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1 Controlar a dor é um dos maiores desafios da clínica médica. A dor é definida como uma sensação desagradável, que pode ser aguda ou crônica, e é consequência de processos neuroquímicos complexos nos sistemas nervosos central (SNC) e periférico. A dor é subjetiva, e o médico deve basear-se na percepção e na descrição do paciente. O alívio da dor depende do seu tipo específico: nociceptiva ou neuropática. Exemplo: na dor artrítica leve ou moderada (dor nociceptiva), os analgésicos não opioides, como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), em geral são eficazes. A dor neuropática pode ser tratada com opioides (algumas situações exigem dosagens altas), mas respondem melhor a anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos ou inibidores da captação de serotonina e norepinefrina. Contudo, para a dor grave ou crônica maligna ou não maligna, os opioides são considerados parte do plano de tratamento em pacientes selecionados. Opioides são fármacos naturais, semissintéticos ou sintéticos que produzem efeitos tipo morfina. • Natural – morfina e codeína • Semissintético – hidromorfona, hidrocodona, oxicodona e oximorfona • Sintético – fentanila, meperidina, metadona, tapentadol e tramadol Esses fármacos são divididos em classes químicas com base na sua estrutura química. Fenantrenos Ação em receptores opioides Morfina, codeína, oxicodona, oximorfona, hidromorfona e hidrocodona Agonista Buprenorfina Agonista parcial Nalbufina e butorfanol Misto: agonista/ antagonista Benzomorfanos Pentazocina Misto: agonista/ antagonista Fenilpiperidinas Fentanila, alfentanila, sufentanila e meperidina Agonista Difenileptano Metadona Agonista Clinicamente, isso é útil na identificação de opioides que têm maior possibilidade de causar sensibilidade cruzada em pacientes com alergia a um opioide em particular. Todos os opioides agem ligando-se a receptores opioides específicos no SNC para produzir efeitos que imitam a ação de neurotransmissores peptídeos endógenos (endorfinas, encefalinas e dinorfinas). Embora os opioides apresentem um amplo espectro de efeitos, sua utilização principal é para aliviar a dor intensa, independentemente de ela resultar de cirurgia, lesão ou doença crônica. Os antagonistas que revertem as ações dos opioides também são importantes clinicamente para uso em casos de dosagem excessiva. Agonistas potentes Alfentanila, fentanila, heroína, hidrocodona hidromorfona, meperidina, metadona, oxicodona, oximorfona, remifentanila e sufentanila Agonistas moderados/fracos Codeína Agonistas-antagonistas mistos e agonistas parciais Buprenorna, butorfanol, nalbuna e pentazocina Antagonistas Naloxona e naltrexona Outros analgésicos Tapendatol e tramadol Opioides BIANCA LOUVAIN 2 Os efeitos mais importantes dos opioides são mediados por três famílias de receptores: µ (mi), κ (capa) e δ (delta). Cada família de receptores apresenta uma especificidade diferente para os fármacos com os quais ela se liga. • A propriedade analgésica dos opioides é mediada primariamente pelos receptores μ, que modulam respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas. • Os receptores κ, no corno dorsal, também contribuem para a analgesia modulando a resposta à nocicepção química e térmica. • As encefalinas interagem mais seletivamente com os receptores δ na periferia. Os três receptores opioides são membros da família de receptores acoplados à proteína G e inibem a adenililciclase. Eles também estão associados a canais iônicos, aumentando o efluxo pós-sináptico de K+ (hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré-sináptico de Ca2+, impedindo, assim, o disparo neuronal e a liberação do transmissor. • A morfina é o principal fármaco analgésico presente no ópio bruto, sendo o protótipo do agonista μ potente. • A codeína também está presente no ópio bruto, em menores concentrações, e é menos potente, o que a torna protótipo dos agonistas opioides fracos. Os opioides atualmente disponíveis têm várias diferenças na afinidade pelo receptor, no perfil farmacocinético, nas vias de administração disponíveis e nos efeitos adversos. Comparar os opioides disponíveis com a morfina é útil na identificação de diferenças para orientar a seleção de um regime seguro e efetivo de controle da dor. Mecanismo de ação: • A morfina e outros opioides exercem seus efeitos principais interagindo especificamente com os receptores opioides nas membranas de certas células no SNC e em outras estruturas anatômicas, como o trato gastrintestinal (TGI) e a bexiga. • A morfina atua também em receptores κ na lâmina I e II do corno dorsal da medula espinal. • Ela diminui a liberação de substância P que modula a percepção da dor na medula espinal. • A morfina também parece inibir a liberação de vários transmissores excitatórios dos terminais nervosos que levam a estímulos nociceptivos (dolorosos). Ações terapêuticas: • Analgesia – a morfina e outros opioides causam analgesia (alívio da dor sem perda de consciência) e aliviam a dor, aumentando o seu limiar no nível da medula espinal e, de forma mais importante, alterando a percepção da dor no cérebro. Os pacientes tratados com opioides continuam conscientes da presença da dor, mas a sensação não é desagradável. • Euforia – a morfina produz uma forte sensação de contentamento e bem-estar. A euforia pode ser causada pela desinibição dos neurônios que contêm dopamina da área tegmento ventral. • Respiração – a morfina causa depressão respiratória pela dessensibilização ao dióxido de carbono dos neurônios do centro respiratório. Esse efeito pode ocorrer com doses normais de morfina em pacientes que nunca usaram esse fármaco e acentuar-se à medida que a dose aumenta até que, por fim, a respiração cessa. A depressão respiratória é a causa mais comum de morte nos casos de superdose aguda de opioides. A tolerância a esse efeito se desenvolve rapidamente com dosificações repetidas, o que permite o uso seguro da morfina para o tratamento da dor quando a dosagem é titulada corretamente. • Miose – a pupila puntiforme, característica do uso da morfina, resulta do estímulo dos receptores µ e κ. Há pouca tolerância ao efeito, e todos os viciados em morfina apresentam pupilas puntiformes. • Êmese – a morfina estimula diretamente a zona quimiorreceptora disparadora na área postrema que causa êmese. • TGI – a morfina alivia a diarreia ao diminuir a motilidade e aumentar o tônus do músculo liso circular intestinal. Ela também aumenta o tônus do esfíncter anal. No geral, a morfina e outros opioides provocam constipação, com pouco desenvolvimento de tolerância. A morfina também pode aumentar a pressão no trato biliar, devido à contração da vesícula biliar e à constrição do esfíncter biliar. 3 • Sistema cardiovascular – a morfina em dosagens baixas não tem efeito significativo na pressão arterial ou na frequência cardíaca. Com doses altas pode ocorrer hipotensão e bradicardia. • Ações hormonais – a morfina aumenta a liberação de hormônio do crescimento e aumenta a secreção de prolactina. Ela aumenta o hormônio antidiurético, causando retenção urinária. • Parto – a morfina pode prolongar o segundo estágio do trabalho de parto, diminuindo temporariamente a força, a duração e a frequência das contrações uterinas. . Devido à depressão respiratória e à retenção de dióxido de carbono, os vasos cerebrais dilatam e aumentam a pressão do líquido cerebrospinal. Assim, normalmente, a morfina está contraindicada em indivíduos com lesão grave na cabeça ou no cérebro. Além disso, a morfina libera histamina dos mastócitos, causando urticária, sudoração e vasodilatação. Como pode causar broncodilatação, a morfina deve ser usada com cautela em . pacientes