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Herpes-vírus Humanos Vírus envelopados. DNA dupla-fita 1. Vírus do herpes simples HSV-1 é disseminado pelo contato oral (beijos, copos e talheres e outros objetos contendo saliva). HSV-2 é transmitido por contato sexual, por auto inoculação ou através do canal do parto da mãe para o filho ou por infecção ascendente in utero. Por ser um vírus envelopado, é bastante lábil, sendo rapidamente inativado por ressecamento, detergentes e fatores do TGI. As populações mais expostas às infecções são profissionais de saúde, pessoas sexualmente ativas, imunocomprometidas e neonatos. Ambos os vírus inicialmente infectam e se replicam em células mucoepiteliais, causam doença no sítio de infecção (citólise de fibroblastos e células epiteliais) e então estabelecem uma infecção latente do neurônio que inerva a área. Por esse motivo, o paciente infectado se torna foco permanente de contágio. Síndromes clínicas: • Herpes oral (gengivoestomatite herpética primária): causado por ambos os vírus. Cursa com lesões vesiculares dolorosas que progridem para pústulas, úlceras e crostas. As lesões podem se distribuir pela cavidade oral, envolvendo palato, faringe, gengivas e língua. Demais sintomas são febre, irritabilidade e linfoadenopatia cervical • Herpes labial: trata-se de infecção mucocutânea recorrente, cujas lesões vesiculares se localizam nas comissuras labiais e área perilabial. A reincidência se deve à latência viral nos gânglios trigeminais • Paroníquia herpética (panarício herpético): o vírus se estabelece a partir de abrasões na pele e gera lesões vesiculares altamente contagiosas na região da falange distal dos dedos da mão • Ceratoconjuntivite herpética: geralmente limitada a um olho, caracteriza-se por lesões vesiculares que evoluem para crostas e podem acarretar cicatrização, lesão da córnea e perda da visão • Herpes genital: causado por ambos os vírus. Nos pacientes do sexo masculino, as lesões se localizam na glande, frênulo do pênis e uretra. No sexo feminino, as lesões se encontram na vulva, canal vaginal, colo do útero, região perianal e parte interna das coxas. São lesões pruriginosas, dolorosas e acompanhadas de corrimento vaginal mucóide. O sexo anal pode acarretar retite herpética, com lesões no reto e ânus. Em ambos os sexos, é frequente o aparecimento de febre, mal-estar e mialgia. Pode haver liberação do vírus mesmo em fase assintomática Diagnóstico: Pode ser feito clinicamente. No exame citológico, visualizam-se células gigantes multinucleadas. Cultura viral. Pesquisa de DNA viral em secreções ou líquido vesicular. Sorologia (detecção de anticorpos contra o vírus) Prevenção: Cuidados básicos de higiene. Uso de antissépticos líquidos ou sob a forma de sabonete. Uso de antivirais inibidores da DNA polimerase viral. Ex. aciclovir. 2. Vírus Varicela-Zóster Síndromes clínicas: • Varicela (catapora): o vírus é adquirido por inalação ou contato direto com lesões. A infecção primária atinge tonsilas e mucosa do trato respiratório. A viremia primária (vias hematogênica e linfática) leva o vírus às células do sistema reticuloendotelial. A viremia secundária transporta o vírus para o restante do corpo e pele, infectando células T com posterior transferência para células epiteliais. A infecção cursa com exantema vesiculopapular disseminado por todo o corpo (destaque para tronco e cabeça) associado a febre e sinais sistêmicos. As lesões cutâneas são pruriginosas e evoluem para pústulas e crostas, podendo originar cicatrizes • Herpes-zóster: vírus torna-se latente na raiz dorsal ou gânglios de nervos cranianos após a infecção primária, sendo reativado em adultos quando a imunidade decresce. O vírus, então, é liberado em toda a via neural, ocasionando exantema vesicular no trajeto do dermátomo correspondente. As lesões se assemelham às da catapora e são muito dolorosas. Uma complicação é a neuralgia pós-herpética, a qual pode permanecer por anos Diagnóstico: Citologia. Isolamento do vírus em cultura de fibroblastos humanos. Sorologia Tratamento: Cuidados locais. Uso de antiviral sistêmico (ACV,FCV,VLCV). Isolamento. Prevenção: Imunoglobulina anti- Varicela-zoster(VZIG). Vacina viva atenuada (cepa Oka) 3. Vírus Epstein-Barr A transmissão mais comum é pelo compartilhamento de saliva durante o beijo, mas também pode ocorrer por compartilhamento de copos e escovas de dentes. As infecções por EBV são mais comuns no outono, inverno e primavera. O vírus infecta o epitélio da cavidade oral, glândulas salivares e se dissemina para linfócitos B das tonsilas, promovendo crescimento e imortalização dessas células. A disseminação se dá por viremia ou linfócitos B infectados para o baço e fígado. Os linfócitos T limitam a proliferação de células B infectadas. A produção inicial (meses) de anticorpos IgM é contra o capsídeo viral e tardiamente (para toda a vida), anticorpos IgC (??). Mais de 90% dos indivíduos infectados continuam a eliminar o vírus durante toda a vida, porém a infecção produz imunidade duradoura. Síndromes clínicas: • Mononucleose (“doença do beijo”): a tríade de sintomas clássicos da mononucleose é linfoadenopatia, esplenomegalia e faringite exsudativa, acompanhada de rash cutâneo, alterações hematológicas, febre, mal-estar, fadiga e, frequentemente, hepatomegalia. Complicações da mononucleose incluem síndrome de Guillain-Barré, meningoencefalite, ruptura do baço e obstrução laríngea. A doença em crianças é geralmente subclínica. Diagnóstico laboratorial: detecção de anticorpos heterófilos • Leucoplasia pilosa associada ao HIV: alteração assintomática do epitélio escamoso da língua (placas esbranquiçadas imóveis) restrita a pacientes com AIDS coinfectados por EBV • Linfoma de Burkitt • Doença de Hodgkin • Carcinoma nasofaríngeo Medidas de tratamento, controle e prevenção: Não existem 4. Citomegalovírus O vírus é transmitido a partir de contato com sangue, transplante de órgãos, secreções corporais (sêmen, saliva, leite, secreções vaginais, lágrimas) e ao nascimento. O CMV estabelece infecções persistentes e latentes, sendo disseminado pelo corpo dentro de leucócitos. O CMV é reativado por imunossupressão e é capaz de evadir-se da resposta imunológica do hospedeiro. Síndromes clínicas: • Infecção congênita: é a principal causa de anomalias congênitas. Os fetos são infectados pelo sangue materno ou por ascensão do vírus a partir do colo uterino. Pode haver morte do feto e nos casos dos sobreviventes, os sintomas incluem trombocitopenia, baixo peso, microcefalia, calcificações intracerebrais, icterícia, hepatoesplenomegalia, exantema, atrofia óptica, retinite, déficit auditivo e retardo mental (doença de inclusão citomegálica). O risco é maior para os bebês das mães que sofrem infecções primárias durante a gravidez • Infecção perinatal: não causa doença clinicamente evidente em bebês saudáveis nascidos a termo. O maior risco para os bebês é a transfusão sanguínea de doadores soropositivos. Em bebês prematuros, pode haver pneumonia e hepatite • Infecção em crianças e adultos: a transmissão pode ocorrer por contato sexual , beijo e transfusão de sangue. A maioria das infecções por CMV é assintomática, porém pode haver o desenvolvimento de mononucleose (semelhante à mononucleose por EBV, porém com linfadenopatia e faringite mais brandas, além de ausência de anticorpos heterofilos típicos do EBV) • Infecção no hospedeiro imunocomprometido: CMV é agente infeccioso oportunista. Em pacientes com AIDS, pode ocorrer pneumonia (potencialmente fatal), esofagite, artrite, miocardite, hepatite, retinite, colite (diarreia, anorexia, febre, perda ponderal), encefalite e síndrome de Guillan-Barré. 5. Herpes-vírus humanos 6 e 7 Tais vírus infectam recém-nascidos e se instalam nas glândulas salivares, sendo a saliva o meio de eliminação. A infecção afeta linfócitos T CD4 e estabelece latência em linfócitos Te monócitos, replicando-se com a ativação destas células. Síndromes clínicas: • Roséola (exantema súbito): cursa com febre alta de poucos dias, seguida por exantema maculopapular no tronco ou face, o qual se dissemina. Sintomas relacionados são alterações TG e TR, otite e dores corporais • Síndrome da fadiga crônica: a replicação ativa do HHV-6 no SNC gera fadiga não relacionada a esforços e que não é aliviada por repouso e resulta em redução significativa dos níveis de atividade física e mental 6. Herpes-vírus humano 8 A célula B é o alvo do HHV-8, porém também infecta células endoteliais, monócitos, células epiteliais e nervosas sensitivas. O vírus está relacionado ao sarcoma de Kaposi (múltiplas manchas nodulares ou planares nas extremidades, mucosas e vísceras), mais frequente em pacientes com AIDS, idosos do mediterrâneo, habitantes da África subsaariana e transplantados.
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