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O Sporothrix schenckii é um fungo termicamente dimórfico, encontrado em todo o mundo no musgo, na vegetação em decomposição e no solo. A esporotricose infecta mais as pessoas que participam de atividades ao ar livre, como paisagismo, jardinagem e plantio de árvores. Os animais infectados, especialmente gatos, podem transmitir o S. schenckii para os seres humanos. No Brasil a doença também é transmitida pela espécie exclusiva Sporothrix brasiliensis. Considerada a micose mais comum da América Latina, a esporotricose acomete humanos e animais, causando nódulos e úlceras na pele. O período de incubação do fungo no organismo pode durar de 7 a 30 dias, podendo chegar até a seis meses após a infecção. Primeiramente, consiste de uma infecção localizada dos tecidos cutâneos e subcutâneos que se segue à inoculação traumática de conídios. A disseminação do fungo pelo resto do organismo ocorre raramente (e quase que exclusivamente em pacientes acentuadamente imunocomprometidos), mas ainda assim, o fato é que a infecção pode atingir ossos e órgãos internos. O fungo geralmente se espalha pelo sistema linfático do hospedeiro. As feridas que se formam, em geral, não provocam maiores complicações no indivíduo. Dias ou semanas após a inoculação, há desenvolvimento de uma pápula no local e, em seguida, geralmente úlcera, mas não muito dolorosa. Lesões semelhantes se desenvolvem sequencialmente ao longo dos canais linfáticos proximais à lesão original (Figura). Na versão extracutânea, como o fungo pode comprometer diversas áreas do organismo, os sintomas variam de acordo com a área que foi afetada. Se afetar os ossos e as articulações, os sintomas são similares ao de uma artrite infecciosa. Já quando atinge os pulmões, por exemplo, os sintomas se assemelham bastante aos da tuberculose. Nos casos das formas cutâneas, ela pode surgir em três tipos diferentes: Aspectos gerais do fungo e da doença Cutâneo-linfática É a mais frequente e se caracteriza por um nódulo ulcerado que, geralmente, ocorre no sítio de inoculação, ou seja, na mordedura, no arranhão, o local de contato com o animal doente. Dele, se forma um cordão endurecido que segue por um vaso linfático em direção aos gânglios. Ao longo desse cordão, outros nódulos são formados, e também podem ulcerar, fistulizar ou drenar pus. Cutâneo-disseminada Espalha-se por toda a pele e é mais frequente em pacientes imunodeprimidos, como doentes renais e pessoas contaminadas pelo vírus HIV. Cutâneo-localizada ou cutânea-fixa Caracteriza-se por um nódulo avermelhado e pode ser duro com superfície áspera ou ulcerada. Além dos membros superiores, pode atingir também as mucosas, como os olhos e a boca. Os gatos estão sujeitos a essa doença devido a seus hábitos comportamentais, como o contato com areia contaminada com o fungo e contato ou brigas com outros gatos infectados. Dessa forma, eles se tornam mais suscetíveis à doença do que o restante dos animais. Nos felinos, os sinais mais comuns são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam e Diagnóstico No exame direto, esse fungo é raramente visualizado. São necessárias colorações específicas, como a prata, que colore a parede fúngica de marrom. Na coloração HE, pode-se observar corpo asteroide e coroa radiada, o que dá certeza do diagnóstico. O S. schenckii, em geral, cresce imediatamente como fungo filamentoso em ágar de Sabouraud quando material de lesão cutânea é incubado em temperatura ambiente. Na macroscopia, pode-se ver tonalidades claras a negras. Na microscopia, é possível observar aspecto “em margarida”, com conidióforos e conídios. Nos casos em que o microrganismo não cresce, a reação em cadeia da polimerase (PCR) de amostras de tecido pode, algumas vezes, ser útil. Também é possível testar o dimorfismo térmico, já que o fungo causador da esporotricose é dimórfico:apresenta forma filamentosa no ambiente (25C) e de levedura no hospedeiro (37ºC). Tratamento O itraconazol é o fármaco de escolha para a esporotricose linfocutânea. O fluconazol é menos efetivo, o voriconazol não é efetivo e o posaconazol tem sido usado com sucesso em algumas situações. A solução saturada de iodeto de potássio (SSKI) continua a ser usada para infecção linfocutânea e custa muito menos do que o itraconazol. No entanto, a SSKI é pouco tolerada devido às reações adversas, incluindo gosto metálico, edema de glândula salivar, erupção cutânea e febre. Altas doses de terbinafina podem ser efetivas para a infecção linfocutânea. O tratamento para esporotricose linfocutânea é continuado durante 2-4 semanas após todas as lesões desaparecerem, em geral durante um total de 3-6 meses. A taxa de sucesso para o tratamento da esporotricose linfocutânea é de 90-100%. Tratamento A esporotricose é considerada uma doença negligenciada e um problema de saúde pública. Ela decorre da ausência de um programa ou de ações de controle; da falta de medicação gratuita para o tratamento, tanto em humanos quanto em animais; e do desconhecimento da população sobre as medidas de controle. O gato não é o vilão. Na verdade, é a maior vítima da doença. No caso de o animal de estimação apresentar a doença, o ideal é que ele seja isolado e receba tratamento. É importante frisar que em caso de morte do animal com esporotricose, o corpo precisa ser cremado e não enterrado, para que o fungo não se espalhe pelo solo e outros animais, e até mesmo pessoas possam ser contaminadas. O ideal é que o gato não saia de casa ou que tenha contato com a terra, evitando, assim, que contraia esta ou outras doenças. Para quem trabalha ou gosta de jardinagem ou de mexer na terra, para atenuar os riscos de contrair a doença, é importante que se use roupas e luvas protetoras ao manusear o jardim ou outros materiais que possam estar contaminados com fungos. Evitar o contato sem proteção (luvas) com qualquer nódulo ou úlcera na pele dos gatos. Outra forma de prevenção é a castração do felino.
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