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Febre: Definição, Fisiopatologia e Tratamento

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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 
 
Febre 
DEFINIÇÃO 
É a elevação da temperatura corporal acima 
da faixa de normalidade (axilar, 37,5°; oral, 
37,8°C; retal, 38°C), associada ao aumento 
no ponto de ajuste hipotalâmico. Esta é a di-
ferença para a hipertermia, a qual não pro-
voca alteração no centro hipotalâmico. 
FISIOPATOLOGIA 
A febre ocorre pela ação de fatores pirogê-
nicos sobre o centro termorregulador do hi-
potálamo, elevando o limiar térmico e de-
sencadeando reações metabólicas de pro-
dução e conservação de calor (tremores, va-
soconstricção periférica, aumento do meta-
bolismo basal). Esse processo pode se dar 
por duas vias humorais: 
Via Humoral 1 – trata-se da ativação dos re-
ceptores TLR-4 na barreira hematoencefá-
lica pelos fatores exógenos (principalmente 
microrganismos). Tais pirogênios exógenos 
estimulam os leucócitos a liberarem pirogê-
nios endógenos, como IL-1 e TNF, que au-
mentam as enzimas (ciclo-oxigenases) res-
ponsáveis pela conversão do ácido araqui-
dônico em prostaglandina. No hipotálamo, a 
prostaglandina (principalmente a E2) pro-
move a ativação de receptores do núcleo 
pré-óptico, aumento o ponto de ajuste hipo-
talâmico. 
Via Humoral 2 – pode ser indireta ou direta. 
Quando indireta, as citocinas irão ativar os 
receptores TLR-4 na barreira hematoencefá-
lica, desencadeando toda a sequência da via 
humoral 1. Quando direta, as citocinas 
atuam diretamente no núcleo pré-óptico, 
aumentando o ponto de ajuste hipotalâ-
mico. 
Quando a temperatura ultrapassa o novo li-
miar, são desencadeados mecanismos de 
dissipação de calor que tendem a reduzi-la 
novamente. Na resposta febril, a termorre-
gulação é preservada, mantendo inclusive o 
ciclo circadiano: temperatura máxima entre 
16-20hs e mínima entre 4-6hs. 
Principais pirogênios endógenos: IL-1, IL-6, 
TNF e o IFN. Recentemente, também foram 
descritos a IL-8 e o MIP-1. 
SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS À FEBRE 
Estão envolvidos com as respostas metabó-
licas à ação dos pirogênicos. Podem ser ob-
servados calafrios, piloereção, extremidades 
frias, posição fetal, taquicardia, taquipneia, 
taquisfigmia, delírios, oligúria, náusea e vô-
mito, convulsões, delírios e confusão men-
tal, astenia, inapetência e cefaleia, sudorese. 
Características semiológicas da febre: início, 
intensidade, duração, modo de evolução e 
término. 
→ Início – súbito ou gradual; 
→ Intensidade – leve (até 37,5ºC), moderada 
(37,6-38,5ºC) ou alta (acima de 38,5ºC). 
→ Duração – recente (menos de 7 dias) ou 
prolongada (mais de 7 dias). 
→ Modo de evolução 
 Febre Contínua: permanece sempre 
acima do normal com variações de até 
1 grau, sem grandes oscilações. 
 Febre Irregular ou Séptica: picos muito 
altos intercalados com baixas tempera-
turas ou apirexia, sem nenhum caráter 
cíclico nessas variações. 
 Febre Remitente: há hipertermia diária 
com variações de mais de 1 grau, sem 
períodos de apirexia. 
 Febre Intermitente: a hipertermia é ci-
clicamente interrompida por um perí-
odo de temperatura normal. Pode ser 
cotidiana, terçã (um dia com febre e ou-
tro sem) ou quartã (um dia com febre e 
dois sem). 
 Febre Recorrente ou Ondulante: sema-
nas ou dias com temperatura corporal 
normal até que períodos de tempera-
tura elevada ocorram. Durante a fase 
de febre não há grandes oscilações. 
 
 
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TRATAMENTO 
O foco deve ser tratar a causa da febre. Con-
tudo, o tratamento da febre pode controlar 
outros sintomas e, por isso, a indicação para 
o uso de medicamentos antipiréticos tam-
bém é válido. 
Dipirona – não possui ação anti-inflamatória; 
é um potente antitérmico e analgésico. 
(500mg-1g/dose até 4x/dia). 
Paracetamol – mais utilizada; tem ação anti-
térmica, anti-inflamatória e analgésica; pos-
sui risco de hepatotoxicidade (se fizer uso de 
>4g/dia). Recomenda-se 500mg-1g/dose até 
4x/dia.

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