Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO TECNOLOGIA DE ALIMENTOS MÉLANE LAGO TIPOS DE EMBALAGENS: PLÁSTICOS Profª: Cátia Regina Storck Santa Maria 2018 1. INTRODUÇÃO Plásticos é uma palavra de origem grega que significa – algo que é capaz de ser moldado. São materiais sintéticos obtidos, atualmente, em sua maioria, a partir dos derivados de petróleo (SANTOS & SCHNETZLER, 2002). Os materiais plásticos estão sendo utilizados em grande escala em diversas áreas da indústria e, é comum observar que peças inicialmente produzidas com outros materiais como metal, vidro ou madeira, têm sido substituídos por peças de plásticos (WARTHA & ALÁRIO, 2005, p.46). Esta expansão se deve, principalmente pelas características, como baixo custo, peso reduzido, elevada resistência, variação de formas e cores, além de apresentar, muitas vezes, um desempenho superior ao do material antes utilizado por não passar aromas e gostos aos produtos (WARTHA & ALÁRIO, 2005, p.46). No mundo globalizado em que vivemos, o mercado de embalagens está totalmente engajado ao crescimento da economia, sendo que, quanto maior a produção de mercadorias, consequentemente é maior a necessidade de embalagens econômicas e versáteis. De acordo com Gentil (2006) esse contexto tem grande impacto no cotidiano da população, que por sua vez passa a utilizar mais as embalagens plásticas seja para transportar ou armazenar produtos. Galiazzi e Gonçalves (2004) relatam que o desenvolvimento da sociedade e as alterações dos estilos de vida têm promovido fortes mudanças nos hábitos alimentares do consumidor, estimulando a evolução da tecnologia de embalagem e favorecendo um considerável aumento da oferta de alimentos pré-prontos e embalados em recipientes plásticos. De acordo com Lopes (2003) as embalagens plásticas influenciam fortemente no processo de compra como instrumento na hora de escolher um produto, pois apresenta inúmeras vantagens para o consumidor tais como menor peso ao transportar até o seu lar, praticidade ao consumir, durabilidade do produto e algumas vezes reutilizáveis para outros fins, desta forma, a demanda se torna cada vez maior. Os plásticos fazem parte da família dos polímeros que são formados por macromoléculas caracterizadas pela repetição múltipla de uma ou mais unidades químicas simples, os monômeros, sendo unidas entre si por reações químicas chamadas de reações de polimerização. Por sua vez, o monômero é obtido a partir do petróleo MALDANER (2001). Existem muitos tipos de plásticos. Os mais rígidos, os fininhos e fáceis de amassar, os transparentes, mas os tipos mais consumidos atualmente são os Polietilenos (PE), Polipropilenos (PP), Poliestirenos (PS), Policloretos de vinila (PVC) e os Poliésteres (PET) (MALDANER, 2001). Segundo Maldaner (2001), de acordo com as suas características de fusão ou derretimento eles são divididos em dois grandes grupos, sendo eles: termoplásticos ou termorrígidos. Os termoplásticos são aqueles que amolecem ao serem aquecidos, podendo ser moldados, e quando resfriados ficam sólidos e tomam uma nova forma. Esse processo pode ser repetido várias vezes. Correspondem a 80% dos plásticos consumidos. Ex: polipropileno, polietileno. Já os termorrígidos ou termofixos são aqueles que não derretem quando aquecidos, o que impossibilita a sua reutilização através dos processos convencionais de reciclagem, como o poliuretano rígido (MALDANER, 2001) 2. TIPOS DE EMBALAGEM E APLICAÇÕES TERMOPLÁSTICOS PET – (polietileno tereftalado) Frascos de refrigerantes, produtos farmacêuticos, produtos de limpeza, mantas de impermeabilização e fibras têxteis, etc. PEAD – (polietileno de alta densidade) Embalagens para cosméticos, frascos de produtos químicos e de limpeza, tubos para líquidos e gás, tanques de combustível para veículos automotivos, etc. PVC – (policloreto de vinila) Frascos de água mineral, tubos e conexões de encanamento, calçados, encapamentos de cabos elétricos, equipamentos médico-cirúrgicos, esquadrias e revestimentos, etc. PEBD – (polietileno de baixa densidade) Embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos para lixo, lonas agrícolas, filmes flexíveis para embalagens e rótulos de brinquedos, etc. PP – (poliproprileno) Embalagens de massas e biscoitos, potes de margarina, seringas descartáveis, equipamentos médico-cirúrgicos, fibras e fios têxteis, utilidades domésticas, autopeças (pára-choques de carro), etc. PS – (poliestireno): Copos/ pratos descartáveis, placas isolantes, aparelhos de som e tv, embalagens de alimentos, revestimento de geladeiras, material escolar, etc. TERMORRÍGIDOS EVA – Poliacetato de Etileno Vinil Plásticos especiais de engenharia como CDs, eletrodomésticos, corpos de computadores, peças industriais e elétricas, peças para banheiro, pratos, travessas, cinzeiros, telefones, etc. (SANTOS, 2005) 3. CARACTERÍSTICAS As embalagens plásticas possuem características que dependem do tipo de material e de sua composição estrutural. Existem, portanto, filmes plásticos simples com limitadas características de proteção, como alta permeabilidade aos gases, ao vapor de água e irradiações luminosas, e ainda, as embalagens convertidas, ou seja, os laminados com propriedades de proteção semelhantes às dos recipientes de vidros e metálicos, isto é, quando uma folha de alumínio faz parte da estrutura do laminado (JORGE, 2013). Essas embalagens podem se apresentar como filmes plásticos para embalagens flexíveis, garrafas, potes, bandejas, copos, etc. (Tabelas 1 e 2) (JORGE, 2013). Tabela 1. Especificações de embalagens plásticas Características dimensionais e identificação Dimensões Peso Capacidade e nível de enchimento Distribuição de espessura Identificação da resina base Fonte: POÇAS; SELBOURNE; DELGADO, 2003. Tabela 2. Especificações de filmes plásticos Características dimensionais e identificação Distribuição de espessura Gramatura Identificação da resina base Fonte: POÇAS; SELBOURNE; DELGADO, 2003. 4. PROPRIEDADES DO MATERIAL Propriedades de embalagens plásticas Propriedades mecânicas Resistência à compressão Propriedades de barreira Permeabilidade (vapor de água, gases e luz) Hermeticidade Inércia Quantidade máxima residual Migração global e específica Propriedades de filmes plásticos Propriedades mecânicas Resistência à tração Resistência ao rasgamento inicial e sua propagação Coeficiente de atrito Propriedades de barreira Permeabilidade (vapor de água, gases e luz) Inércia Quantidade máxima residual Migração global e específica Fonte: BARÃO, 2011. 5. TIPOS DE PLÁSTICOS E APLICAÇÕES EM PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 1. PET Poli (tereftalato de etileno) Principais Aplicações: Garrafas de refrigerantes, águas, oleos de cozinha, molhos p/ saladas. 2. PEAD Polietileno de alta densidade Principais Aplicações: Potes de iogurtes, sorvetes, sucos. 3. PVC Policloreto de polivinila Principais Aplicações: Filme estirável, berço para biscoitos https://pt.wikipedia.org/wiki/Policloreto_de_vinila 4. PEBD Polietileno de baixa densidade Principais Aplicações: Sacos de leite, iogurtes, sacolas de compras. 5. PP Polipropileno Principais Aplicações: Potes de margarina, tampas, rótulos/embalagens. 6. PS Poliestireno Principais Aplicações: Embalagens p/ ovos, bandeijas. Fonte: PAINE & PAINE, 2011; HERNANDEZ et al., 2012 6. TECNOLOGIAS E PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO As embalagens plásticas são obtidas a partir de polímeros sintéticos, que tem derivados do petróleo como principal matéria prima, sendo um material com capacidade de ser moldado em condições especiais de calor e pressão (TRIBST, SOARES, AUGUSTO;2008). Podem ser produzidas pelos processos de extrusão, rotação, injeção e sopro. a. Extrusão No processo de extrusão, os grânulos são aquecidos e misturados mecanicamente em uma câmara, e posteriormente são forçados através de uma pequena abertura e resfriados com o uso de água ou ar. É um método usado para fabricar filmes plásticos (BARÃO, 2011). b. Rotação Na rotação os grânulos de resina são aquecidos e resfriados em um molde que pode ser girado em três dimensões. Assim, a rotação distribui o plástico uniformemente ao longo das paredes do molde. Este processo é utilizado para fazer objetos plásticos grandes e ocos como brinquedos, móveis, equipamentos esportivos (BARÃO, 2011). c. Injeção No processo de injeção, os grânulos de resina são aquecidos e misturados mecanicamente em uma longa câmara, forçados sob alta pressão para dentro de um molde que já se encontra resfriado. É o processo mais utilizado na fabricação de plásticos, quando produzidos em alta escala, devido a facilidade de automação, baixo custo de mão de obra operacional e matéria prima. Entretanto, apresenta desvantagens como o elevado custo dos moldes, o baixo lucro por força da concorrência e a falta de mão de obra especializada. A injeção é usada para fabricação de tampas, copos e bandejas (BARÃO, 2011). d. Sopro Técnica utilizada juntamente à moldagem por extrusão ou injeção, onde os grânulos de resina são aquecidos e comprimidos em um tubo líquido. A resina entra no molde frio e o ar comprimido é soprado para dentro do tubo da resina. O ar então expande a resina contra as paredes do molde. É o método utilizado para fazer garrafas plásticas (BARÃO, 2011). 7. ADITIVOS EMPREGADOS Aos materiais plásticos de embalagens são adicionados aditivos, em pequenas quantidades, cujo objetivo é mudar as características do material de base ou facilitar seu processamento. O aditivo não deve volatilizar durante o processamento, exsudar (transpirar) para a superfície do material, precipitar ou cristalizar fora da matriz polimérica ou formar depósitos em determinadas regiões do plástico (JORGE, 2013). O aditivo também não pode ser passível de extração por líquidos com os quais venha a entrar em contato, nem migrar para estes produtos. Enquanto os aditivos inorgânicos insolúveis, como pigmentos, não tendem a migrar ou exsudar, os aditivos solúveis de baixo peso molecular, como os plastificantes, tendem a exsudar durante o processamento e a utilização do material, podendo ser veículo para a migração de outros aditivos solúveis, como os estabilizantes (JORGE, 2013). Os aditivos são essenciais ao processo de transformação em embalagem, assim, resinas puras são raramente processadas. Os aditivos incorporados em uma resina variam conforme o tipo e aplicação. Entre suas funções pode-se destacar o melhoramento das condições de processamento, aumento da estabilidade da resina à oxidação, obtenção de melhor resistência ao impacto, aumento ou diminuição da dureza, controle da tensão de superfície, controle de bloqueio, redução de custos e aumento da resistência à chama (SARANTÓPOULOS et al, 2002). As principais classes de aditivos empregadas no processo de conversão de embalagens e suas funções são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Principais classes de aditivos empregadas no processo de conversão de embalagens e suas funções. Aditivo Exemplos de polímeros Função Antioxidantes PP, PE, PS, PP Inibir ou retardar degradações termo- oxidativas Estabilizantes ao calor PE. PP. PVC, PVDC Proteger o polímero da decomposição devido ao efeito das altas temperaturas utilizadas no processo de transformação Plastificantes PVC, PVDC Reduzir temperatura de processamento; Tornar o produto acabado mais flexível Estabilizantes à luz UV PVC, PE, PP, PET, PS Proteger o polímero da degradação induzida pela radiação UV Lubrificantes PVC Reduzir a tendência de plásticos a aderirem a superfícies Agentes deslizantes Poliolefinas Promover a remoção de plásticos de moldes ou cavidades Corantes Uso geral Promover melhor aspecto visual; Evitar a penetração de luz para o interior da embalagem Agentes anti embaçantes PVC Evitar a opacidade pela condensação de vapor de água na superfície interna da embalagem Agentes nucleantes PET, PP Reduzir o tamanho de cristais na estrutura polimérica auxiliando na manutenção da transparência e claridade da embalagem Agentes anti estáticos PE, OS, PP, PET, PAN, PVC Tornar a superfície do plástico mais condutiva; Melhor a “maquinabilidade” Cargas Reduzir custos e/ou melhor propriedades mecânicas (rigidez) Fonte: FABRIS, FREIRE, REYES, 2006 REFERÊNCIAS BARÃO, M. Z. Embalagens para produtos alimentícios. Dossiê técnico, Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. TECPAR: Instituto de Tecnologia do Paraná, 2011. CABRAL et al. Apostila de embalagem para alimentos. Campinas,1984. 335 p. FABRIS, S.; FREIRE, M. T. A.; REYES, F. G. R. Embalagens plásticas: tipos de materiais, contaminação de alimentos e aspectos da legislação. Rev. Bras. De Toxicologia, v. 19, n. 2, p. 59-70, 2006. GALIAZZI, M. C.; GONÇALVES, F. P. A natureza da globalização. Nova Cara, 2004, n.27, 326-331. GENTIL, V. Grande aumento na produção de matéria prima. 4. ed., Rio de Janeiro: LTC, 2006. HERNANDES, R., J.; SOLON, S., E.; M. MORAIS, J. Perfil da Indústria Brasileira na utilização de Material Plástico. São Paulo, 2012. JORGE, N. Embalagens para alimentos. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró Reitoria de Graduação, 2013. LOPES, A. R. C. Conhecimento da ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 2003. MALDANER, O. A. O que são polímeros. Química Nova, v.22, n.2, 2001. PAINE, F. A.; PAINE H.Y. Embalagens Plásticas. Campinas, 2011. POÇAS, M. F.; SELBOURNE, M. C.; DELGADO, T. A embalagem para produtos alimentares. Porto: ESB/UCP, 2003. SARANTÓPOULOS et al. Embalagens plásticas flexíveis: principais polímeros e avaliação de propriedades. Campinas: CETEA/ITAL, 2002. SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S. Química dos plásticos, Volume único, São Paulo: Nova Geração, 2005. SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Função Social: Informação para formar cidadão. Rev. Química Nova na Escola, n.4, nov. 2002. TRIBST, A. A. L.; SOARES, B. M. C.; AUGUSTO, P. E. D. Papel da embalagem na integridade dos alimentos. Nutrição Profissional, v. 21, set./out, 2008. WARTHA, E. J.; ALARIO, A. F. A Contextualização no Ensino de Química Através do Livro Didático. Rev. Química Nova na Escola, n.22, 2005.
Compartilhar