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NEUROLINGUÍSTICA Morato, E. In: BENTES, A. C. & MUSSALIM, F. Introdução à lingüística – domínios e fronteiras. S.P.: Cortez, 2001 • Um dos campos mais recentes da Linguística – UNICAMP – 1980. • Estudo das relações entre cérebro e linguagem – enfoque nas patologias cerebrais cuja investigação relaciona determinadas estruturas do cérebro com distúrbios ou aspectos específicos da linguagem – teorizar sobre como a linguagem é processada no cérebro. • Objeto de estudos – ciências humanas e neurociências. • problema cérebro linguagem toma forma mais precisamente no início do século XIX – Frenologia (Teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais humanas, baseando-se na conformação do crânio) – um movimento liderado por Gall (1758 – 1828) que deu origem à Afasiologia – estudo das afasias: problemas de linguagem decorrentes de uma lesão focal adquirida no Sistema Nervoso Central. • Das condições de surgimento da antiga Afasiologia Questões: • Como se dá a representação cerebral da linguagem em pessoas surdas, canhotas ou bilíngues? • Como é possível que um tecido cerebral, uma vez “morto” se recupere? • Como é possível que crianças deficientes mentais aprendam e se desenvolvam? • Por que o cérebro envelhece às vezes tão rapidamente? Por que esquecemos as palavras e as coisas? E por que nos lembramos delas? • cérebro é variável, assim como as línguas e culturas? • Há alguma repercussão da cultura escrita na atividade cerebral? • O que é a neurofisiologia da linguagem? • As percepções são as mesmas para todas as pessoas? • Afasiologia e Neurolinguística • Apenas, então, no século XIX, surge o estudo científico do cérebro. Para sacerdotes egípcios: a linguagem não fazia parte das evidências de sequelas de distúrbios cerebrais, simplesmente porque não existia para os estudiosos, ou seja, ela era “invisível” porque não se considerava, até então, que estava sendo localizada no cérebro. A linguagem só veio a ter uma realidade mental e um estatuto nosológico (a afasia) no século XIX. Paul Broca (1824 – 1880) – de pois de Gall – descreve os primeiros casos de afasia motora – caso do paciente Leborgne, o “Tan-Tan”, cuja afasia se caracterizava como um distúrbio de linguagem articulada, sem problemas de compreensão. Com ele, passa-se a localizar ao pé da terceira circunvolução frontal do hemisfério esquerdo do cérebro (a área de Broca) a sede da linguagem (embora sob contestações, essa ideia perdura até hoje). • As primeiras teorizações sobre as afasias e a linguagem patológica • Desde o início do século XX, ao linguistas passaram a estudar as afasias com o intuito de testar ou comprovar suas teorias. � A distinção entre língua e fala, central no nascimento da Linguística pelo viés do Estruturalismo, conduziu os estudos da afasia em direção ao estudo da língua, vista como sistema fechado, autônomo, homogêneo e inato, dissociada das atividades que com ela fazem os falantes. Essa tradição estruturalista dividiu as afasias em dois grandes grupos: problemas de expressão e problemas de compreensão. • Sobre as afasias: • Coudry – afasia é uma perturbação da linguagem em que há alterações de mecanismos linguísticos em, todos os níveis, tanto do seu aspecto produtivo (produção de fala), quanto interpretativo (compreensão, reconhecimento dos sentidos). Causas – lesão estrutural adquirida no Sistema Nervoso Central em virtude de AVC, traumatismos crânio-encefálicos ou tumores. • “Acompanhamentos” – hemiplegia (paralisia de um dos lados do corpo); apraxia (distúrbio da gestualidade); agnosia (distúrbio do reconhecimento); anosognosia (falta de consciência do problema por parte do afásico). Estão fora: esquizofrenia ou autismo, deficiências mentais ou demências ou amnésias • Do ponto de vista linguístico (língua oral e escrita), podem faltar-lhe as palavras de maneira importante (anomias, dificuldades de selecionar ou evocar palavras), o que resulta muitas vezes em substituições ou trocas inesperadas e incompreensíveis de palavras inteiras ou partes delas, longas pausas ou hesitações, muitas vezes seguidas de desalentado abandono do turno da fala ou do tópico conversacional, bem como da perda do “fio da meada”. • Pode também acontecer de sua fala resultar muito laboriosa (alterações apráxicas - Incapacidade de executar os movimentos apropriados a um determinado fim - fono-articulatórias) ou ter um aspecto telegráfico, em função de dificuldades de ordem sintática (agramatismo) ou semântico-lexical (dificuldade de encontrar palavras) • A maneira como se lida social e subjetivamente com a afasia condiciona, de certa forma, a sorte dos que com ela convivem – Centro de Convivência de Afásicos – I.E.L. – UNICAMP. – Abordagem discursiva dos estudos que relacionam linguagem e cognição • Alterações fonético-fonológicas – [‘pəw.tsu.,go] por “pêssego” / “ceolho” por “coelho” • Alterações sintáticas – agramatismo (apagamento de palavras funcionais; perda da flexão verbal; perda da concordância de pessoa, numero e gênero) • Perturbações semântico discursivas – “leitura pessoal de provérbio” • Convite para participar da caminhada, porque, no que concerne à maioria das questões (que são muitas), estamos na mesma situação de um sujeito afásico que disse, a respeito da interpretação de um provérbio: “O significado é além do que alguma coisa que interessa agora, né, mas eu não sei explicar”
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