Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR Hormônios tireoidianos ANATOMIA E FISIOLOGIA DA TIREOIDE É composta por lobo direito e lobo esquerdo com localização antero-lateral a traqueia. Normalmente os lobos são conectados por um istmo. A glândula recebe aporte sanguíneo rico e é drenada por 3 veais (tireoide sup, média e inferior). Recebe inervação simpática – vasomotora, mas não secretomotora. Contém grande número de folículos fechados cheio de substância secretora (coloide) que são revestidos por células epiteliais cuboides - tireócitos (secretoras para o interior dos folículos). Os tireócitos estão sob uma lamina basal (parte mais externa do folículo) e é envolvida por rico suprimento capilar. O coloide é constituído em sua maior parte pela glicoproteína tireoglobulina molécula que contem os hormônios tireoidianos. É secretada e iodada pelas células foliculares. As células C (parafoliculares) são responsáveis pela secreção de calcitonina 1. Produção da glicoproteína 2. Liberação nos folículos 3. Reabsorção pelo epitélio folicular para o sangue. 4. Ligação a proteínas transportadoras 5. Ação: inicio lento, longa duração OBS: os hormônios podem ser armazenados para suprir a necessidade até 2-3meses. Efeitos fisiológicos após parada de síntese só aparecem depois. HORMÔNIOS TIREOIDEANOS A tireoide secreta 2 hormônios principais: tiroxina (T4) que corresponde a 93% e triiodotironina (T3) que corresponte a 7%. Ambos com função de elevar o metabolismo. OBS: há produção (cerca de 1%) de rT3 uma forma inativa. Quase toda a tiroxina é convertida em triiodotironina nos tecidos por desiodação pela ação das desiodases específicas para tironina. Desiodase tipo 1 – ocorre em tecidos com alto fluxo sanguíneo e rápida troca plasmática (fígado, rins, musculatura esquelética) Fornece t3 circulante para ser captado pelos tecidos. Também é expressa na tireoide, porém com baixa afinidade. Ficam aumentados no hipertireoidismo e contribuem para os elevados níveis circulantes de T3 . Desiodase tipo 2 – no cérebro, expressa pelas células da glia. Mantém a Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR concentração de t3 mesmo quando t4 reduz. Na pituitária age como sensor do eixo tireóideo t4 circulante diminui a secreção de TSH. Está aumentada no hipotireoidismo, mantendo níveis altos de t3 no cérebro. Desiodase tipo 3 – converte T4 em rT3. Está aumentada durante o hipertireoidismo, ajudando a moderar a superprodução de t4. Desiodase 1 Desiodase 2 Desiodase 3 Hipo + Mantém nível de t3 no cérebro Hiper + Causa t3 circulante elevado + Modera a superprodução de t4 Ambos têm função igual, diferem apenas em velocidade e intensidade de ação. A triiodotironina é cerca de 4x mais potente, está presente no sangue em menor quantidade e persiste por menos tempo. Caso haja falta total dos hormônios pode haver redução para 40-50% do metabolismo basal normal, enquanto o excesso de secreção pode aumenta-lo por 60-100%. Controle: hormônio estimulante da tireoide TSH (secretado pela hipófise anterior). O metabolismo e a produção são regulados através do eixo hipotálamo-pituitária- tireoide. OBS: A tireoide também secreta calcitonina importante para o metabolismo do cálcio. Patologias são comuns em mulheres e são causadas em sua maioria por desordens que afetam diretamente a glândula, patologia da pituitária ou uso de fármacos que alteram a síntese ou metabolismo dos hormônios. BALANÇO DE IODETO É ativamente concentrado em glândula tireoide, salivar, gástricas, lacrimais, mamárias e no plexo coroide. Aproximadamente 70-80ug são captados pela treoide do sangue circulante que contem (250- 750ug) Cerca de 1% é liberado diariamente pela glândula (75% como hormônio e 25% como iodeto livre) Quando há queda no nível sérico a excreção renal também cai 1. O iodo é bombeado pela membrana basolateral dos tireócitos para dentro das células através de simporte sódio-iodeto (NIS). o 1 íons iodeto + 2 íons sódio o Bomba inibida por: iodeto e citocinas inflamatórias. o Bomba estimulada por: TSH SÍNTESE DOS HORMÔNIOS Precursores: iodetos e tireoglobulina Esquema geral 1. Transporte do iodeto no sentido basolateral lúmen 2. Síntese de tireoglobulina e secreção no lúmen 3. Sìntese de iodotironinas: próximo a membrana apical. 4. Secreção: endocitose mediada por receptor da tireoblobulina iodada movimento apical-basal 5. Fusão do endossomo com o lisossomo: degradação liberação dos hormônios Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR tireoideanos do esqueleto peptídico da tireoglobulina 6. Passagem pela membrana basolateral (provalmente por transporte específico) para o sangue. OBS: há vias que reutilizam o iodeto e os aminoácidos após a digestão enzimática da tireoglobulina. A energia provém da bomba sódio-potássio- ATPase que bombeia sódio para fora da célula, reduzindo a concentração de sódio intracelular e produzindo gradiente de difusão facilitada para dentro da célula. A captação do iodo é influencida pelo TSH que estimula a atividade da bomba de iodeto nas células tireoidianas. BIOQUÍMICA Síntese: Tireoglobulina secretada é iodada e forma monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT) Reações 2 DIT T4 DIT + MIT T3 Reações catalisadas pela tireoperoxidase (TPO) Oxidante: H202 Secreção: Estocagem de tireoglobulina iodada no lúmen. Tireoglobulina liga ao receptor megalina endocitose e degradação lisossomal MIT e DIT desiodadas pela desiodase intratireoidea Reciclagem de iodeto e aminoácidos TRANSPORTE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREÓIDEOS T4 e T3 circulação sanguínea, ligados a proteínas. Proteína ligante: globulina ligadora da tiroxina (TBG) – sintetizada no fígado e liga uma T4 ou de T3. o Cerca de 70% T3 e T4 está ligada a TBG Proteína ligante: TTR – 10-15% Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR Os hormônios são liberados lentamente para os tecidos devido a alta afinidade das proteínas plasmáticas ligantes com os hormônios tireoidianos. o Tiroxina (T4) possui mais afinidade liberada ½ da sanguínea a cada 6 dias. o Triiodotironina (T3) possui menor afinidade, liberada em cerca de 1 dia. Maior parte dos receptores celulares tem grande afinidade por ela. AÇÃO Ao penetrar na célula os hormônios se ligam a proteínas intracelulares o Tiroxina realiza ligação mais forte que a triiodotironina o Armazenadas na célula alvo o Usadas lentamente Ação tem início lento e longa duração Triiodotironina – 4x mais rápida que a tiroxina. Mecanismo de ação geral: Genômicos - Aumento de transcrição dos genes síntese de grande número de enzimas, proteínas estruturais, transporte de proteínas e outras substâncias. Ativam receptores nucleares receptores tireoidianos ligados a fitas de DNA forma heterodímero com receptor retinoide X (RXR) Não genômicos - Regulação dos canais iônicos e fosforilação oxidativa e parece envolver a ativação de mensageiros secundários intracelulares como o AMP cíclico ou cascata de sinalização das proteinocinases. Aumento da atividade das mitocôndrias: hiperplasia e hipertrofia Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR Aumento do transporte ativo de íons através da membrana (gasto de energia). Membrana celular mais permeável ao sódio, aumentando a ativação da bomba de sódio e produção de calor. Retardo do crescimento (hipotireoidismo), crescimento esquelético excessivo (hipertiroidismo). fechamento precoce de epífises (altura final pode ficar reduzida) Promoçãodo crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós-natal. EFEITOS CARDIOVASCULARES Efeitos em geral causados pelo aumento da produção de calor e CO2 nas células. Aumento da frequência cardíaca aporte suficiente de O2 para os tecidos. Tempo de relaxamento diastólico reduzido Pressão sistólica modestamente aumentada e diastólica reduzida Diminuição da resistência vascular (dilatação das artérias) volume total aumentado pela ativação do eixo renina- angiotensina-aldosterona aumentando a reabsorção renal tubular de sódio. REGULAÇÃO DA FUNÇÃO DA TIREOIDE Regulado pelo eixo pituitário-hipotalâmico Controle por sensível retroalimentação negativa Pituitaria – sensor a partir de t4 livre reduz TSH Hormonios realizam feed back – na expressão de genes do TRH Altas concentrações de iodeto suprimem a atividade da NADPH-oxidase e dos genes NIS e TPO efeito Wolff-Chaikof. Ingestão de alimentos calóricos aumenta a produção e concentração, enquanto jejuns prolongados levam a diminuição. TSH: o Ação imediata Indução da extensão de pseudópodes, endocitode de coloide e formação de gotículas de coloide no citoplasma (tireoglobulinas endocíticas). Estimulação da entrada de glicose para a geração de NADPH necessário para a reação da peroxidase. Estimula a proteólise da tireoglobulina e tibera T4 e T3. o Ação intermediária: após horas ou dias. Síntese de proteínas expressão de genes (incluindo codificadores de NIS, tireoglobulina, tpo e megalina) o Ação prolongada: Hipertrofia e hiperplasia de células foliculares. Proliferação de capilares e aumento do fluxo sanguíneo na tireoide. Produção local de fatores de crescimento. OBS: Há aumentos noturnos da secreção de TSH e liberação de T4 HIPOTIROIDISMO É a produção insuficiente de hormônios da tireoide Primária: Níveis de T3 e T4 baixos TSH alto Secundária e terciaria: Hormônios e TSH reduzidos Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR Hipotiroidismo em crianças Causa mais comum em crianças: deficiência de iodeto, mas pode ser causada por defeitos congênitos (glândula tireoide não desenvolvida). Cretinismo (retardo mental grave, baixa estatura, face grosseira, língua protusa). Bebes com hipotireoidismo parecem normais devido aos hormônios da mãe. Tireoidite linfocitica (doença de Hashimoto): Adultos com hipotireoidismo sem deficiência de iodeto podem apresentar atrofia idiopática da glândula precedida por reação inflamatória autoimune crônica. Anticorpos produzidos afetam síntese hormonal, o crescimento ou podem ser citotóxicos. Outras Danos radioquimicos Remoção cirúrgica Bócio nodular Doença pituitária Doença hipotalâmica MANIFESTAÇÕES Taxa metabólica menor Ganho de peso Termogênese reduzida Redução da sudorese/pele seca Atividade adrenérgica reduzida bradicardia Movimentos, fala e raciocínio lentos Letargia, sonolência e ptose Mixedema: acumulo de matriz celular rosto inchado, aumento da língua, rouchidão, rigidez das articulações, efusões nos espaços pleural, pericárdico e cranial Constipação Perda de cabelo Disfunção menstrual Anemia FISIOPATOLOGIA Deficiência de iodo não regulação do TSH estimula crescimento Degradação autoimune da glândula (Doença de Hashimoto) Alimentos com atividade bociogênicas nabo e repolho. Arterosclerose: aumento da concentração sanguínea de colesterol, devido a alteração do metabolismo dos lipídios e do colesteroal e a redução da excreção hepática na bile. DIAGNÓSTICO DE HIPOTIROIDISMO Hemograma T4 livre baixo Elevação de colesterol total e LDL Elevação transaminases, CPK, DHL, CEA Elevação de PCR, hemocisteína, lipoproteína Redução de sódio sérico Elevação das proteínas do liquor ECG: baixa voltagem, distúrbios de condução e mudanças inespecíficas do ST-T Elevação da prolactina, ADH, PTH Queda de testosterona, estradiol e hormônio do crescimento e liberador de gonadotrofina TSH – rastreio ensaios imunométricos não isotópicos (IMA), utilização de anticorpos monoclonais. deve ser associado a dosagem de T4 livre. USG ou Doppler Avaliação de tamanho ecogenicidade – hipo tem valor preditivo positivo de 94% Amanda Rodrigues Pereira Acadêmica Medicina UFR TRATAMENTO DO HIPOTIROIDISMO Reposição hormonal Levotiroxina isômero de T4 ( é melhor pois possui mais tempo de permanência e corre menos risco de uma superdosagem, uma vez que a regulação será endógena) Os níveis séricos devem ser monitorados a cada 6 meses. Interação medicamentosa Ex: certas resinas, como o polistireno sulfonato de sódio (Kayexelate®) e a colestiramina, podem diminuir a absorção de T4. Fármacos que aumentam a atividade de certas enzimas P450 hepáticas (rifampicina e fenitoína) aumentam a excreção hepática de T4. Nesses casos, pode ser necessário aumentar a dose suplementar de T4 para manter um estado eutireóideo.
Compartilhar