓCIOS, outubro 2012. 22WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Mais uma vez vou usar das ideias de Cortella (2016, p. 62) que aponta vários modos do gestor estimular as pessoas que lidera a cumprirem metas e prazos, fazendo com que deem os passos certos na direção desejada em vez de se acomodarem na zona de conforto. O lado objetivo da motivação é o estímulo (origem externa). “Às vezes, esse estímulo pode vir na forma de um prêmio, de um retorno financeiro, mas também pelo reconhecimento da autoria, ou da qualidade daquele profissional e sua contribuição para o todo da obra”. Sendo assim, percebemos que a motivação é um estímulo interno, intrínseco ao indivíduo, mas que pode ter origem em um “gatilho” ou estímulo externo. CICLO MOTIVACIONAL Agora vamos utilizar os conhecimentos de Chiavenato (2016) para compreender como ocorre o ciclo motivacional, que apesar de ser o mesmo para todas as pessoas, pode ter o resultado variado indefinidamente, pois depende da percepção do estímulo (que varia conforme a pessoas e, nas mesmas pessoas, conforme o tempo), das necessidades e dos desejos (que também variam), da cognição, etc. O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: • Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um estado de tensão. • O que leva o indivíduo a um comportamento ou ação, capaz de descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. • Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada por ela. • Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior e a sua forma de ajustamento ao ambiente. Mas porque o que motiva uma pessoa hoje, pode não a motivar mais amanhã? Já percebeu que muitas pessoas quando ganham um aumento de salário ou uma comissão ficam muito entusiasmadas e motivadas por um período, mas logo voltam ao estado anterior de acomodação? Pois é, isso ocorre porque temos o que podemos chamar de hierarquia de necessidades, e quando uma necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de comportamento, já que não causa tensão ou desconforto. Chiavenato (2016) nos lembra que a satisfação de algumas necessidades é temporal e passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes necessidades. O comportamento é quase um processo de resolução de problemas, de satisfação de necessidades, à medida que elas vão surgindo. As teorias mais conhecidas sobre a motivação são as relacionadas com as necessidades humanas. É o caso da teoria de Abraham Maslow sobre a hierarquia das necessidades humanas. HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW O psicólogo norte-americano formulou nos anos 1940 e 1950 sua teoria da motivação com base no conceito de hierarquia de necessidades que influenciam o comportamento humano. Ele concebeu essa hierarquia pelo fato de o homem ser uma criatura que expande suas necessidades 23WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA no decorrer de sua vida. À medida que o homem satisfaz suas necessidades básicas, outras mais elevadas tomam o predomínio do seu comportamento. Entende-se que para Maslow, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem realizados. Isto significa que no momento em que o ser humano realiza uma necessidade, outra surge em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Figura 2 – Maslow hierarchy. Fonte: Veg11 (2017). A hierarquia das necessidades de Maslow está reproduzida em: • Necessidades fisiológicas: são as mais importantes, pois precisamos delas para nos manter vivos, se relacionam com as necessidades do ser biológico: respirar, de comer, de descansar, beber, dormir, ter relações sexuais, etc. No trabalho, podemos vincular as necessidades fisiológicas com: horários flexíveis, conforto físico, intervalos de trabalho para o almoço, para ir ao banheiro, etc. • Necessidades de segurança: aquelas vinculadas com as necessidades de proteção: sentir- se seguros: sem perigo, estável, de conservar o emprego etc. No trabalho, pode ser vinculada à estabilidade no emprego, planos de saúde, seguro de vida, etc. No trabalho: Necessidade de estabilidade no emprego, boa remuneração, condições seguras de trabalho etc. • Necessidades sociais: estão relacionadas às relações humanas e nossas necessidades sociais de sentir-se parte de um grupo, inclusão em grupos, receber carinho e afeto dos familiares, amigos e pessoas do sexo oposto. No trabalho, pode ser vinculada às necessidades de conquistar e manter amizades, ter boas relações, ter lideres gentis, etc. • Necessidades de estima: estão relacionadas às necessidades de sentir-se respeitado por si mesmo e pelos outros, obtendo reputação, reconhecimento, por meio do prestígio, reconhecimento, poder, etc. No trabalho, pode ser vinculada à responsabilidade pelos resultados, reconhecimento por todos, promoções ao longo da carreira, feedback etc. • Necessidades de autorrealização: são necessidades de crescimento pessoal, visando aproveitar todo o potencial próprio, ser aquilo que se pode ser, fazer utilização plena de seus 24WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA talentos, fazer o que gosta e ser capaz de fazer, terautonomia, independência e autocontrole. No trabalho, pode estar vinculada a desafios, necessidade de influenciar nas decisões, ter autonomia, etc. Vimos que a teoria motivacional de Maslow, baseada nas necessidades humanas, nos permite fazer uma analogia com o mundo empresarial. No caso de clientes que buscam produtos que atendam determinadas necessidades, por exemplo, ou na gestão de pessoas, é possível identificar qual “degrau” da hierarquia proposta pelo autor tem maior relevância para cada colaborador em momentos distintos. Alguns podem ter o centro de suas necessidades com foco na segurança quanto ao emprego, ao salário, etc. Outros podem ter (em determinado estágio ou momento) maior necessidade de estima, de ser reconhecido, valorizado pelos seus pares. MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA Cabe ao gestor de pessoas ou líder conhecer mais sobre as teorias motivacionais e as necessidades humanas, para poder identificar e analisar o que é mais relevante e motivador para seus colaboradores, e, a partir disso, ofertar condições ou estímulos que atendam às necessidades individuais e coletivas. Portanto, o papel da liderança, deve ser voltado para a ação de conduzir pessoas sendo a motivação humana o elemento fundamental desse processo. De acordo com Bergamini (2006), antes da Revolução Industrial, a principal maneira de motivar consistia no uso de punições, criando assim um ambiente generalizado de medo. As punições não eram apenas de natureza psicológica, podendo aparecer sob a forma de restrições financeiras, chegando a se tornar reais sob a forma de prejuízos de ordem física. Se no início deste século o desafio era descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, mais recentemente, tal preocupação muda de sentido. O que se torna perceptível nas organizações atuais, no que diz respeito à motivação de seus colaboradores, e que cada um desses indivíduos traz dentro de si suas próprias motivações. Sendo assim, o desafio das organizações está em encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de não sufocar as forças motivacionais inerentes a cada pessoa (BERGAMINI, 2006). Nesse sentido, a importância de não reprimir as forças motivacionais de cada pessoa está intimamente ligada à sua forma de atuação na organização, pois na concepção de Bergamini (2006), as pessoas quando percebidas em seus ambientes de trabalho tornam-se naturalmente motivadas, prestativas, idealistas e assumem a responsabilidade por estarem sempre envolvidas em causas importantes. Bergamini (2006) reforça sua perspectiva, a partir da importância das pessoas para as organizações nas últimas décadas, onde fica cada vez mais notório o interesse pelo comportamento motivacional no trabalho. A maneira de lidar com as pessoas ganha maior ênfase para se obter resultados satisfatórios, pois percebeu-se que os trabalhadores reagem de acordo com a forma pela qual são tratados pelas organizações (BERGAMINI, 2006). Bergamini (2006, p. 122) apresenta algumas situações que podem trazer satisfação ou insatisfação motivacional: a. Satisfação motivacional: • Poder seguir orientação grupal. • Consultar pessoas e ser consultada por elas. • Usar os seus talentos pessoais para o desenvolvimento da organização. • Promover o desenvolvimento dos talentos daqueles com os quais trabalha. b. Insatisfação motivacional: • Tratamento impessoal. • Ser forçada a desenvolver atividades sem significado. 25WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Sentir que as suas intenções não são reconhecidas. • Ter que conviver em meio a um clima de falsidade em que as pessoas não são levadas a sério. Com base no exposto apresentado por Bergamini (2006), podemos notar a importância que a motivação ocupa na gestão de pessoas, por isso, torna-se também um dos aspectos mais preocupantes do cotidiano das organizações. Mesmo assim, apesar de ser um assunto abordado com cada vez mais frequência, a preocupação dos gestores com o tema ainda não é central. Para Freitas; Rodrigues (2008) os processos sociais e comportamentais da motivação e da liderança estão interligados. Os liderados seguem o líder por alguma razão ou motivo. “O líder propõe uma tarefa ou missão aos seguidores, porque é de seu interesse realizá-las. Os seguidores podem concordar desde que a realização da tarefa também seja de seu interesse” (FREITAS; RODRIGUES, 2008, p. 8). Fica claro que o líder precisa dos liderados para realizar metas e vice-versa. A liderança está associada a estímulos, incentivos e impulsos que podem provocar a motivação nas pessoas para a realização da missão, da visão e dos objetivos empresariais. A ligação entre os processos de motivação e liderança revela que o líder sempre é um instrumento do grupo. O entendimento das motivações dos seguidores explica o processo social da liderança e também possibilita o desenvolvimento de líderes. Quem quiser se candidatar a posições de liderança deve aprender a transmitir mensagens sintonizadas com os problemas e interesses do grupo potencial de seguidores (FREITAS; RODRIGUES, 2008). Nesse aspecto, percebemos que, muitas vezes, o papel do gestor se limita apenas à identificação dos princípios norteadores da motivação. No entanto, a motivação deve ser vista como um processo que faz parte dos estudos de liderança, alcançando e influenciando mutuamente indivíduos, grupos e toda a organização. Por isso, os líderes precisam compreender mais profundamente a motivação e as relações com os resultados e, principalmente, com a satisfação nos ambientes organizacionais. Só assim, a liderança, conseguirá de fato, exercer sua influência de maneira correta sobre os seus liderados. REFLITA Liderança, tal como motivação, nos remete às questões mais subjetivas dos seres humanos, aquelas que dizem respeito às nossas entranhas, ao que nos move ao que faz sentido para nós, aquilo a que atribuímos significado. O limite do desempenho não é estático e se altera com a aquisição de novos conhecimentos, com o aprimoramento das habilidades e com a mudança de atitudes e interesses. Fonte: Freitas; Rodrigues (2008). Livro: O Monge e o Executivo Autor: James Hunter Editora: Sextante Sinopse: O livro narra a história de um John Daily, um executivo bem-sucedido, que vai para um retiro num pequeno e relativamente desconhecido mosteiro cristão e lá juntamente com outras pessoas descobre a essência da boa liderança. UNIDADE 26WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 27 CULTURA ORGANIZACIONAL ................................................................................................................................. 28 SISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS .................................................................................................................... 29 A CULTURA ORGANIZACIONAL E OS SISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS 03 PROF. ME. JORGE VAN DAL 27WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO “Para se conhecer uma organização, o primeiro passo é conhecer sua cultura. Fazer parte de uma organização significa assimilar sua cultura”. (CHIAVENATO, 2016, p. 193). Na unidade anterior, olhamos para a parte ou as partes que integram o todo (a organização). Tratamos mais especificamente do indivíduo e sua complexidade enquanto ser humano, o que representa um grande desafio aos gestores de buscar compreender e valorizar cada membro de sua equipe, assim como estimulá-lo de acordo com suas necessidades pessoais, sociais e profissionais. Agora, nesta unidade, vamos observar o todo (a organização) e sua constituição que se dá a partir da união de todas as pessoas, seus valores, personalidades,comportamentos, atitudes, etc. Esse todo é o reflexo conjunto dos indivíduos de uma organização, se cada ser humano é complexo, imagine uma organização composta por um conjunto, às vezes, gigantesco de pessoas. Vamos, especificamente, buscar compreender o que é a cultura organizacional, formada pelo conjunto de pessoas que estão ligadas à organização. É possível, a partir dos estudos da antropologia, identificar traços específicos de cada cultura encontrados em grupos de pessoas ou sociedades humanas. A abordagem antropológica permite identificar as diferenças entre culturas de povos, tribos e grupamentos humanos. “Cada cultura pode ser sintetizada num conjunto característico de valores-chave que integram e contribuem para distingui-la de outras” (ROCHA- PINTO, 2007, p. 119). A cultura organizacional é responsável por reunir os hábitos, comportamentos, crenças, valores éticos e morais e as políticas internas e externas de uma empresa. Uma boa cultura pode motivar os funcionários e ajudá-los a crescer junto com o empreendimento, assim como uma cultura “desorganizacional” pode empurrar a empresa e os funcionários para problemas de produtividade e no ambiente de trabalho. Fonte: Endeavor Brasil Disponível em: <https://endeavor.org.br/importancia-cultura-organizacional- para-empresa/>. 28WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA CULTURA ORGANIZACIONAL Nos últimos anos, os conceitos de cultura organizacional foram também influenciados por outras áreas do conhecimento, como a sociologia, história e, principalmente, pela psicologia social. “Nessa abordagem multidisciplinar, a cultura de uma organização é decorrente de um processo social complexo, que compreende a interação de fatores tangíveis e intangíveis” (ROCHA-PINTO, 2007, p. 119). É possível encontrar esse padrão também nas organizações. Para Chiavenato (2016, p. 195), a cultura organizacional “é o conjunto de hábitos e crenças estabelecido por meio de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização”. Sendo assim, cada organização tem a sua própria cultura organizacional, que é estabelecida por normas escritas ou não escritas, elas representam e orientam o comportamento de seus membros no dia a dia e direcionam suas ações para a realização dos objetivos organizacionais: Viver em uma organização, trabalhar nela, atuar em suas atividades e nela desenvolver carreira é participar intimamente de sua cultura organizacional. O modo como as pessoas interagem em uma organização, as atitudes predominantes, as pressuposições subjacentes, as aspirações e os assuntos relevantes nas interações entre os membros fazem parte da cultura da organização. A cultura organizacional é o DNA da organização (CHIAVENATO, 2016, p. 193). Com o auxílio das ideias de Schein (1992, apud CHIAVENATO, 2016), podemos compreender a cultura de uma organização, como um padrão de aspectos básicos compartilhados – inventados, descobertos ou desenvolvido por um determinado grupo que aprende a enfrentar seus problemas de adaptação externa e integração interna - e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aqueles problemas. Ou seja, a cultura espelha a mentalidade que predomina em uma organização. Não é percebida ou observada em si mesma, mas através dos seus efeitos e consequências. Nesse sentido, Chiavenato (2016, p. 195) compara a cultura organizacional como um iceberg: Na parte superior, que está acima do nível, estão os aspectos visíveis e superficiais observados nas organizações e que são decorrências da sua cultura. Quase sempre são as decorrências físicas e concretas da cultura, como o tipo de edifício, cores utilizadas, espaços, tipo de sala e mesas, os métodos e procedimentos de trabalho, as tecnologias utilizadas, os títulos e descrições de cargos, as políticas de gestão de pessoas. Na parte submersa, estão os aspectos invisíveis e profundos, cuja observação ou percepção é mais difícil. Nessa parte, estão as decorrências e aspectos psicológicos e sociológicos da cultura. REFLITA É a cultura organizacional que vai desenvolver diretrizes para uma empresa de sucesso, a começar pela forma como os funcionários vão enxergar o negócio e agir dentro dele. Quem investe em uma gestão de pessoas e uma cultura corporativa de qualidade acaba gerando maior satisfação entre os clientes e obtendo maior lucro em suas atividades. Fonte: Endeavor Brasil Disponível em: https://endeavor.org.br/importancia-cultura-organizacional- para-empresa/ 29WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Agora que foi apresentado a você a complexidade da cultura organizacional, que apesar de ser algo intangível, pode ser percebida como algo quase autônomo e orgânico, que devido a interação de inúmeras variáveis tem “vida própria”, fica a pergunta: a cultura de uma organização pode sofrer algum processo de intervenção ou controle de forma planejada? Alguns estudiosos de teorias da administração de empresas e recursos humanos defendem que, pelo menos parcialmente, é possível ao menos influenciar mudanças de comportamento que interfiram na cultura organizacional e esse seria um dos principais papéis desempenhados por um líder ou gestor de pessoas, cabendo a ele a tarefa inspirar e conduzir as pessoas na construção de uma cultura organizacional positiva. Qual sua opinião? SISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS Neste tópico, vamos abordar a implementação de sistemas de gestão de pessoas, mas é importante destacar que quando falamos em sistema, nesse caso, não se trata especificamente de softwares de gestão, mas de formas ou metodologias sistematizadas para conduzir os processos de gestão de pessoas nas organizações. Os sistemas de gestão de pessoas servem para a administração de recursos humanos da organização, criando métodos de fazer com que as tarefas sejam executadas da melhor forma possível, por meio de recursos e competências disponíveis, a fim de atingir os objetivos da organização. De acordo com Dutra (2004, p. 90), algumas premissas devem ser observadas e podem auxiliar na criação de métodos e técnicas que garantam a efetividade de um sistema de gestão de pessoas: • O sistema gerado deve ter legitimidade, sendo esta obtida e conservada na medida em que as necessidades das pessoas e da empresa são atendidas. • O sistema nunca pode ser considerado uma obra acabada, o processo deve ser contínuo e gerar ao longo do tempo novas configurações e modelos. • O sistema deve dar suporte ao desenvolvimento da empresa e das pessoas, valorizando aspectos positivos encontrados na cultura organizacional. Para Dutra (2004), tais premissas auxiliam na concepção do sistema de Gestão de Pessoas, permitindo uma avaliação prévia do que se deseja implantar. Ao considerar essas premissas, é possível criar uma base de sustentação forte para o novo sistema, além de possibilitar a sua manutenção e atualização ao longo do tempo. Livro: Cultura organizacional e liderança Autor: Edgar H. Schein Editora: Atlas Sinopse: focando as realidades empresariais, o autor utiliza pesquisacontemporânea a fim de redefinir a cultura, oferecer informações sobre as culturas ocupacionais e demonstrar o papel que os líderes exercem na aplicação bem-sucedida dos princípios da cultura para atingir metas organizacionais. Também enfrenta a questão de como uma cultura existente pode ser mudada - considerado um dos desafios da liderança. 30WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAS Chiavenato (2016, p. 229) resgata as ideias de Renis Likert para analisar e comparar as maneiras pelas quais as organizações administram seus colaboradores. Segundo o autor, Likert adotou um interessante modelo comparativo ao qual deu o nome de sistemas de administração. Nesse sentido, é possível compreender que a ação administrativa pode assumir diferentes características, dependendo de certas condições internas e externas da empresa. Isso significa que a ação administrativa nunca é igual em todos as empresas, pois varia de acordo com um infindável número de variáveis. Para Likert, não existem políticas de administração válidas para todas as situações e ocasiões possíveis. Na realidade, o modelo avaliado em função de certas variáveis comparativas, como o processo de tomada de decisões, as comunicações, os sistemas de interação, influenciarão os participantes, no que diz respeito à fixação de objetivos, o controle organizacional sobre o desempenho, o relacionamento interpessoal, os sistemas de recompensas e de punição formando um perfil organizacional que pode caracterizar cada empresa (CHIAVENATO, 2016, p. 229). Para simplificar a metodologia de Likert, Chiavenato (2016, p. 229), utilizou quatro variáveis organizacionais: 1) Processo decisório: define como são tomadas as decisões na empresa e quem as toma. Se as decisões centralizadas ou descentralizadas, concentradas no topo da hierarquia ou dispersas pela periferia da organização. 2) Sistema de comunicação: define como as comunicações são transmitidas e recebidas dentro da organização. Se o fluxo das informações é vertical e descendente, se é vertical com dupla mão de direção e se é também horizontal. 3) Relacionamento interpessoal: define como as pessoas se relacionam entre si na organização e qual o grau de liberdade nesse relacionamento humano. Se as pessoas trabalham isoladas entre si ou em equipes de trabalho por meio de intensa interação humana. 4) Sistemas de recompensas: define como a empresa motiva as pessoas a se comportarem de certa maneira e se essa motivação é positiva e incentivadora ou restritiva e inibidora. É preciso destacar que as quatro variáveis organizacionais de Likert apresentam-se de maneira diferente em cada empresa. Seu conjunto, podem constituir quatro alternativas que recebem o nome de sistemas administrativos. Chiavenato (2016, p. 230) apresenta os quatro sistemas administrativos de acordo com as quatro variáveis de Likert: Sistema 1 (Autoritário – coercitivo): é um sistema administrativo autocrático e forte, centralizador, coercitivo, arbitrário e que controla rigidamente tudo o que ocorre dentro da empresa. É o sistema mais duro e fechado. 31WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Modificado de Chiavenato (2016, p. 230). Sistema 2 (Autoritário-benevolente): é um sistema administrativo autoritário, porém menos duro e menos fechado do que o sistema 1. Na verdade, é uma variação do sistema 1, mais condescendente e menos rígido. Quadro 3 - Principais características do Sistema 2 (Autoritário – benevolente) 32WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Modificado de Chiavenato (2016, p. 231). Sistema 3 (Consultivo): é um sistema administrativo que balança mais para o lado participativo do que para o lado autocrático e impositivo. Representa um gradativo abrandamento da arbitrariedade organizacional. Quadro 4: Principais características do Sistema 3 (Consultivo): Fonte: Modificado de Chiavenato (2016, p. 231-232). Sistema 4 (Participativo): é o sistema administrativo francamente democrático e participativo. É o mais aberto de todos os sistemas. Quadro 5: Principais características do Sistema 4 (Participativo): 33WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Fonte: Modificado de Chiavenato (2016, p. 232-233). A partir da definição do sistema de administração ou gestão de pessoas adotado por uma organização definem-se também as mudanças e atualizações que devem ser implementadas gradativamente, assim como o esforço e uso de recursos necessários para aperfeiçoá-lo. Sendo que, na medida em que o sistema de gestão de pessoas é melhorado, cada vez mais ele atende às expectativas dos indivíduos e da organização como um todo. O sentido de transformação pressupõe os esforços da organização para o seu aperfeiçoamento contínuo e não para a estabilidade de normas, padrões e regras instaurados e enraizados, tornando-se rotineiros. Nesse sentido, sistemas enraizados e fragmentados tornam- se verdadeiras blindagens para a implementação de novos sistemas de gestão de pessoas nas organizações Para Dutra (2004, p. 89), os sistemas podem representar uma forma de transformação organizacional que abrange todos os critérios existentes na empresa e envolve: • Critérios de valorização de pessoas. • Posicionamento na estrutura de poder. • Padrões de mobilidade entre carreiras. • Acesso a condições concretas de desenvolvimento e reconhecimento profissional. • Padrões de relacionamento da empresa. Para que ocorra a transformação desejada, é preciso que a organização esteja disposta a uma profunda alteração da visão de mundo e do conteúdo ideológico dos modelos de administração de pessoas nas organizações. 34WWW.UNINGA.BR GE ST ÃO E ST RA TÉ GI CA D E PE SS OA S E ED UC AÇ ÃO C OR PO RA TI VA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Percebemos, assim, que o conhecimento dos diversos sistemas de administração de pessoas, podem servir de parâmetro ou até mesmo autocrítica para que o gestor de pessoas e a organização como um todo possa rever seus próprios sistemas e processos e, se for necessário, readequá-los para que sejam voltados às pessoas que fazem parte da organização. Livro: Sistemas, Organizações e Métodos: uma abordagem gerencial Autor: Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira Editora: Atlas, 18. ed. / São Paulo, 2009 Sinopse: Diferentemente dos textos convencionais que tratam das atividades de O&M, deixando relativo vazio na parte de organização, este livro foi desenvolvido segundo um enfoque gerencial, considerando básico que os executivos e profissionais das empresas adotem a atividade de sistemas, organização e métodos como um instrumento facilitador do processo decisório, bem como das decisões tomadas e do controle e avaliação dos resultados obtidos. Dividido em quatro partes e 16 capítulos, trata dos sistemas administrativos voltados para o processo decisório, bem como explana um modelo de desenvolvimento e implementação da estrutura organizacional nas empresas. Outros assuntos abordados no texto são: tipos de departamentalização, delegação, descentralização e centralização nas empresas, levantamento, análise, desenvolvimento e implementação dos sistemas administrativos, técnicas de representação gráfica, formulários, arranjo físico, manuais administrativos, desenvolvimento organizacional, atribuições e atuações do profissional de sistemas, organização e métodos. Há ainda, no livro, exercícios e casos que possibilitam aplicação prática do texto. UNIDADE 35WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................
Compartilhar