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Hepatites virais 1. Vírus da hepatite A HAV é um vírus não envelopado com genoma RNA de fita simples. A via de infecção é fecal-oral, por consumo de alimentos e água contaminados. Após a ingestão, o vírus alcança a corrente sanguínea pelo revestimento epitelial do intestino e chega ao parênquima hepático. Ocorre replicação nos hepatócitos e liberação na bile que seguirá até as fezes (10 dias antes de manifestação de sintomas). Síndromes clínicas: • Hepatite A: os sintomas se devem à ação do sistema imunológico (células NK, T CD8, anticorpos e complemento) sobre os hepatócitos infectados. A doença é mais leve em que crianças do que em adultos e cursa com elevação de enzimas hepáticas séricas (AST, ALT, fosfatase alcalina, gamaglutamiltransferase), icterícia, colúria, acolia fecal, prurido, dor abdominal, febre, desânimo, fadiga, náusea e perda de apetite. Após 3 semanas da ingestão do vírus, IgM anti-HAV é detectável no soro. A partir da 5ª semana, aparece IgG anti-HAV. 99% dos pacientes se recuperam e a imunização por IgG anti-HAV é duradoura GRUPOS DE RISCO: profissionais de saúde, crianças e funcionários de creches • Hepatite A fulminante: ocorre em 1 a cada 1000 casos de infecção por HAV, com taxa de mortalidade de 80% Prevenção: Evitar consumo de água e alimentos possivelmente contaminados (em especial, frutos do mar). Lavagem das mãos. Profilaxia com globulina sérica imune antes ou logo no início do período de incubação (eficácia de 80-90%). Vacina contra HAV. 2. Vírus da hepatite B HBV é um vírus envelopado com genoma DNA. A transmissão se dá por relação sexual (fluidos vaginais e sêmen), contato com sangue (principalmente por abuso de drogas injetáveis e transfusão) e através do parto. O vírus possui tropismo específico para o fígado e o DNA se integra aos cromossomos dos hepatócitos. A infecção é, inicialmente, assintomática na maior parcela dos casos (período de latência). A imunidade mediada por células e a inflamação são responsáveis pelo aparecimento dos sintomas. 90% dos casos de infecção por HBV tem resolução espontânea, às vezes com sintomas leves como icterícia e liberação de enzimas hepáticas ANTÍGENOS: HBsAg, HBcAg e HBeAg GRUPOS DE RISCO: habitantes da África e China, recém-nascidos de mães infectadas, usuários de drogas injetáveis, indivíduo com múltiplos parceiros sexuais, hemofílicos, profissionais de saúde, pacientes institucionalizados, transplantados e renais crônicos Síndromes clínicas: • Hepatite fulminante: cursa abruptamente com ascite e hemorragia, indicando dano hepático grave. Ocorre em 1% dos casos e é potencialmente fatal • Hepatite B aguda: possui período longo de incubação e início insidioso. Os sintomas são febre, mal-estar e anorexia, seguidos de vômitos, desconforto abdominal, icterícia, colúria, acolia fecal e prurido DIAGNÓSTICO: HBsAg + ; IgM anti-HBc + • Hepatite B crônica: geralmente oligossintomática. O maior risco é a evolução para cirrose (destruição contínua do parênquima hepático leva a fibrose e perda da arquitetura lobular e falência hepática) e carcinoma hepatocelular DIAGNÓSTICO: HBsAg + por mais de 6 meses ; anti-HBc total + DIAGNÓSTICO DE ESTADO DE PORTADOR: HBsAg+; anti HBc total+; HBeAg –; HBVDNA – Tratamento, prevenção e controle: Interferon α e lamivudina. Administração de HBIg – Imunoglobulina anti-VHB até uma semana após exposição e em recém-nascidos de mães portadoras. Triagem sorológica de doadores de sangue. Precauções universais com líquidos orgânicos e sangue. Vacinação: Vacina obtida por engenharia genética de DNA recombinante: inserção de plasmídeo contendo o gene S do HbsAg em uma levedura Saccaromyces cerevisae; A vacina deve ser administrada em 3 doses (0-30 -6 meses) com eficácia de 95%. 3. Vírus da hepatite C HCV é um vírus envelopado com genoma RNA. A transmissão se dá por contato com sangue (drogas IV, agulhas reutilizadas, transfusão), via sexual e amamentação. Síndromes clínicas: • Hepatite C aguda: menos frequente • Hepatite C crônica: o vírus invade o hepatócito, de modo a prevenir a morte celular e promover infecção persistente. Os danos ao parênquima hepático são relacionados à resposta imunológica mediada por células e citocinas inflamatórias. A necrose lobular estimula tentativas de proliferação hepatocitária, fibrose portal e periportal, com evolução em 10 anos para cirrose e carcinoma hepatocelular após 30 anos. O sintoma mais relatado é fadiga crônica durante o curso da infecção, a qual tende a ser oligossintomática. Fatores que complicam a hepatite C são a coinfecção por outros vírus de hepatite e HIV e uso de álcool Tratamento α-interferon recombinante ou peguilado isolado ou combinado com ribavirina. 4. Vírus da hepatite D (agente delta) HDV é um vírus com genoma RNA que usa proteínas do HBV e da célula-alvo para produzir sua única proteína. HDV inibe o HBV, deixando-o latente. O dano ao parênquima hepático, ao contrário dos demais vírus das hepatites, é causado por efeito citopático direto, combinado com a resposta imunopatológica contra o HBV. HDV é disseminado pelo sangue, sêmen e secreções vaginais. Só causa doença infectadas por HBV. Síndromes clínicas: • Hepatite D aguda: não apresenta manifestações extra-hepáticas e tem curso semelhante ao das outras hepatites virais • Hepatite D fulminante: o agente delta é o mais relacionado a essa forma grave da doença. Cursa com encefalopatia hepática, icterícia e necrose hepática fatal em 80% dos casos • Hepatite D crônica: ocorre em pacientes infectados cronicamente pelo HBV 5. Vírus da hepatite E HEV é um vírus com genoma RNA. A via de transmissão é fecal-oral (consumo de alimento e água contaminados) e pessoa-pessoa. Os sintomas da hepatite E são semelhantes aos da hepatite A e é incapaz de gerar cronicidade. Geralmente, há cura sem sequelas após 2 semanas. Não há tratamento específico.
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