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Farmacologia 2 - Anticonvulsivantes

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Página 1 
@pedrojorgeantunes 
Farmacologia 2: Anticonvulsivantes 
Sumário 
Convulsão ....................................................................................................................................... 3 
Convulsão x Epilepsia .............................................................................................................................. 3 
Convulsão ...................................................................................................................................................................3 
Epilepsia .....................................................................................................................................................................3 
Resumo .......................................................................................................................................................................3 
Benzodiazepínicos x Barbitúricos ............................................................................................................. 3 
Convulsões Parciais (CP) .......................................................................................................................... 3 
CP Simples ..................................................................................................................................................................3 
CP Complexa ...............................................................................................................................................................4 
CP Secundariamente generalizada por convulsão tônico-clônica.................................................................................4 
Convulsões Generalizadas ....................................................................................................................... 4 
Tônico-clônica (Grande mal epilético) .........................................................................................................................4 
Crise de ausência (Pequeno mal epilético) ..................................................................................................................4 
Mioclônicas .................................................................................................................................................................4 
Bases Neuroquímicas da Convulsão ......................................................................................................... 4 
Glutamato x GABA .................................................................................................................................. 4 
Glutamato ...................................................................................................................................................................4 
GABA ..........................................................................................................................................................................5 
Anticonvulsivantes .......................................................................................................................... 5 
Mecanismos Propostos ........................................................................................................................... 5 
Inibição de canais de Na+ voltagem-dependentes .................................................................................... 5 
Carbamazepina ...........................................................................................................................................................5 
Oxicarbazepina ...........................................................................................................................................................6 
Eslicarbazepina ...........................................................................................................................................................6 
Fenitoína .....................................................................................................................................................................6 
Lamotrigina .................................................................................................................................................................6 
Zonisamida .................................................................................................................................................................6 
Lacosamida .................................................................................................................................................................7 
Rufinamida .................................................................................................................................................................7 
Ácido Valpróico (Valproato) ........................................................................................................................................7 
Inibição dos canais de Ca2+ do tipo T ........................................................................................................ 7 
Ethosuximida ..............................................................................................................................................................8 
Antagonismo Glutamatérgico .................................................................................................................. 8 
Fenobarbital ...............................................................................................................................................................8 
Topiramato .................................................................................................................................................................8 
Felbamato ...................................................................................................................................................................9 
Perampanel ................................................................................................................................................................9 
Sinapses GABAérgicas ............................................................................................................................. 9 
Progabida....................................................................................................................................................................9 
Vigabatrina ...............................................................................................................................................................10 
Tiagabina ..................................................................................................................................................................10 
Outros Anticonvulsivantes .................................................................................................................... 10 
Gabapentina .............................................................................................................................................................10 
Pregabalina ...............................................................................................................................................................11 
Barbitúricos .......................................................................................................................................... 11 
Fenobarbital .............................................................................................................................................................11 
Página 2 
@pedrojorgeantunes 
Primidona .................................................................................................................................................................11 
Novos Anticonvulsivantes ..................................................................................................................... 12 
Imepitoína ................................................................................................................................................................12Ezogabina .................................................................................................................................................................12 
Levetiracetam ...........................................................................................................................................................13 
Quando utilizar cada tipo? .................................................................................................................... 13 
Convulsões Parciais Simples ou Complexas ...............................................................................................................13 
Convulsões Parciais Secundariamente Generalizada por Convulsão Tônico-Clônica ..................................................13 
Qualquer Tipo de Convulsão Parcial ..........................................................................................................................13 
Convulsões Generalizadas de Ausência .....................................................................................................................13 
Convulsões Generalizadas Mioclônicas .....................................................................................................................13 
Convulsões Generalizadas Tônico-Clônicas ...............................................................................................................14 
Anticonvulsivantes Indutores Enzimáticos ................................................................................................................14 
Cannabis Medicinal ............................................................................................................................... 14 
Tipos de Epilepsias Refratárias ..................................................................................................................................14 
THC e CBD .................................................................................................................................................................14 
Receptores Canabinóides ..........................................................................................................................................15 
Canabidiol .................................................................................................................................................................15 
 
Página 3 
@pedrojorgeantunes 
Convulsão 
Acredita-se que as convulsões tenham origem no córtex cerebral e não em outras estruturas do SNC (tálamo, 
tronco cerebral ou cerebelo), embora o comprometimento de outras áreas do SNC leve a efeitos diferenciados, como 
descarga autonômica e perda de consciência. 
Convulsão x Epilepsia 
Convulsão 
Refere-se a uma alteração transitória do comportamento causada pela ativação desordenada, sincrônica e 
ritmada de populações de neurônios cerebrais. 
Epilepsia 
Refere-se a um distúrbio da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível das 
convulsões. Cérebros normais que são induzidos a crises convulsivas com eletrochoque ou agentes químicos 
(convulsivantes), são cérebros não-epilépticos. 
Resumo 
Nem todas as pessoas que têm convulsões são epiléticas, mas todas as pessoas com epilepsia apresentam algum 
tipo de crise convulsiva. 
Benzodiazepínicos x Barbitúricos 
Durante uma crise convulsiva, o paciente está sobre um efeito glutamatérgico bem mais intenso que o 
GABAérgico, por esse motivo, podem ser administrados fármacos agonistas de GABA durante a crise, para tentar 
revertê-la. 
Os benzodiazepínicos são agonistas alostéricos do receptor GABA-A, gerando uma mudança conformacional no 
receptor que facilita a ligação de GABA, aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto, o que reduz a 
excitabilidade dos neurônios, revertendo os efeitos da crise convulsiva. Os benzodiazepínicos são os fármacos de 
escolha para tratar uma crise convulsiva, enquanto os barbitúricos não funcionam nessa situação, mas por que? 
Os barbitúricos aumentam o tempo de abertura dos canais de cloreto, mas isso não gera efeitos tão imediatos 
quanto o aumento da frequência, então, como uma crise convulsiva é uma situação urgente, é preferível o uso de 
benzodiazepínicos. Os barbitúricos são utilizados na profilaxia das crises convulsivas, aumentando o estímulo 
GABAérgico de forma constante, o que evita uma hiper estimulação glutamatérgica (convulsão). 
Convulsões Parciais (CP) 
As convulsões parciais atingem apenas um lado do cérebro (1 hemisfério). Geralmente ocorrem devido á algum 
tipo de lesão, como: tumor, trauma ou má formação. É rara uma etiologia genética para este tipo de convulsão. 
CP Simples 
Consciência não é afetada. 
Sinais Motores 
Córtex motor frontal -> Espasmos repetitivos de um grupo muscular e perda do controle voluntário. 
Sensorial 
Área somatossensorial do córtex parietal -> Parestesia do membro apresentado. 
Temporal/Occipital -> Alucinações Auditivas. 
Autonômico 
Temporal/Frontal -> Náusea e tonteira. 
Psíquico 
Página 4 
@pedrojorgeantunes 
Sistema límbico -> Medo e alteração das emoções. 
CP Complexa 
Consciência é alterada. 
Alteração da consciência por 30s a 2min, acompanhada de movimentos involuntários estereotipados. 
Déjà vu e outras sensações emocionais (a pessoa é capaz de prever que vai ter a crise convulsiva). 
Após a crise ocorre cansaço e amnésia. 
CP Secundariamente generalizada por convulsão tônico-clônica 
Ocorre perda de consciência e episódio tônico-clônico. 
Convulsões Generalizadas 
As convulsões generalizadas atingem todo o cérebro (2 hemisférios). 
Tônico-clônica (Grande mal epilético) 
• Perda de consciência 
• Contrações generalizadas (todo corpo) e com rigidez mantida (tônico) 
• É seguida de períodos de contrações musculares alternadas com períodos de relaxamento (clônico) 
• A pessoa costuma cair no chão e alternar entre a fase tônica (coluna arqueada) e a fase clônica (deitada 
com a coluna reta) 
Crise de ausência (Pequeno mal epilético) 
• Perda de consciência 
• Olhar parada, podendo incluir olho virado 
• Interrupção das atividades, durando tipicamente 30 segundos 
• Através de um eletroencefalograma (EEG) é possível ver “spikes and waves”, o que indica crise 
convulsiva intensa, embora a pessoa não caia no chão e nem apresente grandes manifestações 
Mioclônicas 
• Breve contração tipo choque dos músculos 
• Pode restringir-se a uma parte de uma extremidade ou ser generalizada 
• É razoavelmente comum (ex: tremor na boca ou no olho) 
Bases Neuroquímicas da Convulsão 
Ainda não estão bem definidas as bases neuroquímicas que desencadeiam a convulsão, pois existem diversos 
fatores, como: 
• Aumento da transmissão de aminoácidos excitatórios 
• Comprometimento da transmissão inibitória 
• Propriedades elétricas anormais das células afetadas 
• Glutamato aumentado nos focos epilépticos 
• Morte neuronal por excitotoxicidade (entrada de cálcio excessiva) 
Glutamato x GABA 
Glutamato 
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do SNC, sendo liberado pelos neurônios pré-sinápticos 
excitatórios. Sua ação se dá em dois receptores ionotrópicos: AMPA (ligado a canais de sódio) e NMDA (ligado a canais 
de cálcio. A entrada exacerbada de cálcio (Ca2+) nos neurônios, promovida pelo glutamato durante uma crise 
convulsiva, pode levar a morte dos mesmos. 
Página 5 
@pedrojorgeantunes 
GABA 
O ácido glutâmico (glutamato), caso seja descarboxilado, é transformado em GABA, o que significa que há um 
equilíbrio entre o lado excitatório e inibitório do SNC através de uma simples reação química. Da mesma forma que a 
descarboxilação do glutamato gera GABA, a carboxilação de GABA gera glutamato. 
GABA é o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Ele é liberado pelos neurônios pré-sinápticos inibitórios 
e age sobre 2 tipos principais de receptores: GABA-A (ionotrópico, acoplado a canais de cloreto) e GABA-B 
(metabotrópico, acoplado à proteína Gi). 
O receptorGABA-A é pentamérico (formado por 5 subunidades) e o local de ligação da molécula de GABA se 
encontra entre as subunidades alfa e beta. Por ser um receptor ionotrópico, significa que enquanto GABA estiver 
ligado, o canal de cloreto (Cl-) ficará aberto, gerando hiperpolarização momentânea. Agora, para manter uma 
hiperpolarização mais constante, temos o receptor GABA-B, que é metabotrópico. A ligação de GABA ao receptor 
GABA-B ativa a proteína Gi, que inibe a adenilato ciclase, o que diminui a concentração de AMPc, inibindo a PKA e 
estimulando a PKC, totalizando na abertura dos canais de potássio (K+), gerando hiperpolarização sustentada. 
Anticonvulsivantes 
Mecanismos Propostos 
Os mecanismos propostos para os fármacos anticonvulsivantes incluem: 
• Inibição de canais de Na+ voltagem-dependentes 
• Inibição de canais de Ca2+ do tipo T (voltagem-dependentes) 
• Antagonismo glutamatérgico 
• Potencialização das sinapses de GABA 
Inibição de canais de Na+ voltagem-dependentes 
Existem fármacos capazes de bloquear os canais de Na+ voltagem dependentes, diminuindo a excitabilidade 
das membranas e interferindo, principalmente, nas grandes frequências. Esses fármacos incluem: 
• Carbamazepina 
• Fenitoína 
• Topiramato 
• Lamotrigina 
• Valproato 
• Zonisamida 
A subunidade alfa é a mais importante dos receptores de sódio, enquanto as subunidades beta servem para dar 
sustentação para a mesma. Dentro da subunidade alfa, o segmento 4 de cada domínio é o responsável pela 
identificação dos íons de NA+, ficando para dentro da cavidade do canal. 
Carbamazepina 
Um dos fármacos mais antigos para o tratamento de crises convulsivas. Possui estrutura tricíclica, similar aos 
antidepressivos tricíclicos, e pertence à família dos iminoestilbenos. 
Mecanismo de ação: 
• Bloqueia os canais de Na+ voltagem-dependentes, inibindo as descargas repetitivas de alta frequência 
• Há evidências de atuação na pré-sinapse, diminuindo a transmissão excitatória 
• Estudos de “binding” mostram afinidade por receptores de Adenosina (inibidor do SNC) 
• Evidências recentes indicam que a ação pós-sináptica do GABA pode ser potencializada 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 75-90% 
• Biodisponibilidade: 80% 
• T ½: 18-55h (inicial), podendo chegar a 12-17h após várias doses 
Provoca indução enzimática, ou seja, aumenta a expressão das enzimas CYPs, responsáveis pela 
biotransformação dos fármacos, reduzindo seu tempo de meia vida e de qualquer outro fármaco que seja 
metabolizado pelas mesmas. 
Página 6 
@pedrojorgeantunes 
Usos Clínicos: 
A carbamazepina também pode ser prescrita para o tratamento de depressão bipolar. 
Oxicarbazepina 
Aprovada para convulsões focais em adultos e crianças. É um pró-fármaco, que se converte no seu metabólito 
ativo, a eslicarbazepina, que é rapidamente convertido no metabólito ativo, S-licarbazepina, que é um enanciômero. 
É menos indutor enzimático que a carbamazepina, mas diminui os níveis séricos dos contraceptivos orais. 
Eslicarbazepina 
Pró-fármaco que é convertido rapidamente no seu metabólito ativo, S-licarbazepina. É menos prescrita que a 
oxicarbazepina. T ½: 8-12h. 
Fenitoína 
É um fármaco da família das hidantoínas, possui dois anéis aromáticos em sua estrutura. 
Mecanismo de ação: 
• Bloqueia os canais de Na+ voltagem-dependentes 
• Altera a condutância de Na+, K+ e Ca2+ 
• Em concentrações elevadas inibe a liberação de 5-HT e Noradrenalina, enquanto aumenta a captação 
de dopamina e inibe a MAO. (possui certo efeito antidepressivo) 
• Há evidências que altera as concentrações de GABA. 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 90% 
• Biodisponibilidade: 70-100% (oral) 
• T ½: 6-24h 
Toxicidade: 
Pode causar hiperplasia gengival, sendo uma característica deste fármaco, não dos anticonvulsivantes. 
Lamotrigina 
Fármaco do grupo dos derivados feniltriazínicos. Possui dois anéis aromáticos e dois halógenos, que aumentam 
a lipossolubilidade, mas também aminas que aumentam a hidrossolubilidade. 
 Mecanismo de ação: 
• Bloqueia os canais de Na+ voltagem-dependentes, suprimindo as descargas rápidas e sustentadas 
• Inativação de canais de Ca2+ voltagem-dependentes, de forma uso dependente 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 55% 
• Biodisponibilidade: 90% 
• T ½: 24h, podendo cair para 13-15h em pacientes que fazem uso de indutores enzimáticos 
Zonisamida 
Fármaco do grupo dos derivados sulfonamídicos. Foi aprovado pelo FDA em 2000 para o tratamento de 
convulsões parciais em adultos, quando utilizada com outros fármacos. 
Mecanismo de ação: 
• Prolongamento do estado de inativação dos canais de Na+ voltagem-dependentes 
• Inativação de canais de Ca2+ do tipo T 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 40% 
• Biodisponibilidade: Quase 100% por via oral 
Página 7 
@pedrojorgeantunes 
• T ½: 63h – Desfavorável, pois facilita que o paciente esqueça, então o médico prescreve o uso a cada 
24h, gerando acúmulo do fármaco no organismo. 
• Biostransformada pela CYP3A4 
Lacosamida 
Fármaco do grupo dos aminoácidos funcionalizados. Foi aprovado pelo FDA em 2008, para convulsões parciais 
em pacientes com 17 anos ou mais. 
Mecanismo de ação: 
• Prolongamento do estado de inativação dos canais de Na+ voltagem-dependentes 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: Quase que 100% por via oral 
• T ½: 13h 
Rufinamida 
Fármaco derivado triazolínico, possui dois anéis aromáticos e dois halogênios, o que garante lipossolubilidade. 
Mecanismo de ação: 
• Prolongamento do estado de inativação dos canais de Na+ voltagem-dependentes 
Ácido Valpróico (Valproato) 
É um ácido graxo, sendo o fármaco com estrutura mais simples dentre os inibidores de canais de sódio, mas ao 
mesmo tempo aquele com mais vias de ação. 
Mecanismo de ação: 
• Bloqueia os canais de Na+ voltagem-dependentes 
• Aumenta os níveis de GABA no cérebro 
• Já foi descrito como sendo capaz de estimular glutamato descarboxilase (GAD) 
• Já foi descrito como capaz de inibir a GABA-transaminase 
• Aumenta a condutância de K+ 
• Sua ação nas crises de ausência ainda não foi explicada 
Sua atividade anticonvulsivante foi constatada após ser utilizado como solvente na pesquisa de outras drogas. 
Tanto o ácido valpróico, como o Valproato de Sódio possuem atividade. 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 90% 
• Biodisponibilidade: 80% 
• T ½: 9-16h 
• Disputa pelas proteínas plasmáticas com a Fenitoína 
• Inibe o metabolismo de diversos fármacos (inibidor das CYPs). 
Toxicidade: 
• Provoca sedação, caso seja administrado junto com fenobarbital. 
• É consideravelmente hepatotóxico. 
Usos Clínicos: 
Muito eficaz nas crises de ausência, mas a Etossuximida é o fármaco de escolha, por ser menos hepatotóxico. 
Também pode ser utilizado no tratamento de distúrbio bipolar e na profilaxia da enxaqueca. 
Inibição dos canais de Ca2+ do tipo T 
Fármacos inibidores de canais de cálcio diminuem a corrente marcapasso responsável pelo ritmo talâmico de 
pontas e ondas ocorridos nas crises de ausência generalizada. 
Página 8 
@pedrojorgeantunes 
A configuração dos canais de cálcio é bem diferente da dos canais de sódio, embora as subunidades alfa1 sejam 
praticamente idênticas. Além da unidade alfa1, os canais de cálcio contam com as subunidades: 
• Alfa2 – Extracelular 
• Beta – Intracelular 
• Gama – Membranar 
• Delta – Membranar 
Etossuximida 
Fármaco da família das succinimidas. 
Mecanismo de ação: 
• Inibição dos canais de Ca2+ do tipo T, reduzindo a corrente de limiar baixo. 
• Inibe a bomba Na+/K+ ATPase em contrações não terapêuticas. 
• Inibe a GABA aminotranferase em concentrações não terapêuticas. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 98% 
• T ½: 40-55h 
• É totalmente metabolizada 
• Seus metabólitos são não ativos e eliminados pela via renal 
Antagonismo Glutamatérgico 
O glutamato age em dois receptores: AMPA (acoplado a canais de Na+) e NMDA (acopladoa canais de Ca2+). 
Ele sempre age primeiro nos canais AMPA, pois os NMDA possuem um átomo de magnésio que impede a entrada de 
Ca2+, além de dificultar a ligação do glutamato. O glutamato só se liga aos receptores NMDA de forma considerável 
após a despolarização inicial promovida pelos receptores AMPA, acoplados aos canais de Na+. 
Fenobarbital 
Bloqueia os receptores AMPA, reduzindo o influxo de Na+, além de ser um agonista alostérico dos canais de Cl-
, o que também aumenta a hiperpolarização. 
Topiramato 
Fármaco sulfonamídicos (possui grupo sulfonamida), derivado de monossacarídeos. 
Mecanismo de ação: 
• Bloqueia a descarga repetitiva de neurônios, por provável inibição dos canais de Na+ voltagem-
dependentes. 
• Há evidencias de que potencializa os efeitos inibitórios do GABA, embora em sítio diferente dos BZDs e 
barbitúricos. 
• Deprime a ação excitatória do glutamato (AMPA) 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 80% 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 15% 
• T ½: 19-23h 
• Metabolismo hepático (30%) 
• Metabolização 70% renal, sem metabólitos ativos 
Usos Clínicos: 
O topiramato pode ser utilizado no tratamento de transtorno bipolar e crises de enxaqueca. 
Toxicidade: 
• Sonolência 
• Fadiga 
• Redução da capacidade cognitiva 
Página 9 
@pedrojorgeantunes 
• Nervosismo 
• Confusão 
Felbamato 
É um carbamato, sendo utilizado apenas em casos refratários aos outros medicamentos. 
Mecanismo de ação: 
• Ainda não foi bem estabelecido 
• Evidências de antagonismo ao sítio de glicina do receptor NMDA 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: >90% 
• T ½: 20h 
Toxicidade: 
• Amnésia aplásica 
• Hepatite grave 
Por causar os dois efeitos listados em uma taxa consideravelmente alta, este fármaco foi relegado à terceira 
linha, uma vez que é pouco seguro. 
Perampanel 
Mecanismo de ação: 
• Antagonista não-competitivo de AMPA 
• Reduz a sinalização excitatória rápida 
Farmacocinética: 
• Ligação a proteínas plasmáticas: 95% 
• T ½: 105h 
• Metabolização pela CYP3A4 
É um indutor enzimático, podendo diminuir a concentração plasmática de: contraceptivos orais, carbamazepina, 
clobazam, lamotrigina e valproato. 
Toxicidade: 
• Sonolência 
• Confusão 
• Ansiedade 
• Tonteira 
• Visão turva 
Sinapses GABAérgicas 
O receptor ionotrópico GABA-A é acoplado a canais de Cl-, promovendo a hiperpolarização do neurônio 
enquanto GABA estiver ligado entre as subunidades alfa e beta. Infelizmente, o tipo de receptor GABA-A responsável 
pelo efeito anticonvulsivo é o que possui as subunidades alfa1, sendo o mesmo responsável por gerar: sedação, 
amnésia e dependência. 
Progabida 
É um pró-fármaco gabamimético, inativo até ser metabolizado, formando GABA. 
Usos clínicos: 
É utilizado também para doença de Parkinson, esquizofrenia, depressão e ansiedade. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 60% 
Página 10 
@pedrojorgeantunes 
• Ligação a ptn: 95% 
• t ½: 4h 
• Excreção renal 
Vigabatrina 
É um potencializador do GABA, atuando como inibidor irreversível da GABA transaminase, o que aumenta a 
quantidade de GABA nas sinapses. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 80-90% 
• Ligação a ptn: Nenhuma 
• t ½: 5-8h em adultos e 12-13h em idosos 
• Excreção renal, sem metabólitos ativos 
Toxicidade: 
• Sonolência 
• Tonteira 
• Ganho de peso 
• Agitação 
• Confusão 
• Psicose 
Tiagabina 
Outro fármaco potencializador do GABA, dessa vez agindo como inibidor da recaptação de GABA, através do 
transportador de ácido glutâmico (GAT), tanto em neurônios, como em glias, o que aumenta os níveis extracelulares 
de GABA no prosencéfalo e no hipocampo. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 90-100% 
• Ligação a ptn: 96% 
• t ½: 7-9h 
• Excreção renal e fecal 
• Metabolizada pela CYP3A4 
Toxicidade: 
• Nervosismo 
• Tonteira 
• Tremor 
• Dificuldade de concentração 
• Depressão 
Outros Anticonvulsivantes 
Gabapentina 
Embora o nome possa indicar, a gabapentina não age sobre a sinalização GABAérgica, seu mecanismo de ação 
é diminuição do influxo de Ca2+, através da ligação seletiva à subunidade alfa-2-delta de canal de cálcio voltagem-
dependente, reduzindo a exocitose de neurotransmissores excitatórios (glutamato). 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 90% 
• Ligação a ptn: <3% 
• t ½: 5-7h 
• Não é metabolizado 
• Não induz metabolismo hepático 
Página 11 
@pedrojorgeantunes 
Pregabalina 
Molécula derivada da Gabapentina, com o mesmo mecanismo de ação. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 90% 
• t ½: 5-6,5h 
• Maior absorção, maior potência e ação mais duradoura do que a Gabapentina 
Obs: Mais caro que a Gabapentina, pois o genérico é de mais difícil acesso. 
Toxicidade: (Gabapentina tem praticamente os mesmos efeitos) 
• Sonolência 
• Vertigem 
• Distúrbios gastrointestinais 
• Edema periférico 
Usos Clínicos: 
Pregabalina e Gabapentina também são utilizadas no tratamento da dor neuropática, por inibirem canais de 
cálcio, o que inibe a sinalização da dor. 
Barbitúricos 
Fenobarbital 
O fenobarbital é o único barbitúrico utilizado como anticonvulsivante. A estrutura dos barbitúricos conta com 1 
anel benzênico e um anel de 6 membros, formado por 4 carbonos e 2 nitrogênios. 
Mecanismo de ação: 
• Modula o receptor ionotrópico GABA-A, aumentando o tempo de abertura dos canais de cloreto 
• Bloqueia as respostas excitatórias induzidas pelo glutamato no receptor AMPA 
• Em concentrações elevadas, bloqueia os canais de Na+ voltagem-dependentes 
• Em concentrações terapêuticas, inibe as descargas repetitivas de alta frequência dos canais de Na+ 
• Em concentrações elevadas, bloqueia algumas correntes de Ca2+ (tipos L e N) 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: >95% 
• Ligação a ptn: 20-45% 
• T ½: 50-120h 
• Excreção aumentada na urina alcalina (pois é uma molécula ácida) 
• É excretado de forma inalterada (não sofre metabolização) 
Toxidade: 
• Sonolência 
• Diminuição da capacidade motora 
• Depressão do SNC, ainda mais se associado com álcool ou outro depressor do SNC 
Primidona 
É um desoxibarbitúrico, sendo a “mãe” do Fenobarbital, uma vez que ele é derivado dessa molécula. Embora a 
Primidona seja convertida em Fenobarbital, seu mecanismo de ação é semelhante ao da Fenitoína (bloqueio dos canais 
de Na+). 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 100% 
• Ligação a ptn: 25% 
• T ½: 5-18h, mais 16h do metabólito ativo (PEMA) 
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@pedrojorgeantunes 
• Tempo para atingir o equilíbrio dinâmico (tss) = 2-3 dias (Primidona) e 1-4 semanas (PEMA) 
Toxicidade: 
Semelhante ao Fenobarbital. 
. 
Novos Anticonvulsivantes 
Imepitoína 
Derivado imidazolínico (ELB138). Atua como agonista parcial de baixa afinidade no sítio dos BZD no receptor 
GABA-A. Mostrou espectro amplo de atividade anticonvulsivante em vários modelos de convulsão e epilepsia, com 
baixa tendência à intolerância e dependência. Foi aprovada na Europa para tratar convulsões em cães. 
Ezogabina 
Mecanismo de ação: 
• Aumenta as correntes de K+, gerando hiperpolarização 
• Estudos in vitro mostraram aumento nas correntes mediadas pelo GABA 
Farmacocinética: 
• Rapidamente absorvido por via oral 
• Alimentos não interferem na absorção 
• 80% de ligação à albumina 
• T ½: 7-11h 
Toxicidade: 
• Tonteira 
• Sonolência 
Figura 1: Locais de ação dos anticonvulsivantes. 
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@pedrojorgeantunes 
• Fadiga 
• Confusão 
• Visão turva 
Levetiracetam 
É um análogo do Piracetam, com mecanismo de ação ainda não definido. Acredita-se que ele se ligue a 
glicoproteína da vesícula sináptica e iniba o canal de Ca2+ pré-sináptico. 
Farmacocinética: 
• Biodisponibilidade: 100% 
• Alimentos não interferem na absorção 
• Ligação a ptn: <10% 
• 2/3 do fármaco é excretado inalterado na urina 
• t ½: 6-8h 
Toxicidade: 
• Sonolência 
• Astenia 
• Tonteira 
Quando utilizar cada tipo? 
Convulsões Parciais Simples ou Complexas 
Anticonvulsivantes convencionais: 
• Carbamazepina • Fenitoína• Valproato 
Convulsões Parciais Secundariamente Generalizada por Convulsão Tônico-Clônica 
Anticonvulsivantes convencionais: 
• Carbamazepina 
• Fenobarbital 
• Fenitoína 
• Valproato 
• Primidona 
Qualquer Tipo de Convulsão Parcial 
Anticonvulsivantes recentes: 
• Brivaracetam 
• Eslicarbazepina 
• Ezogabina 
• Gabapentina 
• Lacosamida 
• Lamotrigina 
• Levetiracetam 
• Perampanel 
• Rufinamida 
• Tiagabina 
• Topiramato 
• Zonisamida 
Convulsões Generalizadas de Ausência 
Anticonvulsivantes convencionais: 
• Ethosuximida • Valproato • Clonazepam 
Anticonvulsivantes recentes: 
• Lamotrigina 
Convulsões Generalizadas Mioclônicas 
Anticonvulsivantes convencionais: 
• Valproato • Clonazepam 
Anticonvulsivantes recentes: 
• Levetiracetam 
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@pedrojorgeantunes 
Convulsões Generalizadas Tônico-Clônicas 
Anticonvulsivantes convencionais: 
• Carbamazepina 
• Fenobarbital 
• Fenitoína 
• Primidona 
• Valproato 
 
Anticonvulsivantes recentes: 
• Lamotrigina • Levetiracetam • Topiramato 
Anticonvulsivantes Indutores Enzimáticos 
É uma característica comum entre os anticonvulsivantes mais antigos o fato de ser um indutor enzimático, 
reduzindo seu próprio tempo de meia vida, além do de outros fármacos metabolizados pelo fígado. Os 
anticonvulsivantes que provocam indução enzimática são: 
• Carbamazepina 
• Fenitoína 
• Fenobarbital 
• Primidona 
Obs: O Valproato, que é outro anticonvulsivante clássico, é um inibidor de CYP, gerando efeito oposto dos 
indutores enzimáticos, ou seja, aumentando a concentração plasmática de fármacos metabolizados pelo fígado, 
podendo gerar intoxicação. 
Cannabis Medicinal 
Na década de 60, foram descobertos os primeiros indícios da eficácia do haxixe de cannabis sativa no tratamento 
de convulsões. Em estudos recentes, feitos pela Academia Americana de Neurologia, 137 pessoas utilizaram 
canabinóides por 12 semanas e 66,7% relataram diminuição na ocorrência das crises convulsivas. A partir desse e de 
outros estudos, vêm-se tentando aprovar o uso de cannabis sativa como tratamento em casos de epilepsia refratária, 
ou seja, paciente com epilepsia que não é responsivo a praticamente nenhum anticonvulsivante. 
Tipos de Epilepsias Refratárias 
Síndrome de Rett Clássica – Mutação do gene MECP2, pertencente ao cromossomo X (só ocorre em mulheres) 
Síndrome de Rett Atípica – Mutação do gene CDKL5 
Síndrome de Dravet – Mutação da subunidade alfa1 do canal de sódio voltagem dependente (SCN1A) 
Síndrome de Ohtahara – Associada a lesões cerebrais devido a malformação do SNC 
Síndrome de West – Associada a lesões focais e malformação cerebral difusa 
THC e CBD 
A partir da cannabis temos duas substâncias principais com propriedades farmacológicas, que são formadas 
após a descarboxilação, através do processo de aquecimento: 
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@pedrojorgeantunes 
∆9-THC – Substância psicoativa, que gera euforia e sedação. 
CBD – Substância com potencial terapêutico, apresenta 
propriedades de: antiemético, analgésico e anticonvulsivante. 
É importante saber que existe mais de um tipo de planta 
cannabis, e suas concentrações de CBD e THC diferem uma da outra: 
• Cannabis Sativa: CBD >>> THC 
• Cannabis Indica: THC >>> CBD 
• Cannabis Ruderalis: CBD > THC 
Receptores Canabinóides 
Existem dois receptores principais para canabinóides: CB1 
(expresso mais no SNC) e CB2 (expresso mais na periferia, 
principalmente em órgãos do sistema imune). 
∆9-THC é um agonista parcial de ambos os receptores, com 
alta afinidade. Enquanto isso, CBD apresenta baixa afinidade e até 
mesmo ação antagonista nos receptores CB1 e CB2. 
CBD é agonista dos receptores TRPV1 (promove analgesia) e 
5HT1A (promove redução da ansiedade). 
Os receptores CB1 e CB2 estão acoplados à proteína Gi, inibindo a enzima adenilato ciclase, o que promove a 
abertura dos canais de K+ e fechamento dos canais de Ca2+. 
Canabidiol 
No exterior, o produto é chamado de Sativex. No Brasil, se chama Mevatyl, mas é um pouco difícil de encontrar. 
Dose de 25 mg//mL de canabidiol (CBD) + 27 mg/mL de THC. É utilizado como spray, principalmente em crianças. 
Foi aprovado pela ANVISA em novembro de 2016. 
O único efeito tóxico que pode ocorrer a partir do uso de canabinóides é a lesão hepática, mas também só se 
houver uso crônico e intenso. 
 
Figura 2: Formação das moléculas de THC e CBD, 
derivadas da cannabis.

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