Artigo contaminação da pele

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NewsLab - edição 78 - 2006 92
Avaliação do Nível de Contaminação da Pele 
Após Assepsia para Coleta Sanguínea
Sílvia Stein, Simone Ulrich Picoli
1 - Laboratório de Biomedicina do Centro Universitário Feevale, RS
Artigo
Incontáveis microrganismos fazem parte da micro-
biota normal do corpo humano, sendo em sua maioria 
bactérias. No entanto, se ocorrer um desequilíbrio 
diminuindo os micróbios residentes (inofensivos) e au-
mentando o número de microrganismos da microbiota 
transitória (contaminante), poderá resultar em doença. 
Considerando isso, cabe ao profissional da saúde 
fazer a assepsia adequada antes da coleta sangüínea, 
utilizando anti-sépticos apropriados, a fim de evitar in-
fecções cruzadas pelas bactérias da pele. Este trabalho 
teve por objetivo verificar a eficácia da redução de 
microrganismos após a assepsia para coleta sangüínea, 
com álcool 70%, bem como comparar a quantificação 
da microbiota normal antes e após a assepsia em duas 
populações socioeconomicamente distintas. Foram feitas 
duas coletas em cada indivíduo: uma antes e a outra 
após a assepsia. As amostras (60) foram coletadas com 
swabs umedecidos em água peptonada 0,1% suplemen-
tada com 0,5% de tiossulfato de sódio. Os swabs foram 
semeados em ágar sangue de carneiro 5%. Verificou-
se, com as comparações de crescimento em placas, 
que a assepsia com álcool 70% é eficaz, reduzindo 
significativamente o número de microrganismos e que 
o número de bactérias presente na superfície corporal 
de indivíduos socioeconomicamente desfavorecidos é 
maior do que naqueles mais favorecidos. 
Palavras-chave: Assepsia, coleta sangüínea, micror-
ganismos, infecção cruzada, álcool 70%
Resumo Summary
Evaluation of skin contamination after asepsis 
for blood collection
Countless microorganisms are part of the normal hu-
man body microbiota, being in its majority bacterias. 
However, if occurs an instability capable of decrease the 
number of resident microbes (harmless) and to increase 
the microorganisms of transitory microbiota (contaminant), 
this could result in illness. Considering this, it’s up to the 
health professionals to do a proper asepsis before blood 
collection, using proper antiseptic, in order to avoid 
cross-infection caused by skin bacterias. This work aims 
to verify the efficacy of microorganisms reduction, after 
the asepsis made for blood collection, using alcohol 70%, 
as well as compare the amount of normal microbiota 
before and after asepsis in two social-economic distinct 
populations. Two collections in each individual were 
made, one before and other after asepsis. The samples 
(60) were collected with swabs moistened in peptonated 
water 0,1% supplemented with 0,5% of sodium thiosulfate. 
Swabs were seeded in blood sheep agar 5%. It was veri-
fied, comparing the plate’s growth, that the asepsis using 
alcohol 70% is efficient, reducing significantly the number 
of microorganisms and that the amount of bacterias on 
body’s surface in social-economic less-favored individuals 
is bigger than the amount found in individuals with better 
social-economic conditions.
Keywords: Asepsis, blood collection, microorganisms, 
cross-infection, alcohol 70%
NewsLab - edição 78 - 2006 94
Material e Métodos
Resultados
IntroduçãoIntrodução
E xistem incontáveis micror-ganismos no ambiente, 
contudo nosso contato mais ín-
timo é com o grande número 
desses agentes que vivem dentro 
e sobre os nossos corpos (1). 
Quando ocorre um desequilíbrio 
na microbiota residente, os mi-
cróbios transitórios podem, então, 
reproduzir-se e causar doenças. 
Diante disso, a coleta sanguínea, 
um procedimento comum em 
laboratórios e hospitais, deve ser 
realizada com prévia assepsia local 
(1, 4). Essa limpeza da pele, com 
um agente anti-séptico adequado, 
tem a finalidade de impedir que 
microrganismos sejam introdu-
zidos na corrente sanguínea do 
paciente durante a punção venosa 
(2, 8). Caso esse procedimento 
seja realizado de forma incorreta 
ou se não for realizado, poderá se 
estabelecer uma microbiota com 
potencial patogênico originando um 
ciclo de infecção cruzada (3, 6).
Mediante essas considerações, 
o objetivo deste estudo foi avaliar 
o nível de contaminação bacteri-
ana da pele após a assepsia prévia 
à coleta sanguínea, comparando-o 
entre duas populações diferentes. 
As populações avaliadas apre-
sentavam características socio-
econômicas bem distintas, sendo 
uma delas composta por alunos 
de um Centro Universitário e a 
outra por indivíduos atendidos em 
um posto de saúde de um bairro 
carente de Campo Bom, RS. A 
avaliação do nível de contamina-
ção da pele foi realizada através 
de comparação do número de 
bactérias presentes na pele antes 
da assepsia e após.
Material e Métodos
A amostra foi constituída por 
60 indivíduos submetidos à coleta 
sanguínea, sendo 30 atendidos no 
Centro Universitário e outros 30 
num posto de saúde de um bairro 
carente de Campo Bom, RS. A 
renda mensal das famílias aten-
didas no referido posto de saúde 
é igual ou inferior a um salário 
mínimo.
Foram feitas duas coletas para 
cada paciente: uma realizada an-
tes e outra após a assepsia com 
álcool 70%. Para padronizar a 
área de coleta, foram utilizadas 
molduras em cartolina estéril, com 
área interna de 25 cm2, junto às 
quais foram coletadas as amostras 
através de swabs umedecidos 
em água peptonada 0,1% esté-
ril suplementada com 0,5% de 
tiossulfato de sódio (7). Foram 
realizados movimentos paralelos 
em três direções diferentessobre 
toda a superfície determinada (25 
cm2), girando-se o swab. 
As amostras foram conser-
vadas em meio de transporte 
(Stuart) sob refrigeração, até o 
processamento (5). O material 
foi semeado em placas com ágar 
sangue de carneiro 5%, incubado 
a 35ºC durante 48 horas. Após, 
foram feitas as contagens de 
crescimento nas placas (antes 
e após) e os resultados foram 
analisados através do programa 
estatístico SPSS versão 12.0.
Resultados
Nas amostras obtidas pela 
coleta que precede a assepsia, 
encontrou-se um número variáv-
el de microrganismos, seja na 
população amostrada no Centro 
Universitário (Tabela 1), seja no 
posto de saúde, em Campo Bom 
(Tabela 2). A média desses micror-
ganismos foi de 686,2 UFC/placa 
e de 1962,1 UFC/placa no Centro 
Universitário e em Campo Bom, 
respectivamente (Tabela 3).
Por outro lado, a média de 
microrganismos encontrada nas 
amostras após a assepsia foi de 
6,9 UFC/placa no Centro Univer-
sitário e de 227,6 UFC/placa em 
Campo Bom (Tabela 3). A redução 
total do número de microrgan-
ismos ocorreu em praticamente 
todas as amostras do Centro Uni-
versitário, onde só houve cresci-
mento em duas das 30 amostras 
(Tabela 1). 
Contudo, em Campo Bom, a 
eliminação total desses orga-
nismos ocorreu em quantidade 
menor de amostras, havendo 
crescimento em nove das 30 
amostras (Tabela 2).
NewsLab - edição 78 - 2006 96
	 Número Antes Após 
 da Amostra (UFC/placa) (UFC/placa) 
 1 400 0 
 2 600 0 
 3 3700 0 
 4 700 0 
 5 200 0 
 6 100 0 
 7 200 0 
 8 100 0 
 9 500 0 
 10 200 0 
 11 400 0 
 12 600 0 
 13 100 0 
 14 100 0 
 15 200 0 
 16 300 0 
 17 500 0 
 18 100 0 
 19 200 0 
 20 200 0 
 21 100 0 
 22 100 0 
 23 6000 0 
 24 800 0 
 25 800 0 
 26 700 0 
 27 600 0 
 28 200 0 
 29 600 100 
 30 1000 100
 	 Número Antes Após 
 da Amostra ( UFC/placa) (UFC/placa) 
 1 500 0 
 2 1600 0 
 3 1200 0 
 4 600 0 
 5 1300 0 
 6 900 0 
 7 500 0 
 8 200 0 
 9 900 0 
 10 1200 0 
 11 800 0 
 12 400 0 
 13 200 0 
 14 500 0 
 15 600 0 
 16 500 0 
 17 300 0 
 18 1600 0 
 19 6000 0 
 20 800 0 
 21 900 0 
 22 2200 500 
 23 200 100 
 24 9000 4000 
 25 9000 900 
 26 300 100 
 27 6000 200 
 28 9000 600 
 29 8000 100 
 30 6000 100
Tabela	1. Número de microrganismos encontrados na 
pele antes e após a assepsia nos pacientes do Centro 
Universitário
Tabela	2. Número de microrganismos encontrados 
na pele antes e após a assepsia em pacientes do 
Posto de Saúde em Campo Bom
97NewsLab - edição 78 - 2006
DiscussãoDiscussão
Um aspecto importante ob-
servado foi o fato de ter ocor-
rido uma diferença significativa 
(p=0,009567) na quantificação 
da microbiota normal antes da 
assepsia em ambas as popula-
ções amostradas, pacientes do 
 Antes Após 
 (UFC/placa) (UFC/placa) 
Centro Universitário 686,2 6,9 
Campo Bom 1962,1 227,6
Centro Universitário e do posto 
de saúde de um bairro carente 
em Campo Bom. Estes últimos, 
por fazerem parte de uma popu-
lação socioeconomicamente 
menos favorecida, provavel-
mente podem apresentar uma 
higiene pessoal mais precária 
se comparada com os pacien-
tes universitários, justificando, 
assim, um número elevado de 
microrganismos em sua super-
fície da pele.
Provavelmente, a não redução 
total (zero) da microbiota da 
pele após a assepsia em ambas 
as populações amostradas seja 
devida a não padronização do 
procedimento asséptico, já que 
todas as amostras não foram 
coletadas pelo mesmo técnico. 
Também podemos citar como 
outro fator plausível, a realiza-
ção inadequada das técnicas 
assépticas, por parte dos cole-
tadores das amostras.
Tabela	3. Média de microrganismos encontrados no Centro 
Universitário e em Campo Bom, antes 
e após a assepsia
NewsLab - edição 78 - 2006 98
Conclusões
Referências BibliográficasReferências Bibliográficas
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Books, 1996.
2. Couto RC, Nogueira JM, Pedrosa T. Infecção Hospitalar e outras Complicações Não-infecciosas da Doença. 
3a ed. Rio de Janeiro: Ed. MEDSI, 2003.
3. Dossa DON, Caumo KS, Moro EMP, Sturmer FCR. Avaliação microbiológica de diferentes anti-sépticos uti-
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Resumo. [s.l.,s.n], 2003.
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8. Tortora G J, Funke BR. Case, C. L. Microbiologia. 6a ed. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2000.
Correspondência para: 
Profª Ms. Simone Ulrich Picoli
simonepi@terra.com.br 
A evidente redução de micror-
ganismos que ocorreu nas duas 
populações estudadas foi signifi-
cativa em ambas, pois o valor de 
p nas amostras de Campo Bom 
foi de 0,00142 e o valor de p nas 
amostras do Centro Universitário 
foi de 0,00285.
É de valor ressaltar que, ob-
viamente, uma assepsia realizada 
adequadamente, seguindo as nor-
mas de biossegurança, garante a 
prevenção de contaminação pela 
microbiota da pele, evitando, as-
sim, que ocorram infecções cruza-
das. Sabe-se que essas infecções 
causadas por microrganismos, 
aparentemente inofensivos, são 
preocupantes, caso os pacientes 
estejam imunodeprimidos.Pode-
se, então, com os resultados en-
contrados, ressaltar a importância 
do procedimento asséptico nas 
rotinas de coleta sangüínea, bem 
como mostrar que o profissional 
da área da saúde deve ter ex-
tremo cuidado com a utilização 
das técnicas assépticas, de modo 
a evitar que ocorra contaminação 
pela microbiota da pele. 
Conclusões
A assepsia que precede os pro-
cedimentos invasivos, feita com 
álcool 70%, é eficaz na redução 
de microrganismos.
É importante o cumprimento 
integral das normas de biossegu-
rança, notadamente, no que se 
refere às técnicas assépticas.
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