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Meio ambiente, social e governança - Modulo 4

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/
DEFINIÇÃO
Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo
investimentos responsáveis e finanças sustentáveis.
PROPÓSITO
Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades
das empresas, mas também a forma como os investidores tomam suas decisões financeiras.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
/
Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de
investimento sustentável
MÓDULO 2
Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
MÓDULO 3
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de
investimentos, seus desafios e tendências
INTRODUÇÃO
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de
investidores, têm se preocupado com esse tópico nos últimos anos.
Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de reputação,
mas, na verdade, o assunto tem ganhado mais força no mercado financeiro em função dos
impactos que as questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) podem
ter sobre vários aspectos, inclusive sobre a rentabilidade das empresas que estes agentes
investem. É por isso que a agenda saiu das mesas dos ambientalistas e foi parar no centro da
discussão do setor financeiro.
Neste tema, vamos tratar com atenção de cada uma dessas dimensões. Primeiramente, vamos
estudar sobre a evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e os mais recentes
investimentos sustentáveis. Depois, vamos aprender sobre os índices de sustentabilidade,
aspectos da indústria e a regulação. Por fim, vamos elencar as principais tendências e desafios
do setor.
/
MÓDULO 1
 Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e apresentar
conceitos de investimento sustentável
EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa
—, a última foi a primeira a ser incorporada pelos investidores. Fica claro quando entendemos
que as ações de governança são aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores e
demais executivos orientam as decisões da empresa.
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor
capacidade de gestão e, por isso, espera-se que ela gere melhores resultados e maior valor
para os seus acionistas (IBGC, 2015).
Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações
especializadas na gestão de investimentos, já analisa a governança corporativa como parte
das questões essenciais para a escolha de empresas que vão compor, por exemplo, as suas
carteiras de ações.
/
 COMENTÁRIO
De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais
também entraram na pauta. Os desafios ambientais, como o aumento da poluição e do
desmatamento, as mudanças climáticas e até mesmo desastres — como o que ocorreu
recentemente em Brumadinho — chamam a atenção para os riscos que as questões
ambientais podem representar para todos, mas especialmente, neste caso, para a operação de
uma empresa.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes
para as empresas, como, por exemplo: o aumento do uso de mídias sociais até o
envelhecimento da população e a entrada de uma nova geração, os millenials, no mercado de
trabalho.
As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus
colaboradores, fornecedores, clientes etc. Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si
mesma.
Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os conceitos
ligados ao desenvolvimento sustentável não são exatamente novos. Foi em 1987, há 33 anos,
que se definiu em uma conferência das Nações Unidas o conceito oficial de desenvolvimento
sustentável, que é:
AQUELE QUE ATENDE ÀS NECESSIDADES DO
PRESENTE, SEM COMPROMETER A CAPACIDADE
DAS GERAÇÕES FUTURAS DE ATENDER ÀS SUAS
NECESSIDADES”.
(UNITED NATIONS, 1987, tradução livre)
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, isso significa que, se usarmos mais
recursos do que o nosso planeta é capaz de regenerar, entraremos no “cheque especial” do
/
nosso ecossistema.
Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria na
contramão do que estudamos nos modelos econômicos tradicionais. De fato, existem algumas
contradições.
Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais como
variáveis externas aos modelos, ou seja, que não têm relação com as projeções e análises
(PENTEADO, 2010). Este, no entanto, é um falso dilema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos, como água
e matérias-primas, destinados à produção, assim como os recursos sociais (mão de obra)
impactam a produção e o crescimento da economia.
A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica entre
essas dimensões e seus participantes, bem como as trocas que acontecem entre elas. Na
Figura 1, podemos observar que, para o funcionamento adequado e o crescimento da
economia, precisamos dos insumos ambientais e dos recursos sociais.
É aí que, em um olhar de longo prazo, começamos a discutir a sustentabilidade como uma
forma de garantir a perenidade das empresas.
Fonte:Shutterstock
 Figura 1 ‒ A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia. Fonte: CISL,
2015, tradução livre.
/
As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao
fornecimento de insumos para a produção de bens e serviços. O resultado dessa produção
também gera o que chamamos de externalidades para a sociedade e o meio ambiente.
A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos dessas externalidades, que
podem gerar acidentes, prejuízos à saúde da população ou até mesmo mudanças estruturais
que prejudiquem a economia em longo prazo.
 EXEMPLO
Podemos trazer como exemplo o agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições,
como a Embrapa, que buscam medir o efeito potencial das mudanças climáticas na agricultura
brasileira.
De acordo com a pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda
na produção, dependendo do cenário de aumento médio de temperatura e o horizonte de
tempo (EMBRAPA, 2008).
Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os impactos
das mudanças climáticas podem representar uma queda no crescimento econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem
representar riscos à rentabilidade das suas carteiras e, por isso, aumentam a busca por
informações que permitam que estes profissionais consigam incorporar, também, estes riscos
aos seus processos de análise de empresas e decisão de alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas
de mercado como a da Ernst & Young (EY), que aponta que cerca de 90% dos investidores
acredita que estas informações podem ser importantes no ajuste do valor atribuído às
empresas (EY, 2018).
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais
conhecido como investimentos responsáveis. Nas próximas seções, abordaremos os
principais conceitos, iniciativas e práticas do mercado brasileiro e internacional sobre esta
agenda.
INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS
/
Assista ao vídeo e saiba mais sobre investimentos responsáveis.
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever
que os investidores institucionais têm com os seus clientes, de analisar de forma adequada os
riscos das empresas e outros ativos em que investem.
ATIVOS
Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira. São considerados
exemplos dessa classe: ações, títulos públicosdo governo, dívidas de empresas (ex.:
javascript:void(0)
/
debêntures), cotas de fundos de investimento, moedas, entre outras modalidades
possíveis.
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados,
é dever desses profissionais considerá-las nas suas decisões. A esta responsabilidade, damos
o nome de dever fiduciário.
A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado
de investimentos, em seus diversos aspectos.
RELEVÂNCIA: QUAIS QUESTÕES ASG SÃO
MAIS IMPORTANTES?
Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa
a serem analisadas em um processo de investimento. Entre elas, podemos selecionar como
exemplo a do próprio PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa orientada especificamente
para este mercado.
A Tabela 1, a seguir, mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos
como exclusivos. O tópico é complexo, mas podemos considerar este como um bom ponto de
partida.
Ambiental Social Governança
Mudanças climáticas
Direitos
humanos
Suborno e corrupção
Esgotamento de
recursos naturais
Escravidão
moderna
Remuneração de executivos
Gestão de resíduos
Trabalho
infantil
Diversidade e estrutura do Conselho
de Administração
/
Poluição Condições de
trabalho
Lobby e doações políticas
Desmatamento
Relações
trabalhistas
Estratégia tributária
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1 - Exemplos de Fatores ASG. Fonte: PRI, 2020, tradução livre.
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que
estamos analisando. As questões mais relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm
impactos significativos sobre o meio ambiente, não são as mesmas do setor de educação, com
um impacto muito maior sobre os aspectos sociais.
Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de cada
empresa para determinar a relevância das questões ASG.
 EXEMPLO
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões
ambientais, as mais relevantes talvez sejam, por exemplo, o uso de energia nas lojas ou as
emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua operação logística, como o transporte das
mercadorias por caminhões a diesel, altamente poluentes. No entanto, ao analisarmos os seus
aspectos sociais, alguns pontos chamam a atenção.
Em primeiro lugar, o relacionamento com os fornecedores. Sabemos que a cadeia de
confecção está altamente exposta a riscos de trabalho degradante ou análogo ao escravo.
Como compradora, a Renner possui a corresponsabilidade por estes fornecedores.
Outro público relevante para a empresa é, evidentemente, o cliente. Qualquer empresa no
setor de varejo que lida diretamente com o consumidor final precisa estar atenta às suas
demandas, necessidades e satisfação, para garantir e aumentar sua participação no mercado.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar
atenção extra à forma como a empresa remunera seus executivos (se por metas
exclusivamente de curto prazo ou considerando aspectos mais estratégicos e de longo prazo) e
/
seus programas de diversidade, especialmente considerando a diversidade de gênero e classe
social de seus consumidores.
Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da estratégia
pode ser um bom negócio para a companhia!
MAPEAR E CONTROLAR ESSES ASPECTOS
PODE REPRESENTAR UM CUSTO ADICIONAL
ÀS EMPRESAS, CERTO?
Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a
sustentabilidade reduz os resultados das empresas. Esse é um dos principais mitos do
investimento responsável e já existem várias evidências contrárias a esse dilema.
Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência
energética — troca de iluminação por lâmpadas mais econômicas e regulação do ar
condicionado — não traz benefício apenas para o meio ambiente, mas reduz o custo de
manutenção das lojas.
Projetos como este, muitas vezes, se pagam em um curto espaço de tempo e podem ser
vantajosos para as empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não
podemos negociar o aspecto ético de remuneração e condições de trabalho dignas dos
funcionários do setor de confecção. Esse é um custo que sequer deveria ser discutido.
Independente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se
envolver em um escândalo sobre trabalho análogo ao escravo, como já vimos em algumas
organizações do setor. Além de pagar multas e indenizações, os danos à marca podem custar
a fidelidade de clientes e a receita da empresa.
A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:
Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e
gerar passivos trabalhistas e em outras esferas cíveis e judiciais.
Pode antecipar tendências e aumentar a geração de valor para os colaboradores, clientes,
cadeia de fornecedores e, por consequência, os acionistas.
/
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta
que as empresas com boas práticas em sustentabilidade apresentam nível mais baixo de
endividamento, maior fidelidade de clientes e maiores indicadores de retorno (ECCLES, 2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com
as piores empresas em sustentabilidade, demonstrou que o desempenho das ações também
pode ter relação com as questões ASG.
A Figura 3, a seguir, mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em uma
carteira de ações com as melhores empresas em sustentabilidade versus a mesma quantia nas
piores empresas nesse quesito.
 Figura 3 - Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade
(high)
e baixo nível de sustentabilidade (low). Fonte: ECCLES, 2012.
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de
avaliar a gestão das companhias. Aquelas que estão preocupadas com a satisfação dos seus
colaboradores, a gestão adequada de fornecedores, o olhar para o meio ambiente e para a
governança corporativa tendem a realizar uma gestão mais madura de suas atividades.
Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É simples:
empresa que está no vermelho não pensa no verde!
/
DEMANDA DOS CLIENTES: QUAL É O TAMANHO
DO MERCADO ASG?
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a
demanda por produtos que incluam essa agenda em seus processos de escolha de empresas
e de alocação de recursos.
Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI (da
sigla em inglês socially responsible investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram
ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na década de 1990 que os investimentos responsáveis
ganharam a primeira referência de mercado, por meio de um índice de sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL DAS ALTERNATIVAS REPRESENTA MELHOR O FALSO DILEMA
ENTRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E OS MODELOS
ECONÔMICOS TRADICIONAIS?
A) O de que variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.
B) O de que variáveis ambientais não são sequer consideradas como propulsoras do
desenvolvimento econômico.
C) O de que variáveis ambientais desempenham um papel maior do que deveriam nos
modelos econômicos.
D) O de que modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar os fatores
ambientais.
2. DE QUE MANEIRA A GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE PODE
PRESERVAR O VALOR DE UMA EMPRESA?
/
A) Criando novas estratégias de marketing ambiental.
B) Fidelizando mais os clientes.
C) Trabalhando ativamente para gerar valor por meiode políticas ambientais.
D) Evitando os riscos associados a fatores ASG que prejudiquem receitas, reputação e
condições de trabalho.
GABARITO
1. Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento
sustentável e os modelos econômicos tradicionais?
A alternativa "A " está correta.
Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais como
externas (exógenas) ao desenvolvimento econômico, de modo que não tinham impacto direto
na economia.
2. De que maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma empresa?
A alternativa "D " está correta.
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.
MÓDULO 2
 Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
OS ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho deste tipo
de investimento em um determinado mercado. No Brasil, por exemplo, o principal índice de
/
ações é o IBOVESPA, que vemos anunciado todos os dias nos jornais e publicações do
mercado financeiro.
Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se
valorizaram ou desvalorizaram, respectivamente.
Fonte: rafapress/Shutterstock
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que
apresentamos neste documento. Se as ações de empresas com boas práticas em
sustentabilidade tendem a ter uma rentabilidade maior, poderia se esperar que um índice
composto dessas empresas se valorizasse mais do que os tradicionais do mercado.
Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras teóricas
de ações escolhidas por suas iniciativas e indicadores ASG.
MAS AFINAL, PARA QUE SERVE UM ÍNDICE?
A partir desta referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou se referenciar
nessa carteira e criar fundos de investimento compostos por estas ações.
Assim, pessoas físicas ou grandes investidores institucionais que queiram investir em
empresas mais sustentáveis podem alocar seus recursos nesses fundos de investimento.
/
Fonte: metamorworks/Shutterstock
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do
mundo, inclusive no Brasil. A B3 lançou em 2005, ainda como Bovespa, o índice de
sustentabilidade empresarial (ISE), que há 15 anos avalia as empresas listadas no mercado
brasileiro em diversos aspectos da sustentabilidade. O processo de construção do ISE segue
as seguintes etapas:
As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da carteira
do ISE.
Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete
dimensões (B3, 2020).
Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do conselho
deliberativo do ISE, CISE, composto por profissionais que representam as associações de
empresas, de instituições financeiras e da sociedade civil.
A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a
dezembro.
A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço das
ações que compõem a carteira.
SETE DIMENSÕES
javascript:void(0)
/
Dimensão Definição
Geral
Compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento
às boas práticas de sustentabilidade, transparência das
informações corporativas e práticas de combate à corrupção.
Natureza do
produto
Impactos pessoais e difusos (para toda a sociedade e o meio
ambiente) dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas,
adoção do princípio da precaução e disponibilização de
informações ao consumidor.
Governança
corporativa
Relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do conselho de
administração, processos de auditoria e fiscalização, práticas
relacionadas à conduta e a conflito de interesses.
Econômico-
financeira
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão
(iniciativas e processos), desempenho (indicadores e metas) e
cumprimento legal.
Ambiental
Social
Mudança
do clima
Política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das
informações sobre o tema (quanto a empresa divulga ao
mercado sobre as suas iniciativas e como mede a sua exposição
a questões climáticas).
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 2 - Dimensões do ISE. Fonte: B3, 2020.
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões
climáticas. É o índice carbono eficiente (ICO2), que compõe a sua carteira teórica a partir de
/
um cálculo que usa como referência as emissões de gases de efeito estufa das empresas.
Outros índices no mercado internacional possuem características distintas. Na bolsa de
Londres, por exemplo, o FTSE4GOOD é um índice de sustentabilidade que avalia não somente
as iniciativas das empresas, mas as classifica de acordo com o risco setorial em relação às
questões de sustentabilidade (FTSE, 2013).
É uma outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um índice. A Tabela 3
apresenta, como exemplo, a classificação de riscos ASG usada no Reino Unido.
3. Alto 2. Médio 1. Baixo
Agricultura
Construção Do It Yourself
(DIY)
Tecnologia de
informação
Transporte aéreo
Equipamentos elétricos e
eletrônicos
Mídia
Aeroportos
Distribuição de energia e
combustíveis
Financiamento ao
consumo
Materiais de construção
Engenharia e equipamentos
pesados
Investidores em
propriedade
Químicos e
farmacêuticos
Indústria financeira
Pesquisa e
desenvolvimento
Construção Hotelaria, catering e facilities
Atividades de lazer e
esporte
Engenharia de grandes
sistemas
Indústria manufatureira Serviços de suporte
Cadeias de fastfood Portos Telecom
/
Alimentos, bebidas e
tabaco
Impressão e publicação de
jornais
Distribuidores
atacadistas
Florestas, papel e
celulose
Incorporadoras
Mineração e metais Varejistas
Petróleo e gás Aluguel de veículos
Geração de energia Transporte público
Logística terrestre e
marítima
Supermercados
Produção
automobilística
Gestão de resíduos
Água
Controle de pragas
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 3 - Classificação de nível de impacto ASG do índice FTSE4Good. Fonte: FTSE, 2013,
tradução livre.
Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento. Em todo
o mundo, aumenta significativamente o número de investidores e o volume de recursos que
/
adota o olhar para os riscos e oportunidades ASG, entre as suas práticas de investimento.
Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados até
mesmo por investidores globais na compra de títulos públicos, comparando as políticas
públicas de sustentabilidade entre os países em que podem investir.
 ATENÇÃO
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades
de negócios que surgem da integração ASG.
A INDÚSTRIA DE INVESTIMENTOS
RESPONSÁVEIS NO MUNDO
Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos
responsáveis, mas como investidores usam informações ASG para decidir em quais ativos
investir.
Embora falamos bastante sobre mercado de ações, estes processos de investimento podem
valer para diferentes modalidades de investimento.
Fonte: PopTika/Shutterstock
À semelhança dos mercados tradicionais, cada investidor tem o seu jeito de escolher os ativos
que compõem a sua carteira. Alguns mais conservadores, outros mais arriscados, com
diferentes prazos e critérios de escolha. Isso vale para as questões ASG.
/
Para entender como o mercado vem crescendo, é importante entender as diferentes
estratégias de investimentos responsáveis (BUOSI, 2017).
Assista ao vídeo e saiba mais sobre as estratégias de investimento sustentável.
Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias de
investimento. A Global SustainableInvestment Alliance (GSIA) aponta para um crescimento de
34% do volume de recursos que adotam estratégias de investimento responsáveis em regiões
desenvolvidas, como apresentado na Tabela 4.
Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de produtos
temáticos (+269%), best in class (+125%), investimento de impacto (+79%) e integração
(+69%), todas avaliadas entre os anos de 2016 e 2018.
Região Ativos (em US$ bilhões)
/
2016 2018 Cresc. %
Europa $12.040 $14.075 16,90%
EUA $8.723 $11.995 37,51%
Japão $474 $2.180 359,92%
Canadá $1.086 $1.699 56,45%
Austrália/ NZ $516 $734 42,25%
TOTAL $22.839 $30.683 34,34%
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 4 - Volume de ativos que adotam estratégias ASG. Fonte: GSIA, 2018.
No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus
recursos para a sustentabilidade. Na pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), os gestores dizem que as principais estratégias
adotadas são o best in class, por 30%, e as exclusões, por cerca de 27% das instituições
(ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o
mercado de investimento inove, tanto nos processos de análise como na criação de novos
produtos de investimento.
Como este é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do
mercado é fundamental. No mundo, diversos grupos de trabalho, iniciativas colaborativas e
acordos voluntários debatem a agenda ASG, mas uma em especial é orientada para o
mercado de investimentos: o PRI.
/
OS PRINCÍPIOS PARA O INVESTIMENTO
RESPONSÁVEL (PRI)
O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na Bolsa de
Valores de Nova Iorque, os princípios foram apoiados pelas Nações Unidas, na época
representadas pelo secretário-geral Koffi Annan, e contaram com a organização de 20 dos
maiores investidores globais.
A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que
trouxessem o compromisso dessas instituições com a agenda ASG.
Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de investimento, da
influência na adoção de melhores práticas pelas empresas, do trabalho colaborativo entre
investidores e da transparência ao mercado.
Princípio
1
Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão
de investimentos.
Princípio
2
Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às
nossas políticas e práticas de detenção de ativos.
Princípio
3
Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos
quanto às questões ASG.
Princípio
4
Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da
indústria de investimentos.
Princípio
5
Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos
princípios.
Princípio
6
Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à
implementação dos princípios.
/
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 5 - Os princípios para o investimento responsável. Fonte: PRI, 2020a.
PROPRIETÁRIOS DE ATIVOS
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como
fundos de pensão — públicos ou privados —, fundações, famílias com grandes fortunas e
outras instituições que são detentoras de recursos de investimentos.
GESTORES DE ATIVOS
/
Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros.
Esses gestores podem, inclusive, administrar fundos ou produtos que recebam os recursos dos
proprietários de ativos. Mas, também, podem criar produtos para o mercado de varejo,
recebendo investimentos diretos de pessoas físicas, por exemplo.
PRESTADORES DE SERVIÇOS FINANCEIROS
Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao
mercado de investimentos podem aderir ao PRI nesta categoria.
E POR QUE O PRI É TÃO IMPORTANTE?
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos
investidores institucionais que o apoiaram gerou um movimento positivo que ampliou
rapidamente o número de signatários do acordo e o volume de recursos que passou a se
comprometer com a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90
trilhões em ativos sob gestão.
No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de
pensão dos funcionários do Banco do Brasil — como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi
/
o primeiro a estruturar uma rede local de signatários do PRI, em 2007.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores
possam considerar as particularidades de seus mercados no processo de debate e integração
ASG. Atualmente, o Brasil possui 65 signatários do PRI.
REGULAÇÃO: COMO O ASG SAIU DO
VOLUNTÁRIO PARA O REGULATÓRIO
Quando investidores trazem novos temas para a mesa, é natural que os reguladores queiram
se informar sobre a situação. É assim com diversos temas, e com o ASG não foi diferente. No
mundo todo, bancos centrais e comissões de valores mobiliários, os principais órgãos que
regulam as operações financeiras, articulam-se para entender melhor a agenda ASG e trazê-la
para os seus instrumentos de supervisão do sistema financeiro.
Fonte: kan_chana/Shutterstock
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam
as questões ASG dobraram entre 2013 e 2017 (UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma,
observa um aumento expressivo destas regulações, orientado especificamente para o mercado
de investimentos, como apresentado na Figura 4 a seguir:
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 Figura 4 - Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG.
Fonte: PRI, 2020.
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos
anos. Em diversas regiões, o debate já faz parte das agendas do setor público e,
especialmente, do setor financeiro. Em 2017, foi estabelecida uma rede internacional de
Bancos Centrais e Supervisores, a NGFS (da sigla em inglês Network for Greening the
Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em tradução livre).
A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de 57% do
PIB Global. O Banco Central do Brasil aderiu ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre
os gestores de recursos e, esperamos, sobre as empresas investidas. Até este momento, a
maior parte das regulações é orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios
específicos que os investidores devem atentar para os riscos ASG na sua estratégia de
investimentos.
A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem monitorados e
reportados aos supervisores e ao mercado.
No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional que
devem ser destacadas:
RESOLUÇÃO 4.327/2014 DO CONSELHO MONETÁRIO
NACIONAL (CMN)
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É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os grandes bancos
até cooperativas de crédito, bancos de investimento, corretoras de valores etc.
É a principal regulação do Sistema Financeiro Nacional sobre o tema, traz a necessidade de as
instituições possuírem uma Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) e um sistema
de gerenciamento do risco socioambiental.
INSTRUÇÃO CVM 552
Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem divulgados em seus
documentos regulatórios, especialmente o formulário de referência, questões relacionadas
aos riscos socioambientais das companhias, atendimento a regulação socioambiental e
instrumentos usados para a divulgação de informações ASG ao mercado.
RESOLUÇÃO 4.661/2018 DO CMN
Orientada às entidades fechadas deprevidência complementar (EFPC), ou fundos de pensão,
como são conhecidos no mercado, a resolução orienta que, sempre que possível, as entidades
observem as questões ASG em seus processos de investimento.
INSTRUÇÃO 6/2018 DA PREVIC
A superintendência nacional de previdência complementar, responsável pela supervisão das
EFPC, emitiu, em complemento à Resolução 4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção
das questões ASG pelos fundos de pensão, sugerindo que estas adotem um olhar setorial para
os riscos desta natureza.
FORMULÁRIO DE REFERÊNCIA
O formulário de referência é um documento de divulgação obrigatória, exigido pela
comissão de valores mobiliários (CVM), no qual a empresa divulga as principais
informações sobre suas práticas de gestão, resultados financeiros, fatores de risco,
atendimento à regulação e outras políticas relevantes.
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma
estratégica, a questão está, cada vez mais, migrando para uma agenda obrigatória. Antecipar a
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regulação costuma custar menos às instituições, que têm mais tempo para implementar
estratégias, processos e controles.
Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador
para dizer o que de fato funciona e o que torna inviável o processo de investimento. De
qualquer forma, o processo parece ser cada vez mais inevitável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APONTA O PRINCIPAL OBJETIVO DA
ELABORAÇÃO DE UM ÍNDICE DE EMPRESAS SUSTENTÁVEIS:
A) Criação de um fundo de empresas sustentáveis.
B) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os
índices tradicionais do mercado.
C) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse menos do que os
tradicionais do mercado.
D) O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.
2. NO QUE CONSISTE A ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTOS
RESPONSÁVEIS DE IMPACTO?
A) Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores ASG.
B) Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional para influenciar boas
práticas.
C) Consiste em definir as melhores empresas do setor de sustentabilidade.
D) Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou empresas sustentáveis.
GABARITO
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1. Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de
empresas sustentáveis:
A alternativa "B " está correta.
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as
ASG.
2. No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?
A alternativa "C " está correta.
Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma delas é a
estratégia de impacto, que envolve a avaliação não só da performance financeira, mas dos
indicadores ASG — como emprego, renda e redução de emissões de GEE.
MÓDULO 3
 Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de
investimentos, seus desafios e tendências
TENDÊNCIAS DAS QUESTÕES ASG
Embora tudo que dissemos até agora mostre que já avançamos no entendimento da
sustentabilidade pelas empresas e pelos investidores, ainda há muito a ser feito. Este é um
tema em constante evolução, influenciado pelo aumento do conhecimento científico e pelas
mudanças da nossa sociedade.
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as
práticas das empresas e, por consequência, as decisões financeiras. Alguns desses tópicos
são explicados neste módulo, mas não concentram todo o debate em torno da
sustentabilidade, que é muito mais complexo.
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OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL (ODS)
Assista ao vídeo e conheça os objetivos do desenvolvimento sustentável.
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A TCFD
Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas — sem dúvida — têm
chamado mais atenção, especialmente no setor financeiro e em países desenvolvidos.
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Fonte: ParabolStudio/Shutterstock
Podemos considerar algumas razões para isso. Em primeiro lugar, as economias
desenvolvidas estão menos expostas às questões sociais que atingem outros países, como o
Brasil, e, dessa forma, acabam direcionando suas atenções para as questões ambientais.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o
meio ambiente, como a própria sociedade. Eventos climáticos, como furacões e enchentes,
tendem a atingir mais regiões, impactando populações e gerando prejuízos à economia.
O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês que significa Intergovernamental Pannel on
Climate Change).
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível estamos
em relação ao aumento médio de temperatura no planeta, quais as perspectivas para as
próximas décadas e os efeitos adversos desse aumento.
Quando falamos de um aumento médio de 2 oC de temperatura, podemos achar que é pouca
coisa, certo? Mas vamos fazer um paralelo: o que acontece com o seu corpo se a sua
temperatura aumentar em 2 oC?
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4 oC? Você precisa correr para o
hospital! O mesmo ocorre com o nosso planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura
média, ainda que pequeno, podem ser desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability
Board (FSB), responsável pela regulação do sistema financeiro internacional, criou uma
força-tarefa para desenvolver recomendações para empresas e para o setor financeiro
avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.
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Fonte: Piotr Swat/Shutterstock
A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas vem da
sigla TCFD, em inglês, que significa Task-Force for Climate-related Financial Disclosures. No
mercado, a TCFD é chamada apenas pela sigla.
A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações que
permitem às empresas avaliarem sua exposição aos riscos climáticos, mas também
identificarem oportunidades de negócios relacionadas ao tema.
As recomendações se organizam em 4 dimensões: a governança das instituições, ou seja,
como as lideranças estão olhando para as questões climáticas; a forma como os impactos
reais são considerados na estratégia; os processos de análise e gestão de riscos climáticos;
e as métricas e metas estabelecidas para a redução da exposição a estes riscos (TCFD,
2020).
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 Figura 6 - Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças
climáticas. Fonte: TCFD, 2020.
Como podemos observar na Figura 6, a TCFD esclarece os potenciais riscos e as
oportunidades que advêm da preocupação com a questão climática. Com isso, bancos,
investidores e seguradoras podem analisar mais detalhadamente esses riscos em suas
operações financeiras.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos
possíveis prejuízos que suas empresas investidas teriam com o aumento dos impactos das
mudanças climáticas, por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já estudam
uma forma de inserir essa agenda nas suas próximas regulações.
OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE E
COMO ENFRENTÁ-LOS
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando
falamos em sustentabilidade? Por que governos, empresas e instituições financeiras ainda têm
dúvidas sobre a relevância deste tema?
Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente em um
modelo econômico tradicional, em que tudo é medido e priorizado pelo seu impacto na forma
de cálculos, essas questões ainda são um pouco abstratas para os líderes empresariais e
financeiros.
/
Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento,fazendo contas e
chegando aos resultados que ajudam a convencer essas lideranças, mas ainda estamos
trilhando esse caminho.
 COMENTÁRIO
Outra dificuldade é que este não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita
única, que se aplique a todos os setores e empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão
para encontrar a materialidade e os riscos específicos de cada organização, o que é mais
complicado quando ainda não existe tanto conhecimento sobre o tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os
investidores precisam tomar decisões que exigem que os dados e informações analisados
sejam comparáveis. Nas demonstrações financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas
este não é o caso das informações ASG.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente
o que as empresas devem informar sobre suas iniciativas e resultados nas questões de
sustentabilidade.
Alguns movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso
das iniciativas de relatórios de sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas
nessa divulgação.
Fonte: Stokkete/Shutterstock
Os próprios reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas
empresas, facilitando a vida de analistas e gestores de investimentos.
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O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos
patamares mais sustentáveis em nossa sociedade, precisamos, em primeiro lugar, nos informar
sobre este tema e debater a respeito nas universidades, empresas e no setor financeiro.
Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distantes de nós. É uma
discussão que nos envolve diretamente e precisa da colaboração de todos para mudarmos o
tom dessa conversa.
Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção está correta. Precisamos
apenas aumentar a velocidade, e isso se faz com conhecimento e colaboração.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ENTRE TODOS OS TEMAS DAS QUESTÕES ASG, QUAL ASPECTO TEM
SIDO MAIS DEBATIDO E CHAMADO MAIS A ATENÇÃO DE GOVERNOS E
INVESTIDORES DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS NOS ÚLTIMOS ANOS?
A) O aspecto ambiental.
B) O aspecto social.
C) O aspecto de governança corporativa.
D) O aspecto das grandes empresas.
2. QUAL DESSAS DIFICULDADES NÃO ESTÁ ASSOCIADA AOS
DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE?
A) A sustentabilidade é difícil de ser medida.
B) Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.
C) É difícil comparar políticas sustentáveis.
D) A sustentabilidade depende do ponto de vista.
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GABARITO
1. Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e
chamado mais a atenção de governos e investidores dos países desenvolvidos nos
últimos anos?
A alternativa "A " está correta.
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre
outros fatores, países desenvolvidos apresentam questões sociais menos urgentes, de modo
que podem focar em políticas ambientais.
2. Qual dessas dificuldades NÃO está associada aos desafios da sustentabilidade?
A alternativa "D " está correta.
Durante o tema, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos defensores de
uma agenda sustentável concernem à medição e à comparação de medidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa
(ASG).
No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como a
conhecemos hoje e definimos os investimentos responsáveis. Com isso, trouxemos uma visão
ampla sobre a relação entre finanças e sustentabilidade.
No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas principais
funções, e falamos sobre a importância do papel regulatório para o setor. Por fim, trouxemos os
principais desafios e tendências das questões ASG, adequando o debate aos dias atuais.
/
Esperamos que você tenha compreendido a importância de aprofundarmos o debate de
sustentabilidade, baseados nos aspectos econômicos e financeiros que regem as economias
dos países contemporâneos.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE
CAPITAIS – ANBIMA. 2ª Pesquisa de sustentabilidade: engajamento de questões
ambientais, sociais e de governança na análise de investimento de gestores de recursos. São
Paulo: ANBIMA, 2018.
B3. ISE: processo de seleção. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à análise
de investimentos. In: COMISSÃO de Valores – CVM & Associação de Analistas e
Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais ‒ APIMEC. Livro TOP análise de
investimentos. Rio de Janeiro: CVM, 2017.
CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for Sustainable
Leadership, 2015.
ECCLES, R. G. et al. The impact of a corporate culture of sustainability on corporate
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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Aquecimento
global e a nova geografia da produção agrícola no Brasil. São Paulo: Cepagri/Unicamp,
2008.
ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation story?
2018.
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FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX – FTSE4GOOD.
FTSE4Good index inclusion criteria: thematic criteria and scoring Framework. FTSE, 2013.
GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE – GSIA. Global Sustainable Investment
Review, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ‒ IBGC. Código de melhores
práticas de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. 17 Objetivos para Transformar Nosso
Mundo, 2020. Consultado em meio eletrônico em: 6 jul. 2020.
PENTEADO, H. Ecoeconomia — uma nova abordagem. São Paulo: Lazuli, 2010.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What is responsible investment?
2020a. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for
responsible investment? 2020b. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE – TCFD.
Recomendações da força-tarefa para divulgações financeiras relacionadas às mudanças
climáticas. Tradução das recomendações internacionais, Brasil, 2020.
THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL
SYSTEM – NGFS. In: NGFS Annual Report 2019, 2020.
UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI. Making
waves: aligning the financial system with sustainable development. Genebra: UNEP-FI, 2018a.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI..
Rethinking Impact to Finance the SGDs. Genebra: UNEP-FI, 2018b.
EXPLORE+
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as
questões discutidas.
Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável, no site da associação.
/
Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio ambiente.
CONTEUDISTA
Maria Eugênia dos Santos Buosi
 CURRÍCULO LATTES
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