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Revisão Judicial dos contratos em tempo de crise

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Revisão Judicial dos contratos em tempo de crise 
INTRODUÇÃO 
 O que é necessário saber antes de iniciar o tema 
Quando trabalhamos com qualquer contrato, é necessário analisar com qual tipo de contrato 
estamos trabalhando 
 É um contrato que trata de uma relação de consumo? – Consumidor está no artigo 2º, 
§ú do artigo 2º e 17 do CDC 
Se for relação de consumo tem outra interpretação em relação ao contrato. Pois o 
consumidor tem presunção de vulnerabilidade. 
 
 Se for um contrato empresarial (contrato feito entre empresários. Conceito de 
empresário está no artigo 966 do CC), também será feito um outro tipo de 
interpretação. Ex: Contrato de franquia 
ATENÇÃO 
 Quanto mais fortes economicamente as partes são (maior igualdade entre as partes), 
menor será a intervenção do Estado no caso do concreto 
 Quanto menos iguais as partes são, maior a intervenção do Estado no caso contrato 
 
IMPORTANTE 
No ano de 2019 teve o advento da lei da liberdade economia. Esse advento modificou vários 
artigos do CC. 
Artigo 3º da lei da liberdade econômica: 
Trouxe expressamente a ideia de intervenção mínima do estado na relação privada 
Modificações que trouxe no CC: 421, §ú do CC – Ou seja, a revisão contratual é um fato 
excepcional 
421-A do CC: Contrato civis e empresariais presume-se paritários 
 
Ou seja, não será qualquer relação contratual que vai ser alterada pelo coronavírus 
 
Principais argumentos que eu posso/estão sendo utilizados para pedir a revisão dos contratos 
Atenção: 
É necessário a ideia de boa-fé: Professor Anderson Schrader defende que primeiro deve-se 
tentar negociar primeiro com a outra parte. Se não for possível, aí sim ajuizar uma ação pedindo 
a revisão do contrato 
1- Caso fortuito ou força maior: Existem pelo menos 6 correntes que qualificam o que é 
caso fortuito ou força maior. São fatos cujo efeitos não era possível impedir ou evitar 
Artigo 393, 396 do CC (Fundamento) 
Lembrando que caso fortuito ou força maior é excludente do nexo de causalidade 
quando trabalhamos com responsabilidade civil 
 
2- Teoria da Imprevisão: Prevista nos artigos 317, 408, 409 e 480 do CC: (fundamento) 
Quando trabalhamos com contrato, deve ter a ideia de equilíbrio contratual (principal 
ponto). O contrato nasce equilibrado e deve se manter equilibrado. 
 Se tem um fato posterior imprevisível e extraordinário desequilibra, eu posso 
pleitear uma revisão contratual. (Extrema vantagem para uma das partes e uma 
extrema desvantagem a outra parte) 
 Se o fato é anterior a celebração do contrato, haverá uma lesão (está na parte 
geral do Código Civil) 
Teoria da imprevisão: Fato superveniente que desiquilibra a relação contratual. 
Exemplo: Coronavírus 
 
Atenção: O CDC não trabalha com a ideia da teoria da imprevisão e sim com a Teoria da 
base objetiva do trabalho, que diz que só posso pedir a revisão contratual se tiver um 
fato superveniente (fato posterior) que causa onerosidade a uma das partes. 
 CDC é muito mais benéfico 
 
3- Impossibilidade da prestação (vista em direito dos obrigações): Quando tem uma 
prestação e ela se torna impossível sem culpa de qualquer uma das partes, a obrigação 
será resolvida (será extinta) e as partes voltam ao seu estado anterior (ARGUMENTO É 
MUITO FORTE): Artigo 234, 248 e 250 do CC 
Ex: Eu tenho a obrigação de pintar uma casa, mas o estado determina que a população 
deve ficar de quarentena e não tenho como eu sair para pintar a casa. Nesse caso, a 
prestação se tornou impossível e por isso, será resolvido e as partes vão voltar ao seu 
estado anterior. 
 
4- Frustração do fim do contrato (ou frustração do fim da causa): Prevista no enunciado 
166. É um fato posterior que faz com que haja uma frustração do fim do contrato. 
Exemplo: Em janeiro eu marquei o meu casamento para abril, deixei tudo pago. Em abril, 
por causa da pandemia, não posso realizar o casamento. Nesse caso, o contrato perdeu 
sua finalidade (perdeu sua razão de existir). Nesse caso, podemos pedir, sem multa, a 
remarcação da data ou a extinção do contrato. 
 
 
Mas e a outra parte? O que ela pode argumentar para não revisar aquele contrato (para manter 
o contrato? 
1- Princípio da boa-fé objetiva: Deve haver o dever de lealdade. Esse princípio tem a ideia 
de conservação do contrato. Deve-se primeiro tentar fazer um acordo com a outra 
parte. Se você não tenta negociar, tem um argumento muito forte que será utilizado 
contra você: “Estava aqui o tempo todo e ela sequer quis negociar comigo”. 
 
2- Princípio da função social dos contratos: Fundamento está no enunciado 22. Traz a 
ideia de manutenção dos contratos. A extinção do contrato é excepcional (ultima ratio), 
deve sempre ser a última opção. 
 
 
3- Intervenção mínima do estado nas relações privadas: A Revisão do contrato é algo 
excepcional, ou seja, estado não vai intervir nas relações privadas como regra. Pode usar 
como fundamento o artigo 421, §ú do CC e a lei da liberdade econômica. 
 
4- Força obrigatória dos contratos: Os contratos foram feitos para serem cumpridos. 
Fundamento está no artigo 389 e seguintes do CC. 
 
Atenção: Tem que comprovar os requisitos no caso concreto. Se não houve prejuízo para você, 
não deve pedir a revisão do contrato. 
 
Importante: Os argumentos para quem quer revisar os contratos, são muito mais fortes do que 
para a parte que quer manter o contrato como está. 
 
Caso concreto 
Os professores Eduardo Nunes e Rodrigo da Guia trouxeram três situações que deverão ser 
levadas em consideração quando se quiser revisar o contrato: 
1- Casos em que houve a intervenção do Estado: Houve a intervenção do Estado? O 
estado fechou lojas, cinema? O estado te impossibilitou de trabalhar? Se a resposta for 
sim, cabe a resolução dos contratos com base na impossibilidade da prestação (é um 
argumento mais forte – Artigo 234, 248 e 250 do CC) ou da frustração do fim do 
contrato, com suspensão dos pagamentos ou revisão contratual. 
 
2- Frustração do fim do contrato: Não há intervenção do estado, mas não há interesse de 
uma das partes em manter esse contrato. Exemplo: Passagem aérea 
 
3- Agravamento econômico a uma das partes: Intervindo ou não o estado, haverá o 
agravamento econômico de uma das partes. Posso utilizar a teoria da imprevisão. 
Fundamentos: Artigos 317 e 478 do CC e artigo 6º, V do CDC (teoria da base objetiva) 
Solução proposta pelo professor Flávio Tartuce: 
Além desses 3 casos que os professores trouxeram, Flávio Tartuce traz mais duas possibilidades: 
1- Possibilidade de aplicação do artigo 916 do CPC 
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o 
depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de 
advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 
(seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. 
§ 1º O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos 
do caput , e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. 
§ 2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas 
vincendas, facultado ao exequente seu levantamento. 
§ 3º Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os 
atos executivos. 
§ 4º Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será 
convertido em penhora. 
§ 5º O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: 
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o 
imediato reinício dos atos executivos; 
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não 
pagas. 
§ 6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor 
embargos 
§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença. 
 
Ex: Eu devo um chequee como devedor eu posso pagar 30% a vista e dividir o restante 
em 6 vezes enquanto tiver presente essa pandemia. 
 
2- Artigo 47 da Convenção de Viena sobre venda internacional de mercadoria: O credor 
dá um prazo suplementar para o devedor cumprir a obrigação (ou seja, pagar) 
 
Artigo 47: O comprador poderá conceder ao vendedor prazo suplementar razoável para 
o cumprimento de suas obrigações. 
Salvo se tiver recebido a comunicação do vendedor de que não cumprirá suas obrigações 
no prazo fixado conforme o parágrafo anterior, o comprador não poderá exercer 
qualquer ação por descumprimento do contrato, durante o prazo suplementar. Todavia, 
o comprador não perderá, por este fato, o direito de exigir indenização das perdas e 
danos decorrentes do atraso no cumprimento do contrato. 
 
Última observações 
Não há limite de argumentos para se alegar quando for pedir a revisão do contrato, mas tomar 
cuidado com o tamanho da sua petição inicial 
Se tratando de contratos bancários, isso não irá se aplicar. 
 
 
ATENÇÃO: 
A lei da liberdade econômica permite que a parte coloque no contrato parâmetros objetivos de 
revisão contratual. EX: Se tal caso acontecer, a parte não pode pedir revisão contratual. 
Obs: Pode por somente em relações privadas. Em relações de consumo, o juiz entender que é 
uma cláusula abusiva.

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