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ANATOMIA 1 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL SISTEMA ESQUELÉTICO (OSTEOLOGIA) Osteologia, em sentido restrito e etimologicamente, é o estudo dos ossos. Em um sentido mais amplo inclui o estudo das formações intimamente ligadas ou relacionadas com os ossos, formando o esqueleto. CONCEITO DE ESQUELETO: • O esqueleto não é a simples reunião dos ossos, mas realidade transcende este sentido significando “arcabouço”. • No sentido mais restrito, podemos definir o esqueleto como o conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço de corpo do animal e desempenhar várias funções. • Os ossos são definidos como estruturas resistentes, de número, coloração, e forma variáveis, com origem, estrutura e função semelhantes e que, em conjunto, constituem o esqueleto. FUNÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO • Proteção (para órgãos como o coração, os pulmões e a parte central do sistema nervoso); • Sustentação e conformação do corpo; • Local de armazenamento de substâncias orgânicas e minerais (durante a gravidez a calcificação fetal se faz, em grande parte, pela reabsorção desses elementos armazenados no organismo materno); • Sistema de alavancas que, movimentadas pelos músculos, permite os movimentos do corpo, figurados; • Local de produção dos elementos do sangue. • As funções dos ossos sofrem a ação direta dos demais sistemas do organismo, como o s. circulatório (vascularização óssea), do s. nervoso (controle dos movimentos), do s. digestivo (absorção de nutrientes necessários aos ossos, como cálcio e o fosfato), das glândulas endócrinas (ação dos hormônios sobre o metabolismo ósseo), dentre outros. O sistema locomotor sofre continuamente a ação do estresse mecânico das atividades físicas e por isso deve oferecer não só resistência as forças aplicadas, mas adaptação de sua estrutura as demandas mecânicas (dos esportes, trabalho etc.). TIPOS DE ESQUELETOS: • O homem possui um endoesqueleto, podendo-se considerar a estratificação da epiderme e a corneificação (deposição de queratina) de sua camada mais externa como um vestígio filogenético. DIVISÃO DO ESQUELETO: O esqueleto pode ser dividido em duas grandes porções: 1. Uma mediana, formando o eixo do corpo, e composta pelos ossos da cabeça, do pescoço e do tronco (tórax e abdome): o esqueleto axial. 2. Outra forma os membros que constitui o esqueleto apendicular. • A união entre essas porções se dá por meio de cíngulos: o cíngulo do membro superior (ao qual pertencem a escápula e a clavícula) e o cíngulo do membro inferior (constituído pelo osso do quadril). NÚMERO DE OSSOS: No individuo adulto o número de ossos é 206, no entanto podem haver variações ligadas a alguns fatores. • Fatores etários: do nascimento a idade avançada há diminuição do número de ossos; isso se deve ao fato de que certos ossos, no recém-nascido, são formados por partes ósseas que se unem durante o desenvolvimento do individuo para constituir um único osso no adulto – o osso do quadril no feto é formado por três partes, ísquio, púbis e ílio. Por outro lado, nos idosos alguns ossos tendem a se fundir, levando a diminuição do número total de ossos – principalmente nos ossos do crânio (sinostose), podendo transformar a cavidade craniana em um único osso. • Fatores individuais: em alguns indivíduos pode haver persistência na divisão do osso frontal no adulto e ossos extranumerários podem ocorrer. • Critérios de contagem: os anatomistas utilizam ocasionalmente critérios muito pessoais na contagem dos ossos. Ex.: os ossos chamados sesamóides (inclusos em tendões musculares) são computados ou não na contagem global; o mesmo ocorre com os ossículos da orelha média. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS: Há várias maneiras de se classificar os ossos. Pela posição topográfica, por exemplo, eles são classificados em axiais (que pertencem ao esqueleto axial) ou apendiculares (que fazem parte do esqueleto apendicular). ANATOMIA 2 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL – A classificação mais difundida é a que leva em consideração a forma dos ossos, classificando-os segundo a predominância de uma das dimensões (comprimento, largura ou espessura) sobre as outras duas. Assim, temos: OSSO LONGO: • Aquele que apresenta um comprimento consideravelmente maior que a largura e a espessura. Ex.: os ossos do esqueleto apendicular (fêmur, úmero, radio, ulna, tíbia, fíbula e falanges). • O osso longo apresenta duas extremidades denominadas epífises e um corpo, chamado de diáfise – que possui em seu interior uma cavidade, a cavidade medular que aloja medula óssea amarela. Por essa razão os ossos longos também são chamados de tubulares. • Nos ossos que não concluíram seu processo de ossificação, é possível visualizar entre a epífise e a diáfise um disco cartilaginoso, a cartilagem epifisial, relacionado com o crescimento do osso em comprimento. • PS.: alguns ossos como a clavícula e as costelas, apesar de parecerem ossos longos não são desse grupo já que não possuem cavidade medular em seu corpo... alguns autores os chamam de ossos alongados. OSSO PLANO: • Apresentam largura e altura equivalentes, predominando sobre a espessura. Ex.: ossos do crânio, como parietal, frontal e occipital, e outros, como a escápula e o osso do quadril. • Também chamados de laminares. OSSO CURTO: • Aquele que apresenta equivalência das três dimensões. Ex.: ossos do carpo e do tarso. Existem ossos que não se encaixam nas classificações acima, são eles: OSSO IRREGULAR • Apresenta morfologia complexa que não encontra correspondência em formas geométricas conhecidas. Ex.: as vertebras e o osso temporal. OSSO PNEUMÁTICO: • Apresenta uma ou mais cavidades, de volume variável, revestidas de mucosas contendo ar. Essas mucosas recebem o nome de seio. Os ossos pneumáticos estão situados no crânio – frontal, maxilar, temporal, etmoide, esfenoide. Há ossos que são classificados em mais de um grupo: o frontal, por exemplo, é laminar (plano), mas também pneumático. OSSOS SESAMOIDES: • Desenvolvem-se na substância de certos tendões (intratendíneos) ou da capsula fibrosa (periarticulares) que envolve certas articulações. Ex.: patela, que é um osso do tipo sesamóides intratendíneo. TIPOS DE SUBSTÂNCIA ÓSSEA: Ao secionar um osso, identifica-se a sua estrutura interna. Nessa condição vemos que há dois tipos de substância óssea: compacta (cortical) e esponjosa (trabecular). Embora os elementos constituintes sejam os mesmos nos dois tipos de substância óssea, eles se dispõem diferentemente conforme o tipo considerado e seu aspecto macroscópico também difere. SUBSTÂNCIA ÓSSEA COMPACTA: • As lamínulas de tecido ósseo encontram-se fortemente unidas umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto. • Tipo mais denso e rígido. SUBSTÂNCIA ÓSSEA ESPONJOSA: • As lamínulas são mais irregulares em forma e tamanho e arranjam-se de forma a deixar entre si espaços ou lacunas – chamadas de trabéculas – que se comunicam umas com as outras e são preenchidas pela medula óssea vermelha. Nos ossos longos, o osso compacto predomina na diáfise; nas epífises predomina o osso esponjoso, revestido por fina camada de osso compacto. Já os ossos planos são formados por duas camadas delgadas de osso compacto, contendo osso esponjoso que, nos ossos do crânio, recebe o nome de díploe. PERIÓSTEO: Os ossos são revestidos por uma camada de tecido conjuntivo especializado, o periósteo, com exceção das superfícies articulares, que são revestidas, geralmente, por cartilagem hialina, denominada cartilagem articular. ANATOMIA 3 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL • O periósteo apresenta dois folhetos: um superficial e outro profundo, este contato em direto com a superfície óssea. • A camadaprofunda é chamada osteogênica pelo fato de suas células se transformarem em células ósseas, que são incorporadas à superfície do osso, promovendo, assim, o seu espessamento. Assim, o osso cresce por aposição, ou seja, pela adição de osso neoformado sobre as superfícies livres. Existe, assim, contínua deposição e absorção do osso, permitindo a remodelação de sua forma. • O tecido ósseo é uma especialização do tecido conectivo, com substância intercelular densa separando células ósseas (osteoblastos e osteócitos), fibras colágenas e substância fundamental impregnada de sais inorgânicos (de cálcio). • As fibras colágenas, na matriz calcificada, conferem resistência e elasticidade ao tecido, ao passo que os sais minerais são responsáveis pela rigidez do osso. ELEMENTOS DESCRITIVOS DA SUPERFÍCIE DOS OSSOS: Os ossos apresentam, na sua superfície, depressões, saliências e orifícios/aberturas que constituem elementos descritivos para o seu estudo. • As saliências servem para articular os ossos entre si ou para fixação de músculos, ligamentos, cartilagens etc. • As superfícies que se destinam a articulação com outra/s peça/s esquelética/s são denominadas articulares; são lisas e revestidas de cartilagem, comumente a hialina, que é destruída durante o processo de preparação dos ossos para estudo. • Dentre as saliências destacam-se: cabeças, côndilos, cristas, eminências, tubérculos, tuberosidades, processos, linhas, espinhas, trócleas etc. • As depressões podem, como as saliências, ser articulares ou não, e entre elas encontramos as fossas, as fossetas, as impressões, os sulcos, os recessos etc. • Entre as aberturas, destinadas à passagem de nervos ou vasos, encontram-se os forames, os meatos, os óstios, os poros etc. NUTRIÇÃO: Os ossos, devido sua função hematopoiética, ou pelo fato de apresentarem desenvolvimento lento e contínuo, são altamente vascularizados. • As artérias do periósteo penetram no osso, irrigando-o e distribuindo-se na medula óssea. Por esta razão, desprovido do seu periósteo o osso deixa de ser nutrido e morre. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ • A ausência de vitamina D pode causar o raquitismo, com retardo do crescimento, que pode estar associado a vitamina C. Já o excesso de hormônio de crescimento pela adenohipófise leva ao gigantismo ou à acromegalia. • A osteoporose é a doença óssea mais frequente; definida como a diminuição absoluta da quantidade de osso e desestruturação da sua microarquitetura, levando a um estado de fragilidade podendo ocorrer fraturas após pequenos traumas. Até os 30 anos a quantidade de osso reabsorvido e reposto é igual. A partir daí, inicia-se um lento balanço negativo que vai provocar, ao final de cada ativação das unidades de remodelação, uma discreta perda de massa óssea. Acomete mais as mulheres, que perdem cerca de 35% de osso compacto e 50% de osso esponjoso; nos homens essa perda é de cerca de 2/3 daquela quantidade. • Apesar de afetar mais adultos e idosos, a osteoporose pode ocorrer em indivíduos jovens, devido ao desuso, como observa-se na imobilização prolongada ou nas paralisias (imobilização de fraturas, cadeira de rodas, permanência prolongada no leito). Os astronautas, submetidos, durante um longo tempo, à diminuição ou ausência de gravidade, também experimentam grande perda óssea, exigindo que fiquem algum tempo em regime de quarentena, quando retornam à Terra. ANATOMIA 4 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL ANATOMIA 5 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL ANATOMIA 6 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL ANATOMIA 7 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL ANATOMIA 8 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL ANATOMIA 9 João Pedro Ricardo, p1 Medicina UFAL
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