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Principais procedimentos e atos em cartório privativos do advogado Lucas Monteiro | Advocacia e Cartórios Direitos autorais Este ebook está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o ebook são reservados. Você não tem permissão para vender este livro digital, nem para copiar e reproduzi-lo em site, redes sociais, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de distribuição de mídia. Qualquer violação dos direitos autorais estará sujeita as sanções legais. Onde me encontrar nas redes sociais? No meu Canal Exclusivo no Telegram, eu compartilho diariamente conteúdos sobre a prática da advocacia nos cartórios extrajudiciais. Além disso, compartilho todas as novidades que estejam surgindo dentro dos cartórios. Minha atuação prática em um cartório de registro de imóveis auxilia muitos advogados que queiram tirar dúvidas de procedimentos específicos. Para entrar no canal, clique em qualquer lugar desta coluna. Já no instagram, compartilho de tudo um pouco. Precisamente o tema dos áudios que são postados diariamente no Telegram, além de vídeos com temas práticos para o advogado, nos procedimentos específicos em cartório. Para acompanhar e me seguir no instagram, clique em qualquer lugar desta coluna. https://bit.ly/adv-cartorios-telegram https://instagram.com/lucasmonteiroadv Introdução Olá, seja bem vindo a este livro! Quero compartilhar algumas sacadas que tive em minha trajetória na advocacia privada e prestando um serviço público no cartório de registro de imóveis. Primeiramente quero agradecer por ter baixado este E-book. Obrigado! Foi escrito com bastante carinho e com o objetivo de esclarecer algumas questões interessantes dentro do direito, especificamente no exercício da advocacia. Fico feliz que tenha manifestado interesse neste assunto. Bom, estou prestes a compartilhar com você um assunto que não aprendemos na faculdade, embora seja de muita relevância, seja em qual área do direito você advoga. Nós vamos conversar aqui sobre os cartórios extrajudiciais! Tenho quase certeza que você não aprendeu esse assunto na faculdade. Pode até ser que saiba sobre os serviços extrajudiciais, mas porque estudou sozinho ou teve alguma experiência profissional na área. O que muitos não sabem é que os serviços notariais e de registro são ferramentas valiosíssimas para o advogado defender o direito de seus clientes, seja em juízo ou advogando extrajudicialmente. 03 Introdução Teremos um capítulo só para listar os documentos necessários nos principais procedimentos a serem realizados em cartórios, que dependa da intervenção de um advogado. Dito isso, desejo a você uma ótima leitura! 04 Como este ebook é dividido? 05 Capítulo 1 – A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral; Capítulo 2 – Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições; Capítulo 3 – Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 06 Esse capítulo serve de orientação a você advogado ou advogada. Observe bem o que será dito, pois as informações aqui contidas podem mudar de forma significativa a maneira como você se prepara para encarar a advocacia. As chances são que durante a faculdade você estudou muito bem grandes áreas do direito, como direito material e direito processual. Ao bem da verdade, a matéria atrelada à teoria que é ensinada ao aluno, na maioria das vezes, difere do que se aplica ao caso concreto. Percebi que a maioria dos advogados que conheço não estudaram sobre os cartórios durante a faculdade. Essa realidade tende ser regra, pelo que vejo os colegas me contando. Tenho quase certeza que você não estudou muito sobre os cartórios durante o período de faculdade, quiçá depois de se tornar advogado(a). E se estudou após se formar, foi por necessidade de alguma demanda que envolvia ora o direito imobiliário ou o próprio serviço prestado pelos cartórios. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 07 Em abril de 2015, desesperado para trabalhar em algum lugar, já no 5º período de faculdade, me inscrevi para participar de um processo seletivo em um cartório em Goiânia-GO. Naquela época, eu já havia tentado de tudo, e não conseguia êxito em nenhuma entrevista de estágio ou de emprego. Pra mim seria só mais uma entrevista pela qual eu iria me apresentar, falar algumas coisas sobre minha vida e pronto, iria esperar o resultado. Como em todas as outras, receberia um “não foi dessa vez”. Neste mesmo dia, eu tinha uma prova de direito empresarial na faculdade. O fato é que momentos antes da prova começar o telefone toca. Para minha surpresa era a ligação do gerente do cartório, me informando que eu havia sido aprovado no processo seletivo. Fiquei muito feliz e agradeci a oportunidade! Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 08 A verdade é que eu não sabia absolutamente nada do que se fazia em um cartório de registro de imóveis. Pelos próprios termos sabia que era algo relacionado a imóveis, algo jurídico sobre imóveis. Apenas isso. Não sabia que existiam 7 tipos de cartórios diferentes e que cada um deles possui regulação própria, com serviços próprios e atividades totalmente diferentes uma das outras, como será demonstrado neste livro nos próximos capítulos. No início do estágio eu observava a quantidade de funcionários que trabalhavam no cartório e refletia sobre a necessidade de todas aquelas pessoas. Esse tipo de reflexão se justificava, pois eu não sabia quais serviços eram prestados. Inicialmente comecei a trabalhar no arquivo. Era um local fechado, que possuía uma porta estreita e com 4 corredores de prateleiras bem altas até o teto. As prateleiras eram bastante altas e com muita poeira. O meu serviço era etiquetar as pastas que ficavam nas prateleiras. Eram aproximadamente 2 mil pastas, com arquivos de incorporações imobiliárias, documentos da prefeitura, contratos de financiamento, entre outros. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 09 A descrição das minhas atividades era confeccionar e escrever cada etiqueta de cada pasta no Libre Office, realizar a impressão e colocar manualmente em cada pasta do arquivo. Não eram todas, havia algumas que já possuíam etiquetas. Achei ótimo o serviço. Pra quem não tinha nada para fazer, era uma terapia ficar naquele arquivo todos os dias, na grande parte do tempo sentado no chão. A poeira incomodou no início, mas logo me acostumei. Os dias foram se passando e conclui a etiquetagem em aproximadamente 1 mês e meio. Após isso me passaram para outra atividade. Todo documento que entra no cartório, deve-se passar por uma análise de vários setores. Um desses setores é o setor de cadastro, que possui a finalidade de literalmente cadastrar o nome das partes envolvidas naquele negócio jurídico no sistema do cartório, facilitando eventuais buscas e relatórios de proprietários, ex-proprietários, credores, devedores, exeqüentes, executados, etc. Fui treinado para cadastrar contratos particulares de financiamento imobiliário. Comecei a trabalhar com documentos sem poeira. Já era um avanço enorme! O serviço era fantástico. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 10 Eu recebia o contrato de financiamento de diversos bancos, analisava os requisitos legais para aquela transação, realizava a conferência do pagamento do imposto de transmissão, e de fato cadastrava os nomes dos ex-proprietários e novos proprietários. Com aproximadamente 3 meses de estágio, eu já estava cadastrando documentos de financiamento imobiliário. Pra mim era algo relevante. Senti que estava sendo útil às transações imobiliárias, como de fato estava! Nos dias 4 a 25 de julho de 2015, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás realizaria o 1º Congresso Notarial e Registral do Estado de Goiás. Movidos pela recente outorga de delegações aos novos delegatários do Serviço Extrajudicial(2014), este seria o maior evento destinado à classe notarial e registral do Estado! Pensando na oportunidade de agregar conhecimento, logo pensei na idéia de participar. Para um estagiário, se inscrever em um curso deste, com taxa de inscrição a 240 reais não era uma decisão muito fácil. Decidido a aprender, decidi que iria e comuniquei pessoalmente a meu chefe, que pouco me conhecia (3 meses de estágio). Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 11 Com olhar meio desconfiado ele me questionou se eu tinha interesse na área e se estava gostando de trabalhar no cartório. Com resposta afirmativa, disse a ele que estava me apaixonando por estudar o direito notarial e registral, e que o curso seria uma oportunidade de aprender mais! Neste instante, alucino que foi um dos principais momentos em minha carreira profissional. Ele me questionou se eu queria ser contratado ou se continuar como estagiário estava bom pra mim. Sendo bem sincero, fui pego de surpresa. Sem pensar de mais, disse que meu objetivo era ser contratado porque eu havia encontrado minha paixão no direito. Ele com um olhar de gratidão, disse-me: “ – que ótimo, pois estamos precisando!”. Por que estou te contando isso? Quero demonstrar com detalhes por onde entrei nessa jornada, e quais foram meus passos até chegar onde estou. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 12 O curso foi excelente! Apesar do formato palestra não ser o mais adequado, na minha opinião, para compartilhar conhecimento, os palestrantes eram os melhores do Brasil. Tivemos conosco os principais doutrinadores do direito notarial e registral, como por exemplo Ricardo Dip, Luis Paulo Aliendi, João Pedro Lamana Paiva, Vitor Frederico Kumpel, entre muitos outros. O engraçado é que hoje eu sei muito bem quem são todos eles. Na época, não sabia nada sobre nenhum deles. De lá para cá, pude aprender muito com a prática notarial e registral, tendo contato direto com as notas e com os registros. Mesmo trabalhando em um cartório de imóveis, é natural que se analise escritura pública das mais variadas formas e modalidades. Com o tempo, e adquirindo mais experiência, tive a oportunidade de compor outro setor: o registro! A partir daí pude realizar uma análise mais profunda nos documentos. Para se registrar quaisquer atos em cartório, deve-se apresentar um requerimento, e este deve estar pautado pela legalidade, pois cartórios, em regra, não praticam atos de ofício. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 13 Foi nesta etapa que percebi o quão era importante que a sociedade soubesse mais sobre os cartórios. Todos os atos que são praticados são revestidos de Fé Pública, com garantia de veracidade. Muitas pessoas, ainda hoje, não valorizam o registro de uma escritura pública, achando que ele é dispensável. Fui percebendo a dificuldade dos clientes em conseguir entender o que o cartório estava exigindo, por mais que sejamos transparentes com o cliente, “traduzindo” muitas vezes o que é para ser feito. Alguns entendem, outros não. A verdade é que esse assunto, ou seja, os cartórios e registros públicos deveriam ser um conhecimento propagado todos os profissionais do direito desde a academia. Os serviços públicos dos cartórios são prestados com a finalidade de segurança jurídica à diversas áreas da vida, como por exemplo à propriedade, à personalidade, à recuperação de crédito, ao livre comércio, entre muitas outras. Capítulo 1 - A importância de se estudar o Direito Notarial e Registral 14 Sentindo essa carência por parte principalmente dos advogados que precisam utilizar-se dos cartórios em algum momento da sua advocacia, senti o desejo de propagar esse conhecimento à frente! Aquilo que aprendi, ao longo de minha tragetória no cartório, decidi compartilhar neste E-book para te ajudar em sua carreira e quiçá despertar também uma paixão por uma matéria fundamental. É claro que não vou conseguir compartilhar tudo apenas neste livro, mas a intenção foi unir as principais dificuldades que os colegas têm, por hora, e clarear para um auxilio direto na sua advocacia! Espero que goste! Foi escrito com carinho e dedicação! Novamente boa leitura e bons estudos! Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 15 Os serviços notariais e de registro possuem natureza constitucional através do art. 236 da Carta da República, ao dizer que “os serviços notariais e de registro, serão prestados em caráter privado, por delegação do Poder Público”. Entende-se que esse tipo de serviço, embora seja de prestação privada, através de um particular, aprovado em concurso público de provas e títulos, não perde sua natureza pública. Sendo assim, é errado dizer que o Tabelião ou Registrador (como é chamado este profissional), seja um servidor público. Em verdade, ele é um agente público, prestador de um serviço público, em nome do estado, de forma privada. Em decorrência da previsão Constitucional dos serviços, pelo art. 236 da CF, tem-se a Lei n. 8.935/94, que trouxe a regulamentação desse tipo de serviço. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 16 A Lei dos Notários e Registradores, mais conhecida como LNR, é o regramento pelo qual os agentes delegados são submetidos. Na referida Lei, há previsão de todos os serviços extrajudiciais que existem no Brasil, bem como suas atribuições, responsabilidades, penalidades. Nesse sentido, iremos analisar cada um dos profissionais que prestam os serviços extrajudiciais existentes, bem como suas particularidades e especificidades. 2.1 Tabelionato de Notas Para dar início, vamos falar sobre as atividades do tabelião de notas, que é o profissional que atua perante o serviço extrajudicial exercendo a delegação de um Tabelionato de Notas. Este é um dos cartórios mais conhecido entre os brasileiros, e por boa parte dos advogados. Os serviços mais comuns prestados neste cartório são: reconhecimento de firma, autenticação de cópias, lavratura de escrituras públicas em geral e ata notarial. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 17 2.2 Tabelionato e Oficialato de Contratos Marítimos Exercem a mesma função de um tabelionato de notas, porém com uma especificidade: atuação perante as relações do comércio marítimo. Basicamente é um profissional que atua perante as relações do comércio marítimo, dando-lhe proteção jurídica e formalizando os documentos necessários à efetividade das relações de comércio nesta característica. 2.3 Tabelionato de Protesto de Título São profissionais atuando em uma serventia extrajudicial, que prestam um serviço público destinado a uma finalidade específica: atuam diretamente no direito empresarial. Outra finalidade implícita é o auxílio aos órgãos de proteção ao crédito como SPC e SERASA. Isso porque quando um devedor está inadimplente, e o credor solicita a atuação do cartório de protesto, o título será protestado (e não a pessoa), fazendo com que os órgãos de proteção ao crédito tenham ciência daquela dívida, ocasionando na grande maioria das vezes, a recuperação daquele crédito. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 18 Portanto, dizer que os tabelionatos de protesto protestam o nome da pessoa é um equívoco. É certo dizer que o título foi protestado objetivando a recuperação do crédito ao credor. 2.4 Registro de Imóveis Diferentemente dos serviços acima mencionados, o Registro de Imóveis possui uma atuação limitada a uma circunscrição geográfica. Ou seja, só podem atuar perante os imóveis que estiverem descriminados na circunscrição competente. Já os tabelionatos acima, ficam sujeitos a quaisquer interessados que solicitarem a prestação do serviço. O registro de imóveis é a real proteção jurídica de um imóvel no Brasil. O que prova a propriedade é a certidão de registro do imóvel emitida pelo cartório de imóveis. Só se consegue alienar o imóvel perante o banco e solicitar umempréstimo se o imóvel estiver devidamente registrado em cartório. Conforme determina o que estabelece o Código Civil, somente será proprietário aquele que constar no registro de imóveis. Todas as atribuições do cartório de imóveis estão descriminadas no art. 167, inciso I e II da Lei n. 6.015/73. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 19 2.5 Oficiais de Registro de Títulos e Documentos e Civis das Pessoas Jurídicas Nesse contexto, passa-se aos comentários do RTD e RCPJ, como comumente são chamados. Tem-se a prestação de dois tipos de serviço em um mesmo cartório por determinação legal. Quanto a RTD (Registro de Títulos e Documentos), caracteriza-se pelo registro de documentos que não tenham por imposição o registro em outro órgão ou repartição. Já o RCPJ (Registro Civil das Pessoas Jurídicas) é um serviço destinado ao direito comercial. São serventias responsáveis pelo registro de pessoas jurídicas não empresárias, ou seja, que o objetivo não seja estritamente comercial. 2.6 Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais Acredito que é o tipo de cartório mais “conhecido“ pelos brasileiros. O CNJ caracteriza esse tipo de cartório como o cartório da cidadania, pelos serviços prestados. São feitos nesse cartório os registros de nascimento, óbito, casamento, averbação de divórcio, alteração de regime de bens, entre outros. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 20 É o tipo de cartório que cuida dos assentos referente a pessoa natural e suas relações civis. É com a certidão de casamento que se prova o estado civil de casado, apenas. Não há outro documento que tenha a fé pública contida na certidão de casamento. Da mesma forma, a prova de se estar solteiro é a certidão de nascimento. Da mesma forma, como você já pode imaginar, somente se prova o óbito com a certidão de óbito, nenhum outro documento possui fé pública nesse sentido. 2.7 Oficiais de Registro de Distribuição Trata-se aqui de especialistas em um mundo de especialidades. Isso porque não temos esse tipo de serviço em todo território nacional. Em Goiás, por exemplo, não se tem esse tipo de serventia. São, em verdade, serventias que cuidam de distribuir processos judiciais, em determinada comarca a fim de organização do trâmite dos processos ou emissões de certidões referentes a eles. Um exemplo de estado no qual tem este serviço é o Rio de Janeiro-RJ. Os serviços acima apresentados referem-se a todos os tipos de serviço extrajudicial que encontramos espalhados pelo Brasil. Capítulo 2 - Cartórios Extrajudiciais no Brasil: tipos e atribuições 21 O termo Tabelião refere-se aos titulares de Tabelionato de Notas. Já a denominação Registrador é conferida aos Oficiais de Registro. O termo notário, que vem do latim referindo àquele que toma nota de algo, exclusivamente, refere-se aos Tabeliães de Notas titulares de tabelionato de notas. Bom, acredito que essas orientações sirvam para pelo menos você ter uma noção mais detalhada de como funcionam os serviços extrajudiciais no Brasil. Como é um assunto pouquíssimo discutido nas universidades é normal que você advogado(a) esteja pela primeira vez tomando nota de quantos cartórios existem! Saiba que o primeiro passo já foi dado, que é ter baixando este Ebook. Saiba que com os conhecimentos que você aprendeu e irá aprender aqui, com certeza já está na frente de muitos profissionais. Digo na frente não no sentido de ser melhor, mas sim no sentido de estar na frente em conhecimento! Conhecimento é o poder! Ele está disponível para todos, bastando apenas interesse. Isso você já demonstrou ter! Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 22 Depois da parte introdutória anteriormente, sobre os cartórios extrajudiciais e as áreas de atuação, vamos falar agora sobre documentos necessários para determinados atos em cartório. Se você pulou direto para cá, na intenção de obter os documentos necessários aos atos em cartórios, recomendo fortemente que leia o capítulo 2. É importantíssimo entender a base dos cartórios, entender a forma que se organizam para posteriormente se aprofundar. Isso vai fazer com que você possa compreender melhor o problema do seu cliente e evitar problemas para ele ou resolver com rapidez e eficácia os já existentes. Feito o alerta, passaremos a partir de agora comentar e explicar os documentos necessários para os principais atos em cartórios que tenham a intervenção de um(a) advogado(a). Acredito fortemente que esse conteúdo servirá de cartilha e de orientação a diversos colegas advogados que eventualmente possam ter dúvidas no exercício da advocacia no momento em que se depararem com algum assunto sobre os cartórios. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 23 3.1. Inventário e Partilha de Bens Judicial e Extrajudicial Sabe-se que há dois tipos de inventários: judicial e extrajudicial. Inicialmente vamos destacar o inventário extrajudicial e os documentos necessários a sua confecção e desdobramento. No inventário extrajudicial, deve-se apresentar ao Tabelião de Notas escolhido pelas partes, os seguintes documentos: A) Certidões de matrícula em interior teor e negativa de ônus reais e de ações reais e pessoais reipersecutórias. Observa-se que tais certidões devem ser emitidas no cartório de registro de imóveis responsável da localidade do(s) imóvel(is) objeto(s) do inventário; B) Certidão negativa de débitos relativos aos tributos federais e à dívida ativa da União, administrados pela Receita Federal e Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional; Certidão negativa de débitos em dívida ativa, expedida pela Secretaria da Fazenda do Estado. Essas são as famosas certidões fiscais; Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 24 C) Certidão Negativa de Débito Trabalhista, conforme recomendação n. 03/2012 do CNJ e art. 642-A da CLT; D) Certidões dos feitos ajuizados da Justiça Estadual Cível e Criminal da pessoa falecida (estas podem ser dispensadas pelas partes por mera liberalidade, e por assumirem a responsabilidade); E) Certidão Negativa de Distribuição para fins gerais (Cível e Criminal) da Justiça Federal; F) Certidões Negativas Municipal, conforme Lei n. 7.433/85, regulamentada pelo decreto 93.240/86; G) ITCD (Imposto de Transmissão Causa Mortis). Apresentar guia de recolhimento devidamente paga no ato da apresentação dos documentos ao tabelião de notas. Quando o imóvel for rural, além dos documentos acima apresentar os seguintes documentos: H) Certidão Negativa de Débitos do ITR, para com a Secretaria da Receita Federal do Brasil; I) Declaração do Imposto de Propriedade Territorial Rural (ITR) para com a Secretaria da Receita Federal do Brasil; Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 25 J) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) para com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); H) Inscrição do Imóvel Rural no CAR. No inventário extrajudicial, para a obtenção do registro deve-se apresentar ao Registrador de Imóveis competente, os seguintes documentos: 1) Escritura Pública de Inventário Extrajudicial devidamente lavrada por Tabelião de Notas; 2) Escrituras de Rerratificações ou aditivos, se houver alguma correção de ofício pelo tabelião; 3) ITCD (Imposto de Transmissão Causa Mortis), com guia devidamente recolhida; 4) Certidão de óbito (caso a averbação de óbito ainda não tenha sido feita na matrícula do imóvel). Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 26 Somente esses documentos serão exigidos pelo registrador de imóveis, para o registro do inventário extrajudicial. O tabelião de notas possui fé pública, portanto o que ele disse que foi apresentado na serventiaem que é responsável, é encarado como verdade. Ele falou “tá falado”. Quanto ao formal de partilha, que nada mais é do que a distribuição de bens atribuída e processada perante o Juízo competente no inventário judicial deve-se atentar para os documentos que devem ser apresentados no cartório de registro de imóveis objetivando o registro. São eles: 1) O próprio formal de partilha, que deve constar além de outros documentos, sentença, certidão do seu transito em julgado, e comprovantes de pagamento dos impostos devidos (ITCMD). Obs.: o imóvel deve estar descrito exatamente como consta na matrícula (descrição do terreno, área do terreno, existência de construção, área construída). Caso esteja descrito de modo diferente na matrícula, há as seguintes soluções: Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 27 a) A descrição no formal está errada. Nesse caso o formal deve ser retificado; b) A descrição no formal está correta. Neste caso a matrícula deve ser retificada; c) A descrição no formal está atualizada em relação à matrícula (ex.: consta uma construção de casa, enquanto que na matrícula consta apenas um lote). Neste caso deve ser requerida previamente a averbação da edificação ao cartório de registro de imóveis. 2) Certidão de Óbito: caso o formal de partilha for advindo de herança, será necessário apresentar certidão de óbito e requerimento devidamente assinado e com firma reconhecida solicitando a averbação na matrícula; 3) Certidão de casamento atualizada: caso o formal for advindo de separação ou divórcio, será necessário apresentar certidão de casamento com a averbação da separação ou divórcio e requerimento com firma reconhecida solicitando a averbação na matrícula, da alteração do estado civil. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 28 3.2 Usucapião Extrajudicial Talvez este seja um dos assuntos mais comentados no que se refere à advocacia e cartórios nos últimos anos. Tendo em vista as grandes mudanças legislativas, que permitiu o reconhecimento da propriedade originária através do procedimento de usucapião extrajudicial, é imperioso que o advogado saiba o procedimento e os documentos necessários ao processamento deste instituto em cartório. Nesse sentido, abaixo tome nota dos documentos necessários para o reconhecimento da usucapião administrativa perante os cartórios extrajudiciais. Lembrando que os mesmos documentos que forem apresentados no Tabelionato de Notas para lavratura da Ata Notarial para fins de Usucapião, serão apresentados no Registro de Imóveis, para registro da usucapião. Então vamos lá, os documentos são os seguintes: Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 29 1) Petição Inicial: basicamente será uma petição endereçada ao cartório competente para o registro daquele imóvel usucapiendo. A petição atenderá no que couber, os requisitos do art. 319 do Código de Processo Civil, e indicará a modalidade da usucapião requerida e o fundamento legal ou constitucional; a origem e as características da posse, a existência de edificação, de benfeitorias ou qualquer acessão no imóvel, indicando as datas de ocorrência; o nome e estado civil de todos os possuidores anteriores cujo tempo de posse foi somado ao do requerente para completar o período aquisitivo; o número da matrícula ou da transcrição do assento do imóvel em cartório, ou quiçá a informação que não se encontra matriculado ou transcrito; e, o valor atribuído ao imóvel usucapiendo; 2) Ata Notarial: este é o documento público que o advogado deve solicitar antes de ir ao cartório de imóveis solicitar o registro da usucapião. Primeiramente, o advogado deve comparecer ao tabelionato de notas, munindo de toda a documentação necessária à lavratura da ata notarial, conforme documentos a seguir; Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 30 3) Planta e memorial descritivo assinados por profissional legalmente habilitado e com prova da Anotação da Responsabilidade Técnica – ART ou do Registro de Responsabilidade Técnica RTT no respectivo conselho de fiscalização profissional e pelos titulares dos direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes ou pelos ocupantes a qualquer título; 4) Justo título ou qualquer outro documento que comprove a posse, a origem e sua continuidade, formando a cadeia possessória; 5) Certidões negativas dos distribuidores da Justiça Estadual e da Justiça Federal do local da situação do imóvel usucapiendo expedidas nos últimos trinta dias, demonstrando a ausência de ações que caracterizem oposição à posse do imóvel, em nome das seguintes pessoas: - do requerente, cônjuge/companheiro, se houver; - do proprietário do imóvel usucapiendo e respectivo cônjuge/companheiro, se houver; - de todos os demais possuidores e respectivos cônjuges ou companheiros, se houver. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 31 6) Descrição georeferenciada nas hipóteses previstas na Lei n. 10.267/2001, e nos decretos regulamentadores; 7) Procuração Pública ou particular, com poderes especiais e com firma reconhecida, por semelhança ou autenticidade, outorgado a(o) advogado(a) pelo requerente e por seu cônjuge/companheiro; 8) Certidão dos órgãos municipais e/ou federais que demonstre a natureza urbana ou rural do imóvel usucapiendo, nos termos da Instrução Normativa Incra n. 82/2015 e da Nota Técnica Incra/DF/DFC n. 2/2016, expedida até trinta dias antes do requerimento. 3.3 Ata Notarial A ata notarial basicamente é uma escritura pública que possui uma finalidade específica: atestar determinado fato. Logo, não tem o condão de prova absoluta e possui uma característica fundamental: não há juízo de valor por parte de quem a lavra (pelo tabelião). Vejamos mais a seguir sobre isso. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 32 É uma escritura pública, lavrada por um tabelião de notas, com a finalidade de atestar determinado fato ou ato com base nas circunstâncias percebidas por pessoa de diligência normal. Ou seja, não é a condição do tabelião que faz o ato a ser atestado como diferente, mas sim a sua condição enquanto delegatário do serviço público. O que quero dizer com isso é o seguinte: a circunstância de se utilizar uma ata notarial para lavrar determinado ato ou fato não os torna, por esse motivo, um ato ou fato verdadeiro. O tabelião simplesmente vai atestar o que viu, ouviu, ou presenciou. Nesse sentido, é imperioso que o Tabelião não faça nenhum juízo de valor no ato a ser lavrado. Por exemplo: se o tabelião receber uma diligência para lavrar uma ata notarial para fins de usucapião extrajudicial, e, ao se deslocar para o imóvel usucapiendo, percebendo que o telhado esteja quebrado e cheio de danificações por toda a casa, não é de sua alçada atestar, por exemplo, que “a casa encontra-se em péssimas condições, possuindo um telhado todo quebrado, com mau cheiro e com madeiras ruins”. Não! Negativo. Está errado e foge aos princípios notariais e registrais o profissional que atua desta maneira. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 33 Nesse mesmo contexto, caso o tabelião perceba tais condições, simplesmente deverá atestar, algo mais ou menos assim: “uma casa, com paredes no tamanho x, telhado com telha x, e madeira y. Não cabe ao tabelião dizer se a casa está em boas ou ruins condições. Este profissional não é a defesa civil para testar se a casa está ou não em condições de habitação, portanto deve-se ater apenas as características que interessem do ponto de vista jurídico. Ainda, é possível se utilizar da Ata Notarial para atestar não só a posse de determinado imóvel.É possível constatar determinados fatos ou atos que acontecem no dia-a-dia. Com o avanço da tecnologia e o uso de ferramentas digitais, as pessoas passaram a utilizar as mídias sociais para além de sua finalidade precípua, que era a comunicação de longa distância. Utilizam-na também para relações comerciais, formalizando contratos, prestando serviços, etc. Em decorrência disso, surgem às desavenças, resoluções, e quiçá as ameaças. É fato que se comprovar uma ameaça com uma ata notarial é juridicamente mais seguro do que apenas apresentar ao juiz um print de celular, pois o que se atesta na ata notarial possui fé pública. Lembre-se, não é que o tabelião torna o que foi dito verdadeiro, mas ele simplesmente atesta o que presenciou. Ou seja, que o número de telefone X enviou ao número Y mensagens com a descrição a seguir: ”W” para o número YX, na data de xx.xx.xxxx. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 34 O que se atesta na ata notarial, é encarado como verdadeiro o fato e não seu conteúdo. Logo, verdadeiro é o fato de que a mensagem foi enviada, no exemplo acima, e não o que está escrito. Portanto, é uma ferramenta relevante aos advogados que pretendem utilizar da ata como uma verdadeira prova no âmbito dos processos judiciais. Dito isso, os documentos necessários para solicitar a lavratura de uma ata notarial no cartório de Tabelionato de Notas, basicamente são os mesmos de uma escritura pública convencional, acrescendo dos documentos específicos que se referem à situação fática que se pretenda relatar no documento público. 1) Documentos pessoais do solicitante; 2) Pagamento dos emolumentos devidos pelo ato; 3) Informações ou quaisquer documentos que será utilizado pelo tabelião na confecção da ata (essas informações podem ser por meios eletrônicos). 3.4 Averbação e Registro de Ações Judiciais na matrícula do imóvel Iremos comentar agora algumas particularidades do registro de imóveis. As informações contidas nesse tópico será útil a qualquer advogado(a) que atue em ações judiciais nos mais diversos ramos do direito. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 35 Portanto, se você advogado possui ações na área trabalhista e cível em geral, as informações que está prestes a ler, será muito útil na defesa e garantia do direito de seus clientes. Os cartórios podem ser ferramentas valiosíssimas, bastando apenas o advogado saiba utilizá-lo. Geralmente são acionados no início do processo (solicitação de certidões para comprovar propriedade, etc) e quando do fim do processo de conhecimento para dar início a execução (averbação ou registro do que foi decidido judicialmente). Você sabe os procedimentos em cartório a serem tomados pelo advogado após findar-se o processo de conhecimento e iniciar-se o processo de execução com os atos constritivos? Talvez sim, talvez não. A minha intenção aqui é mostrar a diferença entre AVERBAÇÃO e REGISTRO de ações judiciais em cartório, especificamente no cartório de registro de imóveis e quais documentos serão necessários para a averbação ou o registro dessa ação na matrícula do imóvel. As ações judiciais podem gerar registro, quando há citação em alguns casos, ou averbação nos demais casos. Vejamos: Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 36 1) Registro: quando o objetivo do advogado seja registrar citação de ação real ou ação pessoa reipersecutória, ou seja, uma ação que se dispute o imóvel ou possa afetar a propriedade. Neste caso os documentos que devem ser levados ao cartório de registro de imóveis são: a) Requerimento com firma reconhecida, solicitando o registro do art. 167, I, “21”, da Lei n. 6.015/73; b) Certidão do Juízo perante o qual tramita o processo, indicando que se trata de uma ação real ou ação pessoa reipersecutória, com a informação de houve a citação do réu. 2) Averbação: o mais comum de se ocorrer é os dois casos a seguir. Processo em fase de execução ou cumprimento de sentença: a fundamentação legal está no art. 828, §1º do Código de Processo Civil. O interessado deverá levar ao cartório de registro de imóveis: a) Requerimento com firma reconhecida, solicitando a averbação do art. 828, §1º do Código de Processo Civil, indiciando expressamente em qual imóvel ele requer a averbação. O requerimento deve conter a identificar expressa do requerente e do imóvel em questão, pois isso serve para prevenir responsabilidade por eventual abuso, nos termos do art. 828, §5º do CPC; Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 37 3) Outros processos e em qualquer fase: após a vigência da Lei n. 13.097/2015, a chamada Lei da Concentração na Matrícula, é possível solicitar a averbação de existência de qualquer processo, em qualquer fase, que possa levar o proprietário à insolvência. Os documentos que devem ser levados ao cartório de registro de imóveis para solicitar esse tipo de AVERBAÇÃO, são os seguintes: a) Requerimento com firma reconhecida, requerendo a averbação constante no art. 54, IV, da Lei n. 13.097/2015, com indicação expressa do imóvel objeto do requerimento de averbação; b) Certidão do Juízo perante o qual tramita o processo, ou do distribuidor judicial, indicando o Juízo, processo, autor/exeqüente e réu/executado, e o valor da causa. c) Ordem judicial deferindo expressamente a averbação. Obs.: conforme se verifica na referida Lei n. 13.097/2015, que tem como objetivo facilitar os negócios imobiliários, se o processo contra o proprietário não estiver averbado na matrícula do imóvel, não será possível atingir um futuro adquirente. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 38 3.5 Divórcio e Dissolução de União Estável Extrajudicial Com o advento da Lei n. 11.441/2007, passou-se a permitir a realização de divórcio extrajudicialmente, ou seja, em cartório. A vantagem é que não há mais a necessidade de se ajuizar uma ação para que haja o rompimento do vinculo conjugal. Mas, para que o procedimento seja validado perante o cartório, são necessárias algumas ponderações e requisitos, principalmente quais documentos levar ao cartório. Primeiramente é importante destacar que, embora o casamento seja registrado no Registro Civil das Pessoas Naturais, para que se faça o divórcio extrajudicial, deve-se comparecer ao cartório de Tabelionato de Notas e solicitar a lavratura de escritura pública de divórcio. Somente após a lavratura, deve-se comparecer ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e solicitar a AVERBAÇÃO do divórcio no assento de casamento. Para que se solicite o divórcio extrajudicial, se faz necessário alguns requisitos. São eles: 1) as partes devem estar em consenso; 2) não haja filho incapaz; e, 3) as partes devem estar representadas por advogado. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 39 1) Documentos necessários para a lavratura da escritura pública de Divórcio ou Dissolução de União Estável: a) Certidão de casamento mais atual possível (somente no divórcio); b) Documentos de identidade oficial, CPF e informação sobre profissão e endereço dos cônjuges; c) Escritura de pacto antenupcial ou contrato estipulando regime diverso do legal (se houver necessidade, a depender do regime de bens que eram casados os cônjuges ou o regime da união dos companheiros; d) Documento de identidade oficial, CPF e informação sobre profissão e endereço dos filhos maiores (se houver) e certidão de casamento (se casados); e) Documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens (se houver bens a partilhar); - se imóveis urbanos: certidão de matrícula do imóvel (atualizada 30 dias), além de IPTU, certidão de tributos municipais e declaração de quitação de débitos condominiais (se for imóvel em condomínio);Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 40 - se imóveis rurais: certidão de matrícula do imóvel (atualizada 30 dias), além de ITR dos últimos 5 anos ou CNDIR (Certidão Negativa de Débitos de Imóvel Rural) emitida pela Receita Federal, CCIR expedido pelo INCRA. - se bens móveis: documento de veículos, extratos bancários e de ações, contratos sociais de empresas, notas fiscais de bens e jóias, etc. f) Descrição da partilha de bens (se houver); g) Descrição sobre a retomada do nome de solteiro/solteira ou da manutenção do nome de casado (somente no divórcio); h) Definição sobre o pagamento ou não de pensão alimentícia; i) Identidade Profissional do(a) advogado(a) (OAB), informando sobre estado civil e endereço do advogado(a); j) Procuração particular das partes para o(a) advogado(a). Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 41 2) Documentos necessários para averbação de divórcio no Registro Civil das Pessoas Naturais: importante destacar que após a lavratura da Escritura de Divórcio, é necessário levar essa escritura para a devida alteração do estado civil no Cartório que cuida dos assentos de casamento. Logo, o documento que deve ser apresentado para a devida alteração do estado civil no Registro Civil das Pessoas Naturais é: - a própria Escritura Pública de Divórcio. Como é um documento dotado de Fé Pública, todas as informações necessárias relativas aos ex cônjuges constaram do próprio documento. A escritura será submetida a uma análise e qualificação registraria, verificando se houve o cumprimento dos requisitos legais por parte do Tabelionato de Notas, e somente após será feito a averbação no assento de casamento. Importante destacar que o assento de casamento não deixará de existir. Haverá a anotação nos livros registrais que houve o casamento, seguida da averbação de divórcio. Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 42 3) E quanto aos bens imóveis? Será necessária a alteração de estado civil na matrícula do imóvel? Sim. Os documentos necessários para se solicitar a averbação de alteração de estado civil, seja de casamento ou de divórcio, nas matrículas dos imóveis do ex cônjuges são: a) Requerimento, com firma reconhecida, assinado pelos proprietários, no qual conste o endereço do imóvel e o número da sua respectiva matrícula, além da qualificação completa do novo cônjuge (se for o caso de casamento). RG, CPF, domicílio e profissão; b) Certidão de casamento atualizada. Deve ser original ou cópia autenticada; c) CPF e RG do cônjuge (ou cópia autenticada), daquele cônjuge que for inserido na matrícula. Observações importantes referentes ao casamento e divórcio: 1- Se o requerimento for assinado por advogado, deverá ser apresentada juntamente com a documentação acima, procuração; Capítulo 3 - Documentos necessários para a prática dos principais atos privativos de advogado em cartório 43 2- Se o casamento foi realizado após 27.12.1977 (início da vigência da Lei n. 6.515/77), o regime de bens não for o legal, será necessário também o registro do Pacto Antenupcial no Cartório de Registro de Imóveis do domicílio do casal. Agradecimentos e Alerta 44 Espero sinceramente que este Ebook possa contribuir para sua advocacia. Como dito no início do livro, esta área do direito é pouco explorada, mesmo com a demanda que se observa. Com isso, acredito que o advogado que busca se dedicar cada vez mais em uma área pouco explorada, tende a se tornar autoridade naquele tema. Com autoridade, a capacidade que ele terá de gerar resultados para seus clientes é maior. A advocacia mudou. Não se procura mais advogados(as) que têm títulos, são especialistas, mestres, etc. Cada vez mais a procura está por aquele profissional que gera maior resultado. Atente-se para isso que sua advocacia poderá mudar denifitivamente. Um grande abraço, e até a próxima. Lucas Monteiro | Advocacia e Cartórios.