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1 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Diagnóstico em Disfunção temporomandibular 2 Parte 3 / 4 - Diagnóstico A disfunção temporomandibular tem vários fatores etiológicos, são eles: Fatores traumáticos Fatores biológicos / hereditário; Fatores psicológicos (como catastrofização da dor, ansiedade, stress, etc) Parafunção; Fatores oclusais; Qualidade do sono; Uso contínuo de alguns medicamentos (antidepressivos, dorflex, nosaldina se utilizados continuamente) ; Neuraugia do trigêmeo (unilateral, onde a dor acompanha o nervo geralmente o tipo da dor é do tipo de choque ou queima); Cefaléias / Enxaqueca (pulsátil); Trauma; Porém em alguns casos pode haver uma adaptação do sistema estomatognático onde o paciente pode apresentar fator de risco porém sem apresentar a doença. Lembrando que DTM tem controle, não tem cura e o tratamento deve ser realizado com a colaboração do paciente. Zumbido; Perda e DVO (este apenas projeta o côndilo para trás, o que não é DTM); Bruxismo (é fator de risco mas não é DTM); Cervicalgia; Otalgia; Perda dentária; Odontalgia; Dor neuropática ; Trauma; Tumor; Dor referida; Cefaleias ; Sinusite ; Anamnese O objetivo é assimilar os fatores de risco e indicativos para diagnóstico. Questionamos o paciente quanto a/ as queixa /as principal/is. Questões como intensidade da dor, tipo da dor, localização, frequência e duração da dor. Localização: Região, lado, dente. Início dos sintomas/ sinal: há quantos dias, meses, anos e se no período de inicio dos sinais/sintomas ocorreu algum evento importante que pudesse desencadear o processo (ex: a perda de um ente querido, fim de um relacionamento) Intensidade da dor: Pedir para o paciente classificar a dor de 0 a 10 Tipo da dor: Cansada, pesada, choque, queima, pulsa, etc. 3 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Duração da dor: segundos, minutos ou horas. Fatores acompanhantes: Outras dores, sintomas otológicos, limitação mandibular, fonofobia, fotofobia, náusea, zumbido, dor de ouvido, plenitude auricular (sensação de ouvido tampado). DTM muscular Na anamnese o paciente costuma referir dor na ATM ou nos músculos da mastigação nos últimos 30 dias. A dor é modificada pelo movimento, função e/ou parafunção mandibular. É caracterizada por uma dor de localização difusa, intensidade de leve a moderada do tipo cansada, pesada e de frequência constante. Geralmente inicia durante a função, o paciente acorda com dor ou aperta durante o dia e sente cansaço durante o dia. Um fator de piora é função. Neste tipo de DTM pode ocorrer alongamento articular, que é quando há o estiramento do alongamento, que por ser tecido conjuntivo fibroso perde elasticidade, alongando e não volta mais ao local correto e assim limita abertura e fechamento bucal. Características clínicas frequentemente presentes: 1. Disfunção estrutural: onde há diminuição da velocidade e amplitude do movimento. 2. Ausência de dor em repouso, porém em alguns casos podemos perceber uma leve tonicidade do músculo por um curto período de tempo. 3. Aumento da dor durante a função, podendo gerar uma certa resistência ao movimento mandibular. 4. Sensação de fraqueza muscular. Exame físico: Abertura bucal: medir e verificar se durante o movimento há deslocamento de disco ou limitação de abertura. Palpação nos músculos por 2 segundos no local onde o paciente refere dor. A dor durante a abertura ou palpação significa que o paciente está com o músculo hiperativado. Geralmente no pico agudo da dor, por isso palpamos por menos tempo. Diagnóstico: mialgia + músculo + lado 4 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Pode ser causada por uso excessivo do músculo, por hábitos parafuncionais, traumas como uma anestesia local ou estiramento tecidual por exemplo; Também tem causas emocionais onde o paciente passou por períodos de estresse, e ansiedade aumentados. Características clínicas frequentemente presentes: 1. Disfunção estrutural: onde há diminuição da velocidade e amplitude do movimento. 2. Mínima dor durante o repouso. 3. Aumento da dor durante a função, podendo gerar uma certa resistência ao movimento mandibular. 4. Fraqueza muscular real nos episódios de dor e tende a voltar ao normal quando a dor é eliminada. 5. Sensibilidade dolorosa muscular local: Há um aumento da dor a palpação geralmente tendo resposta de todo o corpo do músculo envolvido. Exame físico: Palpação muscular por 5 segundos. O paciente geralmente refere dor familiar na região palpada. A dor fica localizada no músculo estimulado palpado. Diagnóstico: mialgia local + músculo + lado Causado por mioespasmos que é uma contração muscular tônica involuntária induzida pelo SNC. Podendo resultar em um encurtamento repentino do músculo. Por este motivo muitas vezes o paciente relata dor de início repentino, enrijecimento e até mesmo mudança na posição da mandíbula. Características clínicas encontradas: 1. Disfunção estrutural podendo existir uma considerável restrição de amplitude do movimento além de má oclusão aguda. 2. Dor em repouso devido aos mioespasmos produzirem dor significativa quando os músculos estão em repouso. 3. Aumento da dor durante a função. 4. Sensibilidade dolorosa muscular local a palpação. 5. Enrijecimento muscular podendo ser verificado a palpação. Exame físico: Dor familiar na região da queixa onde a dor se espalha além do ponto palpado, porém, continua no mesmo músculo. Geralmente processo cronificado da dor. Palpação por 5 segundos. Diagnóstico: Dor miofacial + músculo + lado 5 Parte 3 / 4 - Diagnóstico É caracterizada por locais de feixes rígidos e hipersensíveis nos tecidos musculares chamados de pontos gatilho. A dor miofacial pode estar associada a outras desordens de dor e consequentemente podendo se tornar uma dor crônica. Causas frequentemente presentes: 1. Sensibilidade dolorosa muscular local prolongada; 2. Dor profunda constante pois quando se desenvolve ponto gatilho este se torna uma fonte profunda de dor podendo produzir mais efeitos excitatórios centrais impedindo que a dor cesse. 3. Aumento do estresse emocional por aumentar a atividade do sistema nervoso simpático. 4. Distúrbios do sono 5. Fatores locais como certos hábitos, posturas, esforço e até mesmo o frio por interferirem na atividade muscular. 6. Fatores sistêmicos como hipovitaminose, condicionamento físico deficiente e fadiga ou infecções virais. Para esta condição deve-se ter maior atenção pois o paciente relata ao CD uma cefaleia do tipo tensional onde deve-se atentar para não tratar apenas a dor secundária mas o ponto gatilho da dor e músculos da mastigação. Características clínicas frequentemente presentes: 1. Disfunção estrutural levando a diminuição da velocidade e amplitude do movimento. 2. Dor durante o repouso geralmente relatada pelo paciente como cefaleia do tipo tensional 3. Aumento da dor durante a função quando a área do ponto gatilho é estimulada pela função. 4. Presença de pontos gatilho onde para que o tratamento seja efetivo é preciso direcionar para a origem da dor e não para o local da dor, buscando a verdadeira origem da dor. Lembrando que o ponto gatilho pode estar no estado ativo onde seu estado ativo geralmente sente-se uma cefaleia do tipo tensional e a dor é exacerbada a palpação. O paciente se queixa de cefaleia do tipo tensional regular, ao final da tarde ou após um dia cansativo e/ou estressante. Já o ponto gatilho no estado latente o paciente não relata dor de cabeça e não é sensível a palpação, portanto, nãoproduzindo dor referida na região da queixa. Palpação é realizada por 5 segundos e a dor espalha além do limite do músculo palpado (processo crônico). Diagnóstico: Dor miofacial com referência + (ponto gatilho) + lado 6 Parte 3 / 4 - Diagnóstico – Paciente refere dor familiar na ATM, bem como dor durante os movimentos mandibulares e dor a palpação da ATM. Para diferenciação da origem da artralgia (muscular ou articular) indica-se realizar o teste funcional com palito de sorvete. Coloca-se 2 palitos de sorvete do lado contralateral a queixa e pedimos para o paciente morder o máximo que conseguir. Caso a origem seja articular haverá dor. A artralgia de origem articular é uma dor gerada pelo deslocamento do disco ou por compressão do disco articular. O paciente sente episódio de dor e os músculos tem uma ação inibitória limitando o movimento imediatamente. E depois de um tempo o musculo se torna totalmente limitado após o trauma (co- contração muscular) A dor de origem articular tende a passar de 7 a 14 dias, e após este episódio o paciente pode ter estalos durante os movimentos mandibulares. Dor na região do osso temporal e modificada pelo movimento. Durante a palpação do músculo temporal o paciente refere dor. Devem ser descartados todosos outros possíveis diagnósticos e origens de dor. (ex: dor de cabeça quando está com fome ou com sono, TPM, celíacos, etc.) DTM articular Na anamnese podemos observar uma dor localizada, geralmente o paciente aponta exatamente o local da dor referida de intensidade severa tipo pontada / ferroada em uma frequência episódica que inicia e piora com a função. A morfologia funcional é que o disco articular deve sempre estar a cima da cabeça da mandíbula durante os movimentos e não apresentar ruídos. A abertura média entre 35mm e 40mm e movimentos de lateralidade e protrusão apresentar um média de 7mm. Vale lembrar que falta de coordenação pode alterar esses valores. A abertura bucal é dividida em duas fases, a primeira fase chamada rotação onde ocorre em uma abertura de 12mm a 20mm. (Pedir para o paciente posicionar a 7 Parte 3 / 4 - Diagnóstico língua na palatina dos incisivos e abrir a boca sem desencostá-la). A segunda fase é translação do disco, geralmente onde apresenta os casos de ruídos articulares. (DDCR) O disco fica posicionado anteriormente quando a boca está fechada e no movimento de abertura o disco muda sua posição e fica sobre a cabeça da mandíbula (local correto). O estalo é provocado pelo movimento abrupto do líquido sinovial dentro da capsula articular. Sinal clínico: Estalo presente na abertura, fechamento, protrusão e/ou lateralidade pode apresentar uni ou bilateralmente. Consideramos este diagnóstico se o estalo estiver presente em ao menos dois dos movimentos citados. Normalmente não apresenta sintomatologia dolorosa, nem tem estado evolutivo como se pensava anteriormente. Também não apresenta limitação de abertura e o desvio é corrigido . – Paciente apresenta um histórico travamento intermitente. Isso significa que o paciente ás vezes reduz e ás vezes não reduz. O paciente apresenta estalo nos movimentos mandibulares e abertura e/ou fechamento. Travamento é confirmado na abertura máxima. (DDSR) O disco fica posicionado anteriormente quando a boca está fechada e no movimento de abertura o disco permanece anteriorizado, portanto, não houve a redução / captura do disco para o local correto. 8 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Clinicamente não é presente o ruído articular e o padrão de abertura bucal é um desvio não corrigido, a mandíbula deflete para o lado da articulação envolvida. Esta condição também pode se apresentar uni ou bilateral . Clinicamente realizamos três aberturas: 1º : Abertura máxima confortável. 2º: Abertura máxima (mesmo que sinta dor). 3º Abertura máxima assistida. Medimos a distância entre o incisivo central superior e o incisivo central inferior. A abertura máxima apresentada neste caso é menos que 35 a 40mm. A diferença entre a abertura máxima e a máxima assistida deve ser em torno de 2 a 3 mm. Caso a abertura máxima seja igual ou muito próxima a abertura máxima assistida podemos suspeitar de anquilose, etc. O paciente tem histórico de travamento da mandíbula com interferência na mastigação. Clinicamente não apresenta dor e a abertura máxima é maior que 40mm. Podemos suspeitar de doenças degenerativas da ATM quando há crepitação durante ao menos dois movimentos mandibulares. O paciente pode relatar que houve uma mudança oclusal recente, uma mordida aberta anterior que não era presente anteriormente. Para diagnóstico definitivo pode-se solicitar IRM. Algumas doenças reumáticas e autoimunes podem desencadear doença degenerativa da ATM e por este motivo durante a anamnese devemos questionar o paciente averiguando a presença de tais doenças e acompanhamento deve ser feito juntamente com o reumatologista. 1. Macrotrauma Qualquer força repentina sobre a articulação pode resultar em alterações estruturais da mesma. Ex: Estiramento 2. Incompatibilidade estrutural das superfícies articulares 9 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Quando não há lubrificação suficiente pelo liquido sinovial pode causar aderência entre as superfícies. A aderência é a união temporária das superfícies e no caso da ATP pode ocorrer entre o côndilo e o disco ou entre o disco e a fossa. Já as adesões também podem estar presentes pelo desenvolvimento de tecido conjuntivo fibroso entre as superfícies articulares da fossa ou do côndilo e o disco ou entre seus tecidos vizinhos e é uma condição permanente. 3. Subluxação Caracterizada pelo movimento súbito do côndilo para frente durante o último estágio de abertura. Um “pulo” repentino na posição de translação máxima. O paciente pode relatar que “ a mandíbula sai do lugar” e o ruído geralmente é descrito como “golpe” ou “pancada”. Clinicamente podemos notar uma depressão pré-auricular durante a abertura máxima. 1. Sinovite ou capsulite Geralmente causada por traumas onde pode ou não apresentar edema da inflamação e o cndilo pode ser deslocado anteriormente criando desoclusão dos dentes posteriores. 2. Retrodiscite Inflamação geralmente de origem traumática. O paciente geralmente relata dor constante originária da região articular acentuada por movimentos mandibulares. 3. Artrites Estes podem ser sublassificados como osteoartrite, osteoartrose e poliartrites (artrite traumática, artrite infecciosa e artrite reumatoide). 10 Parte 3 / 4 - Diagnóstico Muscular Articular Localização Difusa Localizada Tipo Cansada, pesada Pontada/ ferroada Frequência Constante Episódica Duração Varia muito Varia muito Início Função, acorda com a dor Função Fatores de piora Função Função Referências: OKESON, J.P. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 6 ed. São Paulo : Artes Médicas, 2008. P. 3 - 11 ↪ Diagnósticos DTM muscular Mialgia Mialgia Local Dor miofacial com dor referida Dor Miofascial Artralgia Dor de cabeça atribuída a DTM ↪ Diagnóstico DTM articular DDCR. DDSR com limitação de abertura. DDSR sem limitação de abertura. DDCR travamento intermitente. Doenças degenerativas . Subluxação.
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