Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
26/03/2018 1 1 Prof.ª Dr.ª Vânia de Fátima Matias de Souza Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira EDUCAÇÃO FÍSICA NA ED. INFANTIL E NOS ANOS INICIAIS 2 • O CONCEITO DE INFÂNCIA: NA SOCIEDADE NA NA ESCOLA • Analisar a construção histórica da infância e suas relações com o campo escolar. • Compreender o conceito de infância tratado na sociedade contemporânea a partir das finalidades do atendimento das crianças da educação infantil e das séries iniciais nas instituições educativas. • Entender as implicações da formação do conceito de infância nas relações escolares. 3 • Para Coelho (2001, p.31) “estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado de apresentá-la”. • Por essa razão optamos como caminho histórico desta unidade apresentar os apontamentos e considerações acerca da infância no seu entendimento a partir da realidade social chegando aos espaços educativos. 4 • Quem é a criança a que nos referimos no espaço escolar na atualidade? • Como podemos entender e tratar a infância a partir dos paradigmas e propostas educacionais? 5 O CONCEITO DE INFÂNCIA: UMA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA • Steinberg e Kincheloe (2001, p. 11), “a infância nada mais é que um artefato social e histórico, e não uma simples entidade biológica”. 6 • O conceito de infância não é algo linear na história, este tem se alterado, e, para chegarmos ao conceito de infância brasileira é preciso em um primeiro momento entender a conjuntura social global que se tem constituído com relação ao conceito de infância, para que se possa chegar ao entendimento local para tal conceito. 26/03/2018 2 7 • [...] entre todas as criaturas selvagens, a criança é a mais intratável; pelo próprio fato dessa fonte de razão que nela existe ainda ser indisciplinada, a criança é uma criatura traiçoeira, astuciosa e sumamente insolente, diante do que tem que ser atada, por assim dizer, por múltiplas rédeas [...] (PLATÃO, 2010, p. 302). 8 • Para Ariès (1999) o sentimento de infância traduz a evolução histórica de suas várias concepções, desde o não reconhecimento ao reconhecimento de que as crianças são diferentes dos adultos, culminando com as novas invenções e sentimentos de infância na modernidade. Objetivando entender o complexo e multifacetado processo de construção social da infância e o papel que a escola vem desempenhando diante desta invenção da modernidade. 9 • Ariès (1981, p.50), ao afirmar em seus estudos que “até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representa - lá. É provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo”. 10 • Heywood (2004, p.23), vai além; e, afirma que “a “descoberta” da infância teria de esperar pelos séculos XV, XVI e XVII, quando então se reconheceria que as crianças precisavam de tratamento especial, “uma espécie de quarentena”, antes que pudessem integrar o mundo dos adultos”. 11 • [...] pode-se apresentar um argumento contundente para demonstrar que a suposta indiferença com relação à infância nos períodos medieval e moderno resultou em uma postura insensível com relação à criação de filhos. Os bebês abaixo de 2 anos, em particular, sofriam de descaso assustador, com os pais considerando pouco aconselhável investir muito tempo ou esforço em um “ pobre animal suspirante”, que tinha tantas probabilidades de morrer com pouca idade. (HEYWOOD, 2004, p.87). 12 • A educação não se limita a desenvolver o organismo, no sentido indicado pela natureza, tornar tangíveis os elementos ainda não revelados, embora à procura de oportunidade para isso, ela cria no homem um ser novo (DURKHEIM, 1973, p. 42). 26/03/2018 3 13 • [...] a criança não é apenas maleável ou adaptável em grau muito maior que os adultos. Ela precisa ser adaptada pelo outro, precisada da sociedade. [...] Na criança, não são apenas as idéias ou apenas o comportamento consciente que se vêem constantemente formados e transformados nas relações com o outro e por meio delas. (ELIAS, 1994, p.30). 14 • [...] o século XVIII, em que um novo sentimento dos adultos em relação às crianças já caracteriza a presença social da noção de infância, o que proporciona o advento de uma pedagogia que advoga uma disciplina autônoma, e não mais heterônoma. 15 • Se Locke trabalha com o objetivo de estabelecer as condições da liberdade dos homens, Montaigne, antes dele, quer que os adultos façam da criança um homem – o que já significa considerar que ela não é um “adulto em miniatura” – e Rousseau, depois dele, quer que os adultos deixem a criança ser criança, de modo que a infância aconteça, pois ela é o que há de melhor nos homens (GHIRALDELLI, 1996, p. 15). 16 • [...] a infância que aqui está em questão, não pode ser simplesmente algo que precede cronologicamente a linguagem e que, a uma certa altura, cessa de existir para versar-se na palavra, não é um paraíso que, em um determinado momento, abandonamos para sempre a fim de falar, mas coexiste originalmente com a linguagem, constitui-se aliás ela mesma na expropriação que dela efetua, produzindo a cada vez o homem como sujeito (AGAMBEN, 2005, p. 59). • 17 INFÂNCIA: DO ASSISTENCIALISMO AO CARÁTER EDUCATIVO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL• Sarmento (2005) na qual se entende a infância enquanto uma construção social, que possui diferenças diacrônicas, ou seja, historicamente construídas e transformadas no decorrer dos anos. 18 • De acordo com Perez (2012) essas transformações nas finalidades da família resultaram das mudanças que aconteceram no processo histórico, social, econômico e cultural; muitos aspectos contribuíram para a caracterização desse grupo, tal qual o concebemos em nossos dias, ou seja, como instituição que representa espaço de educação e transmissão de valores e normas, bem como de expressão da afetividade entre seus componentes 26/03/2018 4 19 O papel da Escola e da Educação Infantil • De acordo com Saviani (1997, p. 17), o “trabalho educativo entendido como o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”, na prática cotidiana escolar, há que se considerar todos os conhecimentos e elementos produzidos ao longo da história por meio da ciência e do empirismo sobre quem é a criança, como é ser criança e o que significa a infância, visando um trabalho pedagógico qualificado e que tenha condições de oportunizar o desenvolvimento nesses espaços educativos de educação formal. 20 • [...] a segunda guerra mundial provocou um novo impulso ao atendimento pré-escolar, voltando-se principalmente para aquelas crianças cujas mães trabalhavam em indústrias bélicas ou naquelas em que substituíam o trabalho masculino. Por um lado, foi introduzido o conceito de assistência social para as crianças pequenas, sendo ressaltada a sua importância para a comunidade na medida em que liberava a mulher para o trabalho (KRAMER, 2003, p. 27). 21 • [...] ao longo da história foi concebida como refúgio assistencial de crianças desprovidas de cuidados, ou seja, criança pobre, para uma família que não sabe cuidar, tem até seus duas atuais definido a infância com um caráter privativo, desconsiderando as políticas públicas de proteção e direitos a educação da infância. A creche como substituta da família, cabe, portanto, organizar atividades que atendam aos cuidados tipicamente domésticos, deslocados do conhecimento e da cultura na qual está 22 • Bissoli (2005), na escola, a criança amplia seus interesses além do mundo infantil e dos objetos, estende as possibilidades de relações sociais, estabelece interações mais diversificadas com os adultos, compreende, paulatinamente, as atitudes e as várias formas de atividades humanas, tais como o trabalho, lazer, produção cultural e científica. 23 • Vieira (1999) as instituições de educação infantildurante a história, tiveram dupla trajetória, os jardins de infância, mais tarde chamados de pré- primário e pré-escolar, davam ênfase ao aspecto educacional, sendo destinado para as crianças ricas, com métodos e atividades pedagógicas, voltadas para o desenvolvimento social, cognitivo e outras habilidades, já as instituição denominadas como creches e escolas maternais era enfatizado a guarda, a alimentação, cuidados com a saúde, higiene e formação de hábitos de bom comportamento na sociedade, sendo destinada pra as crianças pobres e abandonadas. 24 • [...] propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis (RCN/I, vol. I, 1998, p.23). 26/03/2018 5 25 • o cuidar no documento está definido como, [...] parte integrante da educação, embora exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica, ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas (RCN/I, vol.I, 1998, p.24). 26 A ESCOLA E A INFÂNCIA: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CRIANÇA E DA INFÂNCIA • De acordo com Kuhlmann Jr (2000), a constituição da Educação Infantil brasileira, apresentou como marco representativo os anos de 1940, quando que essa modalidade de ensino passa a sofrer transformações. Kuhlmann Jr (2000) também destaca o fato de que o processo de legalização do ensino da educação infantil se constituiu efetivamente a partir das definições da Constituição Nacional de 1988. 27 • Outro destaque legislativo para a Educação Infantil, se deu nos anos de 1990, com a criação e implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069/90, o qual regulamentou os artigos da Constituição Federal e esclareceu acerca das ações que deveriam ser realizadas efetivando a legalidade dos direitos da criança a partir de uma normativa legal. 28 • Além da Constituição de 1988 e do ECA em 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação a Lei n. 9394/96, legalizou efetivamente as ações política enquanto predisposições, orientações e normativas de uma legislação educacional na qual se reconhece oficialmente que as creches e pré- escolas, para crianças de 0 a 6 anos, são parte integrante do sistema educacional, sendo considerada a primeira etapa da educação básica 29 • Craydi ( 2001, p. 24) é preciso ter claro que as “creches e pré-escolas tem, uma função de complementação e não de substituição da família como muitas vezes foi entendido”; 30 • A Educação Infantil, é considerada a primeira etapa da educação básica que tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, e se constitui em um espaço privilegiado para interação e aprendizagens significativas, onde o lúdico é o foco principal (BRASIL, 1996). 26/03/2018 6 31 • Segundo Kramer (2006), é preciso entender que a Educação Infantil e o Ensino Fundamental são indissociáveis e, para tanto, devem assumir a apropriação da cultura como suporte para a educação das crianças, respeitando-se, em contrapartida, nas duas modalidades de ensino, as crianças nas suas singularidades. Devem ser espaços nos quais a ludicidade, a imaginação, e as interações sociais sejam os eixos estruturantes considerados as culturas infantis (SARMENTO, 2004). 32 • Molina e Lara (p. 3982) pela compreensão de que “infância, do mesmo modo que a educação, não pode ser compreendida fora de um contexto socioeconômico e político. Por isso, quando se fala em infância, não é possível se referir à criança sem se considerar o tempo, o lugar e a estrutura social na qual ela está inserida” 33 • [...] as crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. E isto através das interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos (BRASIL, 1991, p.21). 34 • objetivo e o desenvolvimento da Educação Infantil, uma vez que essa modalidade de ensino deve ser uma forma de, [...] fortalecer os programas destinados à primeira infância e dinamizar a produção de conhecimentos sobre a infância na região, apoiando o esforço de pesquisa educacional baseada nas experiências intersetoriais com populações vulneráveis, e difundir as lições aprendidas (PIE, 1998, p. 05). 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS • Vimos que a infância em suas múltiplas facetas tem sido tratada no espaço escolar como uma ação necessária ao desenvolvimento do homem para a vida em sociedade, mas que a Educação Infantil, persevera na dicotomia do como tratar a criança inserida em seu espaço escolar, vagando entre as ações de cunho assistencialista a chegar nas práticas de caráter totalmente educativos. 36 • A partir da análise estrutural e conjuntural do conceito de infância a partir do lócus social, percebemos a existência da linha tênue entre o ser criança e a necessidade de se estruturar e orientar e/ou normatizar as ações políticas e governamentais de tal modo que as finalidades do atendimento das crianças da educação infantil e das séries iniciais nas instituições educativas seja ações de corresponsabilidade na qual Estado e Família devem comungar dos mesmos anseios para que as relações escolares possam ser bem sucedidas. 26/03/2018 7 37 Prof.ª Dr.ª Vânia de Fátima Matias de Souza Prof. Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira EDUCAÇÃO FÍSICA NA ED. INFANTIL E NOS ANOS INICIAIS
Compartilhar