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Aula 01 - Tutelas Provisórias de Urgência - Revisada

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AULA 01 – TUTELAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA 
 
1. Tutela Provisória 
 
1.1 Previsão Legal 
 
Começaremos identificando dentro do CPC, onde está prevista a tutela 
provisória: art. 294 a 311, CPC. 
 
Ao verificarmos o índice do CPC, notamos que a tutela provisória está 
colocada na Parte Geral, sendo posicionada no Livro V. 
 
Por que a tutela provisória está na parte geral do CPC? 
 
R: Porque é na parte geral do Código que se traçam as diretrizes, as normas 
gerais, que irão protrair seus efeitos sobre todos os procedimentos previstos na parte 
especial do Código, que tem início a partir do artigo 318, CPC. 
 
Notem, na sequência do Código, que a Parte Especial começa com o Livro I, 
que traz o processo de conhecimento, o cumprimento de sentença e os procedimentos 
especiais. Após vem o Livro II, com o processo de execução. Em todos esses 
procedimentos, terá lugar a tutela provisória, prevista, como visto, na parte geral do 
Código. 
 
2. Tutelas Provisórias de Urgência 
 
Dividem-se em: cautelar e antecipada 
 
2.1 Requisitos 
 
A) Fumus Boni Iuris - Probabilidade do Direito 
 
Ambas as tutelas (cautelar e antecipada) têm os mesmos requisitos: fumus 
boni iuris (probabilidade do direito alegado) e periculum in mora (perigo de dano na tutela 
antecipada e risco ao resultado útil do processo para a tutela cautelar). 
 
Vejam se não é o que diz o artigo 300, CPC: 
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do 
processo. 
 
Percebam que o artigo 300 fala de forma genérica: a TUTELA DE 
URGÊNCIA, não traçando distinção se cautelar ou antecipada. 
 
 
Portanto, para que seja proferida tutela provisória de urgência, a princípio 
dois requisitos exigidos (mais a frente, veremos um terceiro – item C): probabilidade do 
 
2 
 
direito, que podemos nominar como a demonstração pela parte da plausibilidade de seu 
direito, ou seja, a demonstração, por meio de narrativa lógica, satisfatoriamente 
comprovada e fundamentada na lei de que há grande probabilidade de a parte pleiteante 
estar falando a verdade e de ter o direito por ela alegado, o que conduz o julgador a lhe 
conferir a tutela provisória de urgência. 
 
Ex. de demonstração de probabilidade do direito no caso concreto (situação 
real, ocorrida com cliente do escritório). Sócio de uma empresa, que possui outros dois 
sócios. O sócio A e o sócio B descobrem que o sócio C, terceiro integrante da sociedade 
empresária (administrador) está pagando diversos boletos pessoais na conta da empresa e 
transferindo dinheiro da conta da pessoa jurídica para sua conta pessoal e de terceiros, tudo 
isso sem conhecimento dos demais participantes da empresa. Ou seja, a conta bancária da 
sociedade empresária está sendo desfalcada por um dos sócios. 
 
Esse sócio (C), que está causando prejuízo à empresa deve ser afastado da 
administração da empresa, correto? R: sim, pois está, em tese, agindo contra os interesses 
da sociedade empresária e dos demais integrantes da pessoa jurídica. 
 
Aliás, pode-se pedir que, ao final da ação, ele venha até mesmo a ser excluído 
da sociedade. Eis o que estabelece o art. 1.030, CC: 
 
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode 
o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por 
falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade 
superveniente. 
 
Como o advogado, nesse caso, teria que demonstrar a probabilidade do 
direito? 
 
R: narração lógica e concatenada dos fatos, capaz de demonstrar a veracidade 
das alegações; apresentação de previsão legal que permite o afastamento e até a exclusão 
do sócio em tais circunstâncias (art. 1.030, caput, CC); demonstração de existência de 
cláusula do contrato social, em que há previsão para afastamento do sócio em tais 
circunstâncias; prova dos desvios praticados na conta bancária (extratos bancários). 
 
Notaram, como a probabilidade do direito se dá? Deve-se elencar um 
conjunto de fatores, os quais unidos levarão o julgador à percepção de que o direito por 
você alegado tem forte fundamento, tanto na lei, quanto nas provas, como também na 
lógica de sua narrativa. 
 
B) Periculum In Mora - Perigo de Dano ou Risco ao Resultado Útil do 
Processo 
 
O outro requisito é o periculum in mora. Nesse caso, deve restar claro que a 
decisão deve ser concedida em caráter de urgência, pois, caso contrário, pode ocorrer dano 
de difícil ou impossível reparação à parte pleiteante. 
 
 
3 
 
Ex.: imaginem a hipótese de um indivíduo que paga plano de saúde e que 
necessita de uma cirurgia no coração para que tenha garantida sua sobrevida, sendo, 
contudo, negada a cobertura do plano para tal cirurgia. 
 
Obviamente que, ao se ingressar com uma demanda judicial, de nada 
adiantará aguardar a sentença, que pode ser proferida, com sorte, no período de um ano. 
Até lá, o paciente já morreu. 
 
De igual modo, ocorrem as ações em que se buscam medicamentos em face 
do Poder Público. Ex.: pessoa com câncer internada em hospital público, dependendo de 
tratamento quimioterápico por meio de medicação específica, não disponibilizada pelo 
hospital. O perigo de dano irreversível também é notório. De nada adianta aguardar o fim 
do processo. O caso carece de solução urgente. 
 
Os casos acima, bom frisar, trazem exemplos de perigo de dano, relacionados 
às tutelas antecipadas. 
 
Em relação ao requisito “risco ao resultado útil do processo”, trata-se, em 
regra, de pressuposto aplicável às tutelas provisórias cautelares. 
 
Veremos as diferenças entre as antecipadas e as cautelares a partir do item 
2.2 
 
C) Ausência de Irreversibilidade da Decisão (Requisito Negativo - 
Aplicável às Tutelas Antecipadas) 
 
Se a decisão liminar trouxer efeitos irreversíveis, que não podem ser desfeitos 
futuramente, na hipótese de o magistrado mudar seu entendimento, não se deve conceder 
a tutela antecipada. 
 
Art. 300. [...]. 
 
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando 
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 
 
Ex.: casal se separa e juiz, a pedido das partes no processo de divórcio, 
compartilha a posse (guarda) do cão do casal uma semana para o ex-marido, uma semana 
para a ex-mulher, alternadamente, conferindo a ambos as responsabilidades e tomadas de 
decisões, obrigatoriamente mútuas, para todos os assuntos relacionados à saúde e demais 
aspectos da vida do animal. 
 
O cão, todavia, vem a ser acometido por doença rara e incurável. O homem 
pretende sacrificá-lo. A mulher é contra e diz que vai tentar tratamento alternativo com 
outro veterinário. Diante da impossibilidade de tomar a decisão exclusiva de sacrificar o 
cão, o homem entra com ação judicial em face da ex-mulher para que o sacrifício do animal 
seja autorizado judicialmente, evitando o sofrimento prolongado do cão. Pede tutela de 
urgência antecipada. 
 
 
4 
 
Caso juiz defira a liminar, autorizando o sacrifício, será possível reverter a 
situação futuramente? 
 
Evidente que não. Trata-se de hipótese em que uma vez deferida a liminar, 
não se poderá retornar ao status quo ante. A medida correta é indeferir a tutela de urgência 
nesses casos, pois falta ao pedido um dos requisitos que lhe impõe a lei (no caso 
pressuposto negativo), qual seja a ausência de perigo de irreversibilidade dos efeitos da 
decisão. 
 
Noutro giro, devemos o seguinte: quando a irreversibilidade FOR 
RECÍPROCA, valendo para ambas as partes, juiz deve ponderar qual das decisões (que 
defere ou indefere a liminar) causará prejuízo a direito de maior valor jurídico. 
 
Ex.: pedido de tutela antecipada para realização de cirurgia de urgência não 
autorizada pelo plano de saúde, que tem o condão de salvar a vida do paciente. 
 
É hipótese de irreversibilidaderecíproca. Uma vez deferida a liminar e 
realizada a cirurgia, não se terá mais como desfazer o procedimento cirúrgico. 
 
Como se trata, todavia, de irreversibilidade para ambas as partes, juiz deve 
ponderar que o autor, caso tenha negada a liminar, pode pagar com sua própria vida (o que 
também é irreversível), enquanto o réu (plano de saúde) terá prejuízo meramente material. 
 
2.2 Modalidades 
 
A) Tutela Provisória de Urgência Cautelar (Assecuratória) 
 
Já frisando que tanto a tutela cautelar quanto a antecipada são tutelas 
provisórias de urgência, qual a diferença entre uma e outra? 
 
Vamos começar pela tutela cautelar. 
 
O próprio nome já nos auxiliará nessa tarefa de diferenciação. Basta 
lembrarmos do verbo acautelar, que significa: pôr de sobreaviso; colocar sob cautela; 
resguardar; manter sob cuidado, ASSEGURAR. 
 
Para o universo jurídico, a cautelar tem total equivalência com tais 
definições. Pois a tutela cautelar servirá PARA MANTER A SALVO (ASSEGURAR) O 
RESULTADO FUTURO DO PROCESSO, ISTO É, PROPICIARÁ QUE O PROCESSO 
SEJA ÚTIL E QUE O DEBATE QUE ORA SE FAZ ENTRE AS PARTES, NÃO SEJA 
INÓCUO. 
 
Querem um exemplo? Casal se divorciando. Regime de comunhão parcial de 
bens. O marido é fazendeiro. Durante o casamento, o marido comprou duas fazendas e tem 
mais de 500 cabeças de gado em cada uma delas. Antes de iniciado o processo de divórcio, 
que culminará na partilha de bens do casal, o marido começa a vender várias cabeças de 
gado, sem o conhecimento da mulher. Esta vem a descobrir, posteriormente, que essas 
vendas estão ocorrendo. 
 
5 
 
 
O que a mulher deve buscar? R: uma tutela cautelar para sequestrar os bens 
do casal, isto é, manter os bens do casal indisponíveis, sem qualquer possibilidade de venda 
por qualquer um deles, até que se dê a partilha decorrente do divórcio. 
 
Vejamos o que dizem os artigos 300 e 301, CPC: 
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou O RISCO AO RESULTADO 
ÚTIL DO PROCESSO. 
 
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada 
MEDIANTE ARRESTO, SEQUESTRO, ARROLAMENTO DE BENS, REGISTRO DE 
PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BEM E QUALQUER OUTRA MEDIDA IDÔNEA 
PARA ASSEGURAÇÃO DO DIREITO. 
 
Percebam que na tutela cautelar, nenhum bem discutido está sendo entregue 
à parte de forma antecipada. Apenas estão sendo RESGUARDADOS os bens para futura 
partilha. Caso contrário, quando chegado o momento de partilha, das 1000 cabeças de gado 
que deveriam ser divididas entre o casal, não sobrará nenhuma, afinal o marido estava 
dilapidando o patrimônio adquirido durante a união. 
 
Essa é, pois, a razão de ser da tutela cautelar: 
RESGUARDAR/ASSEGURAR a utilidade do processo. 
 
Do mesmo modo, em alguns casos, o cônjuge no processo de divórcio não 
tem sequer ciência da exata extensão do patrimônio do outro consorte. 
 
Pensemos que no exemplo acima, a mulher sequer saiba a quantidade exata 
de cabeças de gado que o marido comprou durante o casamento. 
 
Do mesmo modo, poderá obter tutela cautelar. Dessa vez para arrolar os bens 
do casal, isto é, contabilizá-los de forma oficial. Nesse caso, um oficial de justiça 
compareceria às fazendas e arrolaria os bens. Faria um ROL dos bens (cabeças de gado 
encontradas ou até mesmo máquinas da fazenda), a fim de, na partilha, termos a exata 
ciência do que será dividido. 
 
Probabilidade do direito em tal caso: certidão de casamento, provando o 
matrimônio, documentos que comprovem a existência das cabeças de gado na propriedade, 
além de outros bens. 
 
Risco ao resultado útil do processo (periculum in mora – perigo decorrente 
da demora): caso não seja proferida a decisão em caráter de urgência, até que se dê a 
partilha no momento futuro, o gado já terá virado bife (LOPES DA COSTA, antigo 
processualista brasileiro). 
 
Certo é que ninguém quer uma sentença judicial para transformar em quadro 
e pendurar na parede, para mostrar que: “olha, ganhei a ação”. Não, o jurisdicionado quer 
 
6 
 
que a sentença lhe seja útil. Se a sentença lhe concedeu um direito, que esse direito seja 
passível de ser obtido. Por isso, a existência da tutela cautelar, pois em certas hipóteses, há 
risco à efetividade do processo, devendo tal efetividade ser resguardada pela tutela cautelar. 
 
B) Tutela Provisória de Urgência Antecipada (Satisfativa) 
 
Por outro lado, quando estamos falando de tutela de urgência antecipada, 
estamos tratando de antecipação do pedido final, isto é, precocidade da entrega do bem da 
vida almejado pela parte no processo judicial. 
 
Aqui, não estamos resguardando um direito futuro. Estamos falando em 
satisfazer, antecipadamente, o interesse do Autor da ação. 
 
Aqui a tutela de urgência tem caráter de satisfazer, de modo antecipado, o 
anseio de quem procura a Justiça. 
 
Ex.: pessoa que ingressa com ação para que seu nome seja retirado do 
SERASA. Indivíduo nunca fez uma compra sequer nas Casas Bahia. Mas, é surpreendido 
ao tentar empréstimo bancário, pois está com seu nome negativado pela referida empresa 
varejista. Descobre-se que foi utilizada sua documentação por meio de fraude para que 
fosse feita uma compra nas Casas Bahia. 
 
Nessa situação: o advogado, decerto, pedirá indenização por dano moral, haja 
vista a negativação indevida, mas, não menos importante, pedirá tutela de urgência 
antecipada, para que o nome do cliente seja retirado, desde logo, do SERASA, a fim de 
que o prejuízo às suas atividades comerciais não perdure durante todo o processo. 
 
Percebam que aqui, a parte obtém, logo de início, um dos pedidos feitos na 
ação (retirada do nome do cadastro de inadimplentes). Por isso, se dá o nome de tutela 
antecipada ou satisfativa. 
 
Probabilidade do Direito: comprovação de negativação do nome do Autor 
(certidão do CDL); narração lógica dos fatos. 
 
Perigo de Dano: a continuidade da negativação indevida impedirá que o 
Autor, até que obtenha decisão favorável ao final do processo, efetue atos corriqueiros da 
vida comercial: obter crédito em banco; abrir crediário em lojas etc. 
 
2.3 Tutela Provisória de Urgência em Caráter Antecedente 
 
2.3.1 Tutela Cautelar em Caráter Antecedente 
 
Nada mais é do que a possibilidade de efetuar, de início, o pedido de natureza 
cautelar, tão somente, abrindo-se a possibilidade de, num momento, posterior (30 dias a 
contar da efetivação da tutela – art. 308, caput), ingressar nos mesmos autos com o pedido 
principal. 
 
A) Previsão Legal: Art. 305, CPC 
 
7 
 
 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar 
em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito 
que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
 
Desse modo, tem-se a possibilidade de ingressar, inicialmente, com a ação 
somente fazendo referência ao pedido de tutela de urgência cautelar. 
 
Imaginem o caso da mulher que entrará com ação de divórcio contra o 
marido, da qual fará parte partilha de bens. 
 
A esposa pode, inicialmente, pedir a tutela de urgência cautelar para deferir 
o arrolamento dos bens do casal (saber quantos são os bens) e sequestro (indisponibilidade 
de alienação) e, uma vez efetivada a tutela, ingressar com o pedido efetivo de divórcio e 
partilha. 
 
Por isso que se diz ANTECEDENTE, pois vem antes do pedido principal. 
 
Lembra-se que o pedido principal deve ser feito no prazo de 30 dias, 
respeitando o art. 308, CPC: 
 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser 
formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos 
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do 
adiantamento de novas custas processuais. 
 
* Nada impede que ingresse já diretamente com o divórcio e no bojo da açãofaça o pedido de tutela cautelar. Art. 308, §1º (é o que se chama cautelar incidental): 
 
§1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de 
tutela cautelar. 
 
2.3.2 Tutela Antecipada em Caráter Antecedente 
 
Segue lógica parecida com a narrada no item anterior, estando prevista no 
art. 303, CPC: 
 
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da 
ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação 
do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do 
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. 
 
Com a diferença, todavia, de que o autor terá prazo de 15 dias para 
complementar a inicial. Frisa-se: complementar não para apresentar o pedido principal (já 
realizado), mas sim para aditar a inicial, trazendo novos argumentos e documentos ao 
processo. Isto ocorre porque na tutela antecipada em caráter antecedente considera-se que 
a urgência é tamanha que permite a confecção de petição inicial incompleta, para fins de 
garantir o direito da parte o mais rápido possível. 
 
8 
 
 
No prazo de 15 dias, contudo, o Autor deverá complementar a petição inicial. 
 
Art. 303. [...]. 
 
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: 
 
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua 
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, 
em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; 
 
2.3.3 Quadro Comparativo1 
 
 Tutela Antecipada Tutela Cautelar 
 
 
 
Natureza e Requisitos 
 
 
Subespécies da tutela provisória de urgência. Exigem a 
presença de: 
 
a) elementos que evidenciem a probabilidade do direito; 
 
b) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 
 
 
 
Momento da Concessão 
 
 
 
Ambas podem ser concedidas em caráter antecedente ou 
incidental 
 
 
 
Objetivo 
 
Realizar o direito, 
adiantando os efeitos 
práticos da decisão final 
(tutela satisfativa) 
 
 
Assegurar a eficácia do 
resultado (conservando 
situações para evitar o 
perecimento do direito) 
 
 
*Fungibilidade 
 
Se o juiz verificar que o pedido veiculado como tutela 
cautelar antecedente tem natureza de tutela antecipada, 
poderá observar o regramento relativo a esta (art. 305, 
P. Ú., CPC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 TARTUCE, Fernanda. Manual de Prática Civil. 15. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 177. 
 
9 
 
CASO.CONCRETO 
 
Antônia Moreira Soares, portuguesa, médica, é casada há 30 anos com Pedro 
Soares, brasileiro, dentista. Na constância do matrimônio tiveram dois filhos, Joaquim e 
Maria das Dores, ambos maiores e capazes, também constituíram um vasto patrimônio, 
fruto do esforço comum do casal. 
 
Ocorre que Antônia descobriu que Pedro está com um relacionamento 
extraconjugal, razão pela qual resolveu se divorciar. Pedro, após saber da vontade da 
mulher em não manter o casamento deseja doar seus dois automóveis, marca Toyota, 
modelos SW4 e Corolla, para sua irmã, Isabel Soares, assim como passou a proferir 
sucessivos saques em uma das contas conjuntas do casal. 
 
Antônia, após ouvir a conversa de Pedro com Isabel, comprova junto ao 
banco ao qual possuem conta os saques de Pedro. Diante da hipótese, como advogado de 
Antônia, elabore a peça processual cabível a defesa dos seus interesses, ciente que esta 
desconhece todos os bens a que tem direito.

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