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MANUALDEPRÁTICAPENAL2ª FASEdo Examede Ordem

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MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 1I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
�
�
�
Principais peças
Teses de defesa
Provas passadas resolvidas, passo a passo
MANUAL DE
PRÁTICA
PENAL
2ª FASE
do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO
SOBRE NÓS
No começo, éramos menos de dez.
Após a alegria da aprovação, convidamos mais alguns 
amigos. Aprovados, trouxeram os amigos dos amigos.
Desde então, o ciclo se repete. No início, conhecíamos 
os aprovados pelos nomes. Hoje, não sabemos dizer 
quantas são as histórias de sucesso.
Este manual foi escrito para que você, querido leitor, 
em breve, esteja do lado de cá, ajudando as futuras 
gerações após a sua aprovação.
Até o dia da vitória, conte com o nosso apoio.
O seu sucesso é imprescindível para que a nossa 
corrente jamais acabe.
Assinado,
Apenas um elo.
SOBRE A 1ª EDIÇÃO
Comentamos todas as provas passadas, peças e ques-
tões. No entanto, em razão de um orçamento aperta-
do – não temos patrocinadores -, tivemos um limite de 
cem páginas para a primeira edição. De coração partido, 
tivemos de escolher quais peças estariam na primeira 
edição. Optamos por uma de cada, e mais de uma das 
principais. As questões, infelizmente, ficaram de fora.
Todavia, com este manual, o leitor tem o suficiente 
para a aprovação na segunda fase do Exame de Ordem. 
Apesar da limitação de páginas, conseguimos abordar o 
que há de mais importante na preparação.
Muita atenção às teses de defesa cobradas nas provas 
passadas. A FGV é repetitiva no que pede. Há mais de 
dois mil anos, Sun Tzu já dizia: conheces teu inimigo e co-
nhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, 
cem vezes será vitorioso. Quem conhece as provas pas-
sadas do Exame de Ordem está mais próximo da apro-
vação. Por esse motivo, fizemos um levantamento de 
tudo o que já caiu como tese de defesa (ou acusação).
Também fizemos um resumo ensinando quais são as 
principais peças de prática penal. Embora, em um pri-
meiro momento, a maior preocupação do examinando 
diga respeito à identificação da peça cabível, você, lei-
tor, perceberá que o reconhecimento da peça a ser feita 
é tarefa fácil. Isso porque as peças não se confundem. 
Cada uma tem um momento processual específico e 
um objetivo a ser buscado.
Por fim, a cereja do bolo: como resolver as provas passa-
das do Exame de Ordem, passo a passo. Consideramos 
a parte mais importante deste manual. Ao longo desses 
anos, descobrimos alguns erros sempre presentes nas 
provas de quem fez as edições passadas do Exame de 
Ordem. Para que isso não volte a ocorrer, atenção às 
dicas trazidas nos comentários, a cada trecho dos mo-
delos elaborados.
3
A ESCOLHA DO 
VADE-MÉCUM
Para a solução das provas passadas, decidimos uti-
lizar apenas o vade-mécum, afinal, o leitor não terá 
o Google ou outras facilidades na segunda fase do 
Exame de Ordem. O nosso escolhido foi o da Editora RT, 
10ª edição, de 2018, para a OAB e concursos – aquele 
das carinhas.
Entretanto, a escolha não foi por acaso. Como ninguém 
gosta de sofrer por não encontrar um determinado as-
sunto no vade-mécum, fizemos um levantamento das 
principais publicações do mercado. O procedimento foi 
o seguinte: fizemos o sorteio de algumas provas pas-
sadas e, com os enunciados impressos, procuramos as 
livrarias mais próximas de nossas casas. Por lá, havia os 
seguintes vade-mécuns:
Vade-Mécum OAB - Saraiva - 16ª edição - 2018.
Vade-Mécum Penal - Saraiva - 2ª edição - 2018.
Vade-Mécum Penal - JusPodivm - 3ª edição - 2018.
Vade-Mécum OAB e Concursos - RT - 10ª edição - 2018.
Vade-Mécum Universitário - Rideel - 24ª edição - 2018.
Vade-Mécum Blog Exame de Ordem - Rideel - 2018.
Vade-Mécum Concursos/OAB - Método - 5ª edição - 2018.
Resolvemos as provas selecionadas com cada um dos 
vade-mécuns da lista, e o da RT demonstrou ser o me-
lhor, com as remissões mais úteis. Tivemos a impressão 
de que os organizadores fizeram um levantamento das 
primeiras provas da FGV ao elaborá-lo. Contudo, mes-
mo no escolhido, encontramos alguns problemas.
4
Enquanto elaborávamos este texto, a Rideel passou 
a oferecer o vade-mécum missioneiro, do professor 
Nidal. Tivemos a oportunidade de conversar com ele a 
respeito da publicação e, aparentemente, é melhor do 
que o da RT, utilizado neste manual – mas, como ain-
da não está disponível, não o adotamos, por enquan-
to. A JusPodivm também lançou um novo vade-mécum 
para a OAB. Pela descrição trazida no site, parece trazer 
algumas novidades, mas não tivemos como analisá-lo. 
Talvez, em uma próxima edição do manual.
Portanto, a nossa conclusão, por enquanto, é a seguin-
te: dos vade-mécuns analisados, o da Editora RT é, sem 
dúvida alguma, o melhor do mercado. Exceto em um 
momento ou outro, não tivemos dificuldade para resol-
ver as provas passadas com ele. Todavia, pelas informa-
ções dadas pelo professor Nidal, o vade-mécum por ele 
lançado será o melhor para o XXVII Exame de Ordem, 
pois solucionou – segundo ele - problemas graves dos 
demais vade-mécuns, a exemplo da falta de um índice 
remissivo nas Súmulas do STF e do STJ.
5
Em todas as provas, alguns erros se repetem em nos-
so grupo de estudos. Para que o leitor não repita esses 
mesmos erros, os dez mandamentos da segunda fase 
do Exame de Ordem:
1º. Mencione o juízo, a comarca ou o Estado do enun-
ciado: se o enunciado disser que o processo está tra-
mitando na 1ª Vara Criminal da Comarca de Vila Bela 
da Santíssima Trindade/MT, qualquer peça deverá ser 
a ela endereçada, com todos esses dados, e não à 1ª 
Vara Criminal da Comarca ... ou XXX.
2º. Não corrija a incompetência no endereçamento: 
se o processo está correndo em uma vara da Justiça 
Estadual, mas a competência é da Justiça Federal, en-
derece a peça ao juízo incompetente e, como tese, sus-
tente a incompetência. Se, no exemplo, a peça estiver 
endereçada à Justiça Federal, o juiz federal não saberá 
o que fazer com a sua petição, afinal, não há nenhum 
processo com ele.
3º. Não faça uma peça desorganizada: imagine ter de 
corrigir dezenas ou centenas de peças. Em algum mo-
mento, o examinador ficará cansado e não empreende-
rá muito esforço para entender a sua resposta. Em con-
sequência, quem fizer uma peça desorganizada sofrerá, 
provavelmente, prejuízos à nota por erro de correção. 
Facilite a vida do examinador e evite erros de correção 
em sua peça.
4º. Não faça hieróglifos em sua peça: embora a tia 
do jardim de infância se esforçasse para entender gar-
ranchos, não espere a mesma postura do examinador. 
Perdemos as contas das histórias de reprovação por 
não ter o examinador compreendido o que o examinan-
do quis dizer.
OS ERROS MAIS COMUNS 
NO EXAME DE ORDEM
6
5º. Não escreva com outras palavras o que está escrito 
na lei, em Súmula ou no enunciado: o Exame de Ordem 
não é o ambiente para momentos de criatividade. Se 
a lei fala em diminuição, diga diminuição em sua peça, 
e não em redução ou outro sinônimo. Entenda: o exa-
minador utilizará no gabarito as mesmas palavras da 
fundamentação por ele adotada. Não há como pontu-
ar sinônimos. Em uma prova passada, um examinando 
decidiu substituir exclusão da ilicitude por extinção da 
ilicitude. O motivo: não repetir o que diz a lei para não 
parecer que simplesmente copiou o que está no vade-
-mécum. A consequência: recebeu zero no quesito. No 
entanto, no Exame de Ordem, o que se pontua é exata-
mente o uso das mesmas palavras da lei, ou Súmula ou 
do próprio enunciado do problema.
6º. Fale tudo em duplicidade: este erro é clássico quan-
do o assunto é reprovação. Em algumas peças (ex.: me-
moriais), o gabarito da FGV tem uma peculiaridade: 
tudo o que é dito no do direito também é pontuado no 
do pedido¸ em duplicidade. Se houver um quesito para 
a absolvição no do direito, outro igual estará no do pe-
dido.No XXIII Exame de Ordem, por exemplo, a absol-
vição foi pontuada no quesito n.º 4-A, avaliado em três 
décimos, e no quesito 11.1, avaliado em um décimo. 
Portanto, quem pediu a absolvição somente no do pe-
dido, recebeu apenas um décimo. Para receber todos 
os quatro décimos, também deveria ter falado da ab-
solvição no do direito. O lado bom disso: ao identificar 
um pedido, o examinando tem dois quesitos do gabari-
to garantidos.
7º. Sustente todas as teses favoráveis: outro clássico 
da reprovação. Quando é publicado o gabarito, muitos 
dizem: percebi a tese X, mas não a aleguei por pensar 
que estava errada. Sempre que perceber alguma tese, 
alegue-a. Se ela não estiver no gabarito, nenhum ponto 
será perdido. O problema é se a tese estiver no gabarito 
e o examinando não a sustentar, quando a pontuação 
será perdida.
7
8º. Aprenda a contar prazos: em uma prova passada, 
um examinando estava perguntando qual é a melhor 
técnica para saber em qual dia da semana caiu uma de-
terminada data. Outro perdeu noites de sono memori-
zando quais foram os anos bissextos da última década. 
Não há motivo para isso. Entenda: os dias da semana só 
existem quando a banca os mencionar no enunciado. 
Se a banca disser que o dia 4 de fevereiro foi uma se-
gunda-feira, considere a informação como verdadeira. 
Por outro lado, se dito que a intimação ocorreu no dia 
4 de fevereiro, mas sem qualquer menção ao dia da se-
mana, a contagem deverá considerar que não existe dia 
da semana. Outro erro em relação ao prazo se dá em 
peças com prazos diversos para a interposição e para as 
razões, a exemplo da apelação. Ao interpor uma apela-
ção, a data das duas peças (interposição e razões) deve 
ser a mesma, e não o prazo de cinco dias para a interpo-
sição e oito para as razões. Entenda: é possível interpor 
a apelação em um dia e juntar as razões em outro (por 
isso o CPP prevê os dois prazos). Contudo, no Exame de 
Ordem, as duas estão sendo oferecidas no mesmo dia, 
no mesmo ato, devendo a data ser igual.
9º. Leia tudo a respeito da tese defendida: se o cliente 
foi condenado pelo crime de furto, por exemplo, leia 
tudo a respeito do art. 155 do CP – inclusive as remis-
sões. Isso porque a resposta pode estar em alguma 
Súmula do STF ou do STJ, cuja remissão foi feita após 
o dispositivo. Ademais, leia as disposições gerais a res-
peito do delito. No furto, por exemplo, nas disposições 
gerais (CP, arts. 181, 182 e 183), há até causas de isen-
ção de pena.
10º. Saiba utilizar o índice alfabético-remissivo: o 
índice remissivo é um Google em seu vade-mécum. 
Com ele, é possível encontrar com facilidade qualquer 
tema em suas mais de duas mil e quatrocentas páginas 
(no caso do vade-mécum da RT, utilizado na elabora-
ção deste manual). Se, em algum momento da prova, 
o leitor passar a chacoalhar o vade-mécum em busca 
de resposta, como quem tortura alguém em busca de 
confissão, pare tudo e respire fundo. Não há como en-
contrar a resposta com a leitura, página por página, do 
vade-mécum. Sem o índice remissivo, é impossível loca-
lizar as respostas.
8
9I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO
Um dos maiores receios de quem inicia o preparo para a segunda fase do Exame de Ordem é a cor-
reta identi fi cação da peça cabível. A preocupação é justa, afi nal, ao errar a peça, não há como evitar 
a reprovação.
Todavia, em práti ca penal, confundir as peças é algo prati camente impossível. Dizemos isso por-
que, em regra, a FGV pede um pequeno grupo de peças – as principais -, e cada uma destas peças 
tem um momento processual específi co, inconfundível. Vejamos quais foram as peças cobradas nas 
provas passadas:
 Exame de Ordem 2010.2: resposta à acusação.
 Exame de Ordem 2010.3: recurso em senti do estrito.
 IV Exame de Ordem: pelação.
 V Exame de Ordem: apelação.
 VI Exame de Ordem: relaxamento da prisão em fl agrante.
 VII Exame de Ordem: apelação.
 VIII Exame de Ordem: resposta à acusação.
 IX Exame de Ordem: memoriais.
 X Exame de Ordem: revisão criminal.
 XI Exame de Ordem: recurso em senti do estrito.
 XII Exame de Ordem: apelação.
 XIII Exame de Ordem: apelação.
 XIV Exame de Ordem: memoriais.
 XV Exame de Ordem: queixa-crime.
 XVI Exame de Ordem: agravo em execução.
I. COMO 
IDENTIFICAR A 
PEÇA CABÍVEL
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 10I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
 XVII Exame de Ordem: memoriais.
 XVIII Exame de Ordem: apelação.
 XIX Exame de Ordem: contrarrazões de apelação.
 XX Exame de Ordem: memoriais.
 XXI Exame de Ordem: resposta à acusação.
 XXII Exame de Ordem: apelação.
 XXIII Exame de Ordem: memoriais.
 XXIV Exame de Ordem: agravo em execução.
 XXV Exame de Ordem: na prova nacional, resposta à acusação; na reaplicação, 
 em Porto Alegre/RS, apelação.
 XXVI Exame de Ordem: memoriais.
Com base no levantamento anterior, é possível perceber que a banca sempre cobra as mesmas 
peças. A apelação foi cobrada em sete edições da prova (oito, se considerarmos quando caiu na 
forma de contrarrazões). Memoriais, seis vezes (sete, se incluída a reaplicação em Porto Velho/RO). 
Contudo, não se trata de coincidência. A FGV sempre pede as peças que comportam o maior núme-
ro possível de teses – portanto, mais difí ceis. Para as provas futuras, isso não deve mudar. Dizemos 
isso porque, quando a banca quer fazer uma prova realmente difí cil, ela exagera no número de teses 
que devem ser sustentadas, mas cobra as peças principais, que são as que, de fato, comportam plu-
ralidade de teses. Veja os seguintes exemplos:
(a) Carta testemunhável: a peça nunca caiu em uma segunda fase. É cabível quando, interposto 
um outro recurso, o juízo recorrido indefere a remessa deste recurso à instância superior. 
Ou seja, tudo o que o examinando tem de fazer é demonstrar que o recurso anteriormente 
interposto obedece ao que a lei determina (tempesti vidade, legiti midade etc.). Se o recurso 
denegado foi um recurso em senti do estrito, basta a leitura dos arts. 581 a 591 do CPP para 
localizar a resposta.
(b) Memoriais: a banca pode pedir diversas nulidades (na citação, na audiência etc.), causas 
de exti nção da punibilidade (ex.: prescrição), várias teses de mérito (crime impossível, erro 
de ti po etc.) e teses de excesso na punição (pena-base no mínimo legal, atenuantes, afas-
tamento de majorantes, sursis etc.). Portanto, se a FGV quiser fazer uma prova realmente 
difí cil, optará por memoriais, que comporta as mais diversas teses, e não por uma peça 
desconhecida, como a carta testemunhável, que não tem muito o que ser pedido.
Para a identi fi cação da peça cabível, o leitor deve, antes de mais nada, identi fi car o rito processual 
trazido no problema. Geralmente, a banca traz o rito comum, aplicável a prati camente todos os de-
litos (roubo, furto, estupro etc.). Veja o seguinte exemplo:
No dia 1º de janeiro de 2018, João foi preso em fl agrante pela práti ca do crime de roubo.
Na lavratura do auto de prisão em fl agrante, a autoridade policial não permiti u a comunicação do 
preso com seu advogado.
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 11I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Peças cabíveis: o relaxamento da prisão em fl agrante, por existi r ilegalidade no fl agrante. O objeti -
vo é demonstrar a ilegalidade da prisão e assegurar a soltura de João. Se o fl agrante esti vesse dentro 
da legalidade, mas ausentes os requisitos da prisão preventi va, a peça seria a liberdade provisória, 
onde seria sustentada a ausência dos requisitos para a conversão do fl agrante em preventi va.
Concluído o inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João pela práti ca do 
delito de roubo.
A denúncia foi recebida e João foi citado para se manifestar.Peça cabível: por ter sido citado, trata-se da primeira defesa a ser oferecida no processo. Ou seja, 
resposta à acusação, em que o examinando deve buscar vícios processuais (especialmente, no rece-
bimento) e a absolvição sumária.
Recebida a resposta à acusação, o juiz designou data para a realização da audiência de instrução 
e julgamento. Concluída a audiência, as partes deveriam ter oferecido, oralmente, suas alegações 
fi nais. No entanto, em razão da complexidade do caso, o magistrado preferiu as alegações fi nais 
por escrito.
Peça cabível: em regra, as alegações fi nais devem ser oferecidas oralmente. Todavia, em alguns 
casos, isso não é possível – imagine, por exemplo, um processo com dez réus. Para essas situações, 
o juiz permite as alegações fi nais por escrito, ou por memoriais. Em memoriais, o examinando deve 
buscar tudo o que for favorável ao acusado: teses de falta de justa causa, nulidades, causas de ex-
ti nção da punibilidade e, subsidiariamente, em caso de condenação, benefí cios referentes à pena a 
ser aplicada.
Recebidos os memoriais, o juiz condenou João pela práti ca do delito de roubo.
Peça cabível: sempre que o enunciado tratar de uma decisão de juiz de primeira instância, veja se 
não é o caso de recurso em senti do estrito (CPP, art. 581). Caso a decisão do magistrado não esteja 
no rol de hipóteses, que é taxati vo, faça apelação. Em apelação, temos uma situação mais confortá-
vel em relação aos memoriais. Isso porque, em memoriais, ainda não sabemos o que o juiz decidirá. 
Por isso, devem ser pedidas todas as teses possíveis. Em apelação, no entanto, o enunciado traz a 
decisão do juiz, bastando rebater o que diz a sentença. Ou seja, o enunciado da peça já diz quais 
são as teses de defesa que devem ser sustentadas. Ademais, se o problema disser que a outra parte 
ofereceu apelação ou outro recurso (RESE, agravo em execução etc.), o examinando deve oferecer 
contrarrazões ao recurso interposto, em exercício do contraditório.
A apelação foi julgada pelo Tribunal de Justi ça, que manteve a condenação do réu.
Peças cabíveis: da decisão do TJ (ou do TRF), em julgamento por acórdão, há mais de uma peça cabí-
vel, a depender do caso proposto. Pode ser o caso de recurso extraordinário ou de recurso especial, 
por exemplo, que nunca caíram. O objeti vo será sempre a reforma do acórdão em benefí cio do réu. 
Entretanto, cada um desses recursos tem como fundamento diplomas legais diversos.
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 12I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
A sentença condenatória transitou em julgado. Durante a execução da pena, foi proferida decisão 
pelo juízo da execução penal, em desfavor do apenado.
Peça cabível: das decisões do juízo de execução penal, apenas o agravo em execução é cabível. 
Não há outra peça a ser oferecida. O objeti vo da peça é fazer com que algum benefí cio da execução 
da pena seja assegurado ao condenado (ex.: progressão de regime).
Durante a execução da pena, descobriu-se uma fi lmagem, em que é visto Francisco prati cando o 
roubo, sem qualquer envolvimento de João.
Peça cabível: após o trânsito em julgado da sentença condenatória, só é possível voltar a discuti r o 
mérito do processo por revisão criminal. Nela, o examinando deverá buscar o que é de direito do 
condenado – que pode ser a absolvição ou a aplicação de alguma causa de diminuição, por exemplo.
Portanto, veja que cada peça do rito comum tem um momento adequado e um objeti vo específi co. 
Se o enunciado descrever que houve audiência de instrução e julgamento, a peça não será a respos-
ta à acusação. Por outro lado, se houver decisão do Tribunal de Justi ça, não caberá apelação. Enfi m, 
as peças não se confundem. Cada uma é cabível em um determinado momento processual.
Prisão em fl agrante: 
relaxamento ou 
liberdade
Realizada audiência de 
instrução e julgamento, 
mas não há sentença:
memoriais
O Tribunal 
julgou o caso:
recurso especial, 
recurso extraordinário 
e mais algumas 
peças
Transitada em 
julgado a sentença 
condenatória, o 
condenado quer 
rediscutir o mérito:
revisão criminal
Denúncia oferecida 
e recebida pelo juiz e 
o réu citado: 
resposta à acusação
Há sentença 
condenatória:
apelação
A pena está em 
execução e algum 
benefício foi denegado 
pelo juiz competente:
agravo em 
execução
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 13I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Há outras peças que devem ser estudadas (ex.: carta testemunhável), mas apenas por descargo de 
consciência, caso a FGV venha a cobrá-las. Todavia, do rito comum, as principais peças são as apon-
tadas no esquema acima.
Dentre os ritos especiais, um com grande chance de cair é o rito do júri. A maior difi culdade deste 
procedimento é por ser dividido em duas fases – a primeira, de instrução, e a segunda, perante o 
Tribunal do Júri, com Conselho de Sentença, para julgamento. Contudo, as peças também não se 
confundem. Veja o exemplo a seguir.
No dia 1º de janeiro de 2018, João dispara ti ros contra Mário, causando a sua morte. João é preso 
em fl agrante.
Peças cabíveis: seja qual for o rito, se o problema descrever apenas a prisão em fl agrante, as pe-
ças cabíveis serão o relaxamento da prisão em fl agrante e a liberdade provisória. Poderia ser um 
habeas corpus, mas a banca nunca pediu a peça – talvez por não ser privati va de advogado. Ademais, 
em uma hipótese mais complexa, poderia ser o caso de recurso em senti do estrito ou de recur-
so ordinário consti tucional, mas vimos com mais calma a discussão no tópico sobre os resumos. 
De qualquer forma, o objeti vo sempre será o mesmo: a soltura da pessoa presa.
Concluído o inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João, pela práti ca do 
delito de homicídio. João foi citado para oferecer a defesa cabível.
Peça cabível: por ser a primeira defesa do processo, João deve oferecer resposta à acusação, da mes-
ma forma como ocorre no rito comum.
Realizada a audiência de instrução, o juiz proferiu sentença de pronúncia.
Peças cabíveis: ao fi nal da primeira fase do rito do júri, o juiz tem quatro opções: (a) absolver su-
mariamente; (b) impronunciar; (c) pronunciar; e (d) desclassifi car para outro delito – inclusive, 
não doloso contra a vida, quando o juiz do júri passa a ser incompetente. Como já explicado, sempre 
que houver decisão de juiz de primeira instância, deve ser verifi cado se não é hipótese de recurso 
em senti do estrito. A pronúncia e a decisão que conclui pela incompetência do juízo (na desclassifi -
cação) estão expressas no art. 581 do CPP, nos incisos II e IV. As duas outras decisões, a impronúncia 
e a absolvição sumária, não estão no rol, e devem ser atacadas, portanto, por apelação. Na primeira 
fase do rito do júri, o objeti vo é evitar que o réu seja julgado pelo Tribunal do Júri (segunda fase).
João foi julgado e condenado pelo Conselho de Sentença.
Peça cabível: da decisão do Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri, a única peça cabível é a ape-
lação, que pode ter por objeti vo a realização de um novo julgamento ou a correta aplicação da pena 
ao condenado.
No rito do júri, o examinando deve estar atento às fases. Na primeira, em que pode existi r até de-
cisão do Tribunal de Justi ça (ou do TRF), na hipótese, por exemplo, de julgamento de recurso em 
senti do estrito contra a pronúncia, as peças cabíveis são as mesmas do rito ordinário, exceto contra 
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 14I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
a decisão do juiz, que comporta apelação e recurso em senti do estrito. Na segunda fase, não tem 
segredo: cabe apenas apelação contra a decisão do Conselho de Sentença. De resto, é tudo igual: 
se a decisão for do juízo da execução penal, agravo em execução; se o objeti vo é voltar a discuti r o 
mérito,revisão criminal.
1ª fase do rito do júri:
Além das peças mencionadas, outras situações podem surgir. Se o enunciado descrever a práti ca de 
um delito sem que tenha havido o oferecimento de denúncia ou queixa, e estando o examinando 
na posição de acusação, pode ser o caso de queixa-crime. Na Lei de Drogas e no rito dos crimes 
funcionais, há a defesa prévia (Lei n.º 11.343/06) e a defesa preliminar (CPP, art. 514), que devem 
ser apresentadas após o oferecimento da denúncia, mas antes do seu recebimento, e têm como 
objeti vo convencer o juiz a não receber a peti ção inicial. De qualquer forma, seja qual for a peça, 
não há como confundi-las. Para que o leitor se sinta mais seguro, a seguir, elaboramos um resumo 
das possíveis peças para a próxima segunda fase. Ademais, sugerimos que busque resolver todas as 
provas passadas, para melhor assimilar o cabimento das peças de práti ca penal.
Prisão em fl agrante: 
relaxamento e
 liberdade provisória
Realizada a audiência, 
o juiz não profere 
decisão, mas abre 
prazo às partes:
memoriais
O TJ ou TRF julga a 
apelação ou o recurso 
em sentido estrito:
recurso especial, 
extraordinário ou 
outras peças
Transitada em 
julgado a sentença 
condenatória, 
o condenado quer 
rediscutir o mérito:
revisão criminal
Denúncia oferecida e 
recebida e o réu citado: 
resposta à acusação
Realizada a audiência 
e ouvida as partes, 
o juiz decide:
apelação ou recurso 
em sentido estrito
Em execução penal 
por crime doloso contra 
a vida, algum benefício 
é rejeitado pelo juízo das 
execuções penais: agravo 
em execução
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 15I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
PRINCIPAIS PEÇAS DE PRÁTICA PENAL
1. FASE PRÉ-PROCESSUAL
Considere como fase pré-processual todos os momentos anteriores ao recebimento da denúncia ou 
queixa. Entenda: quando alguém (ex.: Ministério Público) oferece uma peti ção inicial, buscando a 
condenação de alguém, o juiz pode ou não a receber. O recebimento é, portanto, a decisão em que 
o juiz diz que a peti ção inicial oferecida está dentro do que manda a lei, com fundamento no art. 395 
CPP. Vez ou outra, a lei exige do leitor a disti nção de oferecimento para recebimento. No art. 25 do 
CPP, é dito que a representação é retratável até o oferecimento da denúncia. Já o arrependimento 
posterior (CP, art. 16), causa de diminuição de pena, é possível até o recebimento da denúncia ou 
queixa. Na fase pré-processual, por não existi r ação penal em andamento, o seu objeti vo jamais será 
a absolvição do acusado.
1.1. Relaxamento da prisão em flagrante e liberdade provisória
O relaxamento foi a peça cobrada no VI Exame de Ordem. Das peças possíveis para uma segunda 
fase, é das mais fáceis. Isso porque tudo se resume a demonstrar que a prisão em fl agrante foi ilegal 
e que, por isso, o cliente deve ser solto. Atualmente, com a realização das audiências de custódia, 
é uma peça sem muita serventi a – se, na audiência, o juiz fi zer a conversão do fl agrante em preven-
ti va, deverá ser impetrado habeas corpus contra a decisão ao tribunal competente. De qualquer 
forma, se a FGV voltar a exigir o relaxamento, provavelmente será descrita situação em que a pessoa 
está presa há vários dias, sem que tenha havido audiência de custódia ou encaminhamento do auto 
de prisão em fl agrante ao juiz competente.
Como identi fi car: o problema descreverá situação em que o cliente foi preso em fl agrante, e nada 
mais será dito. Não há denúncia, audiência, sentença. Não há nada, apenas a prisão em fl agrante.
Como não confundir com a liberdade provisória: o relaxamento da prisão em fl agrante é a peça 
cabível contra a prisão em fl agrante ilegal. E como chegar a tal conclusão? A prisão em fl agrante é 
disciplinada nos arti gos 301 a 310 do CPP. Se o enunciado contrariar algum dos dispositi vos men-
cionados, não haverá dúvida de que a prisão em fl agrante é ilegal. Também pode ser indicada a 
ilegalidade em razão de falta de justa causa (ex.: prisão por fato atí pico). Por outro lado, se o enun-
ciado não mencionar qualquer ilegalidade, mas descrever que o preso tem residência fi xa, trabalha, 
é primário – enfi m, não oferece qualquer risco ao que se tutela no art. 312 do CPP -, a peça será a 
liberdade provisória.
Base legal: art. 310, I, do CPP e art. 5º, LXV, da CF.
Objeti vo: a reta fi nal é alcançada com a soltura do cliente preso. Não é a hora de falar em absolvição 
ou em pena a ser aplicada em caso de condenação. Tudo o que se busca é a soltura em razão da ile-
galidade da prisão em fl agrante – ou ausência dos requisitos da preventi va, na liberdade provisória.
Teses de defesa: em relaxamento, a tese é a ilegalidade da prisão em fl agrante, que pode ser formal, 
quando violado o procedimento do fl agrante - por exemplo, o encaminhamento do auto de prisão 
em fl agrante à Defensoria Pública, previsto no art. 306, § 1º, do CPP -, ou material, quando o mérito 
da situação tem relevância. Exemplo: no fl agrante preparado, a Súmula 145-STF entende que se 
trata de crime impossível (CP, art. 17).
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 16I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Prazo: não existe. Enquanto o cliente esti ver preso, é possível o relaxamento.
Endereçamento: ao juiz da vara criminal. Se o problema nada disser, use a fórmula genérica: Vara 
Criminal da Comarca ... ou XXX. Fique atento à competência da Justi ça Federal – quando a peça 
deverá ser endereçada ao Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária ... ou XXX – e à compe-
tência do júri – hipótese em que a peça será endereçada à Vara do Júri ou à Vara do Tribunal do Júri, 
que pode ser federal ou estadual.
Alvará de soltura: sempre que o cliente esti ver preso, e a sua tese disser respeito à soltura, peça a 
expedição de alvará de soltura. É o meio pelo qual ele poderá ser solto.
Relaxamento e liberdade provisória: um problema de nomenclatura. Durante todos esses anos, não 
houve uma única prova em que algum examinando não tenha perguntado em nosso grupo a respei-
to da disti nção dessas nomenclaturas. Entenda: sempre que uma prisão for ilegal, deverá ocorrer o 
seu relaxamento (CF, art. 5º, LXV). Portanto, relaxar uma prisão signifi ca cassá-la em razão de algu-
ma ilegalidade. Isso pode ocorrer em qualquer momento processual e em todas as peças. Em um 
habeas corpus, por exemplo, por excesso de tempo na prisão, busca-se o relaxamento da prisão. 
Ocorre que, na práti ca penal, criou-se uma peça de mesma nomenclatura: o relaxamento da prisão 
em fl agrante, cabível, como o próprio nome já diz, contra a prisão em fl agrante, e tem como objeti vo 
o relaxamento de uma prisão ilegal. A mesma situação ocorre com a liberdade provisória. Dizemos 
em liberdade provisória a pessoa que aguarda, em liberdade, o julgamento do seu processo. É possí-
vel requerê-la em qualquer momento processual, em várias peças, desde que ausentes os requisitos 
da prisão preventi va (CPP, art. 312). Na práti ca penal, há uma peça inti tulada liberdade provisória, 
cabível contra a prisão em fl agrante, onde, o que se busca, é a concessão da liberdade provisória.
Liberdade provisória com ou sem fi ança: outra dúvida muito comum é em relação a pedir ou não 
o arbitramento de fi ança em liberdade provisória. Sobre o tema, não há mistério: leia os arts. 323 
e 324 do CPP, que tratam das situações em que a fi ança não é cabível. Quando não for vedada, 
será permiti da, devendo ser pedida. Simples assim.
Relaxamento, liberdade provisória, habeas corpus, recurso em senti do estrito e recurso ordiná-
rio consti tucional. Uma situação que muito nos preocupa é a confusão em relação a essas peças. 
Isso porque, no art. 581, X, do CPP, está previsto que cabe recurso em senti do estrito da decisão 
denegatória de habeas corpus. Acontece que, para que seja cabível o RESE, a decisão em habeascorpus tem de ter sido proferida, necessariamente, por juiz de primeiro grau. Se quem decidiu o 
HC foi o TJ ou o TRF, não caberá RESE ao STJ (o RESE só é julgado por TJ ou TRF). Portanto, se ti ver 
havido prisão em fl agrante ilegal ou ausentes os requisitos da preventi va, se houver decisão do juiz 
de primeiro grau denegando o HC, deve ser interposto recurso em senti do estrito. Caso esse mes-
mo juiz tenha denegado o HC e, em decisão ao julgar o recurso em senti do estrito, o TJ ou o TRF 
tenha negado provimento ao RESE, a peça cabível será o recurso ordinário consti tucional, ao STJ (CF, 
art. 105, II, a). Por fi m, se ti ver sido impetrado HC ao TJ ou ao TRF ou, até mesmo, ao STJ, existi ndo 
decisão denegatória, o recurso será o recurso ordinário consti tucional, com razões endereçadas à 
instância superior. A tese, no entanto, sempre será a mesma: a ilegalidade da prisão ou a ausência 
de requisitos da preventi va, como seria em um relaxamento da prisão em fl agrante ou em uma li-
berdade provisória.
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1ª EDIÇÃO 17I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Estrutura básica da peça:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ...,
No endereçamento, muita atenção ao juízo competente. Cuidado com a competência da Justi ça 
Federal e do Tribunal do Júri, nos crimes dolosos contra a vida. Além disso, veja se o enunciado não 
faz menção a alguma vara específi ca (ex.: Vara de Proteção à Mulher Víti ma de Violência Domésti ca).
Nome ..., estado civil ..., profissão ..., residente no endereço ..., vem, por seu advogado, requerer o 
Relaxamento da Prisão em Flagrante, com fundamento no art. 310, I, do Código de 
Processo Penal, e no art. 5º, LXV, da Constituição, pelas razões a seguir expostas:
Por não existi r um processo em trâmite, o cliente deve ser qualifi cado. Jamais invente dados.
I. DOS FATOS
(...)
No tópico dos fatos, faça apenas um resumo do enunciado. Não é o momento para sustentar teses 
de defesa.
II. DO DIREITO
(...)
No tópico do direito, se houver mais de uma tese a ser sustentada, divida-o em subtópicos (ex.: preli-
minar de nulidade, falta de justa causa por erro de ti po etc.). A FGV tem tradição em errar ao corrigir 
as peças. Apesar de o examinando ter dito o que consta no gabarito, a pontuação não é atribuída – 
já vimos situações em que, mesmo após os recursos, a banca manteve o erro de correção. Por isso, 
quanto mais fácil de encontrar as teses em sua peça, menor será o risco de o examinador errar ao 
corrigir a sua prova.
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 18I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer o relaxamento da prisão em flagrante, em razão nulidade do auto de 
prisão em flagrante, e a expedição do alvará de soltura.
No VI Exame de Ordem, o gabarito exigiu que fosse pedido o relaxamento em razão da nulidade 
(ou ilegalidade) da prisão em fl agrante e a expedição de alvará de soltura.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB....
Jamais invente dados no fechamento da peça. Quando for o caso, atenção à data. É comum a banca 
pedir para que a peça seja oferecida no últi mo dia de prazo.
1.2. Queixa-crime
Foi a peça do XV Exame de Ordem. Por ser uma peça de acusação, muitos dos parti cipantes do gru-
po ti veram difi culdade com peculiaridades que não existem em peças tí picas da defesa. Para que o 
leitor não perca pontuação nas pegadinhas da queixa, cuidado: (a) devem ser qualifi cados o quere-
lante (autor da ação) e o querelado (quem prati cou a infração penal); (b) deve ser mencionada a pro-
curação com poderes especiais, com fundamento no art. 44 do CPP; (c) ao ti pifi car a conduta (ou as 
condutas) prati cada pelo querelado, explique o porquê de ter concluído pela práti ca de determinado 
crime; (d) procure tudo o que for prejudicial ao querelado (qualifi cadoras, moti vos para aumento da 
pena-base, agravantes e majorantes); (e) nos pedidos, requeira o recebimento da queixa, a citação 
do querelado e a sua condenação e a fi xação de indenização.
Como identi fi car: o problema descreverá a práti ca de um delito de ação penal privada, sem que 
exista qualquer medida judicial em andamento. Não existe queixa, citação, audiência, sentença, 
acórdão. Não há nenhum procedimento em trâmite. Ademais, o enunciado apontará que você é ad-
vogado da víti ma, devendo adotar a medida judicial cabível em busca da condenação do criminoso.
Ação penal privada subsidiária: no XV Exame de Ordem, a banca não difi cultou e trouxe crimes de 
ação penal privada. No entanto, pode acontecer de a banca descrever a inércia do Ministério Público 
diante de um crime de ação penal pública, sem o oferecimento de denúncia no prazo legal (CPP, art. 
46). A estrutura da queixa subsidiária é a mesma da queixa em ação privada. No entanto, o exami-
nando deverá ter cuidado com as seguintes especifi cidades: (a) na fundamentação da peça, mencio-
ne os arts. 29 do CPP, 100, § 3º, do CP e art. 5º, LIX, da CF. Provavelmente, a banca exigirá qualquer 
dos três, alternati vamente. Ademais, diga expressamente que se trata de queixa-crime subsidiária; 
(b) no do direito, faça a exposição de o porquê ser cabível a queixa-crime. Mencione o prazo do art. 
46 do CPP e aponte as datas trazidas no enunciado, para demonstrar que o MP permaneceu inerte 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 19I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
durante o prazo legal para o oferecimento da denúncia; (c) no do pedido, além dos pedidos da quei-
xa, requeira a inti mação do MP.
Base legal: no XV Exame de Ordem, a banca aceitou os seguintes dispositi vos: art. 30 do CPP; art. 
41 do CPP; art. 100, § 2º, do CP; art. 145 do CP (por se tratar de crime contra a honra). Para a queixa 
subsidiária, a banca provavelmente exigiria o art. 29 do CPP; o art. 100, § 1º, do CP; e o art. 5º, LIX, 
da CF.
Objeti vo: a condenação do criminoso. O grande desafi o da peça é a correta identi fi cação do(s) de-
lito(s) prati cado(s). No XV Exame de Ordem, foram cobrados os crimes contra a honra. Não nos 
surpreenderia se a banca voltasse a pedi-los, embora existam outros delitos de ação penal privada 
(ex.: art. 167 do CP).
Teses: em regra, a FGV traz hipóteses em que o examinando está na condição de advogado do infra-
tor. Por isso, em peças em que é necessário acusar, a difi culdade acaba sendo um pouco maior em 
razão da falta de práti ca. Entretanto, é o mesmo processo feito na busca por teses de defesa, mas na 
via inversa. O primeiro passo é demonstrar a justa causa. Para isso, será necessário identi fi car qual 
foi o delito prati cado pelo querelado. Muita atenção aos verbos uti lizados pela banca no enunciado. 
Exemplo: se o problema diz que o querelado subtraiu algo, temos a práti ca de furto (CP, art. 155) ou 
de outro delito que uti lize o verbo subtrair. Por outro lado, se for falado em apropriar-se, o crime 
pode ser a apropriação indébita (CP, art. 168) ou outro que traga em seu teor o verbo apropriar. 
Além disso, veja se a conduta se adequa ao que está disposto no ti po penal. Exemplo: se o enuncia-
do descrever crime contra a honra consistente em fato, o crime será o de calúnia (CP, art. 138) ou o 
de difamação (CP, art. 139), pois ambos falam expressamente em fato. A injúria (CP, art. 140) nada 
diz a respeito de fato, podendo ser descartado de plano.
Sobre as nulidades processuais, em queixa, o examinando deve tomar cuidado para não as provocar. 
O CPP exige, em seu art. 44, a procuração com poderes especiais para o oferecimento da queixa. 
Por isso, se ausente a mencionada procuração, haverá nulidade em desfavor do querelante. Para 
não errar, sempre leia todos os dispositi vos a respeito da queixa no CPP (podem ser localizados pelo 
remissivo do CPP).
Em exti nção da punibilidade, o principal cuidado em queixa-crime dizrespeito à decadência. No XV 
Exame de Ordem, a banca não exigiu que fosse falado que a peça foi proposta dentro do prazo legal 
(CPP, 38). Todavia, por precaução, se cair queixa em sua prova, é interessante que seja criado um 
tópico a respeito, para o caso de a banca resolver atribuir pontuação.
Por fi m, em excesso na punição, o objeti vo é a busca pela pior situação possível ao acusado. Faça 
a análise do art. 59 do CP e veja se não é possível que a pena-base seja fi xada acima do mínimo. 
Também veja se não há alguma qualifi cadora, agravante ou causa de aumento de pena em desfavor 
do querelado. Para isso, leia todo o capítulo onde está previsto o crime apontado em sua peti ção 
inicial. Ademais, leia os arts. 61 e 62 do CP, onde estão previstas as agravantes genéricas. Também 
é possível pedir o regime adequado, mais gravoso que o aberto, se acatados todos os seus pedidos, 
com fundamento no art. 33, § 2º, do CP.
Prazo: em regra, o prazo para o oferecimento da queixa é de seis meses, contados do dia em que se 
descobre a autoria (e não do dia em que é prati cado o delito). Pode ocorrer de a banca descrever 
uma data de práti ca do crime e outra do dia em que o querelante descobriu a autoria do delito, 
devendo ser calculado o prazo decadencial com base neste últi mo evento. Ex.: no dia 1º de janei-
ro, o querelante foi ofendido em uma rede social; no dia 5 de fevereiro, descobriu quem escreveu 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 20I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
a mensagem. O prazo decadencial será contado do dia 5 de fevereiro, quando descobriu a auto-
ria. Outra situação que pode causar problema é a contagem do prazo decadencial. Imagine que o 
enunciado diz que a autoria do delito foi descoberta no dia 5 de fevereiro, e que a queixa deve ser 
oferecida no últi mo dia de prazo. Qual seria a data correta? 5 de agosto? Por ser prazo material (CP, 
art. 10), deve ser desconsiderado o últi mo dia da contagem. Portanto, se a autoria foi descoberta no 
dia 5 de fevereiro, o últi mo dia de prazo será o dia 4 de agosto. É irrelevante para a contagem dos 
meses se um deles tem mais ou menos de trinta dias. Outra curiosidade do prazo decadencial é o 
fato de ele não ser prorrogável – se o últi mo dia for um domingo, não haverá prorrogação para o dia 
úti l seguinte, segunda-feira. Se a ação for proposta pelo CADI – cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão -, o prazo será contado do dia em que descobrir(em) a autoria do crime. Por fi m, na queixa 
subsidiária, o prazo de seis meses é contado do dia em que esgotado o prazo para o oferecimento 
da denúncia pelo MP (CPP, art. 38, caput, parte fi nal).
Endereçamento: a principal pegadinha em queixa-crime pode ser a defi nição entre a competência 
dos Juizados Criminais (rito sumaríssimo) e de vara criminal comum (rito ordinário ou sumário). 
São crimes de menor potencial ofensivo, de competência dos Juizados, os que a pena máxima não 
seja superior a dois anos e as contravenções penais (Lei n.º 9.099/95, art. 61). Para a correta análise, 
o examinando deve considerar a pior situação possível para o querelado. Exemplo: o querelado pra-
ti cou o delito de calúnia (CP, art. 138), com pena de dois anos – o teto de competência dos Juizados. 
Todavia, o delito foi prati cado na presença de várias pessoas, devendo ser aumentada em um terço 
(CP, art. 141, III). Com a majorante, a pena ultrapassou dois anos, sendo de competência da vara 
comum, e não dos Juizados.
Estrutura básica da peça:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ...,
Como os crimes de ação penal privada não têm pena elevada, o examinando sempre deverá ter cui-
dado com a competência dos Juizados Especiais.
Nome ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., residente no endereço ..., vem, por seu 
advogado (procuração com poderes especiais anexada, conforme art. 44 do Código de Processo 
Penal), oferecer Queixa-Crime, com fundamento no art. 30 do Código de Processo Penal, contra
Para obter a pontuação pela procuração com poderes especiais, basta dizer que ela está anexada e 
mencionar o art. 44 do CPP. Sobre a fundamentação da peça, a FGV aceitou os arts. 30 e 41 do CPP 
e os arts. 100, § 2º, e 145 do CP. O art. 145 foi aceito no XV Exame de Ordem por ter sido o caso de 
crime contra a honra.
Nome ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., residente no endereço ..., pelas razões a 
seguir expostas:
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 21I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Em queixa-crime, devem ser qualifi cados o querelante e o querelado.
I. DOS FATOS
(...)
Mesmo na queixa, entendemos ser interessante a descrição minuciosa dos fatos ocorridos no do di-
reito, quando sustentada a tese condenatória. Para o tópico dos fatos, basta o resumo do enunciado.
II. DO DIREITO
(...)
No XV Exame de Ordem, a banca pontuou a exposição dos fatos criminosos. Além de ser requisito 
da queixa (CPP, art. 41), a banca queria saber se o examinando sabia quais fatos geraram a imputa-
ção a ser feita ao querelado – no caso, difamação e injúria. Por isso, deveria o examinando fazer a 
descrição dos fatos e apontar o delito prati cado para cada um deles, com a devida fundamentação. 
Também deveria ser sustentada causa de aumento de pena e o concurso de crimes, pela práti ca de 
dois delitos. Como sempre, é importante a divisão da peça em subtópicos. Quem fez a divisão do 
tópico do direito em da difamação e da injúria, provavelmente recebeu a respecti va pontuação. 
No entanto, quem não fez essa divisão, e sustentou os dois delitos em conjunto, talvez tenha sofrido 
prejuízo na nota por erro de correção. Infelizmente, o examinador da FGV não se esforça muito para 
localizar as respostas.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
(a) A designação de audiência preliminar ou de conciliação;
(b) A citação do querelado;
(c) O recebimento da queixa;
(d) A oitiva das testemunhas ao final arroladas;
(e) A condenação pelo crime XXX, com fundamento no art. XXX, com o aumento 
de pena do art. XXX;
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 22I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
(f) A fixação de valor mínimo de indenização, com fundamento no art. 387, IV, 
do Código de Processo Penal.
O pedido pode ser um problema em queixa-crime. No XV Exame de Ordem, a banca pontuou o pe-
dido de audiência de conciliação, do art. 520 do CPP, aplicável aos crimes contra a honra. Também 
foram pontuados a citação do querelado e o recebimento da queixa. Como havia testemunhas, 
elas deveriam ter sido arroladas – em sua prova, se houver a necessidade de produção de provas 
(não apenas testemunhas, mas documentos ou perícias), não esqueça de a requerer. Outro pro-
blema que ati ngiu muitos examinandos foi o pedido de condenação. Isso porque muitos pediram, 
em relação à difamação e à injúria, a condenação pelos crimes dos arts. 139 e 140 do CP. Entretanto, 
a FGV não interpreta respostas. Era necessário dizer: a condenação pelo crime de difamação, do art. 
139 do CP, e pelo crime de injúria, do art. 140 do CP. Nunca diga as coisas pela metade. O exami-
nador não interpreta respostas. Por fi m, o pedido de fi xação de indenização, que também deve ser 
sustentado em queixa.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB ....
Rol de testemunhas:
(a) Nome ..., endereço;
(b) Nome ..., endereço.
Fique atento à data pedida pela FGV. Pode a banca exigir que o examinando ofereça a queixa no 
últi mo dia de prazo.
1.3. Defesa prévia da Lei n.º 11.343/06 e a defesa preliminar dos crimes funcionais
A defesa preliminar do art. 514 do CPP caiu na época em que o CESPE aplicava a prova. Já a defesa 
prévia da Lei de Drogas nunca foi cobrada. Nas duas peças, previstas para procedimentos especiais, 
o objeti vo é o mesmo: convencer o juiz a não receber a peti ção inicialoferecida pela outra parte 
(denúncia ou queixa). O ponto-chave da peça é o art. 395 do CPP, que traz as situações em que o juiz 
deve rejeitar a inicial: (a) inépcia; (b) falta de pressuposto ou de condição para o exercício da ação 
penal; (c) falta de justa causa para o exercício da ação penal.
Como identi fi car: como as duas peças são da fase pré-processual, quando ainda não houve o rece-
bimento da inicial, o problema dirá que o denunciado foi noti fi cado, e não citado, da denúncia ou 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 23I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
queixa. Na defesa prévia da Lei de Drogas, o cliente terá sido denunciado por crime previsto na Lei 
n.º 11.343/06 (ex.: tráfi co de drogas) e ainda não houve o recebimento da denúncia, mas apenas a 
noti fi cação do denunciado sofre o oferecimento da peti ção inicial. Na defesa preliminar dos crimes 
funcionais, o problema descreverá uma denúncia por um dos delitos previstos nos arts. 312 a 326 
do CP. Além disso, esclarecerá que o denunciado foi noti fi cado, mas que não houve o recebimento 
da denúncia até o momento (ou, simplesmente, dirá que a denúncia foi oferecida, sem qualquer 
menção ao recebimento).
Base legal: da defesa prévia, o art. 55 da Lei n.º 11.343/06; da defesa preliminar, o art. 514 do CPP.
Objeti vo: o não recebimento da denúncia ou queixa oferecida. Para isso, o examinando deve con-
vencer o juiz de que está presente alguma (ou mais de uma) hipótese de rejeição do art. 395 do CPP.
Teses de defesa: todas as teses devem ser analisadas. Em falta de justa causa, quando o objeti vo é 
desconsti tuir o delito, atenção às exigências da Lei de Drogas, que trata, por exemplo, da perícia a 
ser feita na droga para demonstrar a materialidade do delito. Ademais, as teses mais comuns podem 
estar presentes: o erro de ti po (CP, art. 20, caput), o erro de proibição (CP, art. 21), a coação moral 
irresistí vel (CP, art. 22) etc. Procure demonstrar ao juiz que falta justa causa para o exercício da ação 
penal (CPP, art. 395, III).
Em inépcia (CPP, art. 395, I), veja se o enunciado fala em denúncia genérica ou em denúncia sem 
a descrição dos fatos ou com redação contraditória. Caso a inépcia da inicial seja uma das teses, 
o enunciado descreverá claramente o vício a ser apontado em sua defesa.
Quanto à falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação penal, analise se quem ofere-
ceu a denúncia é a pessoa que detém legiti midade – por exemplo, Promotor de Justi ça oferecendo 
denúncia por crime que deveria ter sido denunciado pelo MPF, ou o Ministério Público oferecen-
do denúncia sem que a víti ma tenha representado, em crime de ação penal pública condicionada. 
Pesquise também se a denúncia ou queixa foi oferecida ao juiz competente.
Por fi m, faça uma cuidadosa análise das causas de exti nção da punibilidade (prescrição, decadência 
etc.), pois é grande a chance de a banca exigir alguma delas se vier a cobrar defesa prévia ou de-
fesa preliminar.
Prazos: são dez dias para a defesa prévia da Lei de Drogas e quinze dias para a defesa preliminar dos 
crimes funcionais.
Endereçamento: se a FGV nada disser, Vara Criminal genérica. Todavia, se for mencionado, por exem-
plo, que a denúncia foi oferecida ao juízo da Vara de Drogas da Comarca de São José/SC, tanto a vara 
quanto a comarca deverão estar no endereçamento da peça. Além disso, cuidado com a competên-
cia da Justi ça Federal.
Estrutura básica da peça:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca ...,
Observe se o enunciado não diz qual é a vara onde a denúncia ou queixa foi oferecida.
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 24I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Nome ..., já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer defesa prévia / defesa 
preliminar, com fundamento no art. 55 da Lei n.º 11.343/06 / no art. 514 do Código de 
Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
Por já ter sido denunciado, não é necessário qualifi car novamente o acusado. Para a peça da Lei 
de Drogas, a legislação diz expressamente defesa prévia. No entanto, na peça do art. 514 do CPP, 
o legislador fala em responder por escrito. Por ser defesa preliminar um termo genérico para defe-
sas pré-processuais, optamos por essa nomenclatura. Todavia, caso venha a ser a peça da segunda 
fase, a banca terá de aceitar quem disser resposta escrita, com base no que diz o CPP, ou resposta 
preliminar, outro termo genérico para a mesma hipótese, ou, até mesmo, defesa prévia, como na 
Lei de Drogas.
I. DOS FATOS
(...)
Como sempre deve ser feito, apenas resuma o enunciado no dos fatos.
II. DO DIREITO
(...)
Por serem peças que comportam várias teses em conjunto, procure dividir o tópico do direito em 
subtópicos. Uma boa forma de divisão é com base no art. 395 do CPP: (a) inépcia; (b) falta de pres-
suposto processual ou condição para a ação; (c) falta de justa causa.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a rejeição da denúncia oferecida, com fundamento no art. 395, 
I, II e III, do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, em caso de recebimento da denúncia, requer a intimação e oitiva das testemunhas 
ao final arroladas.
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 25I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
O principal objeti vo das peças é a rejeição da inicial, com fundamento no art. 395 do CPP. 
Subsidiariamente, sustente tudo o que for de interesse do denunciado, em caso de recebimento da 
inicial (veja o art. 55, § 1º, da Lei n.º 11.343/06 e o art. 515, parágrafo único, do CPP). Na defesa dos 
crimes funcionais, atenção ao art. 516 do CPP, que também fundamenta a rejeição da inicial.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB ....
Rol de testemunhas:
(a) Nome ..., endereço ...;
(b) Nome ..., endereço ....
Sempre observe se a banca não pediu o oferecimento da peça no últi mo dia de prazo.
2. FASE PROCESSUAL
Após o recebimento da denúncia ou queixa, o primeiro ato é a citação do, agora, réu, para que ofe-
reça a sua defesa ao longo de toda a instrução penal. A parti r do recebimento, o objeti vo principal 
passa a ser a absolvição do acusado. Dos vinte e cinco Exames de Ordem elaborados pela FGV, des-
consideradas as reaplicações, em vinte deles a banca trouxe peças da fase processual. A resposta à 
acusação, os memoriais e a apelação são campeões isolados na disputa pelas peças mais cobradas.
2.1. Resposta à acusação
Em nossa opinião, consideradas as mais cobradas pela banca até o momento, é a peça mais fácil da 
fase processual. Isso porque, em memoriais e em apelação, como a instrução já está em fase avan-
çada, muitas nulidades podem ter surgido ao longo da marcha processual. Em resposta à acusação, 
houve apenas o recebimento da inicial e a citação do acusado, não existi ndo outros atos judiciais que 
devem ser analisados em busca de nulidades. Além disso, o objeti vo principal da peça é a absolvição 
sumária, com fundamento no art. 397 do CPP. Portanto, desde o começo, o examinando já sabe o 
que deve ser encontrado: (a) excludente da ilicitude; (b) excludente da culpabilidade; (c) ati picidade; 
(d) causa exti nti va da punibilidade.
Como identi fi car: uma queixa ou denúncia oferecida e também recebida, e o cliente foi citado para 
oferecer a defesa. Não se fala em audiência, em sentença e em mais nada.
Base legal: a peça está fundamentada nos arts. 396 e 396-A do CPP. Em algumas provas, a FGV acei-
tou os dois arti gos. No entanto, na últi ma vez em que caiu RA, a banca aceitou apenas o art. 396-A 
– que, inclusive, foi aceito todas as vezes. Por isso, é a fundamentação mais segura: o art. 396-A do 
CPP. No rito do júri, cuidado: a RA está fundamentada no art. 406 do CPP.
MANUAL DE PRÁTICA PENAL
2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 26I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Objeti vo: a princípio, a absolviçãosumária, com fundamento no art. 397 do CPP. No entanto, há po-
sicionamento do STJ que entende pela possibilidade de se pedir a rejeição da inicial (já recebida) em 
RA, com fundamento no art. 395 do CPP. Como teses subsidiárias, podem ser pedidas a desclassifi -
cação para delito menos gravoso, embora não seja o momento processual adequado, e a produção 
de provas – especialmente, testemunhas apontadas no enunciado.
Teses de defesa: o art. 397 do CPP dá o rumo do que deve ser procurado em RA. O dispositi vo 
fala em: ati picidade (inciso III), exclusão da ilicitude (inciso I) e exclusão da culpabilidade (inciso II). 
Portanto, nos três primeiros incisos, o art. 397 descreve situações em que falta justa causa para a 
ação penal por inexistência do crime. Equivocadamente, o legislador falou em o fato narrado evi-
dentemente não consti tui crime, no inciso III, como se na exclusão da ilicitude ou da culpabilidade 
permanecesse existi ndo o delito. Considerando que o crime é composto por (a) fato tí pico, (b) ilici-
tude e por (c) culpabilidade, a ausência de qualquer dos três faz com que o delito deixe de existi r. 
Aparentemente, a intenção do legislador foi a criação de um inciso para cada um destes elementos 
consti tuti vos: (a) fato tí pico: inciso III; (b) ilicitude: inciso I; (c) culpabilidade: inciso II.
No fato tí pico (inciso III), algumas teses podem ser pedidas em sua prova: a ausência de dolo e culpa; 
a falta de nexo de causalidade (atenção às causas supervenientes, do art. 13, § 1º, do CP); o erro de 
ti po essencial (CP, art. 20, caput); a coação fí sica irresistí vel; o princípio da insignifi cância (causa de 
ati picidade material) etc.
Na ilicitude (inciso I), as principais excludentes estão nos arts. 23 a 25 do CP – a legíti ma defesa, 
o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito. 
No entanto, há outras espalhadas pela legislação, a exemplo do art. 128 do CP, em relação ao aborto.
Na culpabilidade (inciso II), deve ser sustentada a inexigibilidade de conduta diversa (por exemplo, 
por coação moral irresistí vel, do art. 22 do CP) ou a ausência de potencial consciência da ilicitude 
(como ocorre no erro de proibição essencial, do art. 21 do CP). O inciso II determina que a exclusão 
da culpabilidade é causa de absolvição sumária, salvo inimputabilidade. A ressalva se dá pelo seguin-
te: na inimputabilidade em razão de doença (CP, art. 26), ao fi nal da instrução, após realizado exame 
pericial, se fi car constatado que o réu, na época dos fatos, não ti nha noção do que fazia (por exem-
plo, em virtude de esquizofrenia paranoide), o juiz o absolverá, mas aplicará medida de segurança 
– a chamada absolvição imprópria. Como em RA ainda não há perícia, não tem como sustentar a 
inimputabilidade por doença na peça – aliás, até pode sustentá-la, para pedir a realização de perícia, 
mas não para absolver o réu sumariamente. Caso, todavia, a inimputabilidade se dê pela idade (CP, 
art. 27), o examinando deverá sustentar a nulidade no recebimento da inicial, pois a conduta confi -
gura ato infracional, e não crime.
Ademais, o momento processual da RA não é o adequado para sustentar vício no recebimento da 
inicial, com fundamento no art. 395 do CPP, afi nal, já houve o recebimento da denúncia ou queixa. 
No entanto, há jurisprudência do STJ dizendo que é possível, sim, em RA, sustentar a rejeição da 
inicial. O entendimento da Corte Superior faz senti do: se ti ver ocorrido alguma nulidade no recebi-
mento, não poderá ser dito que houve a preclusão, visto que o art. 395 do CPP traz erros insanáveis. 
Por isso, em sua prova, se ti ver alguma tese de rejeição, com fundamento no art. 395 do CPP, não 
deixe de sustentá-la.
Outro ponto que merece destaque já foi polêmico em provas passadas. O art. 396-A, § 1º, do CPP 
determina que as exceções devem ser processadas em apartado. Portanto, se houver uma exceção 
de incompetência (CPP, art. 95, II), devem ser oferecidas duas peças: a RA e a exceção, que deverá 
ser processada em apartado. Todavia, em Exame de Ordem, a banca nunca exigirá a elaboração 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 27I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
de duas peças. Ou é uma ou é outra. Agora, imagine o seguinte: o enunciado descreve a citação 
do acusado. Em uma rápida leitura, percebe-se a existência de várias teses de absolvição sumária, 
conforme o art. 397 do CPP. Ou seja, não resta dúvida: a banca quer a elaboração de RA. No entan-
to, há uma tese de incompetência do juízo a ser sustentada. O examinando, então, se vê em um 
dilema: ou faz exceção e sustenta a incompetência ou faz RA e alega as teses de absolvição sumária. 
Nesse caso, como proceder? Se, com base no enunciado, ti ver certeza de que há tese de absolvição 
sumária, faça a RA e, no corpo da peça, sustente a incompetência como uma das teses defensivas. 
Não faça as duas peças. Além disso, se o réu foi citado e deve ser elaborada a primeira defesa do 
processo, não existe questi onamento de que a RA é cabível – e a banca terá de aceitá-la de qualquer 
jeito. Só faça a exceção se o enunciado disser expressamente que não é para fazer RA. Seria errado 
a banca pedir a incompetência no corpo da RA, mas deixe esse questi onamento para quem perder 
a pontuação e se senti r prejudicado. Por segurança, alegue a incompetência. Na pior das hipóteses, 
se não for objeto de quesito, nenhuma pontuação será perdida.
Mais uma polêmica em RA diz respeito à possibilidade de emendati o libelli (CPP, art. 383), quando o 
juiz, sem modifi car a descrição do fato conti da na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe defi nição 
jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Ou seja, a possibi-
lidade de desclassifi cação de um delito para outro já em RA. Apesar de entendimentos, por alguns 
autores, no senti do de não ser possível, se o enunciado trouxer tese de desclassifi cação, peça. É a 
mesma situação da exceção: na pior das hipóteses, a banca não atribuirá pontuação para a tese, 
e nenhum ponto será perdido, caso o leitor a sustente. O problema é a omissão, caso o tema seja 
objeto de avaliação no gabarito.
Por fi m, uma situação curiosa em RA: a do inciso IV, que fala em absolvição sumária em razão de 
exti nção da punibilidade. Em qualquer outra peça (memoriais, apelação etc.), as causas de exti nção 
da punibilidade devem ser declaradas, dando fi m à ação penal, mas não ensejam a absolvição do 
acusado. Por isso, se ocorrer a prescrição, por exemplo, não é correto dizer que o réu foi absolvido 
– a absolvição dá a entender que a inocência foi efeti vamente comprovada, o que não ocorre em 
uma prescrição ou em caso de morte do agente. Entretanto, por força do que dispõe o art. 397, IV, 
do CPP, em RA, a exti nção da punibilidade é causa de absolvição sumária, e não de mera declaração.
Prazo: dez dias.
Endereçamento: em regra, a banca diz qual juízo mandou citar o acusado. Se isso não acontecer em 
sua prova, faça o endereçamento genérico, à Vara Criminal. Cuidado com a competência da Justi ça 
Federal e a do Tribunal do Júri.
Estrutura básica da peça:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ...,
Observe se o enunciado não disse em qual juízo o processo está tramitando e qual é a comarca.
Nome ..., já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer Resposta à Acusação, 
com fundamento no art. 396-A do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 28I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
O art. 396-A sempre foi aceito como fundamentação para a peça. Por isso, é a escolha mais segura. 
Em se tratando de RA do júri, uti lize o art. 406 do CPP.
I. DOS FATOS
(...)
Como sempre, apenas resuma o enunciado.
II. DO DIREITO
(...)
No tópico do direito, faça a divisão em subtópicos.Em todas as oportunidades em que a FGV trouxe 
RA para a segunda fase, havia pluralidade de teses, pontuadas individualmente. Quanto melhor or-
ganizadas as teses, menor a chance de o examinador errar na correção.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a absolvição sumária do acusado, com fundamento no art. 397, 
I, II, III e IV, do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, requer a intimação e a oitiva das testemunhas ao final arroladas.
Em RA, a absolvição é sumária. Também se fala em absolvição sumária na hipótese do art. 415 do 
CPP, no rito do júri. Nas demais hipóteses, quando a absolvição esti ver fundamentada no art. 386 
do CPP, diga apenas absolvição, sem ser sumária. Perdemos as contas de quantas pessoas ti veram 
quesitos anulados por adicionar ou reti rar a palavra sumária do pedido.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB ....
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 29I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Rol de testemunhas:
(a) Nome ..., endereço ...;
(b) Nome ..., endereço ....
Cuidado com o prazo. A FGV sempre pede a peça no últi mo dia de prazo. Além disso, lembre-se de 
arrolar as testemunhas, caso o problema as mencione.
2.2. Memoriais
Em regra, ao fi nal da audiência, as alegações fi nais devem ser oferecidas oralmente. O advogado e a 
outra parte (MP ou querelante) sustentam ao juiz ou ao secretário de audiência, com a própria voz, 
o que desejam pedir. Acontece que, em certas situações, é inviável o oferecimento das alegações 
orais. Imagine um processo com dez réus. Como todos os advogados têm de oferecer as alegações 
fi nais, a audiência demoraria muito para ser concluída. Para esse ti po de situação, o juiz permite que 
as alegações fi nais sejam oferecidas por escrito – ou por memoriais.
Como identi fi car: terá ocorrido a audiência de instrução, mas a sentença não foi proferida. Se esti ver 
na posição de advogado de defesa, terá havido manifestação do Ministério Público (mas o enuncia-
do não dirá que o MP ofereceu memoriais), sendo a sua vez de apresentar as alegações fi nais.
Base legal: em regra, o art. 403, § 3º, do CPP. Todavia, se, ao fi nal da audiência, o juiz ti ver ordenado 
a realização de alguma diligência (ex.: algum exame imprescindível), o fundamento será o art. 404, 
parágrafo único, do CPP.
Objeti vo: na condição de advogado de defesa, o foco é a absolvição do acusado, com fundamento 
no art. 386 do CPP. Também é o momento para sustentar nulidades e causas de exti nção da puni-
bilidade. Por fi m, considerando que o juiz não absolverá o cliente, deve ser pedido tudo o que for 
de interesse em relação à pena a ser aplicada – a maior difi culdade em memoriais, pois são muitos 
pontos que devem ser analisados.
Teses de defesa: em falta de justa causa, o examinando deve buscar a absolvição do acusado. O art. 
386 do CPP dá uma boa pista do que deve ser pedido: falta de provas, excludentes da ti picidade, 
da ilicitude etc. Alguns exemplos de teses: crime impossível (CP, art. 17), ati picidade material por 
insignifi cância, legíti ma defesa, erro de proibição inevitável etc.
Em nulidades, o examinando terá de fazer uma análise completa, desde o recebimento da denún-
cia ou queixa até o desfecho da audiência. Cuidado com situações em que o direito de defesa foi 
cerceado – falta de apresentação de RA; o juiz não quis ouvir uma testemunha importante arrolada 
pela defesa; o advogado de defesa renunciou e o juiz nomeou a Defensoria Pública, sem que ouvis-
se previamente o acusado etc. As causas de nulidade ensejam a nulidade do processo desde o ato 
viciado. Se houver pedido de anulação dos atos, observe se o recomeço da instrução não ensejará 
a prescrição.
Em exti nção da punibilidade, devem ser analisadas as causas gerais, do art. 107 do CP. O examinan-
do também deve observar se o delito da denúncia não tem alguma causa exti nti va da punibilidade 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 30I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
especial, a exemplo do art. 312, § 3º, do CP. As causas de exti nção da punibilidade devem ser decla-
radas, dando fi m ao processo.
Por fi m, a grande difi culdade em memoriais: as teses subsidiárias, para evitar excessos na punição. 
O primeiro passo é a análise do delito apontado. Se for o caso de desclassifi cação, deverá ser feita a 
análise completa do novo dispositi vo encontrado. Ademais, em relação à pena, o examinando deve 
sustentar:
(a) O afastamento de qualifi cadoras (ex.: CP, art. 121, § 2º) e o reconhecimento de privilégios 
(ex.: CP, art. 317, § 2º).
(b) A fi xação da pena-base no mínimo legal, com base no art. 59 do CP.
(c) O afastamento de agravantes e o reconhecimento de atenuantes (as genéricas estão nos 
arts. 61, 62, 65 e 66 do CP).
(d) O afastamento de majorantes (ex.: CP, art. 157, § 2º) e o reconhecimento de causas de di-
minuição (ex.: CP, art. 14, II).
(e) Regime inicial de pena mais brando, com fundamento no art. 33, § 2º, do CP.
(f) A substi tuição de pena privati va de liberdade por restriti va de direitos (CP, art. 44).
(g) O sursis (CP, art. 77).
Sempre que elaborar memoriais no rito comum, o examinando deverá fazer esse passo a passo, 
em busca da melhor situação possível ao réu, caso venha a ser condenado.
Memoriais no júri: no rito de julgamento dos crimes dolosos contra a vida, ao fi nal da primei-
ra fase, o juiz tem quatro opções: (a) pronunciar; (b) impronunciar; (c) absolver sumariamente; 
(d) desclassifi car.
Na pronúncia, o juiz submete o acusado a julgamento perante o Tribunal do Júri. Não é algo que 
interesse à defesa, que busca dar fi m ao processo imediatamente. A impronúncia (CPP, art. 414) é 
interessante, pois dá fi m ao processo por falta de provas – mas uma nova denúncia pode ser ofereci-
da posteriormente. A absolvição sumária (CPP, art. 415) é o melhor desfecho possível para a defesa, 
pois faz coisa julgada material, impedindo que, futuramente, o réu seja acusado novamente pelos 
mesmos fatos. Por fi m, a desclassifi cação é de interesse da defesa quando a nova ti pifi cação for de 
delito menos gravoso – em especial, se for crime que não é de competência do Tribunal do Júri.
Portanto, em memoriais do rito do júri, o examinando não terá de sustentar teses referentes à pena 
(embora possa, desde já, procurar afastar qualifi cadoras). Não é o momento para discuti r regime pri-
sional ou atenuantes. Em vez disso, mantenha o foco em absolver sumariamente o acusado (as hipó-
teses estão no art. 415 do CPP), em impronunciá-lo (CPP, art. 414) e em desclassifi car o seu delito 
para outro menos gravoso (ex.: homicídio doloso para homicídio culposo).
Prazo: cinco dias.
Endereçamento: ao juízo onde tramitou o processo. Se não constar no enunciado, use a fór-
mula genérica.
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1ª EDIÇÃO 31I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Estrutura básica da peça:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca ...,
Cuidado com a competência do juiz do júri e com os processos da Justi ça Federal. Observe as infor-
mações trazidas no enunciado do problema. A FGV costuma trazer todos esses dados.
Nome ..., já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, apresentar Alegações Finais por 
Memoriais, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a 
seguir expostas:
Atenção ao art. 404, parágrafo único, do CPP, quando, ao fi nal da audiência, o juiz determinou outras 
diligências. Sobre a nomenclatura da peça, não há problema em dizer apenas memoriais, mas a FGV 
tem adotado a expressão alegações fi nais por memoriais.
I. DOS FATOS
(...)
Um simples resumo do enunciado é sufi ciente.
II. DO DIREITO
(...)
A divisão do tópico do direito em subtópicos é de fundamental importância, especialmente em me-
moriais, em que sempre são pedidas muitas teses de defesa.Inclusive, nos gabaritos recentes, a FGV 
tem exigido menção expressa às palavras preliminarmente, mérito e subsidiariamente, para a indi-
cação da ordem de relevância de cada tese sustentada. Além disso, como sempre é dito, a banca 
erra bastante ao corrigir as provas. Quanto melhor organizada a sua peça, menor a chance de algum 
equívoco por parte do examinador.
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 32I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
(a) A nulidade dos atos instrutórios, desde a audiência, quando ocorreu o vício à 
ampla defesa;
(b) A declaração da extinção da punibilidade pela prescrição, com fundamento no art. 107, 
IV, do Código Penal;
(c) A absolvição do acusado, com fundamento no art. 386, inciso, do Código de 
Processo Penal;
(d) Subsidiariamente, a fixação da pena-base no mínimo legal, com fundamento no 
art. 59 do Código Penal;
(e) O reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, com base no art. 65, I, 
do Código Penal;
(f) O afastamento da causa de aumento do art. X do Código Penal;
(g) A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme 
art. 44 do Código Penal;
(h) A suspensão condicional da pena, com fulcro no art. 77 do Código Penal.
Exceto no rito do júri, nunca peça a absolvição sumária em memoriais. Jamais uti lize o art. 397 do 
CPP em suas alegações fi nais.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB ....
A banca costuma pedir a peça no últi mo dia de prazo. Fique atento!
2.3. Apelação
Foi a peça mais cobrada até hoje no Exame de Ordem. Já caiu para o advogado de defesa, para o 
assistente de acusação e, até mesmo, para o oferecimento de contrarrazões ao recurso. Para não a 
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 33I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
confundir com o recurso em senti do estrito, deve sempre o examinando fazer a leitura do art. 581 
do CPP. A apelação é um recurso residual, cabível quando não existi r outro, específi co, para atacar a 
decisão a ser recorrida.
Como identi fi car: o problema descreverá uma sentença condenatória ou absolutória, ou uma de-
cisão defi niti va ou com força de defi niti va, desde que não seja cabível recurso em senti do estrito. 
A sentença pode ter sido proferida por magistrado, em vara criminal, ou a condenação (ou absolvi-
ção) pode ter parti do de Conselho de Sentença, no rito do Tribunal do Júri.
Base legal: em regra, art. 593 do CPP. No rito do júri, no fi nal da primeira fase, o fundamento é o art. 
416 do CPP – no entanto, também no rito do júri, se a decisão for do Conselho de Sentença, a ape-
lação terá por fundamento o art. 593, III, do CPP.
Objeti vo: em apelação, o que se busca é a reforma da decisão recorrida. Por isso, o seu objeti vo será 
derrubar, ponto a ponto, a sentença do juiz – o enunciado a descreverá, minuciosamente.
Teses de defesa: em memoriais, o examinando tem de esgotar as teses de defesa. Tudo o que for 
possível sustentar deve ser alegado na peça. Por isso, consideramos a peça mais difí cil para uma 
segunda fase. Em apelação, a situação é mais simples, pois já temos uma decisão judicial, em que é 
delimitado o que deve ser sustentado. Para não sermos repeti ti vos, pedimos ao leitor para que leia 
o que foi dito sobre as teses de defesa em memoriais. Tudo o que foi dito lá é aplicável à apelação, 
na condição de advogado de defesa.
Assistente de acusação: em uma das edições do Exame de Ordem, a FGV trouxe hipótese de ape-
lação interposta pelo assistente de acusação, no rito do júri. O objeti vo principal da peça era a 
pronúncia do acusado, para submetê-lo ao julgamento perante o Tribunal do Júri. Caso venha a cair 
no futuro, no rito comum, não tem difi culdade: busque demonstrar a justa causa, para assegurar 
a condenação, e sustente teses desfavoráveis ao réu em relação à pena – pena acima do mínimo 
legal, qualifi cadoras, agravantes, majorantes e regime mais gravoso. Para identi fi cá-la, o enunciado 
descreverá situação em que há sentença favorável ao réu e você, na condição de advogado da víti ma 
(ou de sua família), deve adotar a medida cabível.
Contrarrazões de apelação: quando uma das partes interpõe recurso, em respeito ao contraditório, 
deve ser dado prazo para que a outra se manifeste. Se a defesa interpõe um recurso em senti do 
estrito, a outra parte (MP ou querelante) tem o direito de ser ouvida, para que possa rebater as 
razões do recorrente. A mesma situação acontece com a apelação. Se uma das partes interpõe ape-
lação, a outra tem de se manifestar sobre o recurso, para que o julgador do recurso ouça os dois 
lados. Adicionamos as contrarrazões ao tópico da apelação, por já ter caído no Exame de Ordem, 
mas poderia ser repeti do em todos os tópicos que tratam de recursos (contrarrazões em agravo em 
execução, por exemplo).
Prazo: cinco dias para a interposição (CPP, art. 593) e oito dias para as razões (CPP, art. 600). Essa 
disti nção ocorre porque, em processo penal, é possível que a parte interponha a apelação e, em mo-
mento posterior, ofereça as razões de apelação. Na segunda fase, duas situações podem surgir: 
(a) a defesa foi inti mada da sentença, devendo o recurso ser interposto em cinco dias (o examinando 
deve elaborar uma peça de interposição e outra de razões); (b) a defesa já fez a interposição do re-
curso, no prazo de cinco dias, e ocorre a inti mação para o oferecimento de razões, no prazo de oito 
dias (o examinando deve elaborar uma peça de juntada e uma de razões).
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 34I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Endereçamento: a interposição deve ser oferecida ao juiz onde correu o processo, que pode ter 
sido informado no enunciado – caso contrário, deve ser feito o endereçamento genérico. As razões 
devem ser endereçadas ao TJ ou ao TRF.
Estrutura básica: 
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da ... Criminal da Comarca ...,
A interposição deve ser endereçada ao juiz sentenciante.
Nome ..., já qualificado nos autos, vem, à presença de Vossa Excelência, interpor Recurso de 
Apelação, com fundamento no art. 593, (I, II ou III), do Código de Processo Penal.
Requer seja recebido e processado o recurso, com as razões anexadas, e encaminhado ao Tribunal 
de Justiça do Estado ....
O gabarito justi fi cado da FGV costuma falar em recurso de apelação, mas não há problema em dizer, 
apenas, apelação. Cuidado ao fundamentar a peça – na primeira fase do rito do júri, a fundamenta-
ção está prevista no art. 416 do CPP.
Comarca ..., data ....
Advogado ..., OAB ....
O prazo de interposição é de cinco dias. Se a apelação já ti ver sido interposta, e a banca exigir apenas 
a juntada das razões, se for pedido que a peça seja oferecida no últi mo dia de prazo, a contagem 
deve ser de oito dias.
Razões de Apelação
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ...,
Colenda Câmara,
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2ª fase do Exame de Ordem
1ª EDIÇÃO 35I. COMO IDENTIFICAR A PEÇA CABÍVEL
Douto Procurador de Justiça, 
Em que pese o inegável saber jurídico do Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca 
..., a sentença condenatória não merece prosperar pelas razões a seguir expostas:
Se o enunciado informar o Estado, enderece a peça ao respecti vo TJ ou TRF. Ademais, é interessante 
deixar bem claro que o que se busca é a reforma da sentença recorrida.
I. DOS FATOS
(...)
Basta um resumo do enunciado.
II. DO DIREITO
(...)
Em apelação, sempre são pedidas muitas teses de defesa. Por esse moti vo, é sempre interessante a 
divisão em subtópicos. Além disso, no XXII Exame de Ordem, por exemplo, a banca exigiu menção 
expressa às palavras: preliminarmente; no mérito e subsidiariamente, para indicar a ordem de análi-
se das teses sustentadas. Portanto, além de a banca já ter pontuado a divisão, ela é importante para

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