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A RIQUEZA DAS NAÇÕES ADAM SMITH RESUMO

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A Riqueza das Nações
Adam Smith
Bruno Rafael dos Santos
Novo Hamburgo
2020
O presente texto é um resumo dos principais aspectos do pensamento econômico de Adam
Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 – Edimburgo, 17 de julho de 1790) presentes em sua obra
Uma investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, publicada originalmente
em 1776.
A obra é considerada até os dias de hoje como o marco inicial do estudo da Economia como
ciência independente e do liberalismo econômico, como resposta ao mercantilismo. Smith defendia
que a riqueza de um país consiste na capacidade de produzir bens de consumo suficientes para
atender a demanda da população, o que só seria possível através do desenvolvimento das forças
produtivas, ao contrário do que pregava a doutrina mercantilista, cuja riqueza consistia no acúmulo
de metais preciosos. Da mesma forma, Smith defendia o livre comércio em detrimento do
protecionismo mercantilista, argumentando que este impedia o curso natural do desenvolvimento da
economia.
O resumo que se segue não tem a pretensão de ir além do que fora dito pelo próprio autor
em sua principal obra, tendo, portanto, um caráter predominantemente expositivo, com o objetivo
de tornar as suas ideias mais acessíveis àqueles que se aventurarem na leitura de A Riqueza das
Nações e que porventura necessitarem de esclarecimento a respeito de alguns aspectos que podem
se apresentar obscuros no decorrer da leitura, algo que julgo ser bastante frequente em se tratando
de obras tão antigas.
O resumo seguirá a ordem linear da exposição proposta pelo autor, isto é, estará dividido em
cinco partes, do primeiro ao quinto livro de A Riqueza das Nações, sendo eles:
– Livro Primeiro: as causas do aprimoramento das forças produtivas do trabalho e a ordem segundo
a qual sua produção é naturalmente distribuída entre as diversas categorias do povo;
– Livro Segundo: A natureza, o acúmulo e o emprego do capital;
– Livro Terceiro: A diversidade do progresso da riqueza nas diferentes nações;
– Livro Quarto: Sistemas de economia política;
– Livro Quinto: A receita do Soberano e do Estado.
LIVRO PRIMEIRO
AS CAUSAS DO APRIMORAMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS DO TRABALHO E A
ORDEM SEGUNDO A QUAL SUA PRODUÇÃO É NATURALMENTE DISTRIBUÍDA ENTRE
AS DIVERSAS CLASSES DO POVO
CAPÍTULO I
DIVISÃO DO TRABALHO
Uma nação é mais ou menos rica de acordo com os bens necessários e os confortos materiais
que é capaz de produzir. A proporção entre essa produção e o número de pessoas que deve consumi-
la determina a riqueza das nações.
Se em um país, a produção de alimentos não é suficiente para suprir a necessidade primária
de alimentação de uma parcela qualquer de sua população, em hipótese alguma o mesmo poderá ser
considerado um país rico. Do mesmo modo, um país que produz alimentos o suficiente para atender
toda a sua população, mas que é incapaz de suprir a demanda por bens de vestuário e moradia a toda
população, será menos rico do que aquele que consegue.
 Em sociedades desenvolvidas, a capacidade produtiva, isto é, a capacidade de fornecer bens
de consumo em número suficiente para toda a população, parece ser efeito da divisão do trabalho.
Tomemos como exemplo, uma pequena manufatura de alfinetes. Um único operário
produziria, se efetuasse todas as atividades produtivas, um único número bastante reduzido de
alfinetes em relação ao que é produzido com a divisão do trabalho.
Os efeitos da divisão do trabalho são as mesmas em todas as artes e indústrias. A agricultura,
entretanto, não é uma atividade capaz de ser subdividida tanto quanto as atividades manufatureiras.
Portanto, a riqueza de uma nação deve ser melhor determinada pela sua capacidade industrial do
que agrícola.
As vantagens da divisão do trabalho devem-se a três circunstâncias:
1) Aumento da destreza dos trabalhadores;
2) Poupança de tempo, correspondente à passagem de uma atividade à outra;
3) Invenção e utilização de máquinas que facilitam e reduzem o trabalho.
Assim, a multiplicação dos produtos do trabalho em sociedades desenvolvidas, como efeito
da divisão do trabalho, proporciona, mesmo para as camadas mais pobres da população, um nível de
vida superior do que aquele que pode ter qualquer membro de uma sociedade primitiva.
CAPÍTULO II
O PRINCÍPIO QUE DA ORIGEM A DIVISÃO DO TRABALHO
A divisão do trabalho procede mais da natureza humana do que de convenções sociais. O
homem primitivo não era capaz de satisfazer todas as suas necessidades sem imenso esforço e
mesmo sem arriscar sua própria vida em suas atividades produtivas. Tampouco é o homem o animal
mais forte e com melhor constituição para enfrentar os perigos do mundo natural. 
Levando em conta que é impossível a um único indivíduo suprir todas as suas necessidades
através do produto direto de seu trabalho, não é difícil imaginar que mesmo nas sociedades mais
primitivas já houvesse certa divisão do trabalho, de modo que um produtor de x, necessitando de um
bem y, trocasse o excedente de sua produção pelo excedente de um produtor de y, o qual igualmente
necessitasse de x.
Evidencia-se, portanto, na natureza humana, uma propensão à troca, ao escambo, à permuta.
Essa tendência à troca é o princípio que dá origem à divisão do trabalho. Numa sociedade
desenvolvida, o homem necessita da cooperação de uma imensidade de pessoas para atender todas
as suas necessidades, tendo maior probabilidade de obter aquilo que deseja, se conseguir fornecer às
outras pessoas aquilo que elas desejam. Em outras palavras, é o egoísmo de cada produtor
específico o motor da cooperação econômica entre os membros de uma sociedade.
Não é da bondade do marceneiro, do cervejeiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso
jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse.
O egoísmo leva a divisão do trabalho e a divisão do trabalho leva ao desenvolvimento das
forças produtivas. A divisão do trabalho leva à especialização, isto é, ao desenvolvimento, nos
indivíduos, de talentos para determinadas atividades. A diversidade de talentos tornam-se úteis para
todos e, na medida em que as sociedades se desenvolvem, geram maior capacidade para satisfazer
um número cada vez mais elevado de necessidades da população.
CAPÍTULO III
QUE A DIVISÃO DO TRABALHO É LIMITADA PELA EXTENSÃO DO MERCADO
O mercado é onde ocorrem as trocas econômicas. Podemos aqui, para facilitar a exposição,
pensar no mercado como um espaço geográfico delimitado, onde os produtos do trabalho são
produzidos e trocados. 
A limitação da extensão do mercado limita também a extensão da divisão do trabalho.
Quando o mercado é muito reduzido, ninguém é estimulado a dedicar-se inteiramente a uma única
atividade, porque não poderá trocar todo o seu excedente pelos bens que necessita.
Em uma pequena aldeia, por exemplo, cada agricultor deve ser também cortador, pedreiro,
cervejeiro de sua própria família, pois muito dificilmente se encontrará indivíduos especializados
para suprir essas necessidades dentro do pequeno mercado em que está inserido. Assim, as grandes
cidades favorecem a divisão do trabalho. 
O transporte de mercadorias por vias aquáticas cobre um mercado muito mais vasto do que
o transporte por terra. Portanto, não é de estranhar que o desenvolvimento econômico sempre
comece em regiões da costa ou próximas de grandes rios.
CAPÍTULO IV
A ORIGEM E O USO DO DINHEIRO
Existem inconvenientes em se permutar diretamente o produto de um trabalho por outro. O
açougueiro possui em seu estoque mais carne do que pode consumir e está disposto a trocar seu
excedente por outro produto. O padeiro possui mais pão do que o necessário para sua subsistência e
pretende trocar seu excedente por carne. Entretanto, o açougueiro já possui pão o suficiente para sua
subsistência. Nesse caso, a troca fica impossibilitada.
Para evitar esse tipo de inconveniente, desde tempos remotos, os homens têm estipulado
certas mercadorias que devem servir de objeto de troca equivalente a qualqueroutra, Para esse fim
foram empregadas mercadorias diversas: gado, tabaco, sal etc. Entretanto, os metais tornaram-se as
mercadorias favoritas para exercer esse tipo de função, devido a sua durabilidade e divisibilidade.
A moeda cunhada surge da necessidade de garantir a autenticidade de um determinado metal
como meio de troca dentro de um território, garantindo assim que a moeda se transformasse em
meio de troca universal. 
Para determinar a proporção em que um bem x deve ser trocado por um bem y é preciso
conhecer o valor desses bens. A partir de seus valores serão estipulados seus preços.
Toda bem econômico possui valor de uso (utilidade) e valor de troca (poder de compra). É
evidente que é o valor de troca que deve determinar o preço dos bens, não o valor de uso. A água é
muito útil, já os diamantes não, porém os diamantes possuem um poder de compra muito superior à
água.
CAPÍTULO V
DO PREÇO REAL E NOMINAL DOS BENS, OU DE SEU PREÇO EM TRABALHO E EM
DINHEIRO
Assim como a riqueza de uma nação é medida pela sua capacidade de produzir e distribuir
bens a toda a população, um indivíduo é rico ou pobre de acordo com a quantidade de necessidades
que consegue satisfazer através do produto de seu trabalho e através do produto do trabalho dos
outros.
O valor de uma mercadoria é determinado, portanto, para a pessoa que a produziu e que não
pretende consumi-la, mas trocá-la pela mercadoria de outro, pela quantidade de trabalho alheio que
ela lhe permite comprar ou dominar. Assim, o trabalho constitui a verdadeira medida de valor de
troca de todos os bens. Geralmente, contudo, o valor não é calculado diretamente pelo trabalho,
sendo este muito difícil de ser mensurado com precisão. Não basta levar em conta o tempo de
trabalho, mas também o grau de complexidade e esforço exigido pela atividade.
É mais frequente que uma mercadoria seja trocada por outra do que por trabalho; mais
frequente ainda é que ela seja trocada por dinheiro. Contudo, sendo os metais que constituem o
dinheiro também mercadorias, seus valores variam constantemente. O preço da prata caiu na
Europa com a descoberta das minas na América, por exemplo. A quantidade de trabalho que uma
quantidade específica de ouro e prata pode comprar ou comandar, ou seja, a quantidade de outros
bens pela qual pode ser trocada, depende sempre da abundância ou escassez das minas que
eventualmente se conhecem, por ocasião das trocas. 
O trabalho é a única medida de valor que nunca varia, sendo portanto, o preço real das
mercadorias, enquanto o valor em dinheiro representa o preço nominal.
No mesmo tempo e lugar, a moeda é suficiente para se ter a medida exata do valor de um
bem. No longo prazo, os valores estimados em trigo são mais estáveis que aqueles avaliados em
ouro ou prata, por funcionar como indicador do preço real do trabalho que deve remunerar a
subsistência do trabalhador.
CAPÍTULO VI
DAS PARTES QUE COMPÕE O PREÇO DOS BENS
Admite-se que no estado mais primitivo do desenvolvimento das forças produtivas, a
totalidade do produto do trabalho pertence ao trabalhador. Com o acúmulo de capital, esse estado de
coisas é alterado. Alguns indivíduos empregarão seu capital de modo que possam colocar outros
indivíduos para realizarem o trabalho, criando assim, a relação entre patrões e empregados.
O valor que os trabalhadores acrescentam às matérias-primas consistirá em duas partes:
lucro para o patrão e salário para os trabalhadores. O patrão não teria interesse em empregá-los se
não esperasse obter mais do que a reconstituição da riqueza inicial e não teria interesse em
empregar um maior volume de bens se os lucros não forem proporcionais ao volume de capital
empregado.
Assim, a quantidade de trabalho necessário para a produção deixa de ser o único fator
determinante do valor de troca.
Logo que a terra torna-se propriedade privada, os seus donos cobrarão pela exploração de
seus recursos naturais, então, outro fator entre na composição do preço: a renda da terra.
Em uma sociedade desenvolvida, salários, lucros e renda da terra compõe os preços das
mercadorias, embora seja possível que um ou dois deles estejam ausentes, é impossível que estejam
os três ausentes ao mesmo tempo.
Como, em um país desenvolvido, a renda e o lucro contribuem largamente para a produção
anual, está será suficiente para comprar ou dominar uma quantidade de trabalho muito superior à
que foi utilizada para criar, preparar e transportar essa produção, Se a sociedade empregasse,
anualmente, todo o trabalho que pode adquirir, a produção de cada ano sempre superaria a do
precedente. Mas os ociosos consomem, em toda parte, uma grande parcela dessa produção. A
proporção em que a produção é consumida por produtores e por ociosos determina o aumento, a
estagnação ou o declínio da produção.
CAPÍTULO VII
DO PREÇO NATURAL E DO PREÇO DE MERCADO DOS BENS
A natureza das ocupações e o estado de desenvolvimento da sociedade determina uma taxa
corrente ou média de lucro, salários e renda. Quando o preço equivale ao conjunto da renda, salários
e lucro necessários para colocar a mercadoria no mercado, esse preço é o que podemos chamar de
preço natural.
Já o preço de mercado, pode ser superior, igual ou inferior ao preço natural. O preço de
mercado é determinado principalmente pela quantidade de bens que entram no mercado em relação
a procura desses bens pela população, ou seja, pela oferta e demanda.
Quando a quantidade posta no mercado é superior a procura, uma parte da produção deverá
ser vendida a um preço de mercado inferior ao preço natural. Quando a quantidade posta no
mercado é inferior a procura, uma parte da produção pode ser vendida a um preço superior ao preço
natural. 
O preço natural é o centro para o qual tendem os preços de todas as mercadorias, assim
como a procura efetiva deve regular a quantidade de bens posta no mercado. Muitos fatores, no
entanto, contribuem para deixar o preço de mercado suspenso acima ou abaixo do preço natural:
1) Na agricultura, os preços de mercado estão sujeitos as condições climáticas e naturais em
geral;
2) Um luto público eleva o preço da roupa preta;
3) Monopólios podem manter o mercado sempre subabastecido, controlando o preço a seu
favor;
4) Corporações e estatutos de aprendizagem reduzem a concorrência, produzindo uma
espécie de monopólio;
5) Segredos industriais podem constituir vantagem àqueles que os detém; 
Segredos industriais, monopólios e demais situações extraordinárias podem manter o preço
de mercado elevado durante muito tempo, ao passo que raramente o preço de mercado ficará muito
abaixo do preço natural durante muito tempo. Qualquer que fosse o componente do preço pago
abaixo da taxa natural, as pessoas cujos interesses saíssem prejudicados diretamente pela perda,
retiraria sua contribuição e assim a quantidade colocada no mercado se reduziria ao estritamente
suficiente para atender a demanda efetiva. Portanto, o preço dessa mercadoria logo subiria ao preço
natural.
CAPÍTULO VIII
OS SALÁRIOS DO TRABALHO
Os salários dependem de contratos celebrados entre trabalhadores e patrões. Nem de longe
seus interesses coincidem: enquanto uns querem aumentar seus salários, os outros querem diminuí-
los para que possam aumentar seus lucros. É evidente também que os patrões têm certa vantagem
em relação aos trabalhadores: possuem melhor capacidade de organização e possuem capital
suficiente para subsistir por mais tempo em caso de disputas.
Embora os patrões desejem baixar os salários, não conveniente para eles mantê-los abaixo
de determinada taxa, suficiente para manter a subsistência do trabalhador e de sua família. A
mortalidade infantil é efeito dos salários que não são capazes de garantir, além da subsistência do
trabalhador, a de seus filhos. Nesse caso, a procura por mão de obra tende a aumentar e com ela,
consequentemente, aumentam também os salários. A demandapor trabalhadores aumenta também
com o aumento da riqueza nacional: as receitas e o capital. Não se trata aqui, do volume de receitas
e do capital, que permanecendo constantes, em nada alteram a procura por mão de obra, mas sim do
contínuo progresso e aumento dessa riqueza.
É natural que o aumento dos salários dos trabalhadores produzam efeitos positivos para toda
a sociedade. Os salários altos são incentivos para a atividade. Uma subsistência farta aumenta a
força e o ânimo, os trabalhadores serão mais ativos e diligentes. Além disso, a melhor remuneração
propicia o descanso dos trabalhadores, algo igualmente positivo para a sociedade.
O aumento dos salários aumenta também o preço dos bens, visto que aumenta a parte
correspondente aos salários na composição dos preços. Todavia, a causa do aumento dos salários,
isto é, o aumento do capital, leva a que se aumente a capacidade produtiva da sociedade,
conseguindo-se uma maior quantidade de produtos com uma menor quantidade de trabalho. Haverá
assim, maior divisão do trabalho, mais especialização e maior probabilidade de surgirem novas
invenções. A produção de certos bens passará a exigir menos trabalho, sendo o aumento do preço do
trabalho mais do que compensado pela redução de sua quantidade. 
CAPÍTULO IX
OS LUCROS DO CAPITAL
Tal como os salários, os lucros tendem a variar de acordo com o grau de prosperidade ou
decadência da riqueza do país. O aumento do capital acumulado, que faz subir os salários, tende a
baixar os lucros, devido à concorrência mútua entre os diversos capitalistas e devido a maior
despesa que um capital maior acarreta.
O lucro de uma nação varia muito e por diversas circunstâncias, sendo muito difícil de ser
mensurado. Pode-se adotar a máxima de que, onde se pode ganhar muito com o uso do dinheiro,
muito se poderá pagar por esse uso; e onde pouco se pode ganhar com esse uso, pouco se pagará.
Assim, podemos tomar uma ideia do lucro médio do capital a partir da taxa de juro.
Conforme, portanto, a taxa de juro variar em um determinado país, podemos deduzir que os
lucros do capital variarão com ela: baixam quando eles baixam e sobem quando eles sobem.
A mínima taxa de lucros deve ser o suficiente para compensar as perdas acidentais a que o
emprego do capital está sujeito e mais um excesso. Somente esse excesso constitui o lucro limpo. O
mesmo deve ocorrer com a taxa de juro.
CAPÍTULO X
OS SALÁRIOS E O LUCRO NOS DIVERSOS EMPREGOS DE MÃO DE OBRA E CAPITAL
Onde há plena liberdade as vantagens e desvantagens dos diversos empregos de mão de obra
e de capital tendem a igualdade. As diferenças efetivas entre ganhos e perdas se contrabalanceiam
devido a circunstâncias inerentes aos próprios empregos e devido à intervenções políticas na
economia.
Parte primeira: desigualdades decorrentes da própria natureza das ocupações
1) Os salários variam de acordo com a natureza das ocupações: trabalhos limpos, fáceis e
seguros tendem a pagar menos do que trabalhos sujos, difíceis e perigosos, tanto no tocante aos
salários quanto aos lucros;
2) Os salários variam conforme o custo de aprendizagem da ocupação. Tal circunstância
pouco afeta os lucros;
3) Os trabalhos variam conforme a estabilidade do emprego. Um pedreiro, por exemplo, não
pode trabalhar sob determinadas condições climáticas, por isso deve ganhar mais;
4) Os salários variam conforme a confiança a ser depositada. Tal circunstância pouco afeta
os lucros;
5) Os salários variam com a probabilidade do sucesso. Os lucros varam conforme a certeza
do retorno.
Como se vê, os lucros são menos variáveis que os salários.
Parte segunda: Desigualdades oriundas da política da Europa
A política da Europa gera desigualdades quando:
1) Limita a concorrência em alguns casos, sobretudo outorgando privilégios às corporações;
2) Aumenta a concorrência em outros casos, como ocorre no clero;
3) Dificulta a livre circulação de mão de obra e de capital;
CAPÍTULO XI
A RENDA DA TERRA
A renda considerada como o preço pago pela utilização da terra, será o valor mais alto que o
arrendatário puder pagar. Não advém de juros ou lucros do capital, portanto, a renda da terra
assemelha-se a um preço de monopólio.
Se determinada parcela da produção atinge ou não preço suficiente para gerar uma renda,
isso depende da demanda. A renda da terra entra na composição do preço de uma forma diferente
dos elementos salários e lucro. Enquanto estes são a causa do preço das mercadorias, a renda da
terra é um efeito dos preços. Sendo a renda da terra o excedente que sobra após ser deduzido o custo
de produzir e levar os produtos da terra até o mercado mais o lucro do arrendatário, poderão haver
mercadorias cujo preço é o suficiente para serem levadas ao mercado, para cobrir o custo de
produção e os lucros, mas que não gerarão renda ao proprietário da terra. 
Parte primeira: os produtos da terra que sempre proporcionam renda
A terra sempre produz uma quantidade de alimentos mais que suficiente para manter toda a
mão de obra necessária para colocá-la no mercado, o lucro do capital e a renda da terra. Na medida
em que aumenta a população, aumenta na mesma proporção a demanda por alimentos, portanto, a
oferta de alimentos é determinada pela demanda.
A demanda por trigo, o alimento básico da população, encontra-se determinada pelo
tamanho da população, sendo, portanto, a renda da produção de trigo a medida da renda de todos os
outros produtos da terra. 
A renda varia de acordo com a fertilidade da terra e a localização. Assim, a renda é superior
perto das cidades, devido ao baixo custo de transporte dos produtos do trabalho até os
consumidores. Do mesmo modo, a renda das terras mais férteis regula a renda das menos férteis. 
 A renda e o lucro do trigo devem naturalmente regular a renda e o lucro das pastagens, e a
renda gerada pela terra que produz alimentos regula a renda proporcionada pela maioria das outras
terras.
Parte segunda: o produto da terra que às vezes gera renda e às vezes não
Os únicos produtos da terra que sempre geram renda são os alimentos. Depois da
alimentação vêm as necessidades de vestuário e moradia. Os produtos da terra que satisfazem esse
tipo de necessidade são abundantes no período em que as forças produtivas da sociedade não estão
plenamente desenvolvidas e a terra não está plenamente dedicada ao cultivo de alimentos, portanto
não possuem muito valor, chegando até a não possuir nenhum. Quando a sociedade se desenvolve,
produtos de vestuário e moradia adquirem imenso valor e sua demanda será regulada pela facilidade
de conseguir alimentos. Em outras palavras, tendo alimentos suficiente para toda a população, esta
poderá adquirir outras mercadorias provenientes da matéria-prima retirada da terra; com o aumento
da demanda, o preço dessas matérias-primas tornam-se suficientes para gerar renda ao proprietário
de terras. Mas nem sempre isso ocorre. Para uma mina de carvão gerar renda, por exemplo, vai
depender muito da sua localização e fertilidade
Parte terceira: as variações entre os respectivos preços daqueles tipos de produto que sempre
geram renda e daqueles que as vezes geram renda
A marcha geral do progresso da sociedade faz com que os produtos da terra, que não sejam
alimentos, se tornem mais caros. Porém, existem exceções, como é o caso da prata, cujo valor
diminui na medida em que novas e ricas minas são descobertas.
Se a demanda por prata é superior a sua oferta, seu valor aumenta, fazendo com que se possa
adquirir uma maior quantidade de trigo com uma quantidade menor de prata. Se ao contrário, a
oferta supera a demanda, o valor da prata cai e se obterá menor quantidade de trigo com a maior
quantidade de prata. Se, por fim, a oferta e a demanda por prata manter a proporção, o preço
monetário do trigo manter-se-ia no mesmo nível em todo o período.
Efeitos diferentes do avanço do desenvolvimento sobre três tipos diferentes de produtos naturais
Os diversostipos de produtos brutos cujo preço aumenta com o progresso são classificados
em três grupos:
1) Aqueles cujo trabalho humano dificilmente pode multiplicar: animais raros, por exemplo.
Ao crescer a riqueza, a demanda por esse tipo de produto tende a crescer, por outro lado, o trabalho
humano pouco pode fazer para aumentar a sua oferta.
2) Aqueles cujo trabalho humano pode multiplicar de acordo com a demanda: Produtos
abundantes na natureza, mas que com o avanço do progresso são substituídos por outros mais
lucrativos. Com o progresso, embora a quantidade desses bens diminua, a demanda por eles cresce
e, consequentemente, o preço subirá em relação a demanda efetiva;
3) Aqueles cujo trabalho humano só pode multiplicar em caráter limitado e incerto: a
quantidade de couro e lã disponíveis no mercado estará limitada a quantidade de gado e ovelhas
criadas.
Conclusão do capítulo
O progresso da sociedade tende a aumentar a renda do proprietário de terras,
consequentemente, seu poder de comandar trabalho alheio. Todo aumento na riqueza real da
sociedade, todo aumento na quantidade de mão de obra útil nela empregada, indiretamente tende a
aumentar a renda real da terra. Assim, o interesse do proprietário de terras está intimamente ligado
com o interesse geral da sociedade. Do mesmo modo, o aumento da riqueza da sociedade favorece
os trabalhadores assalariados, embora em menor intensidade do que aos proprietários de terra. Por
outro lado, como os lucros do capital baixam na medida em que a sociedade progride, o interesse
dos capitalistas não mantém, portanto, com o interesse geral da sociedade relação idêntica à
verificada para as outras duas.
LIVRO SEGUNDO
DA NATUREZA, ACÚMULO E EMPREGO DO CAPITAL
Dando continuidade ao resumo da obra A Riqueza das Nações de Adam Smith, trataremos
agora do Livro Segundo – Da Natureza, Acúmulo e Emprego do Capital.
CAPÍTULO I
A DIVISÃO DO CAPITAL
O acúmulo de capital é consequência do desenvolvimento da sociedade e gera a divisão do
trabalho. Em sociedades primitivas, os indivíduos buscam pelos bens na medida em que são
impelidos pela necessidade de consumi-los e as trocas quase não existem. Entretanto, na medida em
que a sociedade progride, dificilmente um indivíduo conseguirá satisfazer todas as suas
necessidades através do produto de seu próprio trabalho. A necessidade de obter o produto do
trabalho de outro, através da troca do produto de seu próprio trabalho, obriga o produtor a manter
em seu estoque uma quantia determinada de bens que seja suficiente para garantir sua subsistência
enquanto realiza suas atividades produtivas. Como estoque destinado ao consumo imediato daquele
que o possui temos a primeira forma do capital: o capital de subsistência, ou capital para o consumo
imediato.
Geralmente, um capital pequeno servirá para o consumo imediato daquele que o possui.
Dificilmente dele se tentará auferir alguma renda. Quando, porém, a pessoa consegue, através de
seu capital acumulado, garantir sua subsistência e ainda lhe resta uma boa porção desse capital, é
natural que ela busque auferir uma renda dessa parte.
Há duas maneiras de se empregar capital para que ele proporcione renda ou lucro àquele que
o detém:
1) Como capital circulante: Usa-se o capital para obter, fabricar ou comprar bens que serão
revendidos com lucro. Denomina-se capital circulante pois não dá lucro ao seu detentor enquanto
não sair de suas mão. As mercadorias de um comerciante, por exemplo, somente proporcionarão
renda quando forem trocadas por dinheiro e quando o dinheiro, por sua vez, for trocado por outros
bens.
2) Como capital fixo: Máquinas, ferramentas, melhorias que, sem saírem das mãos de seu
dono, geram renda ou lucro.
A quantidade de capital fixo e circulante que deve ser empregado em cada ocupação varia de
acordo com a natureza de cada trabalho. Por exemplo, o capital de um comerciante é constituído
predominantemente de capital circulante; o capital de um manufator, por outro lado, é constituído
predominantemente por ferramentas necessárias ao exercício de sua atividade, ou seja, capital fixo. 
O capital total de um país é a soma de todos os capitais de todos os habitantes do país e pode
ser de três tipos:
1) Capital reservado para o consumo imediato: consiste em não gerar renda nem lucro.
Consiste no capital em alimentos, roupas, mobílias domésticas etc. que foram comprados pelos seus
consumidores mas ainda não estão totalmente consumidos. 
2) Capital fixo: proporciona renda ou lucro sem circular de mãos. Consiste nos quatro itens
seguintes:
a) máquinas e instrumentos que abreviam o trabalho;
b) construções que geram renda tanto para o proprietário quanto para o locatário;
c) aprimoramento da terra;
d) habilidades úteis dos indivíduos que compõe a sociedade.
3) Capital circulante: proporciona renda apenas quando passa de mãos em mãos. Também divide-se
em quatro partes:
a) Dinheiro: que possibilita a circulação e a distribuição dos bens;
b) Estoque de provisões;
c) Materiais em estado bruto ou ainda não acabados;
d) Produto acabado.
As três últimas partes do capital circulante da sociedade estão constantemente sendo
desincorporados desse grupo, indo para o capital fixo ou destinado ao consumo imediato de alguém.
Todo capital fixo deriva de um capital circulante e é mantido por ele, não podendo gerar renda ao
seu proprietário sem um capital circulante: materiais a serem trabalhados e remuneração aos
empregados.
A única finalidade do capital fixo e do capital circulante é possibilitar o aumento do capital
destinado ao consumo imediato da população. Sendo a riqueza de uma nação determinada pela
capacidade das forças produtivas satisfazerem as necessidades da população, da capacidade destes
capitais em fornecer os bens que satisfazem essas necessidades depende a riqueza ou a pobreza de
uma sociedade.
O capital circulante, por estar frequentemente sendo fragmentado e por ser necessário a
manutenção do capital fixo, deve ser regularmente reabastecido. As fontes de abastecimento desse
capital são três: a mineração, a produção da terra e a pesca, sendo que as três atividades também
requerem capitais fixos e circulantes para serem exploradas.
CAPÍTULO II
O DINHEIRO CONSIDERADO COMO UM SETOR ESPECÍFICO DO CAPITAL NACIONAL,
OU SEJA, A DESPESA DA MANUTENÇÃO DO CAPITAL
A renda bruta de todos os habitantes de um país compreende a produção anual total de sua
terra ou de seu trabalho. Já a renda líquida diz respeito ao que lhes resta livre após serem deduzidas
todas as despesas de manutenção do capital, ou seja, tudo aquilo que, sem interferir em seu capital,
pode ser incorporado ao seu capital reservado ao consumo imediato. A riqueza está em proporção à
renda líquida, e não à renda bruta.
O total de despesas necessárias para manter o capital fixo deve ser excluído da renda líquida
da sociedade. O salário dos trabalhadores pode fazer parte da renda líquida, já que os trabalhadores
podem empregar a totalidade de seus salários em seu capital de consumo imediato. 
O propósito do capital fixo é aumentar as forças produtivas do trabalho, portanto, qualquer
redução nos custos de manutenção do capital fixo é vantajosa, desde que não afete negativamente a
capacidade produtiva deste capital. 
O mesmo não ocorre em relação ao capital circulante. Dos quatro elementos que compõe
esse capital – dinheiro, suprimentos, materiais e produto acabado – os três últimos são
constantemente retirados do capital circulante e incorporados ou ao capital fixo ou ao capital
reservado ao consumo imediato da sociedade. Toda porção desses bens, que não for empregada na
manutenção do capital circulante, vai para o capital da sociedade, fazendo parte da renda líquida
desta. Do mesmo modo, a manutenção desses três tipos de bens não retira da renda líquida da
sociedade nenhuma porção da produção anual.
Assim, o capital circulante da sociedade é diferente do capitalcirculante de um indivíduo.
Em se tratando do capital circulante de um indivíduo, não há a possibilidade dele fazer parte da sua
renda líquida, que deve consistir unicamente de seu lucro. Por outro lado, o capital circulante de um
indivíduo, por estar sempre sendo incorporado ao capital de consumo imediato de outras pessoas,
faz parte da renda líquida da sociedade.
O dinheiro é o único elemento do capital circulante cuja manutenção pode acarretar
diminuição da renda líquida da sociedade. O caráter peculiar do dinheiro, como elemento desse
capital, deve ser analisado mais de perto.
A manutenção da parcela do capital circulante composta por dinheiro afeta a renda da
sociedade de uma maneira semelhante ao capital fixo, pois:
1) A circulação de dinheiro em certo país exigirá despesas que afetam a renda líquida do
mesmo, devido à mão de obra e aos metais preciosos que, em vez de aumentarem o capital
reservado para o consumo imediato, são empregados para manter a circulação;
2) Sendo a riqueza composta pelos bens capazes de satisfazer as necessidades da população
e o dinheiro apenas a engrenagem que faz a roda da circulação funcionar, o dinheiro não faz parte
nem da renda bruta nem da renda líquida da sociedade, assim como o capital fixo;
3) Assim como toda economia de despesas feita na manutenção do capital fixo é desejável,
toda economia de despesas realizada a fim de manter a circulação de dinheiro em um determinado
país é igualmente desejável. A substituição da moeda metálica por papel moeda é vantajosa por
diminuir as despesas da manutenção do dinheiro como meio de circulação.
Um banco emite notas bancárias, que devido à confiança e a credibilidade que possuem na
sociedade, servem como dinheiro. Digamos que um banqueiro emita 100 mil libras esterlinas em
notas promissórias que ficarão circulando por meses e até anos. Um montante de 20 mil libras em
outro e prata em posse do mesmo banco pode ser o suficiente para suprir as demandas ocasionais.
Assim, poupa-se a circulação de 80 mil libras em moeda metálica. 
Sendo 1 milhão de libras o necessário para fazer circular o total da produção anual de um
país, diversos banqueiros emitem notas de até 1 milhão, deixando em seus cofres um total de 200
mil em ouro e prata para suprir eventuais demandas. Estariam em circulação, portanto, 1,8 milhão
de libras. Sendo 1 milhão o suficiente para encher o canal de circulação, os outros 800 mil podem
ser direcionados ao exterior para a compra de mercadorias estrangeiras.
O total de papel-moeda de qualquer tipo, que pode facilmente circular em um país, jamais
pode ultrapassar o valor do ouro e prata, com o qual supre a praça ou que circularia no país. Um
banco que emite mais papel do que pode ser empregado na circulação do país deve aumentar a
quantidade de ouro e prata que conserva sempre em seus cofres, não somente em proporção a este
aumento excessivo na circulação das notas, mas, em proporção muito maior.
CAPÍTULO III
A ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, OU DO TRABALHO PRODUTIVO E IMPRODUTIVO
Há dois tipos de trabalho, a saber: trabalho produtivo e trabalho improdutivo. O trabalho
produtivo acrescenta algo ao valor do objeto sobre o qual é aplicado, o trabalho improdutivo não
tem esse efeito. O produto do primeiro tipo de trabalho dura um tempo considerável após esse
trabalho se realizar, já o produto do segundo cessa imediatamente ao cessar o trabalho. Os
trabalhadores da manufatura e da agricultura são produtivos; os empregados domésticos, artistas e
advogados, por exemplo, são trabalhadores improdutivos. Disso não decorre, obviamente, que o
trabalho improdutivo não seja útil e necessário à sociedade.
A produção anual de um país mantém tanto trabalhadores produtivos quanto improdutivos.
Quando se emprega maior quantidade dessa produção para manter trabalhadores improdutivos,
sobre menos para os produtivos; quando se emprega maior quantidade para manter produtivos,
sobra menos para os improdutivos. Na mesma medida, a produção do ano seguinte será menor ou
maior.
Parte da produção anual repõe o capital e parte constitui os lucros ou a renda da terra de
alguém. A parte que repõe capital somente emprega mão de obra produtiva. O sustento de
trabalhadores improdutivos, só pode provir dos lucros e da renda de alguém. Todo aumento ou
diminuição de capital tende a aumentar ou a diminuir a quantidade real de trabalho, o contingente
de cidadãos produtivos e, consequentemente, o valor de troca da produção anual da terra e do
trabalho do país, a riqueza e renda reais de todos os seus habitantes.
Onde quer que predomine o capital, prevalece o trabalho; e onde quer que predomine a
renda, prevalece a ociosidade. Nos países ricos, os fundos destinados à manutenção de mão de obra
produtiva são maiores. O tamanho desse fundo determina se a população e operosa ou indolente.
O aumento do capital de um país aumenta a produção anual na medida em que os indivíduos
economizam seus lucros e suas rendas, não os empregando de forma improdutiva. Portanto, é a
parcimônia, e não o trabalho, que aumenta o capital total de um país.
CAPÍTULO IV
O DINHEIRO EMPRESTADO A JUROS
Aquele que empresta dinheiro a juros emprega seu dinheiro como se ele fosse um capital, já
o tomador do empréstimo pode utilizar o dinheiro como capital ou como dinheiro destinado ao seu
consumo imediato. É muito mais vantajoso empregar o dinheiro emprestado em alguma atividade
produtiva, assim o tomador de empréstimo deve ser mais capaz de repor o capital empregado e
ainda pagar os juros. Quem toma empréstimos a juros apenas para gastar, mais frequentemente se
arruína.
Os empréstimos geralmente são feitos em dinheiro – em papel-moeda ou em ouro e prata.
Entretanto, o que o tomador quer e o que o emprestador fornece não é o dinheiro em si, mas o valor
do dinheiro, isto é, sua capacidade de comandar trabalho alheio. Assim, a quantidade de dinheiro,
que pode ser emprestada a juros, em qualquer país, não é regulada pelo valor do dinheiro que serve
como instrumento para os diversos empréstimos feitos no país, mas pelo valor daquela parcela da
produção anual que, tão logo sai da terra ou das mãos dos trabalhadores produtivos, destina-se não
somente a repor um capital, mas um capital que um proprietário não deseja ter o incômodo de ele
mesmo aplicar. Uma vez que tais capitais costumam ser emprestados e restituídos em dinheiro,
constituem o que se chama de juros do dinheiro.
Quando aumenta o capital de um país, aumenta o juros do dinheiro, e na medida que a
quantidade de dinheiro a ser emprestada a juros aumenta, os juros ou preço que deve ser pago pelo
uso daquele dinheiro necessariamente diminui.
CAPÍTULO V
OS DIVERSOS EMPREGOS DE CAPITAIS
A quantidade de mão de obra que um capital pode empregar, bem como o valor que esse
capital acrescenta a produção anual de um país varia de acordo com diversidade de aplicações desse
capital. Um capital pode ser empregado de quatro maneiras: primeiro, para se obter matéria-prima,
isto é, os produtos brutos da terra; segundo, para a obtenção de produtos manufaturados; terceiro, no
transporte de mercadorias, mais especificamente, trata-se do capital dos comerciantes atacadistas; e
quarto, na fragmentar essas mercadorias em porções determinadas e que sejam suficientes para
suprir a demanda de um lugar, mais especificamente, trata-se do capital dos comerciantes varejistas.
Evidentemente, todos esses quatro empregos do capital são úteis para a sociedade e aqueles
que os empregam são todas trabalhadores produtivos.
O capital do varejista repõe o capital do atacadista do qual ele compra mercadorias. O
capital do atacadista, por sua vez, repõe o capital dos agricultores e manufatores. Parte do capital do
manufator é empregado como capital fixo; uma parte empregada como capital circulante repõe o
capital dos trabalhadores responsáveis por explorar os produtos da terra, outra parte é destinada a
manter seus trabalhadores assalariados. Assim, o capitaldo varejista emprega diretamente apenas a
mão de obra do próprio comerciante varejista; o capital do varejista contribui indiretamente para
sustentar a mão de obra dos manufatores e exploradores da terra e empregam diretamente os
marinheiros e transportadores. Dessa forma, a operação do capital do atacadista é bastante superior
ao do varejista. O capital da manufatura aciona uma quantidade muito maior de mão de obra e
acrescenta a produção anual um valor muito maior que o do atacadista.
Não há nenhum capital igual que movimente uma quantidade maior de mão de obra
produtiva e que acrescente maior valor à produção anual do que o capital do agricultor,
considerando que o gado e a natureza também podem ser considerados aqui como trabalhadores
produtivos.
Os capitais empregados na agricultura e no comércio varejista devem residir
necessariamente no país onde operam; o capital do atacadista pode residir em qualquer lugar; o
capital do manufator deve residir onde estiver localizada a manufatura, mas o local não está
necessariamente determinado. Em se tratando do comércio atacadista, pouca diferença faz se é
nacional ou estrangeiro o comerciante cujo capital exporta o excedente de uma sociedade. Já quanto
ao capital do manufator, esse movimenta uma quantidade maior de mão de obra se estiver dentro do
país.
Determinados países, muitas vezes, não tem capital suficiente para agricultura, manufatura e
transporte; em tais casos, quanto maior for o capital empregado na agricultura maior será a
produção anual. O caminho mais natural para acumular capital e promover a riqueza do país é
começar pela agricultura, por essa consistir na aplicação que mais movimenta mão de obra, sendo,
portanto, a mais rentável.
O contingente de mão de obra movimentado e o valor acrescentado a produção anual
também variam de acordo com o tipo de comércio atacadista em que é aplicado o capital. Há três
tipos de comércio: comércio interno, comércio exterior para consumo interno e comércio de
transporte de mercadorias de um país a outro.
O capital empregado no transporte de mercadorias de uma região do país a outra, repõe dois
capitais nacionais. O capital empregado na importação repõe um capital nacional e um capital
estrangeiro; seus retornos não são tão rápidos e só dão metade do estímulo à indústria nacional em
relação ao capital empregado no comércio interno. O capital empregado no comércio de transporte
de mercadorias estrangeiras repõe apenas capitais estrangeiros. Por isso, o capital aplicado no
comércio interno sustenta mais mão de obra produtiva do que o capital empregado no comércio
exterior, o qual, todavia, sustenta mais do que o capital no comércio de transporte. Evidentemente, é
preferível estimular o comércio interno em detrimento dos demais, embora esses sejam vantajosos
quando introduzidos naturalmente. Se o excedente de um país não encontra mais demanda entre a
população, ele deve ser exportado; isso constitui mais um efeito do que uma causa da riqueza da
nação.
LIVRO TERCEIRO
A DIVERSIDADE DO PROGRESSO DA RIQUEZA NAS DIFERENTES NAÇÕES
CAPÍTULO I
O PROGRESSO NATURAL DA RIQUEZA
O comércio interno de todo país se dá através da troca de produtos brutos da terra por
produtos manufaturados, isto é, da troca entre os habitantes do campo e da cidade. Essa relação de
troca estabelece ganhos mútuos entre os dois.
Assim como a subsistência, pela própria natureza das coisas, tem prioridade sobre o que são
apenas comodidades e artigos de luxo, da mesma forma a atividade que garante a subsistência tem
necessariamente prioridade sobre a que está a serviço das meras comodidades e do luxo.
Consequentemente, o aprimoramento e o cultivo da terra, pelo fato de assegurar o necessário para a
subsistência, deve forçosamente ter prioridade sobre o crescimento da cidade, que fornece apenas
comodidades e artigos de luxo. 
As cidades não podem crescer desmensuradamente sem levar em conta sua dependência em
relação ao campo, já que a subsistência da cidade depende do excedente do campo. Assim, é natural
que a ordem do progresso da riqueza de um país comece pelo aprimoramento da terra, depois passe
ao desenvolvimento da manufatura, para em último lugar desenvolver seu comércio exterior. Nos
países modernos da Europa, entretanto parece que essa ordem foi invertida. Nesses países, foi o
comércio externo de algumas de suas cidades que introduziu todas as suas manufaturas mais
refinadas, isto é, aquelas que eram indicadas para vender seus produtos em locais distantes; e foram
as manufaturas e o comércio exterior, juntos, que fizeram surgir os principais melhoramentos da
agricultura. Isso se deu pelos hábitos e costumes dos seus primeiros governos.
CAPÍTULO II
O DESESTÍMULO À AGRICULTURA NO ANTIGO ESTÁGIO DA EUROPA, APÓS A QUEDA
DO IMPÉRIO ROMANO
A invasão do Império Romano pelos povos germânicos gerou desordens que perduraram por
séculos. Primeiro o comércio entre campo e cidade foi abandonado; depois as cidades foram
abandonadas e os campos deixados incultos. As terras foram usurpadas pelos líderes germânicos e,
sendo cultivadas ou não, nunca deixaram de ser propriedade de alguém, A terra passou a ser um
instrumento de poder.
Essas terras usurpadas não eram divididas por sucessão ou alienação. Por ser um
instrumento de poder, a terra passou a ser passada para o primogênito, indivisa. Naquela época todo
senhor de terras era uma espécie de príncipe secundário, e seus arrendatários eram seus súditos.
Todos ou quase todos eram escravos. Os escravos pertenciam mais diretamente à terra do que ao
patrão. Podiam, portanto, ser vendidos com a terra, mas não independentemente dela. Podiam casar-
se, desde que com o consentimento do patrão, o qual não podia, posteriormente, dissolver o
casamento, vendendo marido e mulher a pessoas diferentes. Todavia, esses escravos rendeiros não
tinham possibilidade de adquirir propriedade. O que quer que adquirissem pertencia ao patrão, o
qual podia tirar-lhes à vontade o que haviam adquirido. Qualquer cultivo e melhoria que fossem
feitos na terra com o trabalho de tais escravos contavam como feitos pelo patrão. A despesa era
dele. Ora, se raramente se pode esperar grandes melhorias da terra por parte dos grandes
proprietários, muito menos se pode esperar quando eles empregam escravos como trabalhadores.
Por não existir a possibilidade de adquirir alguma propriedade ou liberdade, o escravo trabalhará
somente o suficiente para sobreviver.
Aos agricultores escravos sucederam gradativamente um novo tipo de agricultor conhecidos
atualmente na França sob o nome de meeiros. A terra ocupada por essa casta de rendeiros é
propriamente cultivada às expensas do proprietário, analogamente ao que acontece coma terra
ocupada por escravos. Mas existe uma diferença essencial entre os dois. Tais rendeiros, pelo fato de
serem livres, são capazes de adquirir propriedade, e por terem direito a uma parte da produção da
terra têm um interesse evidente em que a produção total seja a máxima possível, para que grande
seja também a parte que lhes cabe.
Depois desse tipo de locatários vieram, embora muito gradualmente, os arrendatários
propriamente ditos, que cultivavam a terra com seu próprio capital, pagando ao proprietário uma
renda fixa. Todavia, mesmo a posse de tais arrendatários permaneceu por muito tempo
extremamente precária, e continua a sê-lo, em muitas regiões da Europa.
CAPÍTULO III
A ASCENSÃO E O PROGRESSO DAS CIDADES APÓS A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
De início, os habitantes das cidades não parecem ter sido mais favorecidos que os do campo
após a queda do império romano. Eram de condição servil, entretanto obtiveram a liberdade antes
dos habitantes do campo, adquirindo a administração da cidade e alguns privilégios por parte dos
reis. As cidades tornaram-se aliadasnaturais do soberano contra seus inimigos, os senhores de
terras, Muitas vezes, as milícias das cidades eram capazes de sobrepujar os senhores feudais.
Em decorrência dessa maior segurança nas cidades, o desenvolvimento da indústria, do
comércio e o acúmulo de capital ocorreram antes nelas.
CAPÍTULO IV 
DE QUE MANEIRA O COMÉRCIO DAS CIDADES CONTRIBUIU PARA O PROGRESSO NO
CAMPO
O comércio e a indústria das cidades favoreceu o desenvolvimento da agricultura de três
maneiras:
1) Oferecendo um mercado grande e preparado para a produção bruta do campo,
estimularam o seu cultivo e posterior progresso;
2) A riqueza dos habitantes da cidade os levava a adquirir terras. Quando comerciantes se
tornam aristocratas rurais, geralmente são os que mais se empenham em melhorar as terras.
3) O comércio e a manufatura introduziram gradualmente a ordem e a boa administração e,
com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos.
Desse modo, parece que, contrariando a ordem natural do progresso, foram as cidades,
através do comércio e da manufatura, que causaram o desenvolvimento da agricultura na Europa.
Por essa evolução ter contrariado o curso natural das coisas, foi bastante lenta e incerta.
LIVRO QUARTO
SISTEMAS DE ECONOMIA POLÍTICA
A economia política tem dois objetivos: prover renda ou manutenção farta à população e
prover renda ao Estado ou à comunidade para os serviços públicos. Desse modo, ao longo da
história e do progresso das nações, surgiram dois sistemas distintos de economia política: o sistema
comercial e o sistema agrícola.
CAPÍTULO I
O PRINCÍPIO DO SISTEMA COMERCIAL OU MERCANTIL
Há o senso comum de que a riqueza consiste em dinheiro, por ele ser instrumento de
comércio e medida de valor. Segundo o filósofo John Locke, o dinheiro representa melhor a riqueza
do que qualquer outro bem, devido ao seu caráter durável; mesmo circulando de mãos em mãos,
desde que não o exportemos para fora do país, está pouco sujeito ao desgaste e ao consumo. Dessa
forma, para o ilustre filósofo, a riqueza de uma nação consiste na quantidade de ouro e prata que é
capaz de acumular. Outros afirmam que se uma nação pudesse ser separada do restante do mundo,
pouco importaria a quantidade de dinheiro em circulação dentro de seu território, sendo a
abundância ou escassez de bens de consumo que determinaria a riqueza ou a pobreza da nação.
Porém, como em tempos de guerra, para manter esquadras e exércitos em lugares distantes é
necessário enviar dinheiro ao exterior, em tempos de paz é preciso que o país tenha um estoque
suficiente de metais preciosos para essa finalidade.
Assim, as nações europeias têm se empenhado em acumular o máximo possível de ouro e
prata em seus territórios, através, fundamentalmente, de restrições à exportação desses metais para
fora do país. Entretanto, quando esses países tornaram-se países comerciais, muitos comerciantes
passaram a considerar essas restrições bastante inconvenientes, pois era muito mais fácil comprar
mercadorias estrangeiras das quais necessitavam com ouro e prata do que com qualquer outra
mercadoria. Argumentavam, inclusive, que havia a possibilidade de a compra de tais mercadorias
em ouro e prata, ao invés de diminuir a quantidade desses metais em circulação dentro do território
nacional, poderia, pelo contrário, aumentar essa quantidade através da reexportação dessas
mercadorias estrangeiras à outros países, com lucros que ultrapassariam o valor gasto inicialmente.
Além disso, os comerciantes alegavam que essa proibição não conseguiria impedir a
exportação de ouro e prata, os quais sairiam facilmente do país através do contrabando, em virtude
de seu reduzido volume em comparação com seu alto valor. Sustentavam que tal exportação só
poderia ser evitada quando atendendo-se devidamente ao que chamavam de balança comercial.
A teoria da balança comercial consistia basicamente no seguinte: Quando um país exporta
mais valor do que importa, os países estrangeiros ficavam em dívida com ele. Dívida esta que
deveria ser paga com ouro e prata; por outro lado, ao importar mais valor do que exportar, o país
fica devendo aos países estrangeiros. Nesse caso, alegavam eles, proibir a exportação desses metais
não lograria efeito; o remédio seria fazer com que tal exportação ficasse mais cara, tornando-a mais
dispendiosa.
Tais argumentos, apesar de sólidos na medida em que demonstravam que a exportação de
ouro e prata as vezes pode ser vantajosa e que a proibição não poderia impedir a exportação, eram
sofismas na medida em que afirmavam que para aumentar a quantidade de ouro e prata era preciso
que o governo interviesse nas relações comerciais e que o alto preço do câmbio aumenta a balança
comercial desfavorável. 
A quantidade de uma mercadoria qualquer que o trabalho humano pode comprar ou produzir
é sempre regulada pela demanda efetiva da população, ou de acordo com a demanda daqueles que
estão prontos a pagar toda a renda da terra, a mão de obra e o lucro necessários para preparar e
comercializar a respectiva mercadoria. Se em um país a quantidade de ouro e prata superar essa
demanda efetiva, nem a mais sanguinária lei conseguirá impedir sua exportação para onde há
demanda efetiva por esses metais, pois não há mercadorias mais fáceis de serem transportadas do
que ouro e prata, devido ao seu volume reduzido e seu alto valor.
Além disso, se não houvesse ouro e prata para atender à demanda efetiva, nem por isso, o
Governo deveria se preocupar com isso. A falta de materiais paralisa a indústria, a falta de alimentos
mata a população, mas a falta de metais preciosos pode ser resolvida, apesar dos inconvenientes,
através do escambo, do crédito e de um sistema bem estruturado de emissão de papel-moeda. No
entanto, não há queixa mais frequente entre os comerciantes do que a escassez de dinheiro. A causa
disso geralmente é o excesso de comércio. As pessoas sóbrias cujos projetos se tornaram
desproporcionais em relação aos capitais que possuem, estão sujeitas a não ter com que comprar
dinheiro.
Portanto, é evidente que a riqueza não consiste no dinheiro, mas naquilo que o dinheiro é
capaz de comprar e no poder de compra que ele tem. Se é mais fácil comprar mercadorias com
dinheiro do que com outros bens, não é porque o dinheiro consiste na riqueza, mas porque o
dinheiro é o instrumento de comércio reconhecido e estabelecido como tal, sendo mais fácil obter
bens através do dinheiro do que através de outros bens. Assim, a quantidade de dinheiro disponível
em um país deve ser proporcional a produção que esse país é capaz de fazer circular. Qualquer
quantidade de dinheiro em excesso tende a tornar-se ociosa e, consequentemente, sua exportação,
em troca de mercadorias estrangeiras, torna-se inevitável.
A descoberta das minas na América não enriqueceu a Europa devido à introdução de ouro e
prata a preços mais baratos que antes. O baixo preço de ouro e prata pode tornar até mesmo
inconveniente o uso de dinheiro como meio de circulação, pois será preciso carregar uma
quantidade maior desses metais para comprar os bens. A descoberta da América beneficiou a
Europa devido ter aberto um novo mercado para as mercadorias europeias, dando margem à novas
divisões do trabalho e aperfeiçoamento profissional, melhorando as forças produtivas e a riqueza da
população europeia.
Por supor que a riqueza consiste em ouro e prata, a Economia Política procurou reduzir as
importações e estimular as exportações.
As restrições à importação têm sido de dois tipos: primeiro, restrições de todos os tipos em
relação a países aos quais se supunha ser desfavorável a balança comercial; segundo, impondo taxas
alfandegárias ou proibições absolutas.
Os estímulos à exportação são feitos através dos drawbacks, subsídios, tratados comerciais e
implantação de colônias.
Cada um desses mecanismos será devidamente explorado nos capítulos seguintes.CAPÍTULO II
RESTRIÇÕES À IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS QUE PODEM SER
PRODUZIDAS NO PRÓPRIO PAÍS
 Com taxas alfandegárias ou proibições absolutas, restringe-se a importação de mercadorias
que podem ser produzidas pela indústria nacional. Desse modo, garante-se o monopólio do
comércio interno para o próprio país, Tais restrições podem estimular a indústria, mas nada podem
fazer para aumentar a atividade nacional geral, pois essa é determinada pela capacidade que o
capital nacional tem de empregar mão de obra.
O interesse de cada indivíduo leva-o a procurar o emprego mais vantajoso para o seu capital,
aplicando-o o mais perto possível de sua residência, desde que produza o maior valor possível.
Evidentemente, cada indivíduo tem melhor condição de avaliar em que atividade será empregar seu
capital do que qualquer estadista. Ao induzir os indivíduos a produzir aquilo que podem comprar
mais barato no exterior, o Estado, através de taxas e restrições, pode prejudicar o interesse nacional.
Entretanto, há dois casos específicos em que pode ser vantajoso impor alguma restrição à
atividade estrangeira no país: primeiro, quando uma atividade específica é necessária para a defesa
do país, como é o caso da navegação para a Grã-Bretanha; segundo, quando existe taxa similar
sobre o produto da manufatura nacional.
CAPÍTULO III
AS RESTRIÇÕES EXTRAORDINÁRIAS À IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS DE QUASE
TODOS OS TIPOS. DOS PAÍSES COM OS QUAIS A BALANÇA COMERCIAL É
SUPOSTAMENTE DESFAVORÁVEL
PARTE PRIMEIRA
A IRRACIONALIDADE DESSAS RESTRIÇÕES , MESMO COM BASE NOS PRINCÍPIOS DO
SISTEMA COMERCIAL
Tais restrições são irrazoáveis, mesmo com base no sistema comercial, pois mesmo
comprando de países onde a balança comercial for desfavorável, se o preço das mercadorias for
mais baixo, embora aumentasse muito o valor das importações, diminuiria o valor total das
importações anuais, na proporção em que as mercadorias fossem mais baratas. Em segundo lugar,
grande parte dessas mercadorias poderia ser reexportada a outros países, onde, sendo vendidas com
lucro, poderiam trazer um retorno talvez igual ao custo primário de todas as mercadorias
importadas. Por último, não existe nenhum critério seguro pelo qual podemos determinar para onde
pende a balança comercial. Os registros de alfândega são poucos seguros, devido á inexatidão com
que a maior parte das mercadorias são neles avaliados e nem sempre o estado normal de débito e
crédito entre dois países é inteiramente determinado pelo curso normal de suas transações
comerciais mútuas, senão que, muitas vezes, é influenciado pelo curso das relações comerciais com
muitos outros países.
PARTE SEGUNDA
A IRRACIONALIDADE DESSAS RESTRIÇÕES COM BASE EM OUTROS PRINCÍPIOS
A teoria da balança comercial é absurda e um comércio que é forçado por subsídios e
monopólios costuma ser desvantajoso para o país que julga estar se favorecendo dele. A vantagem
ou ganho não se baseia no acúmulo de ouro ou prata, mas no aumento do valor de troca da produção
anual do país, ou seja, o aumento da renda de seus habitantes. 
Na verdade há uma outra balança, que já foi explicada, e que é muito diferente da balança
comercial — essa sim, conforme for favorável ou desfavorável, necessariamente gera a
prosperidade ou o declínio de uma nação. É a balança de produção e consumo anuais. Já observei
que, se o valor de troca da produção anual superar o valor de trocado consumo anual, o capital da
sociedade deve aumentar proporcionalmente a esse excedente. Nesse caso, a sociedade vive nos
limites de sua renda, e o que anualmente se economiza dessa renda é naturalmente acrescentado a
seu capital e empregado para aumentar a produção anual. Ao contrário, se o valor de troca da
produção anual for inferior ao consumo anual, o capital da sociedade deve diminuir anualmente em
proporção a essa diferença ou insuficiência. Neste caso, a despesa da sociedade supera sua renda,
interferindo forçosamente em seu capital. Por isso, seu capital necessariamente diminui, junto a ele,
o valor de troca da produção anual de sua atividade.
É possível a uma nação importar um valor superior ao que exporta, e isso talvez durante
meio século contínuo; é possível que o ouro e a prata que entram nesse país durante todo esse tempo
sejam imediatamente enviados para fora; sua moeda circulante pode diminuir gradualmente sendo
substituída por diversos tipos de papel-moeda; podem até aumentar gradualmente dívidas que o país
contrai junto às principais nações com as quais comercializa não obstante isso, a riqueza real desse
país, o valor de troca da produção anual de suas terras e de seu trabalho podem, durante esse mesmo
período, ter aumentado em uma proporção muito maior.
CAPÍTULO IV
OS DRAWBACKS
Os drawbacks são estímulos à exportação, que permitem ao comerciante recuperar, na
exportação, o total do imposto de consumo ou taxa imposta aos produtos do país. Os comerciantes e
manufatores não se contentam com o monopólio do comércio interno, entretanto, como não têm
nenhuma legislação ou influência sobre outros países, solicitam auxílios e estímulos dos seus.
Dentre todos os estímulos à exportação, os drawbacks parecem ser os mais razoáveis, pois
preservam a distribuição natural do trabalho. O mesmo ocorre com os drawbacks de taxas pagas
sobre mercadorias importadas.
CAPÍTULO V
OS SUBSÍDIOS
Não podendo forçar os estrangeiros a consumir nossos produtos, às vezes pagamos aos
estrangeiros para que os consumam. Admite-se que os subsídios só devam ser concedidos para
setores comerciais que não conseguem operar sem eles, ou seja, produtos que não permitem ao
comerciante repor seu capital somado aos lucros. 
O comércio efetuado entre duas nações com o auxílio de subsídios é o único capaz de serem
realizados durante um longo período de tempo, de tal maneira que uma delas sempre e regularmente
terá de vender suas mercadorias a um custo inferior ao que lhe custa realmente enviá-las ao
mercado. O efeito dos subsídios é, portanto, dirigir forçosamente atividades para um canal menos
vantajoso do que seria aquele para o qual o capital se dirigiria espontaneamente.
O subsídio, na agricultura, em anos de abundância tendem a fixar o preço dos cereais a um
preço superior ao que espontaneamente se fixaria. Assim, a ampliação do mercado externo é feita às
expensas do mercado interno, impondo duas taxas à população: primeiro, a taxa que o povo é
obrigado a contribuir para continuar pagando o subsídio; segundo, a taxa que provém do preço
aumentado da mercadoria no mercado interno.
CAPÍTULO VI
OS TRATADOS COMERCIAIS
Tratados comerciais estabelecidos entre duas nações tendem a favorecer um lado e
desfavorecer outro. O país que obtém o privilégio de vender suas mercadorias em outro, sem
concorrência, pode vendê-las a preços melhores. O país que favorece outro, outorga a ele o
monopólio de seu comércio interno, desfavorecendo, assim, os produtores e comerciantes nacionais.
CAPÍTULO VII
AS COLÔNIAS
Parte Primeira: Os motivos da fundação de novas colônias
O estabelecimento de colônias europeias no continente americano não se deu pelos mesmos
motivos que na antiguidade levaram a Grécia e a República Romana a estabelecer suas colônias.
As colônias gregas se deveram ao crescimento da população da pátria mãe, sendo que
colonos, ao se fixarem em novas terras, estabeleciam seus próprios governos. Em Roma, o
estabelecimento de colônias serviu para proteger a República. No caso das colônias europeias na
América, os motivos de sua fundação são menos evidentes. Os venezianos mantinham um comércio
muito vantajoso com as Índias Orientais, o que causou a inveja dos portugueses e os levou a
descobrir a passagem pelo cabo da Boa Esperança. Colombo, almejando alcançar o oriente pelo
ocidente, descobriu as terras americanas, as quais ficariam conhecidas comoÍndias Ocidentais. 
Essa região não era rica em animais e vegetais, portanto, a atenção da Coroa e dos colonos
foi atraída aos minerais (ouro e prata). Entretanto, nenhum projeto absorve mais capital e lucros do
que a mineração, sendo que um legislador jamais deve dar prioridade a essa atividade em
detrimento das demais, se estiver interessado em desenvolver a riqueza real de seu país.
Parte Segunda: Causas da prosperidade das novas colônias
Os colonizadores fazem a terra ocupada progredir em riquezas com uma rapidez bastante
peculiar, levando consigo conhecimentos agrícolas, tecnologias e formas avançadas de organização
política até então desconhecidas. As terras são abundantes e baratas, não há impostos e rendeiros e
há todos os motivos para produzir o máximo que puder. Entretanto, como as terras são vastas,
jamais consegue extrair dela todo o seu potencial, assim procura empregar bastante mão de obra e
com salários altos, devido a baixa densidade populacional em relação a extensão das terras.
Parte Terceira: as vantagens que a Europa auferiu da descoberta da América e de uma passagem
para as Índias Orientais através do cabo da Boa Esperança
As vantagens obtidas pela Europa a partir das novas colônias podem ser divididas em dois
tipos: vantagens para o continente europeu como um todo; e vantagens relativas aos países
específicos que obtiveram o domínio político de novas terras.
As vantagens gerais para a Europa são: primeiro, o aumento da satisfação da população
gerado pelo excedente dos produtos americanos que entram no velho continente. Segundo, um
incremento da atividade, não somente nos países que mantém comércio direto com a América, mas
também em outros países, que não exportam seus produtos para a América ou nem sequer recebem
qualquer produto da América.
A exclusividade de comércio dos países colonizadores tende a diminuir, ou, pelo menos, a
manter abaixo do que de outra forma atingiriam tanto as satisfações como a atividade de todas essas
nações, de um modo geral, e das colônias, em particular. O excedente de produção das colônias
representa, no entanto, a fonte original do aumento da satisfação e da atividade que a Europa
desfruta pela descoberta e colonização da América.
As vantagens que cada país colonizador aufere das colônias são de dois gêneros: primeiro,
vantagens comuns que todo império obtém das províncias sob seu domínio, ou seja, força militar e
renda. Até o momento, as colônias mal têm condições de defenderem-se por conta própria, muito
menos defender a metrópole e as únicas colônias que contribuem com renda às respectivas pátrias
mães são as colônias de Portugal e Espanha; vantagens peculiares para suas respectivas pátrias mães
decorrentes da exclusividade comercial parece ser a única vantagem específica gerada pelas
colônias. Entretanto, a exclusividade comercial de um país constitui uma desvantagem para todos os
outros países.
CAPÍTULO VIII
RESULTADOS DO SISTEMA COMERCIAL
O sistema mercantil se propõe a aumentar a riqueza do país estimulando a exportação e
desestimulando a importação. Entretanto, em relação a determinadas mercadorias faz justamente o
oposto. Desestimula exportação dos materiais para a manufatura e dos instrumentos de trabalho, a
fim de proporcionar aos seus próprios operários uma vantagem em relação aos outros países, bem
como estimula a importação de materiais para manufatura.
A importação de materiais para manufaturas às vezes foi estimulada por uma isenção das
taxas alfandegárias, e, às vezes, por subsídios. Entretanto, tal estímulo favorece os grandes
manufatores nacionais e desfavorece os pequenos produtores pobres, como os fiandeiros.
Estimulando a importação de fio de linho estrangeiro e, com isso, fazendo-o concorrer com o fio
feito pelos trabalhadores nacionais, procura-se comprar o trabalho das pobres fiandeiras o mais
barato possível.
A exportação de materiais para manufatura é desestimulada, ora por proibições absolutas,
ora por taxas alfandegárias. A exportação de lã e de ovelhas vivas é proibida sob penas severas;
antigamente, a mutilação da mão esquerda e a morte. 
A exportação de instrumentos de trabalho propriamente ditos é comumente restringida por
proibições absolutas, bem como é proibido induzir um artífice a ir ao exterior exercer e ensinar sua
profissão.
O objetivo dessas medidas é ampliar nossa manufatura, não por meio de seu
aperfeiçoamento, mas depreciando a manufatura de outros países. 
O consumo é o único objetivo e propósito de toda produção, ao passo que o interesse do
produtor só pode ser atendido na medida em que promova o interesse do consumidor. No sistema
mercantil, o interesse do consumidor é sacrificado ao do produtor. É totalmente em benefício deste
último que o consumidor é obrigado a pagar o aumento de preço provocado por esse monopólio. Os
planejadores de todo o sistema mercantil foram os produtores, sobretudo os comerciantes e
manufatores.
CAPÍTULO IX
OS SISTEMAS AGRÍCOLAS
Os sistemas agrícolas de economia política nunca foram adotados por nenhuma nação e é
defendido apenas por alguns pensadores franceses. Nesse sistema, a atividade da cidade é
subvalorizada e a atividade do campo supervalorizada, representando assim a antítese do sistema
mercantil. 
Para o sistema agrícola há três classes de pessoas: os proprietários de terra, os cultivadores
da terra e os trabalhadores da manufatura e comércio, chamados de trabalhadores estéreis e
improdutivos pelos defensores do sistema agrícola.
Os proprietários da terra contribuem para a produção anual com o aprimoramento da terra,
fazendo com que os cultivadores possam produzir mais. A despesa com o aprimoramento da terra é
chamado de despesa fundiária.
Os cultivadores ou lavradores contribuem com as despesas originais ou anuais de cultivo
(instrumentos, sementes, capitais, gado e subsistência da família pelo menos no primeiro ano da
ocupação da terra). Essas duas despesas são capitais que devem ser repostos ao trabalhador da terra.
No sistema agrícola essa classe de trabalhadores é denominada de pessoas produtivas e as suas
despesas como despesas produtivas. Também a despesa fundiária é despesa produtiva.
As demais despesas e categorias de pessoas são tidas por esse sistema como improdutivas,
em particular os artífices e os manufatores. O capital do arrendatário lhe proporciona lucro assim
como o capital do mestre manufator, e também proporciona renda ao proprietário da terra, o que
não acontece com o capital do mestre manufator. Portanto, a despesa do manufator apenas mantém
a continuidade do valor do seu trabalho, não aumentando em nada esse valor, por isso é uma
despesa estéril e improdutiva.
Os artífices, manufatores e comerciantes apenas podem aumentar a renda e a riqueza de seu
país através da parcimônia, isto é, se privando de consumir uma parcela dos fundos destinados à sua
subsistência. Ao contrário, os arrendatários e os trabalhadores do campo podem desfrutar
inteiramente do total dos fundos destinados à sua subsistência e também aumentar, ao mesmo
tempo, a riqueza do país.
A classe improdutiva é mantida pelas outras duas classes. São elas que lhes fornecem os
materiais brutos para seu trabalho e a sua subsistência. Entretanto, a classe improdutiva é altamente
útil às outras duas classes, pois lhes fornece produtos que não podem produzir senão com muito
trabalho e risco. Por meio da classe improdutiva, os trabalhadores do campo são liberados de muitas
preocupações que de outra forma desviariam a atenção do cultivo da terra. Assim, não é do interesse
das classes produtivas desestimular a atividade da classe improdutiva.
Entretanto, o sistema agrícola erra ao apresentar os artífices, manufatores e comerciantes
como improdutivos pois:
1) eles reproduzem pelo menos o seu consumo anual e dão continuidade ao capital que lhes
dá emprego;
2) eles não se identificam com os empregados domésticos,como observado no Capítulo III
do Livro Segundo;
3) seu trabalho gera aumento da renda real da sociedade;
4) para aumentar a produção anual a parcimônia é mais exigida dos arrendatários do que
deles. O aumento da produção só ocorre de duas formas: primeiro, pelo aprimoramento das forças
produtivas; segundo, pelo aumento da quantidade de trabalho. O aprimoramento das forças
produtivas só pode ser obtido pela divisão do trabalho e a divisão do trabalho é mais limitada nas
atividades agrícolas do que na manufatura. O aumento do trabalho só pode acontecer em proporção
ao aumento do capital e o capital somente aumenta pela parcimônia;
5) O comércio e a manufatura também podem proporcionar aqueles meuis de subsistência
que o sistema considera como a única renda, através da importação;
Apesar dos erros, esse sistema parece ser o mais razoável já surgido, por afirmar que a
riqueza consiste não no dinheiro, mas nos bens de consumo da terra. Entretanto, restrições à
manufatura e ao comércio tendem a desestimular a agricultura e todas as atividades são necessárias
para aumentar a riqueza de uma nação. Assim, todos os sistemas de estímulos e restrições retardam
o progresso da sociedade. O sistema de liberdade natural deixa para o soberano apenas três deveres:
1) a defesa do país; 2) a administração judicial e; 3) a manutenção de certas obras públicas.
LIVRO QUINTO
A RECEITA DO ESTADO OU DO SOBERANO
CAPÍTULO I
OS GASTOS DO ESTADO E DO SOBERANO
Parte Primeira – os gastos com a defesa
É dever do soberano proteger a nação contra a violência estrangeira. Tal só pode ser
cumprido pela força militar. Quanto mais desenvolvida for a nação mais gastos ela deve ter para
defender-se.
Uma sociedade de caçadores não tem gasto algum com defesa, pois cada indivíduo é um
guerreiro. Também entre as nações de pastores, todo homem é igualmente um guerreiro. Em um
estágio mais avançado, duas causas contribuem para tornar totalmente impossível manterem-se à
própria custa os que vão à guerra: o desenvolvimento da manufatura e o aperfeiçoamento da arte
bélica.
Se um agricultor vai à guerra após a semeadura e retorna dela antes da colheita, pode-se
dizer que a natureza e a sua família podem se incumbir de sua atividade, não provocando redução
considerável de sua renda. Entretanto, se um artífice, ferreiro, carpinteiro ou tecelão abandona sua
oficina de trabalho, seca totalmente sua renda.
Com o aperfeiçoamento da arte bélica, é necessário que haja divisão do trabalho também
nessa atividade. Em se tratando da arte bélica, a sabedoria do Estado é a única que tem condições de
fazer a profissão de soldado uma atividade específica.
Existem dois métodos mediante os quais o Estado de uma nação desenvolvida promover a
defesa pública: criando milícias ou criando um exército permanente. 
Um exército permanente sempre será mais disciplinado e melhor capacitado para as
atividades bélicas do que as milícias, portanto, se o Soberano for ajuizado, optará por manter um
exército permanente para a defesa da nação. Entretanto, os gastos serão maiores. Assim, na guerra
moderna, nações mais ricas têm vantagem sobre as mais pobres.
 
Parte Segunda – Os gastos com a justiça
Os gastos com a administração da justiça também variam de acordo com o grau de
progresso da sociedade. Em sociedades de caçadores primitivos e de pastores ela não é necessária,
na primeira pois não há nenhuma diferença significativa entre a propriedade dos seus membros, na
segunda pois a grande propriedade do soberano, não podendo o seu excedente ser trocado por
produtos manufaturados, deve servir de proteção aos que pouco possuem, esses lhe asseguram
obediência em troca dessa proteção. É somente onde há grande propriedade e desenvolvimento que
o poder judiciário é necessário. Portanto, o governo civil existe em função da defesa da propriedade
e, consequentemente, em favor dos mais ricos contra os mais pobres.
Parte Terceira – Os gastos com obras e instituições públicas
O terceiro dever do Estado é a implantação de obras e instituições que são úteis à sociedade
mas que dificilmente poderiam ser levadas adiante por indivíduos particulares, pois são incapazes
de gerar lucros. São as obras necessárias para facilitar o comércio e obras destinadas à instrução do
povo.
As despesas para construir e manter estradas públicas aumentam na medida que aumenta a
produção anual da terra e do trabalho do respectivo país. As despesas com essas obras podem ser
pagas através de receitas geradas por elas mesmas, obtidas mediante pedágios e outros encargos
específicos. Ao baratear os custos de transporte, as mercadorias tornam-se mais baratas e a cobrança
de pedágio pode ser facilmente compensada. Os gastos com tais obras devem ser adequados àquilo
que o comércio é capaz de pagar.
Os canais de navegação serão administrados melhor em mãos particulares. Se ele não é
mantido de maneira aceitável, a navegação torna-se inviável. Se fossem administrados por
comissários, que não tivessem nenhum interesse imediato neles, poderiam ser menos cuidadosos
com essas obras. As estradas, entretanto, mesmo que negligenciada, não se torna inteiramente
intransitável, por isso, os responsáveis pelas taxas de pedágio de uma estrada poderiam negligenciar
totalmente a manutenção da mesma, continuando, apesar disso, a cobrar quase os mesmos pedágios.
O mais aconselhável é colocar os pedágios sob a administração do Estado – antes pela
administração local, do que por comissários ou representantes do soberano.
Certos setores comerciais, em que se transaciona com nações bárbaras e incivilizadas,
exigem uma proteção extraordinária, como fortificações, por exemplo. O interesse do comércio
muitas vezes têm criado a necessidade de manter ministros em países estrangeiros onde os objetivos
da guerra ou da aliança não os exigiriam.
É razoável impor uma taxa específica a setores comerciais cuja proteção requer despesas
extraordinárias ou, o que é mais justo, mediante um tributo específico sobre as mercadorias que
importam dos países com os quais se mantém comércio. O dever de proteger o comércio é do poder
executivo, todavia, em muitos casos, tem sido entregue a companhias comerciais, aos quais tendem
ao espírito do monopólio.
A educação dos pobres exige atenção do Estado, mais do que a das pessoas de fortuna, pois
a divisão do trabalho, entendida como consequência natural do desenvolvimento da sociedade, priva
os indivíduos que realizam as tarefas mais simples de desenvolverem sua capacidade intelectual.
CAPÍTULO II
AS FONTES DA RECEITA GERAL OU PÚBLICA DA SOCIEDADE
Toda receita provém de uma das duas fontes:
1) propriedades pertencentes ao soberano;
2) rendimentos do povo.
Parte Primeira – Os fundos ou fontes de receita que podem pertencer particularmente ao soberano
ou ao Estado
Podem consistir em capital ou em terras. O soberano, como qualquer outro proprietário pode
auferir de seu capital lucros ou juros. Somente no estágio mais primitivo e rudimentar de governo
civil é que o lucro constitui maior parte da receita pública de um Estado. Já para países maiores, o
lucro de um banco estatal tem sido uma fonte de receitas, assim como os serviços postais.
Entretanto, no geral, governantes não são bons comerciantes, devido as mentalidades de um e de
outro serem muito incompatíveis.
Um Estado pode, por vezes, auferir alguma parte de sua receita pública dos juros de
dinheiro, bem como dos lucros do capital. Se juntou um tesouro, pode emprestar parte dele a países
estrangeiros ou a seus próprios súditos.
A terra é um fundo de natureza mais estável e permanente; em consequência, a renda de
terras do Estado tem sido a fonte principal da receita pública de muitas grandes nações que
progrediram além do estágio pastoril. Entretanto, mesmo que todas as terras do país fossem
administradas pelo soberano, dificilmente ultrapassaria os gastos normais.

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