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Maria Paula M. Mattei Glicólise Geral: 1 glicose = 2 moléculas de piruvato Produção de 2 ATPs, 2 NADH Não faz parte da respiração celular. Reações: Fase Preparatória 1. Fosforilação da glicose em glicose 6- fosfato: Enzima hexocinase (tecidos e cérebro) e glicoquinase no fígado. Gasto do primeiro ATP. Fosforilação faz com que a glicose fique dentro da célula porque não consegue passar pela membrana por causa da polaridade. A glicose 6-fosfato inibe a atividade da hexoquinase, fazendo disso um ponto de controle da via. 2. Isomerização de glicose 6-fosfato para produzir frutose 6-fosfato: Frutose é uma molécula mais simétrica para a glicólise futuramente partir a molécula ao meio, gerando dois compostos com três carbonos cada (piruvato). 3. Fosforilação de frutose 6-fosfato em frutose 1,6-bifosfato: Enzima fosfofrutocinase. Gasto do 2º ATP para o fosfato do ATP ir para o carbono 1, o que deixará a molécula ainda mais simétrica. Além disso, a frutose 6-fosfato pode desempenhar papéis em outras vias, mas a frutose 1,6-bifosfato não. Assim, esse açúcar é comprometido com a glicólise e não com outras reações. Na presença de ATP em altas quantidades, a célula não precisa metabolizar glicose para obter energia, então a presença de ATP pode inibir a via glicolítica nesse ponto. 4. Clivagem da frutose 1,6-bifosfato em di- hidroxiacetona e gliceraldeído 3-fosfato: Enzima aldolase produzirá uma molécula de di-hidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3-fosfato. Quem vai seguir em frente é o gliceraldeído. Esse é o principal ponto de controle da via. 5. Isomerização de di-hidroxiacetona em gliceraldeído 3-fosfato: A di-hidroxiacetona precisa ser convertida em gliceraldeído porque quem vai ser utilizado é o gliceraldeído e não a di- hidroxiacetona. AGORA A REAÇÃO OCORRE EM DOBRO. Maria Paula M. Mattei Fase de Pagamento 6. Oxidação e fosforilação de gliceraldeído 3-fosfato para produzir 1,3- bifosfoglicerato: O gliceraldeído 3-fosfato será convertido em 1,3-bifosfoglicerato pela enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase. Será produzido um NADH. 7. Transferência do grupo fosfato de 1,3- bifosfoglicerato para o ADP: 1,3-bifosfoglicerato será convertido pela fosfoglicerato cinase em 3-fosfoglicerato. Isso formará a 1ª molécula de ATP. Neste momento, o saldo da produção e do gasto de ATP está exatamente no mesmo nível porque em estágios anteriores, duas moléculas de ATP foram investidas para produzir frutose-1,6- bifosfato, e agora elas foram recuperadas. 8. Isomerização de 3-fosfoglicerato para produzir 2-fosfoglicerato: 3-fosfoglicerato perderá o fosfato no carbono 3 pra fazer outro ATP. A enzima fosfoglicerato mutase pegará esse fosfato e jogará ele no carbono 2, formando a molécula 2-fosfoglicerato. 9. Desidratação de 2-fosfoglicerato para produzir fosfoenolpiruvato: A molécula 2-fosfoglicerato perde água formando fosfoenolpiruvato. A presença de fosfato é muito desfavorável para a molécula. Quem catalisa a reação é a enzima enolase. 10. Transferência de um grupo fosfato do fosfoenolpiruvato para o ADP: O fosfato sairá do fosfoenolpiruvato pra o ADP, formando ATP e piruvato. A piruvato quinase é a enzima que catalisa a reação. Ela é uma enzima que é inibida pelo ATP: quanto maior a concentração de ATP, mais lenta fica a reação pela inibição da enzima. Maria Paula M. Mattei Quando o piruvato é formado, ele pode ter dois destinos para o ser humano: 1. Oxidação aeróbia: piruvato perde CO2 e água, sobrando dois átomos de carbono que ficam ligados à coenzima A para formar a acetil-CoA, que entra no ciclo do ácido cítrico. 2. Glicólise anaeróbia: piruvato convertido em lactato. Essa é a única fonte de energia das hemácias de mamíferos, por exemplo e também pode ocorrer em contrações musculares. O lactato é o final da linha no metabolismo do músculo, mas ele pode se reciclado no fígado para formar piruvato e até mesmo glicose. A enzima que catalisa essa reação é a lactato desidrogenase. O NAD+ produzido volta para a etapa do gliceraldeído-3- fosfato para fornecer H para o processo da glicólise. Piruvato + NADH + H+ Lactato + NAD+ Regulação: Estimulante: Adrenalina, insulina, AMP Supressor: glucagon e pH baixo Maria Paula M. Mattei Gliconeogênese Definição: Síntese de glicose a partir de compostos que não são carboidratos – lactato, piruvato, glicerol, aminoácidos (alanina). Transformação do lactato em glicose no músculo, quando o suprimento de glicogênio é reduzido rapidamente, e transportado para o fígado. No fígado, com as reservas de ATP, o lactato é convertido em “nova glicose” e assim devolve glicose para o ciclo normal. Essa glicose produzida pela gliconeogênese está disponível para o cérebro, que possui pouco reserva própria e requer um fluxo constante de energia na forma de glicose. Gasto: 6 ATPs, 2NADH = 5 ATPs total = 11 ATPs Porque ocorre: Se nós entramos em jejum, o glicogênio no fígado acaba. Aí entra a gliconeogênese para manter o sangue com glicose mesmo se não tem glicogênio disponível. Onde ocorre: Principalmente no fígado, onde o piruvato é convertido em glicose. Glicerol em Glicose: O glicerol faz parte da molécula de triglicerídeo. Glicerol – diifroxiacetona fosfato - piruvato - glicose 1. Separação do glicerol dos ácidos graxos, catalisada pela enzima glicerol cinase que quebra um ATP para que o fosfato vá para o carbono 3 do glicerol formando glicerol- 3-fosfato. 2. A enzima glicerol-3-fosfato desidrogenase oxida o glicerol-3-fosfato (significa que ele perde hidrogênios que são transferidos para o NAD+ formando NADH), formando a diidroxiacetona fosfato, que é um composto intermediário da glicólise. Lactato em Piruvato (Ciclo de Cori): Ocorre quando há uma atividade intensa no músculo. Maria Paula M. Mattei O lactato produzido pela glicólise anaeróbia (fermentação) no músculo esquelético retorna para o fígado e é convertido a glicose, que volta para os músculos e é convertida a glicogênio. O glicogênio será quebrado em glicose (glicogenólise). A glicose será quebrada em piruvato (glicólise). O piruvato passara por fermentação lática formando lactato porque não tem O2 suficiente. O lactato vai para o fígado e ocorrerá a gliconeogênese que formará glicose que volta para o músculo. Gasto: 4 ADP, 2 GTP, 2 NADH e 1 Pi. O ciclo de Cori causa câimbra porque o lactato faz micro lesões no músculo. Aminoácidos em Glicose: Aminoácidos – alanina e glutamina – piruvato – glicose. Reações: A gliconeogênese ocorre da mesma forma que a glicólise, menos em 3 desvios por eles serem irreversíveis. A diferença é que a GLICÓLISE transforma glicose em piruvato e GLICONEOGÊNESE piruvato em glicose. Desvio 1 da Glicólise 1. Piruvato em fosfoenolpiruvato: piruvato vai reagir com CO2 + ATP +H2O e formar uma molécula de oxaloacetato. O piruvato tem 3 carbonos e o oxaloacetato tem 4 carbonos. Enzima piruvato carboxilase encontrada nas mitocôndrias, ativadas pela acetilcoenzima A. Além dela, se faz necessária a biotina – transportador de CO2 e Mg+2. 2. Oxaloacetato reage com GTP (guanina trifosfato) para formar fosfoenolpiruvato, CO2 e GDP. Enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase, encontrada em mitocôndria e citosol. a. O oxaloacetato pode ter dois destinos: formar fosfoenolpiruvato e sair da mitocôndria pra continuar a gliconeogênese no citosol ou ser transformado em malato e sair da mitocôndria e assim, pode-se produzir NADH. Desvio 2 da Glicólise Maria Paula M. Mattei 1. Frutose-1,6-bisfosfato em frutose-6- fosfato e fosfato inorgânico: tirar fosfato do carbono 1 da frutose-1,6-bisfosfato por hidrólise. Frutose-1,6-bifosfatase Desvio 3 da Glicólise1. Glicose-6-fosfato em glicose mais fosfato inorgânico: a gliconeogênese tira o fosfato por hidrólise. Glicose-6-fosfatase (só tem no rim e no fígado) Insulina (hipoglicemiante) inibe e glucagon estimula Glicogenólise Definição: Quebra do glicogênio que o corpo estoca no fígado para ter uma reserva de glicose. Quando o glicogênio em vez da glicose é o material inicial para a glicólise, há um ganho final de três ATPs para cada monômero de glicose. Não será necessário ter gasto de energia (ATP) Porque ocorre: Quando o organismo precisa de energia rapidamente, a degradação do glicogênio é utilizada. O tecido muscular pode mobilizar mais facilmente glicogênio que gordura, e pode fazê-lo anaerobiamente. Quando o exercício é de baixa intensidade, a gordura é o combustível preferido, mas conforme a intensidade aumenta, o glicogênio dos músculos e do fígado torna-se mais importante. O glicogênio é uma fonte de energia mais eficaz que a glicose. Regulação: Estimulantes: baixo nível de glicose no sangue. A glicogênio fosforilase existe em duas formas, na T (tensa e inativa) e R (relaxada e ativa). Na forma T, ela pode ser modificada em fosforilase a e fosforilase b. A alternância entre essas duas formas é a principal forma de controle. No fígado, a glicose é um inibidor da fosforilase a, ela se liga ao local do substrato e favorece a transição para o estado T. Quando os músculos usam ATP para se contrair, os níveis de monofosfato de adenosina (AMP) aumentam, estimulando a forma R da fosforilase b. Em suma: AMP, glicose-6-fosfato e ATP = glicogenólise AMP, glicose-6-fosfato e ATP = glicogenólise Reações: 1. Fosforólise do glicogênio para formar glicose-1-fosfato e o glicogênio menos 1 molécula de glicose. O fosfato é ligado à glicose. Forma-se a glicose-1-fosfato. Glicogênio passa a ser glicogênio (n-1 glicose). Reação catalisada pela enzima glicogênio fosforilase, ela é específica para ligações α 1-4 e é ela quem vai quebrando o glicogênio pelas extremidades. Vantagens em usar o fosfato pra quebrar e não água (hidrólise): • A glicose já sai grudada com fosfato, e aí ela não consegue passar pela membrana celular. Isso é importante para o músculo, porque ele quer a glicose pra ele, para suas células, e não para o corpo e sua corrente sanguínea. • Se fosse liberar uma glicose livre para depois ligar um fosfato nela, nesse caso o fosfato teria que vir de um ATP e então haveria gasto de energia. Maria Paula M. Mattei 2. Isomerização da glicose-1-fosfato em glicose-6-fosfato Um grande intermediário metabólico é a glicose 6-fosfato e por isso o corpo muda o fosfato do carbono 1 da molécula de glicose 1-fosfato para o carbono 6, virando a glicose-6-fosfato. Reação catalisada pela enzima fosfoglicomutase. Se a glicogenólise está ocorrendo no músculo, o processo para aqui. A glicose-6-fosfato pode ir para a glicólise ou para a via das pentoses. Se tá ocorrendo no fígado, ele faz uma etapa a mais pq a molécula de glicose precisa ir para a corrente sanguínea do corpo, saindo da célula, e para isso a molécula precisa perder seu átomo de fosfato. O glicogênio é uma molécula muito ramificada. Onde o glicogênio ramifica, a ligação é do tipo α- 1,6 a enzima que retira glicose (glicogênio fosforilase) rompe apenas ligações α-1,4. Então, quando a enzima da extremidade está perto da ligação α-1,6, essa enzima é trocada. A nova enzima (enzima desramificadora do glicogênio) desloca um grupo de três glicoses e as coloca nas extremidades da molécula. A glicose que fica sobrando na ramificação tem sua ligação α-1,6 quebrada, e é liberada como uma glicose pura. Agora o glicogênio está sem ramificação, e o processo anterior de colocar fosfatos volta ao normal. Como é a retirada do fosfato da glicose 6- fosfato? Isso acontece no retículo endoplasmático liso (REL). Na membrana do REL existem 5 proteínas que participam da retirada do fosfato da glicose 6- fosfato: T1, enzima glicose 6-fosfatase, proteína estabilizante – fundamental para o trabalho da glicose 6-fosfatase – uma proteína de transporte T2 e uma proteína de transporte T3. A glicogenólise ocorreu no citosol, então no citosol tem glicose 6-fosfato. Essa molécula entra no REL pela proteína T1 e a enzima glicose 6-fosfatase vai retirar o fosfato, liberando fosfato inorgânico e glicose. O Pi (fosfato inorgânico) volta para o citosol pela proteína T1, e a glicose pura pela proteína T3. Regulação: Estimulantes: Adrenalina e glucagon. Supressores: Insulina Glicogênese Definição: Síntese do glicogênio. O glicogênio é um polímero de glicose unida por ligação α-1,4. A molécula de glicogênio é ramificada, e no ponto onde a ligação ocorre, a ligação é α-1,6. Gasto de um ATP e um UTP. Porque ocorre: Para estocar a glicose (carboidrato) consumida em excesso como reservas de energia para um futura que talvez não haja comida. Reações: 1. Primeiro se quebra uma molécula de ATP e o fosfato liberado do ATP foi passado para o carbono 6 da glicose, formando glicose-6-fosfato. 2. Mas as ligações devem ser α-1,4 então esse fosfato deve ser transferido para o carbono 1, fazendo da molécula uma glicose-1-fosfato. 3. Ainda não possui energia livre o suficiente para ser acrescentada ao glicogênio, então vai ter que usar energia vinda do UTP formando a molécula UDP-glicose. Maria Paula M. Mattei Nessa situação existem 4 fosfatos em jogo, na molécula glicose-1-fosfato já existia 1 fosfato, no UTP existem 3 fosfatos, nisso são 4 fosfatos. Mas, 2 fosfatos do UTP (pirofosfato) são jogados fora e a glicose-1-fosfato vai receber apenas mais 1 fosfato, ficando com 2 fosfatos, formando UDP-glicose (uridina difosfato glicose). A enzima que catalisa essa reação é a UDP-glicose pirofosforilase. a. O ATP possui uma molécula de andenina e o UTP tem uma uracila. 4. Agora a molécula tem energia suficiente para ser adicionada ao glicogênio. Para a glicose ser acrescentada, o UDP é retirado da molécula de glicose e assim ela gruda ao glicogênio. A enzima que acrescenta glicoses é a glicogênio sintase. Mas como o processo inicia do zero? Quem vai fazer o papel de iniciador é uma proteína primer chamada glicogenina. Ela consegue se ligar a algumas moléculas de glicose, e partir daí, a glicogênio sintase passa a acrescentar a essas moléculas de glicose outras moléculas de glicose. Como as ramificações do glicogênio são geradas? Depois que as moléculas de glicose da glicogenina já foram ligadas a outras moléculas de glicose pela glicogênio sintase com ligações α-1,4, uma enzima ramificadora retira um conjunto de 7 glicoses e as desloca para uma região mais interna da molécula de glicogênio. Aí a glicogênio sintase volta a adicionar glicose na extremidade e nas extremidades das ramificações também pelas ligações α-1,4. Aí ocorre tudo de novo, as ramificações são ramificadas... As ramificações servem para deixar a molécula mais solúvel e para acelerar a síntese e a degradação. Regulação: Estimulante: insulina Inibidor: glucagon, cortisol, adrenalina A síntese e a degradação de glicogênio não podem operar simultaneamente. A adrenalina/epinefrina e o glucagon suprimem a glicogênio sintase. Via das Pentoses-Fosfato Na maioria dos tecidos animais, o principal destino catabólico da glicose-6-fosfato é a degradação glicolítica até piruvato, cuja maior parte é então oxidada pelo ciclo do ácido cítrico, levando enfim à formação de ATP. No entanto, a glicose-6-fosfato tem outros destinos catabólicos, que levam a produtos especializados, necessários para a célula. De grande importância em alguns tecidos é a oxidação da glicose-6-fosfato até pentoses-fosfato. As células que se dividem rapidamente, como aquelasda medula óssea, da pele e da mucosa intestinal, assim como aquelas de tumores, utilizam a pentose ribose-5-fosfato para fazer RNA, DNA e coenzimas como ATP, NADH, FADH2 e coenzima A. Para outros tecidos, o produto mais importante dessa via não é a pentose, e sim o NADH. Os tecidos em que ocorre a síntese de grande quantidade de ácidos graxos (fígado, tecido Maria Paula M. Mattei adiposo, glândulas mamárias durante a lactação) ou a síntese muito ativa de colesterol e hormônios esteroides (fígado, glândulas suprarrenais e gônadas) utilizam o NADPH produzido por essa via. Reações: Etapa oxidativa: 1. Oxidação da glicose-6-fosfato pela glicose- 6-fosfato-desidrogenase para formar um éster lactona. Formação de NADPH. 2. Lactona é hidrolisada a 6-fosfogliconato por uma lactonase. 3. 6-fosfogliconato é oxidado pela 6- fosfogliconato-desidrogenase para formar ribulose-5-fosfato, formando outro NADPH. (Essa ribulose-5-fosfato é importante na regulação da glicólise e da gliconeogênese). 4. Ribulose-5-fosfato convertida em ribose- 5-fosfato, precursor da síntese de nucleotídeos. Etapa não oxidativa: Nessa fase, as pentoses-fosfato produzidas na fase oxidativa são recicladas em glicose-6-fosfato. Referências: MARRO, Marilia Costa et al. Influência de propagandas de alimentos nas escolhas alimentares de crianças e adolescentes. Revista Psicologia-Teoria e Prática, v. 12, n. 3, 2011. CARDOSO, Susana et al. Escolhas e hábitos alimentares em adolescentes: associação com padrões alimentares do agregado familiar. Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 33, n. 2, p. 128- 136, 2015. CAMPBELL, Mary K. Bioquímica: Volume 3 - Bioquímica metabólica. 5. ed. Thomson, 2008.
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