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1 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 AULA 1 – NEFROLOGIA - INTRODUÇÃO À NEFROLOGIA - ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAIS - FUNÇÕES DOS RINS o Síntese da vitamina D ativa – calcitriol (1,25 dihidrocolecalciferol) • DRC → deficiência de vitamina D → Aumento compensatório de PTH → hiperparatireoidismo o Síntese de EPO (eritropoietina) • Hipóxia • Estímulo a MOV a produzir hemácias – OBS: DRC – deficiência na produção de EPO → anemia 2ª à DRC → reposição hormonal o Regulação da pressão arterial (PA) • Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) o Equilíbrio hidroeletrolítico • Balanço ácido-básico o Excreção de metabólitos indesejáveis • Produtos finais do metabolismo • Medicamentos ANATOMIA RENAL o São órgãos retroperitoneais o T12 – L3-L4 o Envoltos por gordura perirrenal – sustentação o Inervação – modula o fluxo sanguíneo, TFG, e reabsorção de H2O e eletrólitos • Nervos esplâncnicos pélvicos → Sensitiva (aferência = dor) → Cápsula renal Processo que curse com a distensão da cápsula → edema → dor Sinal de Giordano + (dor a punho percussão) 1. Pielonefrite – inflamação do interstício que cursa com distensão da cápsula 2. Nefrite intersticial – inflamação do interstício sem infecção 3. Obstrução da via urinária (cálculos) ▪ Cálculos que migram na pelve não geram dor Obstrução → dilatação do sistema pielocalicial → obstrução ao fluxo de urina → hidronefrose • Plexo celíaco – nervos simpáticos → Aparelho justaglomerular – AA e AE → SNC – norepinefrina e dopamina → liberação de renina → reabsorção de Na+ → vasoconstricção AE #OBS: hemorragia – aumento da reabsorção de Na+ e H2O → manutenção da volemia #PERGUNTA:. “Hipoperfusão renal, com consequente necrose de papila poderia levar a dor?” a medula renal é uma região que possui concentração de O2 bastante reduzida. Dessa forma, em casos de isquemia essa é uma das primeiras áreas a sofrerem. Isso principalmente em pacientes que já possuem comprometimento vascular (DM, anemia falciforme, - A necrose de papila pode ser indolor e assintomática, cursando apenas com hematúria ao EAS. Quando algum fragmento necrótico se desprende e passa a obstruir o sistema calicial o paciente poderá apresentar dor 2 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 Néfron – unidade funcional do rim Glomérulo renal é formado por: Folheto parietal da cápsula de bowmann - #OBS: situações que cursam com ruptura capilar – como nas vasculites – ex: polangeíte microscópica, granulomatose de Wegner → lesão vascular ANCA mediada → levam ao extravasamento de plasma que cursa com a proliferação de células do epitélio parietal da cápsula de Bowmann → formação de CRECENTES CELULARES Folheto visceral da cápsula de bowmann • PODÓCITOS – são as células epiteliais viscerais – quando lesadas acarretam em proteinúria maciça (síndrome nefrótica) • CÉLULAS MESANGIAIS (MESÂNGIO) – infiltrado inflamatório – síndrome nefrítica - !entupimento do filtro por Ig e imunocomplexos (redução da capacidade de – SÍNDROME NEFRÍTICA Aparelho justaglomerular – células mesangiais específicas que se dispõe em intimo contato com TCD #OBS: Qualquer alteração que curse com a lesão da barreira de filtração pode se manifestar como hematúria ou proteinúria PRINCIPAIS CAUSAS ASSOCIADAS A DRC 1. LESÃO RENAL CRONICA No Brasil 60-70% dos casos de DRC e perda progressiva da função renal (associados à hemodiálise) estão associados a: • DM • HAS Outras causas: • Glomerulonefrite • Doença renal policística • Indeterminadas 2. LESÃO RENAL AGUDA O dano renal agudo (perda abrupta da função renal) também pode ocorrer, um exemplo atual é o dano renal agudo secundário a infecção pelo Sars-cov 2 . 3 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 Causas pré renais: - paciente séptico → hipotensão generalizada → isquemia renal – podendo acarretar necrose - Medicações – ex: ATB em uso levando a toxicidade direta - ex: aminoglicosídeo (gentamicina, neomicina) - Pós renal – tumor de próstata CONSEQUÊNCIAS DA PERDA DA FUNÇÃO RENAL o Hiperpotassemia (hipercalemia) • Arritmias cardíacas o Acidose metabólica o Anemia o Retenção de fluidos o Hipertensão, edema o Síndrome urêmica (uremia) • Elevação de excretas nitrogenadas que cursa com manifestações clínicas • OBS: síndrome urêmica não é sinônimo de aumento de ureia!! O aumento de ureia isolado (não acompanhado por clínica) é chamado de azotemia!! • Náuseas, vômitos, perda ponderal, hiporexia o Encefalopatia o Morte ULTRAFILTRAÇÃO GLOMERULAR o A filtração glomerular depende não só do tamanho das moléculas, como também de sua carga elétrica • A MB é rica em ânions → Albumina (proteína de carga - ) → repulsão CASO CLÍNICO: FAV, 65 anos, comerciante. Diabético há 25 anos, tem apresentado, queda contínua do ritmo de filtração glomerular nos últimos 10 anos. Sua ureia plasmática é de 159 mg/dL (noma VR: 15-45), creatinina: 4,1 mg/dL (normal VR: 0,7 – 1,3), com RFG estimado de 14/mL/min/1.73m² (valor normal > 90 ml/min). A PA, inicialmente normal, tem se elevado continuamente, estando atualmente 160/105 mmHg. No momento o paciente está sendo preparado para hemodiálise crônica Taxa (ritmo) de filtração glomerular normal (RFG) :. ~90-125 ml/min OU 130-180 L/dia Do que é filtrado (a maior parte) é reabsorvida Insuficiência renal (aguda ou crônica) = queda/ perda do RFG #OBS: Pergunta:. “Então quando o paciente tem uma TFG <90, devemos intervir? Manda-lo para hemodiálise?”. Não, primeiramente precisamos entender que a medida que vamos envelhecendo há uma esclerose (fibrose) fisiológica dos glomérulos e consequente redução da TFG!. Dessa forma, devemos sempre na hora de estimar o RFG (estimulado pela taxa de filtração da creatina) levaremos em conta diversos fatores como a idade e o sexo do individuo RITMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR o CREATININA • Substancia utilizada para estimar a TFG • Não é reabsorvida ou metabolizada pelo rim → OBS: contudo, cerca de 10% da creatinina é secretada! – dessa forma esta proteína não é o “marcador ideal” (porém é o melhor disponível na pratica clinica) 4 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 • O RFG é sinônimo de clearance de creatinina!! (clearance = taxa de depuração) – quanto de plasma ficará livre da creatinina em determinado intervalo de tempo A modulação das pressões desse sistema por exemplo da arteríola aferente (AE) ou da arteríola eferente (AE) podem impactar diretamente a taxa de filtração glomerular Exemplo: - AINE – “paciente em uso de anti-inflamatório, medicação que leva a vasoconstricção da AA” → redução da pressão dentro da capsula de Bowman (podendo resultar em redução da filtração glomerular) A pressão efetiva de ultrafiltração vai depender da diferença entre essas pressões mostradas no esquema: o P hidrostática (pressão hidrostática glomerular – pressão hidrostática da cápsula de Bowman) – pressão oncótica glomerular (concentração de albumina plasmática*) #OBS: a “P oncótica” é dada essencialmente pela concentração de albumina plasmática. Em temos simples essa proteína funciona como uma esponja, “puxa” água Fração de filtração: devemos nos lembrar que o ritmo de filtração glomerular corresponde apenas a uma pequena parte do imenso fluxo de sangue que o rim recebe. Desse fluxo plasmático (600-650 ml por min) apenas 20% dele é filtrado (fração de filtração)!! FRAÇÃO DE FILTRAÇÃO (FF) = RFG/ FLUXO PLASMÁTICO RENAL FF = 0,2 FLUXO PLASMÁTICO = 20% DETERMINANTES DA ULTRAFILTRAÇÃO GLOMERULAR o Diferença de pressão hidráulica transglomerular ∆ P o Concentração plasmática de proteínas (CA) – albumina o Fluxo plasmático glomerular (QA) o Coeficiente de ultrafiltração (Kf) – capacidadede • Ex: esclerose glomerular/ depósito de Ig (GN aguda) / infiltrado de células na região mesangial – “entupimento do filtro” – redução da capacidade de ultrafiltração do rim FLUXO SANGUÍNEO RENAL (FSR) O FLUXO SANGUÍNEO REANAL COMPREENDE 20% do DC FSR = PA RENAL – P VENOSA RENAL / RESISTENCIA VASCULAR RENAL TOTAL Trombose de veia renal – a diferença entre as pressões renais se alterará (a diferença entre as pressões venosa e arterial se tornará menor) → redução da perfusão sanguínea renal PA baixa (hipotensão) → menor fluxo sanguíneo renal EQUAÇÃO DE STARLING Vasoconstrição da AA → Redução da TFG (chega menos sangue à cápsula de Bowman) Vasoconstrição da AE → aumento da P na AE → aumento da P de ultrafiltração (aumento progressivo da TFG) – devemos 5 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 ter em mente que a principio a vasoconstricção da arteríola eferente leva a um aumento da pressão efetiva de ultrafiltração (e consequentemente da TFG), contudo não é sustentada, depois de algum tempo haverá redução HEMODINÂMICA GLOMERULAR o Várias medicações são capazes de alterar o fluxo sanguíneo glomerular e dessa forma, é importante para o manejo adequado do caso clinico que tenhamos conhecimento desses fármacos com tal ação o O professor utilizou vários exemplos envolvendo “individuo SM, idoso”: • Idoso com diarreia intensa → hipovolemia → P de perfusão renal tende a diminuir → rim responde → FEEDBACK TUBULO GLOMERULAR → vasoconstricção da AE e vasodilatação da AA (prostaglandinas) → • Idoso quadro diarreia intensa e dor na coluna (em uso frequente de anti-inflamatório) → vasoconstricção da AA pelo uso de anti-inflamatório → redução da TFG • Medicações inibidoras do SRAA → vasodilatação da AE → redução da pressão efetiva de ultrafiltração #OBS: sendo assim, em um cenário que leve a baixa perfusão em paciente que faz uso de anti-hipertensivo (bloqueador do SRAA) pode cursar com piora significativa da filtração e consequentemente elevação da ureia, creatinina plasmática, etc #OBS: em caso de admissão de paciente com lesão renal aguda, em uso de medicação inibidora/ bloqueadora do SRAA (sistema renina angiotensina aldosterona) devemos fazer a suspensão dessas drogas pois essas medicações impactam na redução da taxa de filtração glomerular (exacerbam essa redução – que nesse paciente já é comprometida) VASODILATAÇÃO -----------→PROSTAGLANDINAS VASOCONSTRICÇÃO – ANGIOTENSINA II Paciente com HAS severa de longa data – tem perfusão renal bem como de outros órgãos alterada, de forma que esse individuo “tolera”/ acostuma com pressões elevadas → “novo valor basal”. Nesses casos devemos ter atenção pois a redução importante da PA poderia levar a acidentes isquêmicos graves – ex: AVE isquêmico FEEDBACK TUBULO GLOMERULAR Pensando no mesmo exemplo dado anteriormente “idoso com quadro de diarreia acentuado”. Como já discutido esse cenário irá cursar com hipovolemia e queda da perfusão sanguínea renal. Dessa forma há uma resposta compensatória que cursa com a vasodilatação da Arteríola Aferente e vasoconstricção da Arteríola Eferente COMO ISSO OCORRE? Esse cenário de hipoperfusão estimula a retenção de Na+ e de H2O afim de manter a volemia. • A mácula densa é estimulada pelas baixas concentrações de Na+ → liberação de RENINA • TCP – ávido por sódio – aumento da reabsorção tubular → restaurar a volemia Queda do Na+ no TCD e mácula densa – a maior parte do sódio foi reabsorvida no TCP. Dessa forma a concentração reduzida de sódio do ultrafiltrado quando este passa pela mácula densa estimula a liberação de RENINA pelas células justaglomerulares na corrente sanguínea. 6 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 A RENINA transforma o ANGIOTENSINOGÊNIO (fígado) em ANGIOTENSINA I que é posteriormente transformado em ANGIOTENSINA II pela ECA (ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA – produzida no pulmão) A ANGIOTENSINA II a responsável por: o Vasoconstricção da AE o Liberação de prostaglandinas - vasodilatação da arteríola eferente AVALIAÇÃO DO RFG (RITMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR) o Para isso utilizamos a creatinina plasmática • É filtrada e não é reabsorvida • Parcialmente secretada o Cenário ideal: substancia que não é filtrada, reabsorvida ou secretada – ex: inulina (não utilizada do ponto de vista prático, apenas experimental) • Inerte • PM< 20.000 Da • Não se ligar a proteínas • Não ser reabsorvida ou secretada ou metabolizada • Fácil dosagem • Substancia exógenas utilizadas para mensurar o clearance: → Inulina → Iotalamato → Ioexol → TC99-EDTA → Cr51-DTPA • Substâncias endógenas utilizadas para estimar o clearance: → Creatinina → Cistatina C Inibidora de protease – produzida por todas as células nucleadas Filtrada e toda degradada Vantagens: menor influencia de sexo, raça, idade e MASSA MUSCULAR do que a creatinina Limitações: hipo e hipertireoidismo, marcador de inflamação, obesidade, diabetes, corticosteroides #OBS: a creatinina é produto da taxa atividade muscular 7 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 A CREATININA E A AVALIAÇÃO CLÍNICA DO RFG o Conceitos de situação estacionária e balanço • “Se ingerirmos 5g de sal na alimentação diária iremos eliminar esses 5g, não iremos reter o sódio, pois dessa forma ficaríamos hipertensos só pela ingestão de sal” Como exemplo dado, considerando um jorro inicial de 10 L/min da torneira uma vasão de 10L/min e aumentando o jorro para 20L/ min teremos: - nível de água maior - A vasão passa a se igualar a intensidade do jorro – 20L/min - Novo nível estacionário (novo balanço/ equilíbrio) às custas de um volume/ nível de água maior “Estamos sempre em balanço” – HOMEOSTASE Se tomamos 5 L de agua de coco por dia (altamente rico em K+) – não retemos o K+ pois isso ocasionaria em hipercalemia e arritimias graves, podendo levar o individuo a morte Os problemas se relacionam a quebra desse BALANÇO hidroeletrolítico essencial para manutenção da homeostase Entrada de Na+ > saída - retenção Na+ → edema Saída de Ca2+ > entrada - perda de Ca2+ → desmineralização óssea (osteoporose) Saída de K+ > entrada - Depleção de K+ (hipocalemia) CREATININA o Algumas substancias não passam por esse balanço, como é o caso da creatinina o O balanço de creatinina é inteiramente passivo e dependente da elevação da concentração plasmática – A CREATININA NÃO É UM SOLUTO REGULADO! o O QUE É CREATININA? • A creatinina é um produto da degradação da CREATINA (composto produzido no fígado, rins e pâncreas) ou que pode ser obtido pela dieta (produtos de origem animal: ex. carne, leite e ovos.) • A reposição dos estoques de creatina se dá tanto por síntese endógena quanto pela ingestão na dieta onívora típica. • Os estoques intracelulares de creatina total gira em torno de 120-125mmol/kg de peso seco, (cerca de 120g - indivíduo de 70kg), sendo 95% deste valor encontrado no músculo esquelético • A creatina apresenta-se nas formas: 8 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 → livre (Cr) ou fosforilada (CP). • Quando fosforilada (FOSFOCREATINA) atua na refosforilação do ADP, contribuindo para a manutenção dos níveis intracelulares de ATP. Esta via energética é predominantemente utilizada no início do trabalho de contração muscular, bem como em esforços de curtíssima duração e alta intensidade • A CREATINA e a FOSFOCREATINA são transformados em CREATININA (que é eliminada pelos rins) CICLO DA CREATININA PROTEÍNAS INGERIDAS NA DIETA PRODUÇÃO DE CREATINA FOSFATO PELO FÍGADO CONSUMO DE CREATINA FOSFATO PELOS MÚSCULOS PARA GERAR ENERGIA PRODUÇÃO DE CREATININA + ATP ELIMINAÇÃO DE CREATININA PELOS RINS • Sendo assim, devemos partir do principio que quanto maior a massa/ atividade muscular do indivíduoMAIORES serão os níveis de CREATININA • A creatinina é filtrada e excretada pelos rins → Desconsiderando o fato de que a creatinina pode ser secretada (produzida) pelo corpo, temos: CARGA EXCRETADA = ~ CARGA FILTRADA QUAL VAI SER A QUANTIDADE DE CREATININA FILTRADA POR DIA? A quantidade (concentração no plasma) x ritmo de filtração glomerular → [CONCENTRAÇÃO CREATININA SÉRICA] X RFG CARGA EXCRETADA (URINA):. [CONCENTRAÇÃO CREATININA URINA] X VOLUME = “massa de creatinina” A massa filtrada é igual a massa excretada CLEARANCE:. = DEPURAÇÃO → CLEARANCE DE CREATININA (= DEPURAÇÃO CREATININA) ML/MIN Considerando um clearance: :. 120ML/MIN – significa que a cada 1 minuto 120 ml do plasma sanguíneo ficam livres de creatinina Considerando um indivíduo que se exercita frequentemente (principalmente musculação) e que tem um bom % de massa muscular, devemos considerar que neste haverá uma maior produção de creatina. → aumento da produção de creatina → excreção de creatinina → e alcançando um novo nível sérico basal de creatinina (maior do que o encontrado em indivíduos normais, ou que não se exercitam) A REFERÊNCIA DE NORMALIDADE DE CREATININA:. 0,7-1,2 – NÃO DEVE SER CONSIDERADA NESSE CASO!! Isso porque o individuo alcançará um novo nível basal. Dessa forma, se apenas considerássemos os valores obtidos e jogássemos na formula, os resultados numéricos seriam compatíveis com a de um DRC o que não é o caso!! 9 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 Considerando que a CREATININA do Matheus seja = 1,4 :. Utilizando as formulas a TFG seria altamente reduzida?? Mas não é o que acontece!! Pois o ritmo de filtração do Matheus não irá se alterar uma vez que ele não tem nenhum problema renal. O que ocorre é que ele atingiu um novo valor basal de creatinina plasmática, pois está produzindo mais proteína (intensa atividade muscular) → REDUÇÃO DO RITMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR o Considerando um indivíduo “A” que fez uma LRA (lesão renal aguda) em decorrência do uso de anabolizantes → queda do ritmo de filtração glomerular. • Dessa forma, como o ritmo de filtração glomerular está reduzido a excreção de creatinina também reduzirá (fazendo com que esta fique elevada no sangue – níveis séricos elevados de creatinina) CONCENTRAÇÃO PLASMATICA DE CREATININA X RFG = PRODUÇÃO = EXCREÇÃO :. QUANTO MAIOR A CREATININA PLASMÁTICA – MENOR O RFG (INVERSAMENTE PROP.) – partindo do pressuposto que o individuo possui doença renal NÃO SIGNIFICA QUE UM INDIVIDUO COM CREATININA NORMAL (DENTRO DO VR) TEM RFG NORMAL!! Mesmo com a redução do ritmo de filtração glomerular a creatinina se mantem com nível sérico “ideal” por algum tempo. Dessa forma um individuo que já possui redução do RFG pode apresentar valores séricos de creatinina normais!! A proteína passa a decair quando já existe comprometimento/ perda significativa de nefrons – isso ocorre graças a RESERVA FUNCIONAL DO RIM #OBS: EX: paciente DRC, creatinina = 2,5 que sofre um novo insulto renal vindo a apresentar uma creatinina= 5 → Não devemos ficar surpresos com essa elevação!! Esse individuo já não possui reserva funcional, uma vez que é um doente renal crônico de forma que qualquer injuria leve a elevação abrupta/ exponencial de creatinina sérica EX: Paciente caquético (sem massa muscular) – não produz creatinina → creat= 0,03 :. Valores normais (indivíduo eutrófico): 0,60-1,2 -------------------------------- a depender do sexo Ou seja, sempre devemos analisar a creatinina do paciente levando em conta sua massa muscular! #OBS:. Clearance de creatinina (urina de 24 h): acabamos superestimando um pouco os valores, uma vez que uma pequena parte da creatina é secretada QUANDO FAZER O CLEARANCE DE CREATININA o Não realizamos o clearance de creatinina (urina de 24 horas) em todos os pacientes, somente em determinados contextos clínicos, a exemplo: • Pacientes com massa muscular elevada – em que os valores obtidos na prática a partir da fórmula seriam confusionais (não poderiam dizer se o RFG é normal) 10 Natália Giacomin Lima – medicina UFES 101 • Paciente com diabetes em fases iniciais – estado de hiperfiltração – considerando normais valores entre 90-120ml/min – pacientes com DM inicial filtram muito mais (ex: 180ml/min)→ o aumento da pressão glomerular gera dano!! → Alternativa – vasodilatação da AE (tentativa de reduzir o RFG e a agressão as células glomerulares) NA PRÁTICA UTILIZAMOS FÓRMULAS PARA ESTIMAR O RFG *As variáveis mais utilizadas são: creatinina plasmática, idade e raça → CKDF É O MAIS UTILIZADO! *Mais acurada do que o COCKROFT-GAULT #OBS: Quando utilizamos essas formulas não podemos dizer que estamos fazendo o clearance de creatinina!! (é diferente) Com essas formulas podemos dizer que estamos fazendo uma estimativa da taxa de filtração glomerular (TFG) considerando os níveis de creatinina plasmática #OBS: Do ponto de vista prático, quando quisemos estimar a TFG de um paciente com creatinina dentro do VR (estável) utilizaremos essa formula e não faremos creatinina em urina/24 horas!! – FÓRMULAS DEVEM SER USADAS EM PACIENTES SAUDÁVEIS, OU COM DRC ESTÁVEIS (NIVEIS DE CREATININA MANTIDOS) #OBS: “Paciente internado com creatinina=0,8, durante a internação, sofreu LRA e apresenta uma creatinina= 3-4 – NÃO PODEMOS UTILIZAR ESSAS FÓRMULAS!! Considerando 3 individuos: um eutrófico, um caquético (“zero” massa muscular) e um forte (massa muscular elevada) Considerando níveis semelhantes de CREATININA PLASMÁTICA para esses três pacientes, que possuem biotipos completamente diferentes podemos concluir que a RFG destes indivíduos também será completamente distinta A partir dos 40 anos há uma perda na taxa de filtração 0,8-1ml por/ min a cada ano (esclerose glomerular decorrente do envelhecimento) OBS: Devemos lembrar que algumas medicações são nefrotóxicas como é o caso dos AINES, ANTI- RETROVIRAIS (ex aula: TENOFOVIR – HIV+) e alguns ATB , dessa forma mudanças na estimativa de TFG podem indicar lesão renal! Devemos ficar atentos
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