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Aula 9
Unidade 5 - União estável e outras entidades familiares. Bem de família. 
5.1. União estável: conceito, elementos caracterizadores, impedimentos, efeitos pessoais (direitos e deveres) e patrimoniais (regime de bens), conversão em casamento. 
5.2. Demais entidades familiares: família monoparental, homoafetiva e poliafetiva. 
União estável 
A união estável não se coaduna com a mera eventualidade na relação e, por conta disso, ombreia-se ao casamento em termos de reconhecimento jurídico, firmando-se como forma de família, inclusive com expressa menção constitucional (CF, § 3º do art. 226).
Após estas considerações, podemos iniciar o estudo deste tema, ressaltando que o art. 1.723, CC reconhece “como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. 
Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 1.309) conceituam “a união estável como uma relação afetiva de convivência pública e duradoura entre duas pessoas, do mesmo sexo ou não, com o objetivo imediato de constituição de família”, deste conceito extraindo os autores (2018) seus elementos caracterizadores, quais sejam:
 a) Publicidade (convivência pública, reconhecimento social como família), que a diferencia da relação clandestina. Inobstante a informalidade que lhe é inerente, a união estável pode ser facultativamente registrada, conforme Provimento n° 37 do CNJ, de 7 de julho de 2014.
 b) Continuidade (convivência contínua), com animus de permanência e definitividade, o que a diferencia do namoro. c) Estabilidade (convivência duradoura), diferenciando-a da “ficada”.
 O STJ conceituou o ato de “ficar” com um relacionamento casual, fugaz, de apenas um encontro, embora dele possa advir consequências como a concepção, dado que não é necessário o envolvimento amoroso para que haja contato sexual (REsp 557.365/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 07/042005, DJ 03/10/2005, p. 242) 
d) Objetivo de constituição de família, que a distingue de uma mera relação obrigacional. Ausente este elemento finalístico ou teleológico, estará configurado apenas um namoro, como já assentou a jurisprudência: (TJRS, Apelação Cível 70034815902, Rel. Claudir Fidelis Faccenda, julgado em 18-3- 2010, 8ª Câm. Cív.) 
Já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.194.059/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 06.11.2012, DJe 14.11.2012) que “a lei não exige tempo mínimo nem convivência sob o mesmo teto, mas não dispensa outros requisitos para identificação da união estável como entidade ou núcleo familiar. Entre estes requisitos menciona, além da convivência duradoura e pública, com notoriedade e continuidade, “apoio mútuo, ou assistência mútua, intuito de constituir família, com os deveres de guarda, sustento e de educação dos filhos comuns, se houver, bem como os deveres de lealdade e respeito”. 
O art. 1.723, CC, em seus parágrafos, preceitua o seguinte:
Art. 1.723... 
§1°. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§2°. As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
Assim, em qualquer situação prevista como impedimento para o casamento as pessoas também estarão impedidas de manter união estável, salvo quando o companheiro, ainda casado, estiver separado de fato ou judicialmente. Tais pessoas, portanto, não poderão casar, mas podem constituir união estável. 
Diferentemente do que ocorre no casamento, onde, uma vez configurada qualquer causa suspensiva, é imposta aos cônjuges a sanção de adotar o regime da separação obrigatória, na união estável não se aplica a restrição.
 O art. 1.724, CC, estabelece os efeitos pessoais da união estável para os companheiros, indicando seus direitos e deveres recíprocos: “As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. 
Por seu turno, o art. 1.725, CC, regula os efeitos patrimoniais da união estável, definindo o regime de bens padrão: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. 
Conforme Enunciado n° 115 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, há presunção de comunhão de aquestos na constância da união mantida entre os companheiros, não sendo necessária “a prova do esforço comum para se comunicarem os bens adquiridos a título oneroso durante esse período”, efeito este que “é decorrente do próprio regime da comunhão parcial”, o que evidencia estar “superada a antiga ideia de prova de esforço comum para a comunicação de bens na união estável, o que remonta à antiga aplicação da Súmula 380 do STF à união estável, antes da Constituição Federal de 1988”. (TARTUCE, 2017, p. 365) 
Acrescente-se que quando um dos companheiros contar com mais de 70 anos, ainda assim não será aplicado o regime legal da separação obrigatória, pois, além de ser flagrantemente inconstitucional sua interpretação, “as situações previstas no art. 1.641 de separação legal de bens no casamento, por seu inequívoco caráter restritivo de direito, não comportarem interpretação extensiva ou analógica” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.327).
família monoparental 
 Existe previsão desta entidade familiar na Constituição Federal, mas não com esta nomenclatura, sendo ela composta por um dos pais e sua prole, podendo ser classificada como: a) originária, quando ela já se constitui monoparental, como é o caso do indivíduo que, sozinho, independente do sexo, adota uma criança ou da mãe solteira, seja por produção independente, relação sexual casual da qual surgiu prole ou relacionamento que não subsistiu ao advento do estado gravídico; ou b) superveniente, quando temorigem na fragmentação de um núcleo familiar, seja pela morte, separação de fato ou divórcio. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018) 
família homoafetiva 
Advertem Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 1.333-1.334) não serem adequadas as expressões homossexualismo e homoerotismo para caracterizar um “vínculo que une e justifica a concepção de família derivada do núcleo formado entre pessoas do mesmo sexo”, preferindo o Direito a expressão homoafetividade, “pois as pessoas que integram esse núcleo não estão unidas apenas pelo sexo, mas, sim, e principalmente, pelo afeto”. Daí podermos “conceituar a união homoafetiva como o núcleo estável formado por duas pessoas do mesmo sexo, com o objetivo de constituição de uma família”. Com a decisão proferida em sede da ADI n° 4.277, a falta de regulamentação para a união homoafetiva foi suprida, tendo entendido o Ministro Ayres Britto que ao art. 1.723 deveria ser dada interpretação conforme a Constituição Federal, dele excluindo qualquer significado que impeça o reconhecimento da legitimidade da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, quando contínua, pública e duradoura. 
Com o julgamento do STF, concretizou-se a proteção familiar da união homoafetiva, adotando-se “a premissa da inclusão, como manda o Texto Maior, afastando-se preconceitos e discriminações. A tutela da dignidade humana e o bom senso venceram”. O Supremo Tribunal Federal não rompeu “suas esferas de atuação. Muito ao contrário, fez o Tribunal Constitucional o seu papel democrático, servindo, mais uma vez, como um contrapeso à inércia conservadora do Congresso Nacional Brasileiro”. (TARTUCE, 2017, p. 400) 
Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 1.335) entendem que não importa se a união homoafetiva será reconhecida como união estável uma nova modalidade familiar, “pois a premissa intransponível e mais relevante é que se trata, efetivamente, de uma ‘família’, merecedora de respeito, e, dado o seu reconhecimento constitucional — na perspectiva da dignidade humana — também de tutela jurídica, com a aplicação analógica das regras atinentes à relação de companheirismoheterossexual, com os direitos e deveres daí decorrentes”.
 Quanto ao casamento de pessoas do mesmo sexo, a Resolução n° 175/2013, do CNJ, veio para dirimir dúvidas, vedando às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
família poliafetiva
“O poliamorismo ou poliamor admite a possibilidade de coexistirem duas ou mais relações afetivas paralelas, em que os seus partícipes conhecem-se e aceitam-se uns aos outros, em uma relação múltipla e aberta”, mitigando “pela atuação da vontade dos próprios atores da vida, o dever de fidelidade, pelo menos na concepção tradicional que a identifica com a exclusividade” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.337-1.338). 
Tartuce (2017, p. 362) afirma que ainda há “entraves para quebrar a monogamia em nosso País, inclusive no caso de união estável”, havendo grande apego à moral e aos bons costumes no discurso, que não condiz com a prática social das condutas. Todavia, defende o autor “que o futuro reserva uma nova forma de pensar a família, e que, em breve, serão admitidos relacionamentos plúrimos, seja a concomitância de mais de uma união estável, seja a presença desta em comum com o casamento”, pertencendo o futuro “às famílias paralelas, cabendo ao tempo mostrar a razão, especialmente pela visão de mundo das gerações mais novas. Na verdade, se a família é plural, essa deve ser mais uma opção oferecida pelo sistema, para quem desejar tal forma de constituição”. 
Devemos ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já se posicionou pelo impedimento aos cartórios de todo o país de lavrar qualquer tipo de documento que declare a união estável entre mais de duas pessoas.
Questão objetiva 1: 
Em relação à união estável, assinale a alternativa correta.
 (A) Para que fique caracterizada a união estável, é necessário, entre outros requisitos, tempo de convivência mínima de cinco anos, desde que durante esse período a convivência tenha sido pública e duradoura. 
(B) Quem estiver separado apenas de fato não pode constituir união estável, sendo necessária, antes, a dissolução do anterior vínculo conjugal; nesse caso, haverá simples concubinato. 
(C) Não há presunção legal de paternidade no caso de filho nascido na constância da união estável. 
(D) O contrato de união estável é solene, rigorosamente formal e sempre público. 
Questão objetiva 2: (Analista Judiciário/DPE/DF – FGV/2014) Fernanda e Ricardo mantêm uma relação de namoro. Ricardo reside com seus pais e Fernanda mora com sua avó. Acontece que após seis anos de relacionamento, Fernanda engravidou, ficando confirmada a paternidade de Ricardo, mas os dois continuaram com suas residências originais, mantendo o relacionamento nos moldes anteriores à gravidez. É correto afirmar que: 
(A) em momento algum se configurou uma união estável. 
(B) após cinco anos de relacionamento, já havia uma união estável na forma da lei. 
(C) havia uma união estável desde o início do relacionamento, independentemente do tempo em que o casal esteve junto. 
(D) a união estável se configurou a partir do nascimento da criança.
 (E) a união estável se configurou a partir do momento em que Fernanda ficou grávida. 
Questão subjetiva: Tício, residente na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, vive em união estável, nessa cidade, com Maria Antonia, desde o ano de 2002. A união apresenta todos os requisitos constantes na lei civil. Toda a sociedade local reconhece a existência da entidade familiar, tratando os companheiros como se casados fossem.
Todavia, Tício é viajante e, desde o ano de 2003, encontra-se com Maria Figueiredo todas as segundas-feiras, na cidade de Franca, onde mantém um escritório. A relação também se enquadra nos termos do art. 1.723 do CC/2002. Tício e Maria Figueiredo têm um filho comum: João Henrique, de um ano de idade.
Tício mantém ainda uma união pública, notória e contínua com Maria Augusta, na cidade de Batatais, para onde vai todas as quintas-feiras vender seus produtos. Aliás, Maria Augusta é dona de um estabelecimento comercial em que Tício consta como sócio. Ambos têm um negócio lucrativo naquela cidade do interior paulista. O relacionamento amoroso existe desde 2004. 
Por fim, Tício tem um apartamento montado na cidade de São Paulo, onde vai ocasionalmente, de quinze em quinze dias, a fim de comprar produtos para vender no interior paulista. Nesse apartamento reside Maria Carmem, com quem Tício tem um relacionamento desde o final do ano de 2004. Essa sua convivente está grávida e espera um filho seu. 
No caso hipotético, uma Maria não sabe da existência da outra como convivente de seu companheiro, até que, um dia, o pior acontece e o mundo desaba.
 Cada um destes relacionamentos constitui uma união estável, nos termos do que consta do Código Civil e da Constituição? (TARTUCE, 2017, p. 354-355)

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