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1 RAYSSA YARED TRENTIN TUBERCULOSE – DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS – resumo Definição Enfermidade infectocontagiosa de evolução crônica, caracterizada por lesões de aspecto nodular, principalmente em linfonodos e pulmões, que acomete bovinos e bubalinos, podendo afetar o homem. É uma doença com desenvolvimento progressivo, animais sem sinais clínicos disseminam a doença, com presença de lesões nodulares (tubérculos) de localização difusa (qualquer órgão/tecido, dependendo por onde o agente entrou). ETIOLOGIA - Família: Mycobacteriaceae - Gênero: Mycobacterium - Características: bastonetes curtos, aeróbios, imóveis, não capsulados, sem flagelos. - Acomete mamíferos e aves, tanto domésticos e silvestres. Os principais hospedeiros são o bovino, homem e aves. - CMT: Complexo Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis, M. africanum, M. bovis, M. microti, M.canetti, M. caprae, M. pinnipedii) – afetam mamíferos - MOTT: Complexo Micobacterium não tuberculosas – MAIS (M. avium, M. intracellulare, M. scrofulaceum) O M. bovis tem amplo espectro de patogenicidade, afetando principalmente bovinos e bubalinos e pode ser causa de tuberculose humana (tuberculose zoonótica). O M. tuberculosis é a principal causa de tuberculose nos humanos, pode afetar bovinos, mas a doença não é progressiva, porém pode sensibilizá-los ao teste tuberculínico. O M. avium causa tuberculose em várias aves e é integrante do complexo MAIS, que também causam linfadenite granulomatosa em suínos, levando a serias perdas no abate desses animais. No ser humano, a infecção pelo complexo MAIS tem importância para indivíduos com deficiência imunológica. Não são patogênicas para bovinos e bubalinos, porém podem desenvolver anticorpos contra o agente, podendo dificultar o diagnóstico da tuberculinização. EPIDEMIOLOGIA Países que implantaram programas de controle da tuberculose animal (tuberculinização e sacrifício dos animais reagentes) conseguiram reduzir a frequência de animais infectados. A prevalência da doença é menor em países desenvolvidos e maior em países em desenvolvimento. No Brasil, um estudo realizado em 1999 detectou uma prevalência de 0,85% de animais positivos, sendo que 5% das propriedades tinham animais reagentes. A introdução da doença no rebanho ocorre principalmente pela aquisição de animais infectados, participação em eventos, proximidade com rebanho infectado e a manutenção da doença na propriedade está relacionada ao tipo de exploração (leite, corte), tamanho do rebanho, densidade populacional, práticas sanitárias e zootécnicas e por ser uma doença de curso crônico. A importância econômica se dá nas perdas diretas decorrente da morte dos animais, da queda no ganho de peso, diminuição da produção de leite, descarte precoce, eliminação de animais de alto valor zootécnico e condenação de carcaças no abate. Existe ainda a perda de prestígio e credibilidade do local onde a doença é constatada. TRANSMISSÃO A principal fonte de transmissão é o bovino ou bubalino infectado (sem diagnostico), que elimina o agente pelo ar expirado, fezes, urina, leite e outros fluidos corporais dependendo dos órgãos infectados. A eliminação do agente tem início antes do aparecimento dos sinais clínicos. A entrada do agente ocorre principalmente pela via respiratória (inalação de aerossóis contaminados), a via digestiva também pode ser porta de entrada (leite sem tratamento térmico, agua e forragens contaminadas) e dessa forma o agente se localiza nos órgãos digestivos e linfonodos regionais. O agente é resistente ao ambiente, podendo sobreviver até dois anos. E a infecção pelo M. bovis se propaga em animais independentemente do sexo, raça ou idade. É mais frequente em rebanhos leiteiros ou em gado de corte confinado ou submetidos a condições de aglomeração. 2 RAYSSA YARED TRENTIN PATOGENIA Entrada pela via respiratória (90%) Atinge o alvéolo Agente capturado por macrófagos Caso não seja destruído, os bacilos se multiplicam dentro dos macrófagos até destruí-los Chegada de mais macrófagos, monócitos, fatores quimiostáticos Reação de hipersensibilidade retardada (hospedeiro destrói os próprios tecidos por meio de necrose e caseificação para conter o crescimento intracelular dos bacilos) Migração de novas células de defesa mediadas por linfócitos T, formando granulomas Bacilos do parênquima pulmonar migram ao linfonodo satélite, formando novo granuloma (complexo primário) Evolução do processo (desaparecimento ou calcificação das lesoes; quiescência; progressão da doença de forma miliar ou protraída) Forma miliar: maneira abrupta e maciça, entrada de grande número de bacilos na circulação Forma protraída (mais comum): agente se dissemina por via linfática ou sanguínea, atingindo vários órgãos. Lesões macroscópicas: coloração amarelada (bovinos) e esbranquiçadas (bubalinos), nódulos de aspecto purulento ou caseoso, presença de capsula fibrosa, pode apresentar caseificação no centro da lesão ou calcificação em casos mais avançados. As lesões são encontradas com mais frequência em linfonodos (bronquiais, mediastinais, retrofaringeo, parotídeo, inguinais, mesentéricos), pulmão e fígado. Diagnóstico diferencial: actinobacilose, leucose, nocardiose HP: necrose de caseificação, células epidelióides, células gigantes (Langhans), fibrose. SINAIS CLÍNICOS Pouco frequente por ser uma doença de curso crônico, em estágio avançado, após grande período de incubação, dependendo da localização da lesão, os animais podem apresentar caquexia progressiva, hiperplasia de linfonodos superficiais e/ou profundos, dispneia, tosse, mastite e infertilidade. DIAGNÓSTICO - Métodos diretos: detecção e identificação do agente no material biológico, é de difícil isolamento e são proibidos pela alta chance de contaminação. Ex: isolamento bacteriano, histopatologia. - Métodos indiretos: reposta imunológica do hospedeiro ao agente etiológico, humoral ou celular. Ex: tuberculinização (hipersensibilidade tipo IV retardada) – mais utilizado. Diagnóstico clinico: pouco útil por ser uma doença de curso crônico e com sinais clínicos inespecíficos. É mais utilizado em casos mais avançados. Apresentam dispneia, tosse, caquexia e linfadenomegalia localizada ou generalizada. Diagnóstico anatomopatológico: inspeção de carcaça ou necropsia detalhada. Presença de granulomas e nódulos de aspecto purulento ou caseoso, podendo apresentar necrose caseosa no centro da lesão ou calcificação. Ocorre principalmente em linfonodos, pulmão e fígado. Diagnóstico bacteriológico: - Fixação e coloração: método Ziehl-Neelsen, baixa sensibilidade e quando positivo indica se tratar de micobactéria, mas não informa a espécie. - Isolamento e identificação: longo período de incubação (30 a 90 dias), meio Lowestein-Jenses, meio Stonebrink-Lesslie. Serve como teste confirmatório de animais que deram positivo no teste de tuberculinização, com ou sem lesões macroscópicas sugestivas. Diagnóstico Alérgico-Cutâneo É utilizado nos programas de controle e erradicação. Pode revelar infecções a partir de 3 a 8 semanas da exposição ao agente. Tem alta sensibilidade e alta especificidade. Deve ser padronizado o tipo de tuberculina, os equipamentos, tipos de provas e critérios de leitura. - Tuberculina: extrato obtido de filtrados de cultivos de Mycobacterium sp. No brasil, utiliza-se o PPD Bovino (TPC e TCS) e também o PPD Aviário (TCC). Devem ser mantidas sob temperatura de 2 a 8°C (não congelar), uma vez aberto o fraco deve-se utilizar em um único dia, descartando as sobras. 3 RAYSSA YARED TRENTIN - Equipamentos: seringas (automáticas 0,1ml; cinta e bainha); agulhas (pequenas; 3/4mm; 26G); cutímero próprio, tricótomo. Mecanismo da reação alérgica à Tuberculina: A alergia a tuberculina indica que o organismo está infectado por bacilos virulentos, atenuados, inativados, vacinais ou ambientais, não significando que tenha imunidade contra a tuberculose e nem indicandoo órgão ou local de infecção. Ocorre uma resposta de hipersensibilidade retardada com endurecimento e edema progressivo no local da inoculação, que atinge seu máximo às 72 horas (+- 6 horas). Alguns bovinos não reagem à tuberculinização por deficiência temporária do sistema imunológico, que acaba ocorrendo por altas concentrações de antígenos (dessensibilização), é um fenômeno de curta duração. Podem ocorrer reações falso-negativas em animais próximos ao parto ou animais com alimentação deficiente. Em animais nos estágios finais da doença ou tuberculose generalizada, há um excesso de antígeno na circulação, o que gera uma imunossupressão especifica (anergia). Tipos de provas: o Teste da Prega Caudal (TPC) É o teste de triagem, admitido para utilização de rotina em criação de gado de corte. É utilizado o PPD bovino, método simples e prático. o Teste Cervical Simples (TCS) Utilizado na criação de gado de leite e corte. Inocula-se a tuberculina de PPD bovino na tábua do pescoço (terço médio) ou na região da espinha da escápula. A leitura com cutímero é feita antes da aplicação e após 72 horas (+-6 horas). Tem maior sensibilidade que o TPC. o Teste Cervical Comparado (TCC) Utiliza PPD bovino e aviário aplicados simultaneamente, utilizado como teste confirmatório pois tem maior especificidade. Elimina a maior causa de reações falso-positivas (micobactérias ambientais). É utilizado para rebanhos com alta frequência de reações inespecíficas para evitar prejuízos decorrentes da eliminação de animais positivos. Inocula-se o PPD bovino cranialmente e o PPD aviário caudalmente na tábua do pescoço (terço médio) ou região da espinha da escápula. Faz a leitura antes da aplicação e após 72 horas (+-6 horas) com auxílio do cutímero. Cuidados na Tuberculinização de rebanhos Tuberculinas devem ser mantidas sob refrigeração (2 a 8°C) Animais que forem tuberculinizados devem ser contidos e identificados A inoculação só é perfeita quando há formação de pápula Animais infectados há menos de 40 dias podem não responder ao teste Um novo teste só pode ser realizado após 60 dias A intensidade da reação alérgica não é proporcional à evolução da doença Um único teste não garante a ausência da infecção A observação do rebanho pode permitir a individualização de animais com tosse crônica, dispneia, timpanismo, claudicação. A anamnese deve levar em consideração a existência de infecção em tratadores, gatos e cães da propriedade Os funcionários devem ser submetidos periodicamente a exames médicos Os animais reagentes devem ser sacrificados As fêmeas que estiverem 15 dias antes ou depois do parto não devem ser submetidas ao teste pois podem apresentar-se menos reativas. CONTROLE Bloqueio de pontos críticos como conhecer a situação sanitária do rebanho, identificar as fontes de infecção (teste da tuberculina + eliminação de animais positivos), introduzir apenas animais negativos, quarentena novos, propriedades certificadas e monitoramento do rebanho positivo. 4 RAYSSA YARED TRENTIN TUBERCULOSE HUMANA DE ORIGEM BOVINA: áreas de alta prevalência, principalmente pela ingestão de leite e derivados crus oriundos de vacas infectadas e tratadores de rebanhos infectados. Maior risco para crianças, idosos e imunossuprimidos.
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