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Emergências Clínicas - 7º semestre - Medicina UNIFTC Nícia Torres Estrela Insuficiência Respiratória Aguda: DEFINIÇÃO: Síndrome que incapacita o organismo em realizar as trocas gasosas de forma adequada, de instalação aguda, decorrente da disfunção em um ou mais componentes do sistema respiratório (parede torácica – pleura e diafragma, vias aéreas, alvéolos, circulação pulmonar, sistema nervoso central e periférico). FISIOLOGIA: Pulmão: regula as trocas gasosas, ofertando O2 ao sangue e tecidos, além de remover o CO2 produzido pelo metabolismo celular Transporte de O2 no sangue: ● Dissolvido no plasma (pouco): devido a sua baixa solubilidade ● Ligado à molécula de hemoglobina (mais importante): maioria das vezes a hemoglobina está saturada de O2, nas condições normais (SatO2) Curva de saturação da hemoglobina: → Relação entre a SatO2 e a pressão parcial de O2 (PaO2) → O gráfico demonstra que mesmo caindo os níveis de SatO2, ainda continua ofertando O2 para os tecidos → Desvio da curva para direita (efeito Bohr): aumento de tudo (temperatura, PaCO2 ou de H+ - acidez ou 2,3-difosfoglicerato). Facilita liberação de O2 aos tecidos. Oxigênio inspirado: sai dos alvéolos pulmonares para a corrente sanguínea nos capilares pulmonares. Se ↓ PaO2 na corrente sanguínea: quimiorreceptores do seio carotídeo estimulam a ventilação para aumentar a oferta de O2 nos pulmões e consequentemente na corrente sanguínea. Áreas com ↓ PaO2 alveolar: vasoconstrição hipóxica (desvia o sangue para áreas mais ventiladas) Capacidade de fornecer oxigênio aos tecidos: DO2 = CaO2 × Q ● CaO2 (conteúdo arterial de oxigênio): função da hemoglobina e de sua saturação por oxigênio ● Q: débito cardíaco. Anemias profundas: reduzem a oferta de O2 (dependente da hemoglobina, da SatO2 e da PaO2), mas estimula as células peritubulares renais a produzirem eritropoietina (dias a semanas para produção). Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela CO2: produto do metabolismo celular Eliminação de CO2: ● Corrente sanguínea → capilares alveolares → expiração ● Excreção renal: CO2 + H20 → H2CO3 → H+ e HCO3- Transporte do CO2 no sangue (PaCO2): altamente solúvel. ● Bicarbonato (70-85%) ● Dissolvido (5-10%) ● Ligado a hemoglobina (10-20%) PaCO2 ● Normal: 35-45 mmHg ● Elevado: ↑ ventilação → ↑ eliminação no pulmão ○ Se ventilação alveolar prejudicada: hipercapnia OBS: exalação adequada do CO2 é essencial para manutenção do pH plasmático em níveis adequados (caso contrário, ativa mecanismos de compensação) AVALIAÇÃO DA OXIGENAÇÃO: Saturação de oxigênio (SatO2): avalia a proporção de hemoglobina ligada ao O2 ● Mensuração não invasiva: oximetria de pulso (mais comum) ○ Normal: > 95% em repouso. Pacientes com doenças pulmonares crônicas o limiar pode ser menor (88-92%) ● Mensuração invasiva: gasometria arterial Pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2): reflete a concentração de oxigênio dissolvido no plasma. ● Mensuração: gasometria arterial. PaO2 mmHg normal > 80 Gradiente alvéolo-arterial de oxigênio [G (A-a)]: diferença entre a concentração de oxigênio alveolar (PAO2) e a concentração de oxigênio arterial (PaO2) ● G (A-a) = PAO2 - PaO2 ● Pode auxiliar na diferenciação da hipoxemia devido a hipoventilação alveolar difusa ou trocas gasosas por condições pulmonares intrínsecas. ● G (A-a) normal: valor varia de acordo com a fonte de suplementação de O2 (os mais fidedignos são o ar ambiente, ventilação mecânica e uso de máscara não reinalante). Geralmente é < 10 mmHg. ○ G (A-a) normal + hipoxemia: sugere hipoventilação alveolar (uso de sedativos/opiodes, doenças neuromusculares). ● G (A-a) elevado: sugere alterações no processo de oxigenação (efeito shunt, distúrbio V/Q e alterações na barreira de troca). Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela PaO2 /FiO2: relação utilizada durante a ventilação mecânica invasiva. ● Valores normais: 300-500 mmHg. ● Distúrbio da troca gasosa: valores < 300 mmHg; ● Hipoxemia grave: valores < 200 mmHg. CLASSIFICAÇÃO: Tipo 1 ou hipoxêmica (PaO2 < 60 mmHg): Incapacidade do organismo em oxigenar o sangue. ● Distúrbio V/Q ● Distúrbio shunt intrapulmonar. Distúrbio V/Q: ● Condições fisiológicas: a ventilação e a perfusão são maiores nas bases do que nos ápices pulmonares ● Vasoconstrição hipóxica: fenômeno compensatório de distúrbios pulmonares que acarretam desbalanço da relação ventilação/perfusão ● Hipoxemia com elevação do gradiente A-a: ocorre quando mecanismos compensatórios intraparenquimatosos são insuficientes, mas tende a ser corrigida com administração de O2 suplementar. Pode ocorrer: ○ Efeito shunt: alvéolos ventilados, mas não perfundidos; ○ Efeito espaço morto: alvéolos perfundidos, mas não ventilados. Shunt intra e extrapulmonar: forma extrema de distúrbio ventilação/perfusão. ● Shunt intrapulmonar: distúrbio grave da troca gasosa → o sangue perfunde o pulmão, mas não é oxigenado devido aos alvéolos colapsados ou preenchidos por fluido ou material inflamatório ○ Ex: síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é um tipo de shunt intrapulmmonar direita-esquerda Como diferenciar os distúrbios? Administração de oxigênio em alto fluxo (100%) ● Distúrbio V/Q: o O2 corrige a hipoxemia ● Shunt: o O2 pouco corrige a hipoxemia, ou a correção é ausente. Mecanismos menos frequentes que podem cursar com hipoxemia: ● Difusão de gases prejudicada por espessamento da membrana alvéolo-capilar: aumento do G (A-a) e consequente hipoxemia induzida por esforço ou até em repouso em circunstâncias de extenso acometimento parenquimatoso. ● Hipoventilação alveolar (causa de IRespA tipo 2): ocasionada por situações que diminuem a ventilação ou expansibilidade da caixa torácica, como intoxicações por depressores do SNC e redução da complacência da caixa torácica (cifoescoliose, queimadura elétrica torácica circunferencial, aumento do volume abdominal). Gradiente A-a é normal ● Baixa pressão inspirada de oxigênio (PiO2 ): ocorre em altas altitudes em condições fisiológicas (a fração de O2 no ar atmosférico continua em 21%, mas a pressão parcial de O2 se reduz devido à rarefação do ar. Também pode ocorrer devido à diminuição ou interrupção de fornecimento de O2 ao paciente. Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela ○ Pacientes com DPOC: PaO2 basal pode ser < 60 mmHg. Considerar IRespA PaO2 < 10% o valor basal. Tipo 2 ou hipercápnica (PaCO2 > 50 mmHg e PaO2 < 60 mmHg) Definida como uma elevação na pressão parcial de CO2 tecidual (PaCO2) Níveis de CO2 arterial: ● Diretamente proporcionais à taxa de produção de CO2 tecidual (VCO2) ● Inversamente proporcionais à taxa de eliminação do CO2 pelos alvéolos (ventilaçãoalveolar) Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela Ventilação alveolar (Va): volume minuto expirado proveniente de áreas pulmonares perfundidas. É determinada pelo volume minuto expirado (Ve) e a razão entre o espaço morto (Vd) e o volume corrente (Vt). ● PaCO2 = (k) × VCO2/[VE (1 – VD/VT)] ● ↑ PaCO2: tanto por ↑ da produção (ex: sepse, grandes queimados, febre) quanto por ↓ da excreção de CO2 Espaço morto: áreas pulmonares que não realizam trocas gasosas (ventiladas, mas não perfundidas). ● Anatômico: entre as vias aéreas superiores e os bronquíolos terminais (o O2 e o CO2 não podem ser trocados). ● Alveolar: reflete áreas alveolares que são ventiladas, mas com perfusão diminuída ou ausente. É o inverso do shunt (áreas não ventiladas, porém perfundidas). ○ Aumento do espaço morto alveolar: principal mecanismo de hipercapnia em pacientes com doenças pulmonares (DPOC, fibrose intersticial, vasculites pulmonares). ● Fisiológico: espaço morto anatômico + espaço morto alveolar Principal causa de hipercapnia: redução do volume minuto alveolar. ● DPOC: protótipo de doença associada a aumento da PaCO2, causado por hipoventilação alveolar e não propriamente a redução do volume minuto. ○ Exacerbação de DPOC: padrão respiratório rápido e superficial → ↑ relação espaço morto fisiológico/volume corrente → ↑ geral na ventilação minuto + ↓ ventilação alveolar (hipoventilação relativa). ● Depressão do centro respiratório medular secundário a drogas ● Obstrução de grandes vias aéreas ● Restrição aos pulmões ou à caixa torácica ● Fraqueza de musculatura respiratória ● Trauma craniano ● Hemorragia intracraniana Mista: Associação do Tipo 1 com o Tipo 2 Exemplo: casos de pacientes com IRespA tipo I (hipoxêmica) que, na tentativa de compensação de hipoxemia (fase avançada da doença), evoluem com fadiga da musculatura respiratória, evoluindo com hipercapnia importante. ETIOLOGIAS: Tipo 1 (hipoxêmica): ● Infecções (bactérias, vírus, fungos); ● Edema agudo de pulmão cardiogênico (elevação da pressão hidrostática); ● Edema agudo de pulmão não cardiogênico; ● Lesão pulmonar/SDRA; ● Embolia pulmonar; ● Atelectasia; ● Fibrose pulmonar/intersticiopatias; ● Hemoptise; ● Neoplasias; ● Traumáticas: contusão pulmonar Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela Tipo 2 (hipercápnica): ● Asma; ● Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); ● Medicações depressoras do SNC: opioides, barbitúricos, benzodiazepínicos; ● Doenças neuromusculares: Guillain-Barré, miastenia gravis, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica; ● Transtornos do SNC: neoplasias, infecções, trauma, AVC, elevação da pressão intracraniana; ● Metabólicos: hipoglicemia, hipercalcemia, hipernatremia, hiponatremia; ● Síndrome hipoventilação da obesidade Mista: ● Deformidades da caixa torácica (p. ex., cifoescoliose) com infecção pulmonar; ● Exacerbação DPOC/asma grave; ● Politrauma (traumatismo cranioencefálico + trauma torácico); ● IRespA evoluindo com fadiga muscular; ● Intoxicação por droga depressora do SNC e broncoaspiração Outras: ● Obstrução/lesão de vias aéreas superiores ○ Infecções (laringites/epiglotite) ○ Trauma ● Distúrbios tórax/pleura/pele ○ Esclerodermia ○ Pneumotórax/derrame pleural ○ Queimadura elétrica torácica circunferencial ● Choque ○ Hipovolêmico ○ Hemorrágico Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO: Diagnóstico: clínico (identificação de um quadro respiratório com dispneia intensa, hipoxemia e/ou hipercapnia, uso de musculatura acessória da respiração, sudorese, cianose e outros). Não é possível definir um valor determinado de hipoxemia que represente risco a todos os pacientes. Sinais/sintomas da etiologia: cardíaca (edema de membros inferiores, hepatomegalia), pulmonar (tosse, expectoração, sibilos), neurológica (fraqueza muscular, ptose palpebral), sepse (febre, foco de infecção). ● Alterações neurológicas: são esperadas quando a PaO2 cai rapidamente a níveis < 45 mmHg (SatO2 aproximada de 80%), com possível perda de consciência < 30 mmHg. ● Outros sinais: sibilância (broncoespasmo – asma ou DPOC), crepitações (preenchimento alveolar – consolidações ou edema agudo pulmão) ou ainda ↓ murmúrio vesicular (pneumotórax, derrames pleurais). Sinais/sintomas da hipoxemia/hipercapnia/hipóxia tissular: cefaleia, confusão mental, cianose. ● Alterações de sinais vitais ( FC, FR e PA): não são indicadores fidedignos de hipoxemia em níveis tão baixos de SatO2 quanto 70%, mas podem ser secundárias à condição causadora da IRespA do que propriamente à hipoxemia. ● Cianose central: níveis séricos de desoxi-hemoglobina > 4 g/dL → sinal tardio de hipoxemia e mais tardio ainda em anemia. ● Insuf. Resp. hipercápnica (do tipo 2): pode se apresentar de forma mais sutil. Paciente eupneico ou bradipneico, menos frequente a taquipnéia (e menos proeminente, se presente). Sinais/sintomas da compensação cardiorrespiratória: taquicardia, taquipneia, sudorese, sinais de uso de musculatura acessória [batimento de asa de nariz, tiragem intercostal, retração de fúrcula e, em casos mais graves, respiração paradoxal (fadiga da musculatura diafragmática)]. ● Taquipneia: alteração no exame físico mais frequente (FR > 20 ipm), principalmente naqueles com IRespA hipoxêmica. MANEJO: Depende da natureza (etiologia) e das consequências da IRpAguda. Ele será direcionado: Para a causa básica: ● Antibioticoterapia (pneumonia e sepse); ● Manobras de reexpansão pulmonar (atelectasias); ● Corticoides e broncodilatadores (DPOC e asma); ● Drenagem pleural (pneumotórax hipertensivo ou derrame pleural extenso); ● Inotrópicos/vasodilatadores (manejo da insuficiência cardíaca); ● Etc. Correção do distúrbio gasométrico: ● Distúrbios de troca gasosa (hipoxemia): oxigenoterapia; ● Distúrbios ventilatórios: ventilação mecânica. Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela Eletrocardiograma: ● Avalia paciente crítico ● Auxiliar na pesquisa de doenças cardiológicas levando a insuficiência respiratória (ex: síndrome coronariana aguda, sinais de isquemia ou infarto, etc) Raio-x de Tórax: ● Auxilia na identificação etiológica; ○ Achados de causa: infiltrados bilaterais, consolidações, sinais de bronquiectasias, contusão pulmonar ○ Achados de possíveis complicações associadas: pneumotórax, derrame pleural, hemotórax ● Praticidade e disponibilidade: pode fazer no leito da sala de emergência, após estabilização do paciente. D-dímero: ● Auxilia na exclusão de embolia pulmonar como etiologia da Insuf. Resp. em pacientes suspeitos de embolia pulmonar de baixo risco (escore Wells modificado ≤ 4) ● Auxilia no diagnóstico diferencial de dores torácicas associadas a quadros de Insuf Resp ● Exclui dissecção de aorta como etiologia Gasometriaarterial: ● Classifica a IRespA em tipo 1 e tipo 2; ● Avalia a gravidade da hipoxemia ○ Hipoxemia grave: relação PaO2/FiO2 < 200 mmHg ● Auxilia a distinguir o tempo de evolução da IRespA tipo 2 (aguda, crônica ou crônica agudizada) ○ Acidose respiratória crônica compensada: PaCO2 elevada (45 mmHg) e pH normal ou próximo ao normal (pH 7,33-7,35) – secundária compensação renal ○ Acidose respiratória aguda ou crônica agudizada: PaCO2 acima do limite e acidemia (pH < 7,35). ○ Acidose respiratória crônica agudizada: pH é inferior ao predito. ● Permite realizar o cálculo do G (A-a): ○ ↑ PaCO2 (> 45 mmHg) e um gradiente A-a normal: hipoventilação global. ○ ↑ PaCO2 e ↑G (A-a): doença pulmonar intrínseca que possa contribuir para a IRespA. Tomografia (TC) de tórax: em pacientes previamente estáveis ● Apresenta sinais que auxiliem na identificação da etiologia da IRespA, assim como edema agudo de pulmão, doença pulmonar crônica (intersticiopatia, DPOC, bronquiectasias), pneumotórax etc. Cintilografia ventilação/perfusão (V/Q): pode auxiliar no diagnóstico de TEP em pacientes que não possam utilizar contraste devido à disfunção renal ou alergia. Capnografia: mensura o CO2 expirado (EtCO2 ). ● Fisiologicamente: EtCO2 é um pouco mais baixo que a PaCO2 arterial (até 6 mmHg) devido ao es-paço morto fisiológico. ● Aumento no espaço morto: alargamento no gradiente entre PaCO2 e EtCO2 ● Monitorização utilizada em pacientes submetidos a intubação orotraqueal. ● Melhor ferramenta para se confirmar posicionamento de cânula orotraqueal na via aérea e se excluir intubação esofágica. ● Auxilia na avaliação da eficácia das compressões torácicas e retorno à circulação espontânea em pacientes com PCR. Ultrassonografia de tórax: Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela ● Protocolo BLUE (Bedside Lung Ultrasound in Emergency): duração de execução estimada < 3 minutos, a ser realizada logo após o exame clínico. Acurácia geral de 90,5% no diagnóstico das condições mais frequentes relacionadas à IRespA (edema pulmonar, TEP, pneumonia, pneumotórax e DPOC e asma exacerbada). TRATAMENTO: Objetivo: manutenção fisiológica do sistema respiratório (prover oxigenação suficiente aos tecidos e a remoção do CO2 de forma adequada, até que a causa básica que levou à IRespA seja controlada). ● IMPORTANTE saber a etiologia 1ª etapa: ABCDE (Airway/Brea-thing/Circulation/Disability/Exposure) Airway (vias aéreas): ● Obstrução alta: laringoscopia ou broncoscopia para remover o corpo estranho ● Obstruções glóticas ou infraglóticas: cricotireoidostomia ou traqueostomia podem ser necessárias ● Via aérea pérvia: prosseguir para o próximo passo Breathing (respiração): ● Intubação orotraqueal se: via aérea pérvia, mas sem respiração espontânea e/ou com rápida deterioração clínica, comprometimento orgânico e/ou ausência de reflexo faríngeo/proteção de via aérea ● Suplementação de O2 em hipoxêmicos: pacientes com vias aéreas pérvias e com respiração espontânea que precisam corrigir a oxigenação de forma adequada. ● Reavaliação da oxigenação: oximetria de pulso e gasometria arterial ○ SatO2 > 94%: não há indicação de suplementação de O2 ○ SatO2 88-92%: ideal para pacientes em risco de hipercapnia, pois há possibilidade de depressão respiratória secundária a elevações agudas na PaO2 ■ DPOC moderada a grave, deformidades da caixa torácica ou da coluna vertebral (cifoescoliose), doença neuromuscular, obesidade mórbida, bronquiectasias e fibrose cística. Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela SUPORTES DE O2: Cateter nasal de O2 (CN O2): utilizado para casos sem necessidade de altos fluxos de oxigênio (IRespA sem shunt ou para pacientes com doenças pulmonares crônicas que necessitem de baixa FiO2) ● Baixo fluxo: 0,5-6 L/min ● Baixa concentração de O2: aumentos de 1 L/ min tendem a elevar a FiO2 em 3 a 4% Máscara de Venturi: indicada quando se necessita titular de forma adequada a FiO2 ● Fluxos de O2 moderados ● Concentrações variáveis e tituláveis de O2 ● Mistura entre o O2 e o ar ambiente: propiciando níveis precisos de FiO2 – de 24 a 50% Máscara facial com reservatório: ● Alto fluxo de O2 ● Alta concentração de O2 (FiO2 90-100%) ● Indicações principais: IRespA hipoxêmicas graves (SDRA, pneumonia grave) Dispositivo bolsa-máscara-válvula: ● Alto fluxo de O2: 15 L/min ● Alta concentração de O2 ● Indicações: parada respiratória e prover ventilações Cânula nasal de alto fluxo: ● Fornece O2 aquecido e umidificado - dispositivos especiais ● Alto fluxo: 60 L/min (adultos) → gerando uma pequena pressão positiva nas vias aéreas superiores ● FiO2 conforme a titulação de O2 ● Melhor tolerância e conforto em comparação com dispositivos de VNI ● Indicações: pacientes que necessitam de VNI, porém apresentam baixa tolerância ao dispositivo associado e não têm risco de hipercapnia Ventilação não invasiva (VNI): ventilação com pressão positiva mediada por uma interface (nasal, oronasal, máscara facial e capacete). Pressão inicial inspiratória de 8-12 cmH2 O e expiratória de 3-5 cmH2 são mais bem toleradas. ● Indicações: insuficiência respiratória aguda hipoxêmica; exacerbação de DPOC associada com IRespA hipercápnica (PaCO2 > 45 mmHg e pH < 7,3); na ausência de indicação de intubação orotraqueal imediata e de contraindicações à sua instituição. ● Modos: Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela ○ CPAP (continuous airway pressure): pressão positiva contínua nas vias aéreas (o paciente respira espontaneamente e a ventilação oferece uma pressão contínua durante todo o ciclo respiratório). Oferece alta concentração de O2 e altos fluxos de O2 . ■ Indicações: correção de hipoxemia (ex: edema agudo de pulmão cardiogênico) ○ BiPAP (bilevel positive airway pressure): oferece tanto pressão inspiratória (IPAP) quanto expiratória (EPAP). Indicado em pacientes que se apresentam com hipoventilação, como exemplo, DPOC exacerbado, nos quais não se indica CPAP. ● Pacientes beneficiados: ○ DPOC exacerbado com acidose respiratória (pH < 7,3 e PaCO2 > 45 mmHg): quanto menor o pH, maior o risco de falha da VNI ○ Edema agudo de pulmão cardiogênico; ○ Pacientes imunossuprimidos em IRespA tipo 1 ○ Prevenção de falência respiratória pós-extubação em pacientes de alto risco ( > 65 anos, com APACHE II > 12 no dia da extubação, insuficiência cardíaca ou doença pulmonar crônica). ● Complicações: é uma estratégia segura, sendo as complicações relacionadas à utilização da máscara apertada (lesões de pele, irritação ocular, dor nos seios da face) e distensões gástricas podem ocorrer (pressões inspiratórias muito elevadas) ● Elevação da pressão inspiratória (10-20 cmH2O): deve levar em consideração a tolerância do paciente, alívio da sensação de dispneia, diminuição da frequência respiratória e análise do volume corrente, assim como asincronia entre paciente e ventilador. REAVALIAR CONSTANTEMENTE!!! ● Observar o padrão respiratório e o nível de consciência; ● Monitorizar a oximetria de pulso; ● Coletar de gasometria arterial de controle (1-2 horas após início da VNI ou conforme julgamento clínico) ○ Pacientes com acidose respiratória: a melhora do pH e da PaCO2 são fortes pressupostos de sucesso da VNI. CASO DE PIORA: do quadro respiratório, instabilidade hemodinâmica, rebaixamento do nível de consciência, agitação, inabilidade de proteger vias aérea, dessaturação ou piora gasométrica → INTUBAÇÃO IMEDIATA (interpreta-se como falência do uso da VNI) VM invasiva: ● Indicações para intubação traqueal: ○ Obstrução de vias aéreas; ○ Incapacidade de expectoração/eliminação de secreções respiratórias (tosse ineficaz); ○ Perda/incapacidade de proteção de vias aéreas; ○ Insuficiência respiratória aguda propriamente dita (hipoxêmica ou hipercápnica). ● PEEP/CPAP: Duas funções principais: ○ Em VMNI: reduzir o auto-PEEP em pacientes com DPOC descompensado, diminuindo o desgaste da musculatura respiratória (e minimizando a fadiga diafragmática) e evitando a necessidade de IT/VM invasiva. ○ Em VM Invasiva: Impedir/reduzir o colapso alveolar (atelectasias, SARA). PEEP = Positive End-Expiratory Pressure = Pressão Expiratória Final Positiva CPAP = Continuous Positive Airway Pressure = Pressão Positiva Contínua de Vias Aéreas Emergências Clínicas Nícia Torres Estrela Referências: - Medicina de Emergência - FMUSP - 13ª edição - Manual de Medicina Intensiva / AMIB - Atheneu
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