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Biofilme dental

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Isabela Trarbach Gomes 
Periodontia 
Biofilme Dental 
 
▪ CONSIDERAÇÕES MICROBIOLÓGICAS 
 
▪ Em 1 mm³ de biofilme dental pesando 1 mg estão presentes cerca de 108 de bactérias. 
▪ Hipótese da placa inespecífica: visão que toda a massa biológica (bacteriana) estava 
relacionada na destruição periodontal (Theilade et al, 1986). 
▪ Hipótese da placa específica: visão da periodontite sendo causada por patógenos 
específicos e porque nem toda gengivite evolui invariavelmente para um periodontite 
(Loesche, 1979). 
▪ Infecção: multiplicação de um microorganismo nos tecidos do corpo. 
▪ A grande maioria dos MO provenientes da placa periodontopatogênica também é 
encontrada em menores proporções em sítios saudáveis, portanto, eles podem ser 
considerados patógenos oportunistas. 
 
▪ INTRODUÇÃO GERAL À FORMAÇÃO DA PLACA 
 
Os biofilmes dentais são uma comunidade microbiana imersa em matriz extracelular de polímeros 
derivados dos microorganismos e do hospedeiro que está aderida aos dentes e às estruturas não 
renováveis na cavidade bucal. 
Os microorganismos não se depositam nas superfícies dentais ou de materiais restauradores de uma 
forma aleatória, mas apresentam-se organizados do ponto de vista estrutural e funcional possuindo 
uma série de interações entre si e com o meio bucal. 
A estrutura dos biofilmes facilita o processamento, a distribuição e a absorção de nutrientes. A 
matriz extracelular abriga um sistema circulatório primitivo que permeia o interior do biofilme e 
proporciona troca de nutrientes, metabolitos e moléculas entre as diferentes colônias. 
A heterogenicidade fisiológica dos biofilmes é por conta de microambientes específicos 
decorrentes do metabolismo microbiano. Gradientes localizados em parâmetros críticos para o 
crescimento como pH, oxigênio e nutrientes levam ao desenvolvimento de estratificações verticais 
e horizontais no biofilme, além disso, requer que as espécies que ali crescem tenham características 
aparentemente contraditórias do ponto de vista fisiológico, metabólico e de crescimento. 
A resistência à antimicrobianos apresentada pelas bactérias que habitam o biofilme está 
relacionada com a matriz de extrapolissacarídeos que tem mecanismos próprios. Os íons ou 
agentes químicos altamente reativos podem ser neutralizados antes de atingir as camadas mais 
profundas do biofilme porque a matriz intermicrobiana funciona como uma resina em que ocorrem 
trocas iônicas. Além disso, enzimas extracelulares podem ser represadas e mantidas em altas 
concentrações na matriz, o que inativa a ação de alguns antimicrobianos. 
 
Isabela Trarbach Gomes 
A comunicação entre as espécies que compõem o biofilme é essencial para a comunidade 
microbiana. A comunicação intercelular (quórum sensing) é dependente da densidade celular e 
ocorre a partir da expressão componentes sinalizadores regulados geneticamente pelas bactérias. 
O estabelecimento de uma comunidade clímax no biofilme traz autonomia e independência a toda 
sua estrutura, tornando-se autossustentável. O biofilme maduro exerce proteção contra a invasão 
por microorganismos exógenos. As comunicações entre o microorganismos do biofilme fazem com 
que as microcolônias que ali habitam não sejam vistos como vizinhos passivos e isolados. 
Perturbações ambientais podem ter reflexo na composição do biofilme → aspectos relacionados à 
dieta, como sua consistência e composição, composição salivar, rugosidade superficial e presença 
de inflamação gengival são fatores que levam a alterações no meio ambiente. 
A presença de gengivite acelera a formação do biofiome dental supragengival. 
 
▪ FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS BIOFILMES DENTAIS: 
Biofilme supragengival: 
O processo de formação inicia com a colonização bacteriana da película adquirida, realizada por 
bactérias que conseguem aderir a ela → conhecidos como colonizadores primários ou iniciais. 
Na sequência ocorre a coadesão de novas bactérias àquelas já adquirida→ conhecidos como 
colonizadores secundários. 
Além disso, ocorre o início da formação de microcolônias que aumenta a massa do biofilme e facilita 
que microorganismos sem a capacidade de aderência consigam interagir com a comunidade por 
agregação 
 
 
O biofilme supgragengival maduro é uma comunidade clímax que é quando a população 
de espécies microbianas atinge estabilidade e equilíbrio. O aumento do biofilme em 
volume e em composição passa a ser resultado da interação entre os fatores ecológicos 
do ambiente e a comunidade microbiana do biofilme 
Isabela Trarbach Gomes 
 
 
Socransky demonstrou que a associação bacteriana nos biofilmes não é aleatória, e cada espécia 
bacteriana tem seus parceiros para interação. 
Ao todo são seis complexos, sendo que o amarelo, púrpura, azul e verde reúnem espécies que 
estão presentes na colonização inicial. Essas bactérias fornecem receptores e criam condições 
ecológicas para bactérias do complexo laranja que precedem as espécies do complexo vermelho 
e criam condições para elas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isabela Trarbach Gomes 
. 
 
 
 
A relação entre o ambiente e as espécies é dinâmica, sendo assim, as alterações ambientais 
podem mudar a competitividade de algumas espécies, o que pode resultar em benefício 
considerável a uma parcela minoritária da comunidade ou em perda do domínio pelas espécies 
predominantes. 
A alteração da microbiota em direção a maiores números e proporções de microorganismos 
anaeróbios e proteolíticos pode ser explicada pela resposta dos biofilmes subgengivais às 
alterações das condições locais e pela resposta inflamatória do hospedeiro → como sugerido na 
hipótese da placa ecológica, 
O fluido gengival gerado a partir da resposta ao acúmulo do biofilme possui componentes do 
sistema de defesa e uma série de nutrientes que favorecem o crescimento de microorganismos 
com metabolismo proteolítico. Por conta desse metabolismo há aumento de pH local e redução 
no potencial redox e assim os microorganismos proteolíticos predominam no biofilme. 
O crescimento do biofilme supragengival, por estar em contato com a cavidade bucal, está sujeito 
a abrasões intensas por sofrer influência direta da saliva, língua, fala e mastigação, além disso, há a 
ação dos componentes de defesa da saliva como imunoglobulina A, lactoferrina, lisozima e 
peroxidases que tem propriedades antimicrobianas e agem de maneira sinérgica para limitar a 
colonização e crescimento do biofilme supragengival. 
O biofilme subgengival beneficia-se da proteção oferecida pela sua localização, visto que os 
tecidos periodontais o protegem das condições adversas encontradas no ambiente supragengival. 
Os principais limitantes do crescimento do biofilme subgengival são o espaço exíguo e a ação do 
sistema de defesa. O fluido gengival, apesar de ser uma fonte rica em nutriente contém 
componentes dos sistemas de defesa inato e adaptativo do hospedeiro, que auxiliam na 
prevenção da disseminação da infecção periodontal. 
A colonização do ambiente subgengival pelo biofilme pode ocorrer tanto a partir do crescimento 
deste em direção a área sulcular, bem como a partir da cobertura deste biofilme pelo edema da 
margem da gengiva. Já nos estágios iniciais do biofilme supragengival existe uma resposta 
inflamatória na área dentogengival acompanhado de edema; 
 
 
 
 
As bactérias do complexo vermelho apresentam-se em maior número quando há sinais clínicos de 
inflamação subgengival. As bactérias Tannerella forsythia, Porphyromonas gingivalis e Treponema 
denticola integrantes do complexo vermelho são reconhecidas como os principais 
microorganismos envolvidos com o processo inflamatório que leva à perda de inserção 
periodontal

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