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Ebook - Lei Maria da Penha

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Manual Caseiro 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
2 
 
LEI MARIA DA PENHA 
Lei nº 11.340/2006 
 
Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei Maria da Penha. O presente 
material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões 
dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema 
objeto de estudo, novidades legislativas, a legislação (lei seca), questões já cobradas em concurso 
público pelas diversas bancas com indicativos dos artigos mais cobrados e que não podem deixar de 
serem estudados, súmulas, e, por fim, os informativos. 
Antes de adentrarmos aos comentários sobre cada capítulo específico, destacamos a 
necessidade de uma maior atenção as #Novidades Legislativas, isso porque só no ano de 2019 tivemos 
7 (sete) alterações na Lei Maria da Penha. Já no primeiro semestre de 2020, a lei voltou novamente a 
ser objeto de alterações. Diante do exposto, reforçamos ao candidato a importância do estudo 
minucioso sobre cada alteração que será apresentada, pois o examinador tem uma certa predileção em 
cobrar temas quentes, leia-se, temas recentemente alterados. 
Foca nas #NovidadesLegislativas! 
RETROSPECTIVA: 
 A Lei Maria da Penha é uma das leis penais extravagantes que mais sofre alterações, em 2019 
foram diversas. Em 2020, ainda no primeiro semestre, já tivemos também alterações. 
Vejamos a retrospectiva dessas mudanças legislativas: 
 
Lei 
13.827/2019
Lei 
13.836/2019
Lei 
13.871/2019
Lei 
13.880/2019
Lei 
13.882/2019
Lei 
13.894/2019
Lei 
13.931/2019
Lei 
13.984/2020
Manual Caseiro 
 
3 
 
 
• A Lei nº 13.827/2019 alterou a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) para autorizar, 
em algumas hipóteses, a aplicação, pela autoridade policial, de medida protetiva de 
urgência em favor da mulher. (Alteração com pertinência temática. #Atenção candidato 
da área policial). 
• A Lei nº 13.836/2019 promoveu uma pequena alteração na Lei Maria da Penha (Lei nº 
11.340/2006), acrescentando mais um inciso ao § 1º do art. 12 para dizer que o Delegado 
de Polícia deverá informar à autoridade judicial caso a mulher vítima da violência seja 
pessoa com deficiência. (Alteração com pertinência temática. #Atenção candidato da 
área policial). 
• A Lei nº 13.871/19 altera a Lei Maria da Penha e impõe ao agressor a obrigação de 
ressarcir os custos de serviços de saúde e dispositivos de segurança nos casos de 
violência contra a mulher. 
• A Lei nº 13.880/2019 promoveu alteração na Lei Maria da Penha para determinar que, 
se o autor da violência doméstica tiver uma arma de fogo (ainda que em casa ou no 
trabalho), ela deverá ser apreendida. 
• A Lei nº 13.882/2019 promoveu alteração na Lei Maria da Penha para garantir a 
matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em 
instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio. 
• A Lei nº 13.894/2019 acrescentou um novo inciso ao § 2º do art. 9º prevendo que, se a 
vítima e o agressor forem casados ou viverem em união estável, a mulher deverá ser 
encaminhada à assistência judiciária para que possa ter a oportunidade de, assim 
desejando, desvincular-se formalmente do marido/companheiro agressor por meio da 
ação judicial própria. 
• A Lei nº 13.931/2019 alterou a Lei nº 10.778/2003 para dispor que profissionais de 
saúde deverão fazer notificação compulsória para a polícia informando os casos de 
violência contra a mulher. (Alteração com pertinência temática. #Atenção candidato da 
área policial). 
• A Lei nº 13.984/2020 acrescentou duas novas medidas protetivas de urgência, inserindo 
dois novos incisos no art. 22 da Lei Maria da Penha. 
 
Bons estudos, #Tmjuntos! 
 
Manual Caseiro 
 
4 
 
1. Breve histórico da Lei Maria da Penha 
 
Situação/Caso-concreto inspiração para Lei Maria da Penha: 
A pessoa homenageada com seu nome na referida Lei, trata-se de Maria da Penha Maia 
Fernandes, ela sofreu uma tentativa de homicídio em 1983 e seu parceiro agressor foi preso apenas 
em 2002. Na época o indivíduo simulou um assalto, realizou disparos de arma de fogo, eletrocutou a 
ex-esposa na banheira e ela chegou a ficar paralitica, situação muito grave e extremamente delicada 
que infelizmente acontece todos os dias em nosso país. 
No Brasil antes da Lei Maria da Penha não havia uma punição que gerasse um temor por parte 
dos homens no tocante a violência doméstica, geralmente as agressões eram punidas apenas com o 
pagamento de cestas básicas, por exemplo, o agressor não ficava preso. Havia de certa forma uma 
“impunidade”. 
A Lei Maria da Penha entrou em vigor no dia 22.09.2006. 
A referida legislação recebeu esse nome em decorrência da traumática situação vivenciada pela 
Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, a qual foi vítima dessa violência. A Sra. Maria da Penha sofreu 
uma primeira violência no dia 29.05.1983, vítima de disparo de arma de fogo efetuado pelo próprio 
marido, vindo em consequência deste tiro a ficar paraplégica. Infelizmente, o histórico de violência 
sofrida pela mesma não cessou por aí, com um pouco menos de uma semana do último episódio, ela é 
vítima novamente, mas agora de uma descarga elétrica. 
Não obstante todos esses atentados contra a Sra. Maria da Penha, somente em setembro de 2002 
o indivíduo responsável pelas agressões foi preso, sendo que foi denunciado em 1984. 
O caso foi levado à Corte Interamericana que publicou o relatório. 
 
Relatório n. 54/2001 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: “A 
ineficácia judicial, a impunidade e a impossibilidade de a vítima obter uma reparação 
mostra a falta de cumprimento do compromisso assumido pelo Brasil de reagir 
adequadamente ante a violência doméstica”. 
 
Diante da publicação desse relatório o Brasil resolveu criar uma Lei específica tutelando essa 
violência. 
Pelo exposto, contemplamos que a Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao 
disposto no art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual “o Estado assegurará a assistência 
à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no 
Manual Caseiro 
 
5 
 
âmbito de suas relações”, mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil. 
 
2. Lei de caráter multidisciplinar 
 A Lei Maria da Penha não trouxe originalmente em sua redação, crimes e penas, mas 
sim mecanismos processuais de proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Cumpre 
destacarmos contudo que, com o a vigência da Lei 13.641/2018, foi inserido novo tipo penal na Lei Maria 
da Penha prevendo como crime essa conduta: Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas 
protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Assim, temos 
no atual contexto um tipo penal na legislação. 
Atenção, candidato! 
Ao contrário do que muitos pensam, a Lei Maria da Penha não previa crimes. Este diploma traz uma série 
de disposições processuais e também de direito civil. O art. 24-A, agora inserido coma Lei 13.641, é o 
único delito tipificado na Lei nº 11.340/2006. 
 
3. Fundamento Constitucional e Convencional 
Constituição Federal, art. 226. (...) 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a 
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
 
 
Inicialmente, cumpre destacarmos que a Constituição Federal não é o único documento a tratar 
da proteção a família e prevê a criação de mecanismos que proíbam a violência doméstica, também 
existem várias convenções internacionais que foram elaboradas com o objetivo de proteção da mulher, 
um exemplo ocorre em 1975 na cidade do México, onde foi celebrada a primeira conferência mundial 
sobre a mulher.Com o passar do tempo foi elaborada a Convenção sobre a eliminação de todas as 
formas de discriminação contra as mulheres, que foi promulgada pelo Decreto 26/94. 
Alguns anos depois, outras convenções foram realizadas, como, por exemplo, no ano de 1980, 
em que houve uma convenção realizada em Copenhague (Dinamarca), conhecida como a segunda 
conferência mundial sobre a mulher. 
Mais tarde, mediante uma nova conferência (conhecida como terceira conferência mundial 
sobre a mulher), realizada em 1985 no Quênia na cidade de Nairóbi. 
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6 
 
No plano interamericano, podemos destacar a convenção de Belém do Pará celebrada no ano 
de 1994, visando prevenir e erradicar a violência doméstica. Essa convenção foi incorporada ao 
ordenamento pátrio pelo Decreto 1.973/96. 
Esse fenômeno é chamado pela doutrina de processo de especificação do sujeito do direito, 
conforme já apontado no item “1” de nosso material “contexto histórico”. 
Diante do exposto, contemplamos que a Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao 
disposto no art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual “o Estado assegurará a assistência 
à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no 
âmbito de suas relações”, mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil. 
 
4. Objetivo da Lei Maria da Penha 
A Lei Maria da Penha não possui conteúdo/natureza penal estritamente, uma vez que ela não 
prevê tipos penais que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Em verdade, esta 
lei tem conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 18, 19, 20, entre outros), mas, também trata de 
questões ligadas ao direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). Assim, pode-se dizer que a lei tem 
conteúdo misto. 
Cumpre destacarmos, mais uma vez, o art. 24-A da Lei Maria da Penha nos trouxe um novo 
cenário, posto que agora temos um tipo penal na lei, que consiste no descumprimento de medida 
protetiva de urgência. 
Candidato, qual a finalidade da Lei Maria da Penha? 
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela 
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em 
situação de violência doméstica e familiar. 
 
Desse modo, temos: 
• 1º Finalidade à Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra MULHER. 
• 2º Finalidade à Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher. 
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7 
 
 
O juizado mencionado, não se confunde com os Juizados Especiais Criminais criados pela Lei 
nº 9.099 de 95. Ademais, a Lei Maria da Penha ao teor do art. 41 disciplina a vedação da incidência da 
Lei dos Juizados no caso de aplicação da Lei Maria da Penha. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
 
• 3º Finalidade à Estabelecer medidas de assistência. 
• 4º finalidade àEstabelecer medidas de proteção as mulheres em situação de violência doméstica. 
A primeira finalidade da legislação em estudo consiste em coibir e prevenir a violência doméstica 
e familiar contra mulher, trata-se em verdade, de uma medida de política criminal, e não restritamente do 
âmbito do direito penal. 
A Lei Maria da Penha, tem também por finalidade a criação dos juizados de violência doméstica e 
familiar contra mulher. 
No que diz respeito a essa finalidade, merece nossa atenção a questão da expressão “Juizados”, isto 
porque não se refere àquele previsto na Lei nº 9.099/95, a qual, inclusive, não deve ser aplicada nos casos 
de violência doméstica, mas criação de varas especializadas para tratar da violência doméstica e familiar. 
 
Os juizados de violência doméstica e familiar contra mulher não se confundem com os juizados 
especiais da Lei 9.099/95. 
Por fim, a lei tem por pretensão estabelecer medidas de assistência e proteção à mulher em situação 
de violência doméstica e familiar. 
No tocante a finalidade de estabelecer medidas de assistência e proteção à mulher, interessante 
trazermos o teor da Lei n. 13.894/2019, que altera o capítulo das medidas protetivas. 
Vejamos: 
Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para prever a competência 
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para a ação de divórcio, 
separação, anulação de casamento ou dissolução de união estável nos casos de violência e para 
tornar obrigatória a informação às vítimas acerca da possibilidade de os serviços de assistência 
judiciária ajuizarem as ações mencionadas; e altera a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 
(Código de Processo Civil), para prever a competência do foro do domicílio da vítima de 
violência doméstica e familiar para a ação de divórcio, separação judicial, anulação de casamento 
e reconhecimento da união estável a ser dissolvida, para determinar a intervenção obrigatória do 
Ministério Público nas ações de família em que figure como parte vítima de violência doméstica 
e familiar, e para estabelecer a prioridade de tramitação dos procedimentos judiciais em que 
figure como parte vítima de violência doméstica e familiar. 
 
Manual Caseiro 
 
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Desse modo, temos que são quatro as finalidades, nenhuma com ligação ao Direito Penal. 
 
Finalidades 
Coibir e Prevenir a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; 
Prestar assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar; 
Proteção para a Mulher Vítima; 
Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (não tem nada a ver com 
os Juizados da lei 9.099/95). 
 
5. Interpretação da Lei Maria da Penha 
 
Tendo em vista que a Lei Maria da Penha foi criada com a intenção de garantir maior proteção 
a mulher, ela deve ser interpretada nesse sentido. Nessa perspectiva vejamos o art. 4º: 
 
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se 
destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. 
 
Corroborando ao exposto, Gabriel Habib (Leis Especiais – Vol. Único, pág. 823, 2016): 
O legislador determinou que a interpretação da presente lei atendesse aos fins a que 
ela se destina. Se a presente lei tem a finalidade de coibir a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, os seus dispositivos devem ser interpretados de forma 
a melhor atender a essa finalidade. Na realidade, o legislador está a exigir do 
intérprete faça, em qualquer hipótese, a interpretação teleológica, que consiste na 
busca da finalidade da norma, ou seja, busca-se o que o legislador quis quando a 
elaborou. Trata-se de dispositivo desnecessário, uma vez que qualquer intérprete irá 
analisar as normas da presente lei com a interpretação voltada à proteção da mulher 
em situação de violência doméstica e familiar. 
 
6. Constitucionalidade da Lei Maria da Penha1 
 
 
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Constitucionalidade da Lei Maria da Penha. Buscador Dizer o Direito, Manaus. 
Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dfa92d8f817e5b08fcaafb50d03763cf>. Acesso em: 
21/05/2020 
Manual Caseiro 
 
9 
 
Candidato, essa distinção feita pela Lei Maria da Penha, manto de proteção dado a mais a 
vítima mulher, é considerado constitucional, é possível esse tratamento desigual no Ordenamento 
Jurídico Brasileiro? O STF decidiu que a lei maria da penha é constitucionale tem por fundamento as 
chamadas ações afirmativas, em que o Estado fornece os instrumentos para garantir a um destinatário 
certo a igualdade prevista em lei. 
Vejamos: 
 
Constitucionalidade da Lei Maria da Penha 
O STF decidiu que a Lei nº 11.340/06 (“Lei Maria da Penha”) é constitucional. Confira 
as principais conclusões sobre o tema: 
• Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei nº 
11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
• O art. 33 da Lei Maria da Penha determina que, nos locais em que ainda não tiverem 
sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as 
varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas 
decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa previsão não 
ofende a competência dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. 
• Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se 
aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95), mesmo que a pena seja menor 
que 2 anos. 
• Toda lesão corporal, ainda que de natureza leve ou culposa, praticada contra a mulher 
no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA. STF. 
Plenário. ADI 4424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/2/2012. 
Lei é constitucional, sendo essa a corrente acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. Para o 
Supremo Tribunal Federal, a Lei Maria da Penha é Constitucional, tratando-se em verdade de ação 
afirmativa do Estado. Trata-se de ação afirmativa pois fornece instrumentos para garantir a um 
destinatário certo a igualdade prevista em lei. 
Nessa esteira, em 2012 o STF julgou a constitucionalidade da Lei n° 11.340/06, que trata sobre 
violência doméstica, mais conhecida como Lei Maria da Penha (STF. Plenário. ADI4424/DF, rei. Min. 
Marco Aurélio, 9/2/2012). 
No sistema de proteção especial é possível termos destinatário certo, é o que acontece com a 
Lei Maria da Penha que tem como destinatário a “figura” da mulher. Além disso, esse sistema consagra 
a igualdade substancial – através de ações afirmativas, é o caso, por exemplo, da Lei Maria da Penha. 
 
Manual Caseiro 
 
10 
 
Ações afirmativas podem ser definidas como conjunto de ações, programas e políticas especiais 
e temporárias que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de 
gênero, raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator de desigualdade. Buscam incluir setores 
marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos 
compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão com o 
princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de inserção 
social de parcelas historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a equacionar distorções 
arraigadas ou minorar-lhes as consequências antissociais. 
 
Informativo 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei 
n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
Teorias/Correntes em sentido contrário 
1 Corrente 2 Corrente 3 Corrente 
Viola o art. 226, §5º, CF 
(isonomia na sociedade 
conjugal); “Os direitos e 
deveres da sociedade conjugal 
são exercidos igualmente pelo 
homem e pela mulher”. Assim, 
questiona-se: se são exercidos 
igualmente, como pode a Lei nº 
11.340 de 2006 tratá-los de 
forma desigual. 
Viola o art. 226, §8º, CF 
(proteção à família – 
imperativo de tutela); “O 
estado assegurará a assistência 
a família na pessoa de cada um 
dos que a integram (proteção 
integral: homem e mulher) 
criando mecanismos para 
coibir a violência no âmbito de 
suas relações”. Não poderia a 
Lei Maria da Penha se 
preocupar apenas com uma 
parte integrante da família, 
visto que seu dever é assegurar 
de modo geral. 
Lei Maria da Penha na 
contramão da historia: as leis 
tem sido alteradas para evitar 
discriminações contra pessoas 
em geral e a Lei Maria da Penha 
reforça a discriminação contra o 
homem). 
 
 Candidato, sabendo que o sujeito passivo da lei maria da penha deve ser mulher, é possível 
a incidência dessa lei para homens? O prof. Rogério Sanches explica que é possível aplicar as 
medidas protetivas da lei maria da penha para vítimas homens desde que sejam vulneráveis. Aplica-se 
apenas as medidas protetivas. Por homens vulneráveis, podemos exemplificar, crianças/ adolescentes, 
idosos, enfermos e deficientes. Lembre-se, aplica-se as medidas protetivas, mas não a lei, pois a lei 
maria da penha pressupõe a chamada violência de gênero. 
 Mas qual a compreensão de violência de gênero? para o Prof. Rogério Sanches é a violência 
preconceito, tendo como motivação a opressão à mulher fundamento de aplicação da Lei Maria da 
Manual Caseiro 
 
11 
 
Penha. Trata-se da violência que se vale da hipossuficiência da vítima mulher, discriminação quanto 
ao sexo feminino. 
 
7. Requisitos para aplicação da Lei 
 
a) Âmbito de aplicação 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual 
ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015). 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
 
 O legislador dispensou na presente hipótese (Art. 5º, I, Lei Maria da Penha), o vínculo familiar. 
Aplicando-se no espaço doméstico/casa. Destaca-se que o autor e a vítima têm que pertencer a mesma 
unidade doméstica, não sendo necessária que a violência praticada seja apenas física. A expressão 
“esporadicamente agregada” temos como mais comum exemplo a empregada doméstica, enquanto que 
a diarista pode ou não ser enquadrada nessa situação, o caso concreto será determinante para esse 
parâmetro, por exemplo a quantidade e a frequência que esta presta os serviços. 
 Cumpre observar que a Lei Complementar 150 de 2015 dispõe sobre contrato de trabalho 
doméstico: 
Art. 27. Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei: 
Parágrafo único. O contrato de trabalho poderá ser rescindido por culpa do empregador quando: 
VII - o empregador praticar qualquer das formas de violência doméstica ou familiar contra 
mulheres de que trata o art. 5o da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
 O legislador reforça a possibilidade da empregada doméstica como parte vítima na Lei Maria 
da Penha. 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou 
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa. 
 Neste inciso exige-se que aconteça no âmbito do vínculo familiar, que seria por meio do laço 
natural (consanguíneo), a afinidade que é tratada pelo Código Civil como: sogro e genro por exemplo 
e a vontade expressa que seria o filho adotivo. 
Manual Caseiro 
 
12 
 
Nessa hipótese, o legislador exigiu o vínculo familiar, abrangendo-se, inclusive, os enteados, 
por exemplo. 
A forma de violência independe do local, isto é, a violência não precisa ser praticada no âmbito 
da unidade doméstica. Percebam ainda que esse inciso II não necessita de coabitação entre o agente e 
a vítima. Nesse sentido, vejamos o entendimento do STJ. 
 
STJ: “(...) CRIME DE AMEAÇA PRATICADO CONTRA IRMÃ DO RÉU. (...) Na 
espécie, apurou-se que o Réu foi à casa da vítima para ameaçá-la, ocasião em que provocou 
danos em seu carro ao atirar pedras. Após, foi constatado o envio rotineiro de mensagens 
pelo telefone celular com o claro intuito de intimidá-la e forçá-la a abrir mão "do controle 
financeiro da pensão recebida pela mãe" de ambos. Nesse contexto, inarredável concluir 
pela incidência da Lei n.º 11.340/06, tendo em vista o sofrimento psicológico em tese 
sofrido por mulher em âmbito familiar,nos termos expressos do art. 5.º, inciso II, da 
mencionada legislação. Para a configuração de violência doméstica, basta que estejam 
presentes as hipóteses previstas no artigo 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha), 
dentre as quais não se encontra a necessidade de coabitação entre autor e vítima. (5ª Turma, 
Resp 1.239.850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 16/02/2012). 
 
Dispensa coabitação: exige o vínculo familiar (nessa hipótese específica) abrangendo os afins. 
Foi cobrado e considerado correto pela prova do TJ/RS que abrange relação padrasto/enteada (pois 
se consideram aparentados). 
 
Cumpre destacarmos que, não se pode acreditar que todo e qualquer crime envolvendo relação 
entre parentes possa dar ensejo à aplicação da Lei Maria da Penha. 
 
STJ: “(...) AMEAÇA. SOGRA E NORA. (...) A incidência da Lei n.º 11.340/2006 
reclama situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por 
relação de poder e submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em 
situação de vulnerabilidade. Precedentes. No caso não se revela a presença dos 
requisitos cumulativos para a incidência da Lei n.º 11.340/06, a relação íntima de afeto, 
a motivação de gênero e a situação de vulnerabilidade. Concessão da ordem. Ordem 
não conhecida. Habeas corpus concedido de oficio, para declarar competente para 
processar e julgar o feito o Juizado Especial Criminal da Comarca de Santa Maria/RS”. 
(STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, j. 20/06/2013, DJe 
28/06/2013). 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
 O STJ se pronunciou acerca deste aspecto reafirmando que: 
Manual Caseiro 
 
13 
 
Súmula 600 do STJ: “Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º 
da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima”. 
 
Ao referir-se a qualquer relação íntima de afeto, o legislador abarcou a necessidade de o 
agressor conviver ou ter convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Na relação 
íntima de afeto, o importante é que haja um relacionamento entre duas pessoas, seja ele baseado na 
amizade, seja ele baseado em qualquer sentimento que um tiver pelo outro. É possível o 
reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher entre filha e mãe, desde que os 
fatos tenham sido praticados em razão da relação de intimidade e afeto existente entre ambas 
(Gabriel Habib, Leis Penais Especiais). 
 
Candidato, amante ou namorada, podem ser vítimas dessa violência? Conforme entendimento 
do STJ, a situação deverá ser analisada no caso concreto. 
Nesse sentido, vejamos um julgado. 
 
STJ: “(...) LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM DESFAVOR DE 
EX-NAMORADA. (...) a aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas de 
afeto como o namoro deve ser analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar 
o termo - relação íntima de afeto - para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou 
esporádico. In casu, verifica-se nexo de causalidade entre a conduta criminosa e a relação 
de intimidade existente entre agressor e vítima, que estaria sendo ameaçada de morte após 
romper namoro de quase dois anos, situação apta a atrair a incidência da Lei n.º 
11.340/2006. (...)”. (STJ, 3ª Seção, CC 100.654/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 
13/05/2009). 
 
 Embora pareça obvio tendo em vista que a Lei já traz esta informação, já foi tema de discussão 
(Convenção de Belém do Pará -Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência 
contra a mulher, inspiradora da Lei 11.340/06, exige a coabitação) e o STJ pacificou o entendimento. 
Exemplo. Casal de namorados que não moram juntos, cada um vive ainda com seus respectivos pais. 
 
Candidato, coabitação significa morar sob o mesmo teto. É possível a aplicação da Lei Maria da 
Penha (Lei nº 11.340/2006) mesmo que não haja coabitação entre autor e vítima? 
SIM. É possível que haja violência doméstica mesmo que agressor e vítima não convivam sob o mesmo 
teto (não morem juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em 
qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Exemplos: 
Manual Caseiro 
 
14 
 
Ex1: violência praticada por irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto 
(STJ. 5ª Turma. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/02/2012); 
Ex2: é possível que a agressão cometida por ex-namorado configure violência doméstica contra a 
mulher ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (STJ. 5ª Turma. HC 182.411/RS, Rel. Min. 
Adilson Vieira Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ), julgado em 14/08/2012). 
Alguns precedentes do STJ sobre o tema: 
A Lei nº 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também aquela 
que, no passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre a agressão e a 
relação íntima de afeto que já existiu entre os dois. STJ. 3ª Seção. CC 102.832/MG, Rel. Min. Napoleão 
Nunes Maia Filho, DJe 22/04/2009. 
A intenção do legislador, ao editar a Lei Maria da Penha, foi de dar proteção à mulher que tenha sofrido 
agressão decorrente de relacionamento amoroso, e não de relações transitórias, passageiras, sendo 
desnecessária, para a comprovação do aludido vínculo, a coabitação entre o agente e a vítima ao tempo 
do crime. STJ. 6ª Turma. HC 181.246/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 06/09/2013. 
A caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher não depende do fato de agente e 
vítima conviverem sob o mesmo teto. 
Assim, embora a agressão tenha ocorrido em local público, ela foi nitidamente motivada pela relação 
familiar que o agente mantém com a vítima, sua irmã, circunstância que dá ensejo à incidência da Lei 
Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. HC 280.082/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/02/2015. 
 
Fonte: http://www.dizerodireito.com.br/2017/11/sumula-600-do-stj-comentada.html 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PB Prova: FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto 
Conforme entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça: 
 
A. Para a configuração da violência doméstica e familiar, prevista na Lei Maria da Penha (Lei nº 
11.340/2006), não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
B. A suspensão condicional do processo, prevista na Lei nº 9.099/1995, é aplicável na hipótese de 
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). 
C. É possível a aplicação de prestação de serviços a entidades públicas, bem como a limitação 
temporária de direitos ao autor de crime, com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico, contra 
a mulher. 
D. Permanece pública condicionada à representação a ação penal para o crime de lesão corporal leve, 
praticado contra a mulher no ambiente doméstico. 
E. A transação penal, prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais, é aplicável na hipótese de 
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). 
 
Gab. A. Súmula 600 – STJ. 
 
Manual Caseiro 
 
15 
 
 Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
Independe de orientação sexual tendo em vista um casal composto por duas mulheres por 
exemplo. Desse modo, temos que é possível aplicarmos a lei maria da penha nas relações homoafetivas 
femininas. 
 
 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Juiz Substituto – MA/2008 e considerada correta a alternativa 
que afirmava: 
A patroa que ameaça sua empregada doméstica e a mulher que agride e lesiona a companheira com 
quem convive em relação homoafetiva se sujeitam às normas repressivas contidas na Lei nº 
11.340/2006, denominada de Lei Maria da Penha. 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Promotor de Justiça – DFT 2011 e considerada corretaa 
alternativa que afirmava: 
Não se insere no âmbito da denominada Lei Maria da Penha a conduta de um agente que agride e causa 
lesões corporais em desfavor de seu companheiro, prevalecendo o agente das relações de coabitação, 
embora as lesões corporais sejam qualificadas na forma do art. 129, §9º, do Código Penal. 
 
b) Formas de violência 
 
O art. 7 da Lei Maria da Penha nos trouxe as formas de violência doméstica, que são cinco as 
listadas na legislação. Contudo, cumpre destacarmos que a própria lei faz menção ao termo “são formas 
de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras...” Podemos concluir que as formas de 
violência não pertencem a um rol taxativo, mas exemplificativo. 
 
Violência 
Física
Violência 
Psicológica
Violência 
Sexual
Violência
Patrimonial 
Violência 
Moral
Manual Caseiro 
 
16 
 
 
A violência de modo geral é toda atitude que use a agressividade de forma intencional e 
excessiva para ameaçar ou cometer algum ato que resulte em acidente, morte ou trauma psicológico, 
no caso da lei em comento baseada no gênero. 
O art. 7º da Lei 11.340/2006 expõe quais são as FORMAS de violência doméstica e familiar, 
enquadrando-se a violência física, violência psicológica, violência sexual, violência patrimonial e 
violência moral. Desse modo, contemplamos que a violência doméstica e familiar pode ocorrer desde 
uma simples via de fato até a ocorrência de um feminicídio 2 (homicídio qualificado e hediondo). 
Vejamos: 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde 
corporal; 
 Exemplo: tapas, chutes, socos. 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise 
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica 
e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018). 
 Exemplo: chamar de gorda, feia, realizar perseguição. Em 2018 o legislador acrescentou a 
expressão “violação de sua intimidade”, que seria a falta de privacidade, o ato de exigir que a mulher 
lhe conceda a senha do celular para que o agressor investigue sua vida, obrigar a atender ligações em 
viva voz, etc. 
A Lei nº 13.772/2018 promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha) para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma de violência 
doméstica, classificada como violência psicológica. 
Vejamos: 
 
 
 
 
2 Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, 
desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo 
feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. (Dizer o Direito). 
Manual Caseiro 
 
17 
 
Antes da Lei nº 13.772/2018 ATUALMENTE 
Art. 7º São formas de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
II - a violência psicológica, entendida como 
qualquer conduta que lhe cause dano 
emocional e diminuição da auto-estima ou que 
lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou 
controlar suas ações, comportamentos, crenças 
e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à 
saúde psicológica e à autodeterminação; 
Art. 7º São formas de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
II - a violência psicológica, entendida como 
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e 
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise 
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua 
intimidade, ridicularização, exploração e limitação 
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe 
cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; 
 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter 
ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da 
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a 
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao 
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite 
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 O caso do estupro, bem como obrigar a mulher manter relação sexual sem camisinha ou não 
usar anticoncepcionais são os mais comuns nesse aspecto. 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, 
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos 
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer 
suas necessidades; 
 Exemplo: colocar fogo na roupa da mulher, rasgar, quebrar o celular. 
Observação. Destaca-se que 
Candidato, a violência patrimonial impede a incidência das chamadas escusas 
patrimoniais dos arts. 181 e 182 do CP? o STJ, no RHC 42.918/RS, entendeu que a Lei Maria da 
Penha não revogou as escusas absolutórias (excludente de punibilidade), que são aplicadas 
normalmente nos delitos patrimoniais ocorridos no âmbito da relação conjugal. 
No tocante a doutrina, uma primeira corrente entende que impede (Maria Berenice Dias). 
Noutra banda, uma segunda corrente entende que não impede, por si só, a incidência da escusa. Nesse 
sentido, inclusive, é a orientação do STJ. 
Manual Caseiro 
 
18 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito 
Substituto. 
 
Em relação à violência doméstica e ao quanto previsto na Lei n° 11.340/06 (Lei Maria da Penha), 
assinale a alternativa correta. 
 
A. O crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência é inafiançável. 
B. A violência patrimonial também pode ser considerada forma de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
C. A prisão preventiva do agressor poderá ser decretada pelo juiz de ofício somente durante a instrução, 
mas não durante o inquérito policial. 
D. Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no 
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial 
em qualquer relação íntima de afeto, desde que o agressor conviva ou tenha convivido sob o mesmo 
teto com a ofendida. 
 
Gab. B. 
 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou 
injúria. 
 Crimes contra a honra. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça 
– Vespertina 
 
A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, é 
uma das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecida na Lei n. 11.340/2006. 
 
Gab. Certo – Art. 7°, V. 
 
Diante da análise do dispositivo legal, contemplamos que para o reconhecimento da 
violência contra a mulher, basta a presença alternativa de um dos incisos do art. 7°, em combinação 
alternativa comum dos âmbitos do art. 5° (âmbito da unidade doméstica, âmbito da família ou em 
qualquer relação íntima de afeto). Logo, a violência doméstica e familiar contra a mulher estará 
configurada tanto quando uma mulher for vítima de violência sexual no âmbito da unidade doméstica, 
quando contra ela for perpetrada violência psicológica numa relação íntima de afeto, por exemplo. 
Interessante observamos que o art. 7° faz uso da expressão “entre outras”, portanto não se 
trata de um rol taxativo, mas sim exemplificativo. Logo, é perfeitamente possível o reconhecimento 
Manual Caseiro 
 
19 
 
de outras formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Tem-se aí verdadeira hipótese de 
interpretação analógica. 
 
 Vamos esquematizar? 
 
 
Violência Física 
Trata-se de qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde 
corporal da vítima. A ofensa à integridade corporal é a lesão que afeta 
órgãos, tecidos ou aspectos externos do corpo, como fraturas, 
ferimentos, equimoses e lesão de um músculo. Podemos citar as 
diversas espécies de lesão corporal (CP, art. 129), o homicídio (CP, art. 
121) e até mesmo a contravenção penal de vias de fato (Dec.-Lei n° 
3.688/41, art. 21). 
 
 
 
 
Violência Psicológica 
Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da 
autoestima da mulher ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise a degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões. Pode causar neuroses, depressão, 
entre outras, ainda que de forma transitória. Por exemplo, crimes como 
o constrangimento ilegal (CP, art. 146), a ameaça (CP, art. 147), e o 
sequestro e cárcere privado (CP, art. 148). 
Obs.: O adultério não é mais crime, porém a sua prática poderá gerar 
uma humilhação à mulher. Isto é, houve a prática de uma violência 
psicológica. 
 
 
Violência Sexual 
Qualquer conduta ligada à dignidade sexual da mulher de forma não 
consentida por ela. 
 
Nessa violência podemos citar a prática de vários crimes, como 
exemplo o estupro, estupro de vulnerável. 
 
 
Violência Patrimonial 
Qualquer conduta ligada aos objetos, instrumentos de trabalho da 
vítima, bem como seus documentos pessoais, bens, valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas 
necessidades. 
 
Dentro da violência patrimonial podemos citar o estelionato, 
apropriação indébita, furto. 
 
 
Violência Moral 
Consiste na conduta ofensiva à honra da vítima, tendo em vista que ao 
referir-se a ela o legislador elencou os crimes contra a honra: calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
Exemplo: crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, do CP), porém 
praticados no âmbito de violência doméstica e familiar. Cumpre 
destacarmos que essa seria a única hipótese que pela própria definição 
pressupõe a prática de um crime. 
 
Candidato, as formas de violência do art. 7º da Lei Maria da Penha são taxativas? Excelência, para 
uma 1ª corrente, as formas de violência compõem um rol taxativo, sendo, contudo, essa posição 
minoritária, pois a própria legislação faz menção a “entre outras” formas de violência. Nessa esteira, 
uma 2ª corrente entende que esse rol é exemplificativo, abrangendo outras formas de violência ainda 
Manual Caseiro 
 
20 
 
que não citadas no art. 7º. Esse entendimento encontra respaldo ainda na finalidade proposta pela Lei, 
qual seja, conferir maior proteção a Mulher, sendo a tese adotada majoritariamente. 
Corroborando ao exposto, preleciona o professor Gabriel Habib (Leis Especiais – Vol. Único, 
pág. 829, 2016): Apesar de o legislador ter enumerado diversas formas de violência, o rol do presente 
artigo é exemplificativo, em razão das expressões “entre outras” contidas no caput. 
 
8. Requisitos para aplicação da Lei Maria da Penha: 
 
A) Sujeito passivo: Mulher. 
O sujeito passivo é exclusivamente a mulher. Dessa forma, temos que em relação ao sujeito 
passivo da violência doméstica e familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: ser 
mulher. Portanto, revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de 
violência contra homens, mesmo quando originadas no ambiente doméstico ou familiar. 
 
Obs.1: Figura pública também pode ser vítima de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Informativo 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica. O 
fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de 
vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, 
revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da 
Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. 
 
- Presunção absoluta de vulnerabilidade e presunção relativa de vulnerabilidade 
 
Na situação em que o homem for o sujeito ativo, há uma presunção absoluta de vulnerabilidade 
daquela mulher que foi vítima da violência. Por outro lado, na circunstância e que uma outra mulher 
for sujeito ativo do crime a presunção será relativa. 
Assim: 
o Homem como sujeito ativo: presunção absoluta de vulnerabilidade. 
o Mulher como sujeito ativo: presunção relativa de vulnerabilidade. 
• STJ: “(...)Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de 
incidência da Lei nº 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa 
Manual Caseiro 
 
21 
 
perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade 
física e econômica. Sujeito passivo da violência doméstica, objeto da referida 
lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde 
que fique caracterizado o vínculo de relação doméstica, familiar ou de 
afetividade. No caso, havendo apenas desavenças e ofensas entre irmãs, não 
há qualquer motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade que 
caracterize situação de relação íntima que possa causar violência doméstica ou 
familiar contra a mulher. Não se aplica a Lei nº 11.340/06”. (STJ, 3ª Seção, 
CC 88.027/MG, Rel. Min. Og Fernandes, DJe 18/12/2008). 
 
Quanto ao transexual há divergências, alguns entendem que deve prevalecer a identidade genética, 
mas há quem entenda que a identidade psicológica deve prevalecer. 
 
B) Âmbito doméstico: Art. 5º. 
C) Tipo de violência: Art. 7º, Violência terá de ser dolosa e não de forma culposa. 
D) Vulnerabilidade e hipossuficiência: Em relação ao casal é presumida para mulher, por motivos 
lógicos, fisiologicamente o homem é mais forte, obviamente ressalvadas as exceções. Nas relações 
entre irmãs por exemplo não será presumida, serão analisados os casos concretos. Vejamos alguns 
julgados atípicos que evidenciam esse aspecto. 
Seguem alguns julgados atípicos em que há a aplicação da Lei Maria da Penha: 
• BRIGA ENTRE IRMÃS: STJ Resp 1.239.850/DF e HC 184.990/RS 
• MÃE E FILHA: STJ, HC 277.561/AL 
• ENTRE CUNHADOS: STJ, HC 172.634/DF 
• EX NAMORADOS: HC 357.885/SP 
• RELAÇÃO EXTRACONJUGAL: RHC 43.927/RS 
• AGRESSÃO CONTRA AMBOS OS GENITORES: HC 310143 RS 
• GENRO CONTRA SOGRA: RHC 50847/BA 
 
Candidato, é possível aplicarmos a Lei Maria Penha ao sujeito passivo homem? 
Prezado candidato, cumpre destacarmos que apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da 
Penha, o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 
9, 10 e 11 do CP. Contudo, não se aplica a este os regramentos da Lei nº 11.340/2006, mas o CP. 
Vejamos: 
Manual Caseiro 
 
22 
 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se ascircunstâncias são as indicadas no § 9o deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra 
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006). 
 
9. Juizado de Violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da 
Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, 
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento 
e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, 
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
 
Juizados? Inicialmente cumpre apontarmos para o fato de que o Juizado Especial de Violência 
Doméstica e Familiar contra mulher não se confunde com os Juizados Especiais Criminais, a qual é vedada 
a aplicação pela própria Lei Maria da Penha (art. 41, Lei nº 11.340/2006). Em verdade, trata-se de órgãos 
da Justiça Comum do DF e dos Estados. Nesse juizado corre o processo de conhecimento e execução, 
possui competência cumulativa – civil e criminal. 
 
Competência para processo e julgamento de crimes e contravenções penais praticados no contexto da 
violência doméstica e familiar contra a mulher: “(...) Configurada a conduta praticada como violência 
doméstica contra a mulher, independentemente de sua classificação como crime ou contravenção, deve 
ser fixada a competência da Vara Criminal para apreciar e julgar o feito, enquanto não forem 
estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, consoante o disposto nos 
artigos 7º e 33 da Lei Maria da Penha. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 158.615/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, 
DJE 08/04/2011). 
 
Manual Caseiro 
 
23 
 
Cumulação da competência por Varas Criminais 
 
Candidato, o que acontece no caso de Comarcas que não tem juizado especial de violência doméstica e 
familiar contra mulher? Excelência, enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer 
e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as 
previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. Ademais, será garantido 
o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput 
do art. 33. 
Com base nesse dispositivo, no Distrito Federal o Tribunal de Justiça resolveu outorgar essa 
competência cumulativa a uma vara dos juizados especiais criminais, assim o Juiz do JECRIM ora irá julgar 
uma infração de menor potencial ofensivo, ora a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
O Juiz do JECRIM deverá tomar muito cuidado, pois o julgamento dessas ações é completamente 
diferentes. 
 Vejamos: 
1ª Situação 2ª Situação 
Em se tratando de infração de menor potencial 
ofensivo é cabível a aplicação das medidas 
despenalizadoras (Lei 9.099/95). O juízo ad quem 
será a turma recursal (art. 98, I, da CF). 
Quando se trata de violência doméstica ou familiar 
contra mulher, o Juiz deve-se lembrar que aqui não 
se aplica a Lei 9.099/95, sendo o juízo ad quem o 
Tribunal de Justiça, ou, no caso da justiça federal, 
o TRF. 
 
 
Informativo 654 do STF - Nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, às varas criminais acumularão as competências cível e criminal para 
as causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esta determinação, que consta no 
art. 33 da Lei, não ofende a competência dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. 
Segundo o Relator, a Lei Maria da Penha não implicou obrigação, mas a FACULDADE de criação dos 
Juizados de Violência Doméstica contra a Mulher. 
 
Crimes dolosos contra a vida praticados no contexto da violência doméstica e familiar 
contra a mulher 
Em um primeiro momento cumpre recordarmos que o Tribunal do júri é composto por duas 
fases, uma primeira chamada de Iudicium Accusationis, a segunda conhecida como Iudicium Causae. 
Na primeira fase temos a participação apenas do Juiz Sumariante, que pode pronunciar, 
impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar. Apenas a segunda fase é que entra a atuação 
do Júri sendo composto pelo Juiz Presidente e por mais 25 jurados, 7 dos quais irão compor o Conselho 
Manual Caseiro 
 
24 
 
de sentença. Em alguns Estados essa primeira fase do Tribunal do Júri vem tramitando nos Juizados 
de violência doméstica e familiar contra a Mulher, enquanto que, em outros, a primeira fase tramita 
nas varas privativas do júri. Isso é possível, dependendo da Lei de Organização judiciária local, pois o 
que a Constituição Federal obriga é o Julgamento propriamente dito do crime doloso contra a vida pelo 
Tribunal do Júri. 
Nesse sentido, o Julgado do STJ. Vejamos: 
 
STJ: “(...) Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso 
contra a vida, seu processamento, até a fase de pronúncia, poderá ser pelo Juizado 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em atenção à Lei 11.340/06. 
(...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 73.161/SC, Rel. Min. Jane Silva, DJ 17/09/2007). 
 
 
Informativo 748 do STF: 
Competência Para Crimes Dolosos Contra A Vida Praticados Com violência 
Doméstica 
A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri 
seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a 
vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da 
competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, 
obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF.2ª Turma .HC 102150/SC, 
Rei. Min. Teori Zavascki, julgaçlo em 27/5/2014 (lnfo 748). 
Diante do exposto, contemplamos que a Constituição Federal exige é que o julgamento 
ocorra no Tribunal do Júri, de forma que nada impede que a Lei de Organização 
Judiciária delegue a primeira fase a outro juízo, como por exemplo, ao Juizado de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
 
 
10. Medidas tomadas pelo Delegado de Polícia: atendimento pela Autoridade Policial 
 
Os artigos que segue são de suma importância aos que prestam concurso na área policial 
(Delegado, Agente, Escrivão, Investigador)! 
Os arts. 10, 11 e 12 da Lei Maria da Penha trata das providências que devem ser tomadas pela 
autoridade policial que tenha atuação na Delegacia especializada no atendimento à mulher vítima de 
Manual Caseiro 
 
25 
 
violência doméstica e familiar contra a mulher, ou da Delegacia de Polícia comum, nos locais em que 
não houver a Delegacia especializada. Vejamos: 
 
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, 
de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de 
medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - 
preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. (Incluído pela 
Lei nº 13.505, de 2017) 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, 
obedecerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a 
sua condição peculiar de pessoa emsituação de violência doméstica e 
familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados 
ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo 
fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a 
vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte 
procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual 
conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência 
sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado 
em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou 
policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
Manual Caseiro 
 
26 
 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a 
degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a 
autoridade policial deverá, entre outras providências: (Trata-se de rol 
“exemplificativo”). 
 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local 
seguro, quando houver risco de vida; #JáCaiuDPCSP 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento 
perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação 
de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 
13.894, de 2019) 
 
#JáCaiu: Foi cobrado no concurso de Delegado de Polícia Civil de SP/2011 e 
considerada correta a alternativa que afirmava: A autoridade policial deverá fornecer 
transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando 
houver risco de vida. 
 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o 
registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes 
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, 
se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas 
circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com 
o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
Manual Caseiro 
 
27 
 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar 
outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de 
outras ocorrências policiais contra ele; 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, 
na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a 
ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do 
porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do 
Desarmamento); (Incluído pela Lei nº13.880/2019) 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério 
Público. 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá 
conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da 
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. 
(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de 
ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. 
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
 
Esquematizando: 
Medidas da Autoridade Policial 
Proteção policial; Encaminha ao 
hospital a 
ofendida; 
Fornecer 
transporte a local 
seguro; 
companhá-la 
na retirada 
dos pertences; 
Informá-la dos 
direitos e 
serviços 
disponíveis. 
 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil 
 
Manual Caseiro 
 
28 
 
A Lei nº 11.340/2006 cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher. São consideradas violência contra a mulher não só a física, mas também, psicológica, moral e 
sexual. E em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da 
ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo 
daqueles previstos no Código de Processo Penal, EXCETO: 
 
A. colher nome e idade dos dependentes e encaminhá-los a uma Casa de Abrigo; 
B. ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 
C. colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; 
D. remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da 
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
E. determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames 
periciais necessários, ouvir o agressor e as testemunhas. 
 
Gab. A. 
 
#Novidade Legislativa 
 
 
Lei nº 13.836, de 4.6.2019 – Acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 
2006, para tornar obrigatória a informação sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher 
vítima de agressão doméstica ou familiar. Vejamos: 
 
Art. 1º Esta Lei acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 
2006, para tornar obrigatória a informação sobre a condição de pessoa com deficiência 
da mulher vítima de agressão doméstica ou familiar. 
Art. 2º O § 1º do art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, passa a vigorar 
acrescido do seguinte inciso IV: 
“Art. 12. ................................................................................................... 
 § 1º ........................................................................................................... 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da 
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. 
 ................................................................................................................” (NR) 
Prioridade na realização do Exame de Corpo de Delito 
CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto 
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridadeà realização do exame de corpo de delito quando se tratar de 
crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 
Manual Caseiro 
 
29 
 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 
13.721, 
de 2018). 
 
11. Medidas de Assistência 
 
O art. 9 da Lei Maria da Penha contempla as chamadas medidas de assistência. Trata-se de um 
dispositivo que vem sendo constantemente alterado. Desse modo, destacamos a importância de um 
estudo atencioso do referido dispositivo legal. #FocaNasNovidadesLegislativas. 
 
 Vejamos: 
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma 
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no 
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas 
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. 
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. 
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua 
integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até 
seis meses. 
 O STJ decidiu que esse afastamento acontece com garantia de manutenção do salá 
Asssistência 
Social
Asssistência à 
saúde
Asssistência 
à Segurança
Manual Caseiro 
 
30 
 
 III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação 
de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o 
juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) 
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos 
benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de 
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da 
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e 
cabíveis nos casos de violência sexual. 
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral 
ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema 
Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados 
para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos 
assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que 
prestarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 3 
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para 
o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão 
seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer 
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou 
ensejarpossibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência) 
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus 
dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para 
essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência 
policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 
13.882, de 2019) 
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme 
o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público 
e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019) 
 
12. Medidas protetivas de urgência 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do 
Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
 
3 Novidade Legislativa. Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13871.htm 
Manual Caseiro 
 
31 
 
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente 
de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente 
comunicado. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão 
ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos 
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder 
novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à 
proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS Prova: CESPE - 2019 - SEFAZ-RS - Auditor Fiscal da 
Receita Estadual - Bloco I 
 
Uma mulher sofreu diversas formas de violência doméstica provocadas pelo marido. Muito abalada, 
ela conseguiu ir a uma delegacia especializada e foi recebida por uma autoridade policial que, após 
ouvir suas queixas, adotou imediatamente as providências cabíveis. O expediente foi recebido pelo juiz 
com pedido de medidas protetivas de urgência. 
 
De acordo com a Lei n.º 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, o juiz poderá conceder medida 
protetiva 
 
A. somente após a audiência das partes. 
B. isoladamente, sendo vedada a cumulação. 
C. apenas se houver pedido expresso da ofendida nesse sentido. 
D. de imediato, ainda que sem a oitiva das partes e sem a manifestação do Ministério Público. 
E. somente após a manifestação do Ministério Público. 
 
Gab. D. Art. 19, §1° da Lei Maria da Penha. 
 
 A mulher vai a delegacia e pede a medida protetiva, o delegado então apenas formaliza o pedido 
da ofendida, e não representa assim como faz por prisão preventiva/temporária, mandado de busca e 
apreensão ou qualquer medida cautelar. Cuidado com a nomenclatura. 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas 
protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos 
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
Manual Caseiro 
 
32 
 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
 
As medidas protetivas de urgência são de duas espécies, a saber, aquelas que obrigam o agressor 
e medidas protetivas que visam proteger a ofendida. 
 
Medidas protetivas que 
obrigam o agressor 
Medidas protetivas de urgência 
à ofendida 
Medidas protetivas de cunho 
patrimonial 
Art. 22 Art. 23 Art. 24 
 
A maior parte dessas medidas protetivas possuem natureza extrapenal. 
 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos 
desta Lei, o juiz poderá aplicar, DE IMEDIATO, ao agressor, em conjunto ou separadamente, 
as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão 
competente,nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo 
de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica 
da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; 
e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) 
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou 
em grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020).4 
 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
 
4 LEI Nº 13.984, DE 3 DE ABRIL DE 2020: altera o art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha), para estabelecer como medidas protetivas de urgência frequência do agressor a centro de educação e de reabilitação 
e acompanhamento psicossocial. 
“Art. 22. 
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e 
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.” 
Manual Caseiro 
 
33 
 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de 
proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo 
domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos 
a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de 
educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa 
instituição, independentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, 
de 2019) 5 
 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de 
propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as 
seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e 
locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos 
materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos 
nos incisos II e III deste artigo. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de Concursos? 
 
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - 
Escrivão de Polícia. 
 
Assinale a alternativa que está de acordo com os preceitos da Lei n° 11.340/2006. 
A. As medidas protetivas de urgência devem ser adotadas pelo juiz no prazo de 24 horas. 
B. A violência moral é entendida como qualquer conduta do agressor que constitua calúnia ou 
difamação, excetuando-se a injúria. 
C. Em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar estará 
desacompanhada de advogado. 
D. A Lei n° 11.340/2006 veda a aplicação dos institutos da Lei n° 9.099/95, exceto o sursis processual. 
 
5 LEI Nº 13.882/2019: Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para garantir a matrícula dos 
dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em instituição de educação básica mais próxima de seu 
domicílio. 
Manual Caseiro 
 
34 
 
E. É possível obrigar o agressor a prestar alimentos provisionais ou provisórios. 
 
Gab. E. Art. 22, V da Lei Maria da Penha. 
 Candidato, é possível aplicar a medida protetiva de urgência para vítima do sexo 
masculino? Com base na Lei Maria da Penha, não! Seria uma analogia in malam partem (utilização da 
analogia em prejuízo do réu). Há entendimento doutrinário (professor Alexandre Freitas Câmara) que 
defende a aplicação das medidas protetivas baseadas no poder geral de cautela e não na Lei Maria da 
Penha, permitindo, dessa forma, a aplicação das medidas protetivas para vítimas do sexo masculino. 
Exemplo; Avô que agride seu neto, o juiz pode aplicar medida protetiva de urgência, não com base na 
Lei Maria da Penha que pressupõe vítima mulher, mas sim com base no poder geral de cautela que o 
juiz possui. 
 Observação. Delegado não pode decretar medida protetiva de urgência, salvo se o município 
não for sede de comarca. 
Art. 12-C Maria da Penha. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à 
integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência 
com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019). 
I - pela autoridade judicial; 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível 
no momento da denúncia. 
 § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo 
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a 
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. 
Candidato, qual o recurso cabível da decisão que concede ou não medida protetiva? O prof. 
Rogério Sanches explica que alguns doutrinadores defendem que o recurso cabível seria o agravo de 
instrumento, já outros alegam ser o RESE – recurso em sentido estrito. Na visão do nobre autor, será 
cabível um ou outro, dependerá do cunho processual da decisão. 
o Civil – cabe agravo de instrumento. 
o Criminal – cabe RESE: Recurso em sentido estrito. 
 
Manual Caseiro 
 
35 
 
 4.1 Descumprimento da medida protetiva 
 O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da 
Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 CP), tendo em vista que a própria 
Lei já traz uma reprimenda para o não cumprimento dessas medidas, não tendo o que se falar em crime 
de desobediência, até porque teríamos o bis in idem, vejamos; 
Lei 11.340/2006, Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão 
ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos 
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
 Portanto em caso de descumprimento o juiz poderá substituir por outras medidas mais gravosas 
ou decretar a prisão preventiva com base no Art. 313, III do Código de Processo Penal; 
CPP, Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, 
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de 
urgência; 
Foi publicada no dia 04/04/2018 mais uma novidade legislativa, trata-se da Lei nº 13.641/2018, 
que altera a Lei Maria da Penha e torna crime a conduta do autor da violência que descumpre as 
medidas protetivas de urgência impostas pelo juiz. 
 
Lei 11.340/2006, Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018). 
§ 1º A configuração

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