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Definição: a proporção do nutriente que realmente é utilizada pelo organismo. A biodisponibilidade de um nutriente ingerido pode ser definida como sua acessibilidade aos processos metabólicos e fisiológicos normais. A biodisponibilidade influencia o efeito benéfico de um nutriente em níveis fisiológicos de ingestão, mas também pode afetar a natureza e a gravidade da toxicidade quando a ingestão for excessiva. A DRI de cada nutriente refere-se à sua ingestão por indivíduos aparentemente saudáveis, ao longo do tempo. Podem ser utilizadas para planejar e avaliar dietas, definir rotulagem e planejar programas de orientação nutricional, entre outras ações. Deve-se considerar: A ingestão alimentar com seu erro associado. As interações possíveis nas dietas considerando os hábitos alimentares das diferentes regiões. O grau de morbidade da população. As diferentes etnias. Os perfis antropométricos. Necessidade média estimada (Estimated Average Requirement – EAR) É um valor de ingestão diária de um nutriente que se estima suprir a necessidade de metade (50%) dos indivíduos saudáveis de um grupo de mesmo gênero e estágio de vida. Ingestão dietética recomendada (Recommended Dietary Allowance – RDA) É o nível de ingestão alimentar diária suficiente para atender às necessidades nutricionais da maioria (97 a 98%) dos indivíduos saudáveis de um determinado grupo de mesmo sexo e estágio de vida. Para a determinação da RDA utiliza-se a EAR. Ingestão adequada (Adequate Intake – AI) É utilizada quando não há dados suficientes para a determinação da EAR e, consequentemente, da RDA. Pode-se dizer que é um valor estimado, prévio à RDA. Baseia-se em níveis de ingestão ajustados experimentalmente ou em aproximações da ingestão observada de nutrientes de um grupo de indivíduos aparentemente saudáveis. Limite superior tolerável de ingestão (Tolerable Upper Intake Level – UL) É o valor mais alto de ingestão diária continuada de um nutriente, que aparentemente não oferece risco de efeito adverso à saúde para a maioria dos indivíduos em um determinado estágio de vida ou gênero. O UL não é um nível de ingestão recomendado. Biodisponibilidade de Nutrientes DRI’s A ingestão excessiva de um nutriente pode interferir na absorção, excreção, transporte, armazenamento, função ou metabolismo de um segundo nutriente. Pode influenciar também o estado nutricional do indivíduo e a forma de ingestão do nutriente. EAR – Examina a possibilidade de inadequação. RDA – Ingestão habitual acima desse nível tem baixa probabilidade de inadequação. AI – Ingestão habitual igual ou acima desse valor tem baixa probabilidade de inadequação. UL – Ingestão habitual acima desse nível coloca o indivíduo em risco de efeito adverso à saúde. Interação nutriente e gene que pode ocorrer de duas formas: nutrientes podem influenciar o funcionamento do genoma e, da mesma forma, variações no genoma podem influenciar a resposta individual à alimentação. Essa disciplina científica recente baseia-se em um conjunto de princípios: Dietas inadequadas, em determinados indivíduos e em determinadas situações, representam fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. Nutrientes e compostos bioativos normalmente presentes nos alimentos alteram a expressão gênica e/ou a estrutura do genoma. A influência da dieta na saúde depende da estrutura genética do indivíduo. Determinados genes e suas variantes comuns são regulados pela dieta e podem participar de doenças crônicas não transmissíveis. Intervenções dietéticas baseadas na necessidade e estado nutricional, bem como no genótipo, podem ser utilizadas para desenvolver uma nutrição personalizada que otimize a saúde e previna ou mitigue doenças crônicas não transmissíveis. Os efeitos mais importantes dos alimentos no organismo ocorrem em nível molecular e podem ser tanto benéficos como deletérios, dependendo de quais genes têm a atividade alterada. ASPECTOS MOLECULARES DO CONTROLE HOMEOSTÁTICO DE NUTRIENTES Em situações em que as concentrações plasmáticas de cálcio se reduzem, o calcitriol (forma ativa da vitamina D) atua no enterócito estimulando a absorção de cálcio proveniente da dieta. No núcleo do enterócito, o VDR (receptores de vitamina D), por não estar ativado pelos seu ligante (calcitriol), encontra-se associado aos promotores de genes que codificam para proteínas importantes para a absorção intestinal de cálcio. Exemplos são o TRVP6 e a calbindina, responsáveis pela captação e pelo transporte intracelular do mineral, respectivamente. Quando o calcitriol se liga ao VDR, alterações conformacionais no DNA permitirão que a RNA polimerase inicie a transcrição, no caso, dos genes para TRVP6 e calbindina. A maior síntese dessas proteínas possibilitará que mais cálcio da dieta seja captado e transportado no interior do enterócito e, então, distribuído no plasma. Polimorfismos no gene que codifica para VDR poderiam estar associados a diferenças individuais quanto à absorção intestinal de cálcio. Apesar de o ferro ser essencial e ter diversas funções nutricionais, seu excesso pode resultar em processos deletérios, como o aumento do estresse oxidativo. Seres humanos não apresentam mecanismos para eliminar o excesso desse micronutriente, sua absorção intestinal deve ser muito bem regulada. Absorção intestinal do ferro não heme: A DCYTB (citocromo B duodenal) e o DMT1 (transportador de metal bivalente) encontram-se na membrana apical dos enterócitos. A ferro redutase reduz o Fe3+ proveniente da dieta a Fe2+, que será, por sua vez, transportado para o interior do enterócito pelo transportador em questão. Lá poderá ser armazenado, Nutrigenômica e Biodisponibilidade Cálcio: Ferro : ligado à ferritina, utilizado em reações bioquímicas ou, ainda, exportado por meio da ferroportina, que é encontrada na membrana basolateral, para o plasma, no qual será transportado ligado à transferrina e distribuído em nível sistêmico. A hepcidina, hormônio produzido no fígado, tem papel central na regulação da absorção intestinal de ferro. Quando as concentrações hepáticas de Fe se apresentam elevadas, ocorre indução da expressão do gene para hepcidina. Esse hormônio, secretado no plasma, circulará até os enterócitos e inibirá a expressão de ferroportina, impedindo que o ferro seja exportado para o plasma. Mais especificamente, a hepcidina induz à internalização da ferroportina que é, então, degradada. O ferro acumulado nos enterócitos será excretado nas fezes à medida que essas células forem eliminadas e substituídas no trato digestório. Também em âmbito celular, ocorre controle da captação e armazenamento de ferro. Assim, quando há excesso de ferro na célula, esse nutriente deve ser armazenado ligado à ferritina. Nesse caso, preferencialmente, deve ocorrer expressão do gene da ferritina. Como a célula já apresenta quantidades suficientes de ferro, não haverá necessidade de captação de ferro plasmático, transportado pela transferrina. Desse modo, não deverá ocorrer expressão do gene do receptor de transferrina. Por outro lado, quando as concentrações de ferro se encontram reduzidas, o oposto ocorrerá: haverá expressão preferencial do gene do receptor de transferrina, para aumentar a absorção do nutriente, e menor expressão de ferritina. Essa regulação da homeostase celular do ferro envolve a participação de proteínas reguladoras de ferro (IRP)11,25, que funcionam como sensores do mineral. Quando há pouco ferro na célula, tais proteínas se ligam à molécula de RNAm para o gene do receptor de transferrina. Em humanos, diariamente, cerca de 1% da quantidade de zinco corporal é reposta pela dieta. Isso é obtido por meio do controle estrito de dois processos: absorção intestinal de zinco e perda endógenapor meio de secreção pancreática e outras secreções intestinais. Quando a dieta é deficiente em zinco, observa-se aumento marcante da sua absorção intestinal, bem como reduções nas perdas intestinais e urinárias. Diferentes proteínas que incluem duas famílias de transportadores desse mineral, denominadas ZnT e Zip, têm papel importante na homeostase do zinco. Elas parecem apresentar papéis opostos: transportadores ZnT reduzem o zinco citoplasmático por meio de seu efluxo da célula ou para vesículas intracelulares, enquanto transportadores Zip aumentam o zinco citoplasmático por meio de seu transporte do meio extracelular e, possivelmente, de vesículas para o citoplasma. A regulação da expressão de parte desses genes parece ser mediada pelo MTF-1 (fator de transcrição sensível a metais-1), que funciona como sensor intracelular de Zn. A ligação desse micronutriente a domínios presentes no MTF-1, denominados dedos de zinco, resulta na ativação desse fator de transcrição. Isso possibilita que o MTF-1 se ligue ao elemento de resposta a metais presente nas regiões promotoras dos genes para ZnT-1 e metalotioneína, e induza sua transcrição. Assim, em casos de excesso de zinco intracelular, o próprio mineral contribuirá para regulação de sua homeostase. Zinco : Ressalta-se que polimorfismos em genes que codificam para transportadores ZnT e Zip, que alterem a estrutura dos transportadores e, consequentemente, sua atividade e afinidade por zinco, poderiam ter repercussões no metabolismo e necessidade desse micronutriente. As proteínas são formadas por combinações dos vinte aminoácidos em diversas proporções e cumprem funções estruturais, reguladoras, de defesa e de transporte nos fluidos biológicos. Proteínas são moléculas formadas a partir da ligação peptídica entre dois aminoácidos com uma ampla diversidade funcional. Vários fatores podem influenciar na biodisponibilidade, como conformação estrutural, presença de compostos antinutricionais, efeito das condições de processamento e complexação com outros nutrientes. Quanto à conformação estrutural, observa-se que quanto menos complexa for a estrutura na qual se estabiliza a cadeia polipeptídica, mais fácil será o acesso das enzimas digestivas, aumentando a digestibilidade da proteína e a biodisponibilidade de seus aminoácidos para o organismo. Alguns aminoácidos denominados essenciais devem ser fornecidos pela dieta; sua falta ocasiona alterações nos processos bioquímicos e fisiológicos e na síntese proteica. Os aminoácidos livres estão em equilíbrio dinâmico na célula e nos fluidos biológicos decorrentes do anabolismo e catabolismo, processo denominado turnover proteico. Fórmula estrutural dos aminoácidos Classificação nutricional dos aminoácidos Fatores antinutricionais são compostos naturalmente presentes em alimentos que interferem negativamente na atividade de determinadas enzimas digestivas, reduzindo a digestibilidade e a qualidade nutricional das proteínas. A maior parte dos isolados e concentrados de proteínas vegetais contém inibidores de tripsina e quimiotripsina (tipo Kunitz e Bowman-Birk) e lectinas. Os inibidores impedem a completa hidrólise das proteínas provenientes de plantas oleaginosas e leguminosas pelas proteases pancreáticas. Tais inibidores podem se complexar com enzimas digestivas, reduzindo sua atividade biológica e induzindo o pâncreas à produção e à secreção excessiva com o objetivo de compensar a perda de atividade destas e, consequentemente, causando aumento desproporcional deste órgão, distúrbio conhecido como hipertrofia pancreática. Taninos, que são produtos condensados de polifenóis, reagem covalentemente com grupamentos épsilon-amino dos resíduos de lisina. Isso inibe a quebra dessa ligação peptídica catalisada pela tripsina. Biodisponibilidade de Proteínas Fatores Antinutricionais es Antiutrico: Proteínas sofrem alterações químicas significativas, envolvendo seus resíduos de aminoácidos, principalmente quando expostas a altas temperaturas e pH alcalino. Essas alterações podem reduzir sua digestibilidade e, consequentemente, seu aproveitamento pelo organismo. Reações com açúcares redutores e grupamentos épsilon-amino também diminuem a digestibilidade dos resíduos de lisina. A reação de Maillard refere-se a um complexo conjunto de reações iniciadas pela interação entre aminas e resíduos carbonila, as quais sob elevada temperatura decompõem-se e, eventualmente, condensam-se em compostos insolúveis de coloração marrom conhecidos por “melanoidinas”. Após a absorção intestinal, os aminoácidos são transportados diretamente ao fígado pelo sistema porta. Esse órgão exerce um papel importante como modulador da concentração de aminoácidos plasmáticos. Cerca de 20% dos aminoácidos que entraram no fígado são liberados para a circulação sistêmica, cerca de 50% são transformados em ureia e 6%, em proteínas plasmáticas. Os aminoácidos liberados na circulação sistêmica, especialmente os de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina), são depois metabolizados pelos músculos esqueléticos, pelos rins e por outros tecidos. O fígado é o órgão regulador do catabolismo de aminoácidos essenciais, com exceção dos de cadeia ramificada, que são degradados principalmente pelo músculo esquelético. No fígado, parte dos aminoácidos é usada na síntese de proteínas que são secretadas, como albumina e fibrina, e na síntese de proteínas de vida média mais curta, como enzimas, necessárias ao catabolismo dos aminoácidos que ficam na própria célula hepática. O destino do aminoácido em cada tecido varia de acordo com as necessidades do momento daquele tecido, havendo um equilíbrio dinâmico das proteínas tissulares com os aminoácidos ingeridos pela dieta e os aminoácidos circulantes. A síntese proteica necessita que todos os aminoácidos desse processo estejam disponíveis ao mesmo tempo. Todos os essenciais devem estar presentes e os não essenciais devem ser fornecidos como tal, ou pelo menos o esqueleto carbônico e grupos amino, derivados de outros aminoácidos, devem estar disponíveis pelo processo de transaminação. Com relação ao catabolismo de proteínas e aminoácidos, antes da oxidação do esqueleto carbônico do aminoácido, o grupo amino deve ser separado. Processamento e complexação com outros nutrientes Resumo da ingestão, absorção e utilização de proteínas Metabolismo de proteínas, anabolismo e catabolismo Isso é realizado pela desaminação oxidativa com a consequente formação do cetoácido, processo que ocorre principalmente no fígado. O piruvato proveniente da oxidação da glicose no músculo é aminado (recebe grupo amino) para formar alanina; esta é transportada ao fígado, no qual é desaminada e o esqueleto carbônico é reconvertido em glicose. O ciclo da alanina é importante fonte de glicose durante um fornecimento exógeno deficiente nesse carboidrato. É também um método de transportar nitrogênio do músculo ao fígado sem a formação de amônia. O ciclo glicose-alanina funciona com dupla finalidade: transportar grupos amino do músculo esquelético ao fígado, para serem convertidos em ureia, e fornecer ao músculo em trabalho a glicose sanguínea sintetizada pelo fígado a partir do esqueleto carbônico de alanina. O grupo amino, pelo processo de desaminação, é liberado como amônia, a qual é usada em reações de síntese ou transportada ao fígado, no qual será convertida em ureia e dessa forma será eliminada pela urina. Pelo fato de a amônia ser altamente tóxica, é transportada em combinação com ácido glutâmico, formando a glutamina. O comitê de peritos em nutrição da FAO e da OMS definiu a desnutrição proteico-energética (DPE) como o “espectro de situações patológicas que provêm da falta, em várias proporções, de proteínase calorias, ocorrendo mais frequentemente em pré-escolares e comumente associada a infecções”. A desnutrição proteico-energética pode, quanto à origem, ser primária (dietética) ou secundária (condicionada). Na desnutrição primária, o consumo inadequado de nutrientes é o determinante. A forma secundária é causada por outros fatores, diferentes da ingestão alimentar deficiente, como a interferência na ingestão, absorção e utilização dos nutrientes em consequência de alguma afecção ou de necessidades nutricionais aumentadas. A DPE é muito menos comum e menos grave em adultos. Já sua ocorrência em crianças compromete a velocidade de crescimento e desenvolvimento, muitas vezes com alterações irreversíveis se a deficiência nutricional ocorrer durante a gestação e a lactação ou nos primeiros anos de vida. Mesmo nos casos em que há ingestão proteica adequada, a deficiência calórica faz com que as proteínas sejam utilizadas para fins energéticos. Utiliza-se para avaliação da DPE o inquérito nutricional em quatro etapas: 1) socioeconômico e de hábitos alimentares; 2) alimentar ou dietético; 3) bioquímico; 4) clínico. Os principais métodos são: proteína somática; proteína visceral; alterações metabólicas; função muscular; e função imune. Na avaliação da proteína somática são usadas a excreção urinária de creatinina (frequentemente expressa como índice creatinina/altura) e de 3-metil-histidina. Este último é usado para avaliar a depleção proteica da massa muscular em crianças com marasmo e o grau de repleção, após longo período de recuperação nutricional. Esse parâmetro também é utilizado em condições de sépsis generalizada e traumas. Para avaliar a proteína visceral, são medidas as concentrações de uma ou mais proteínas plasmáticas. As mais utilizadas são as proteínas totais plasmáticas, como albumina, transferrina, proteína transportadora de retinol e pré-albumina unida à tiroxina. As determinações de albumina e transferrina são as mais frequentes em pacientes hospitalizados; essas dosagens não são recomendadas para verificação das alterações agudas do estado nutricional proteico. Desnutrição proteico- energética Métodos utilizados na avaliação do estado nutricional proteico Para acompanhar as alterações agudas da proteína visceral, durante a convalescência, utiliza-se a proteína transportadora de retinol e tiroxina unida à pré-albumina. Testes de imunocompetência são algumas vezes usados como índices funcionais de estado proteico, apesar de sua baixa especificidade e sensibilidade. Todos os parâmetros do sistema imunológico podem ser prejudicados na deficiência nutricional. Essas determinações imunológicas incluem contagem de linfócitos, hipersensibilidade cutânea, determinação de linfócitos timo-dependentes etc. O nitrogênio urinário cai drasticamente com a ingestão de dietas hipoproteicas, indicando um mecanismo de adaptação do organismo. Após quatro ou cinco dias de balanço nitrogenado negativo, o equilíbrio é restabelecido a um nível menor. Se continuar o balanço nitrogenado negativo, o organismo não consegue se adaptar e a deficiência proteica é acompanhada de edema, perda de massa muscular, fígado gorduroso, dermatose, diminuição da resposta imune e debilidade geral. Dependendo do tipo de atividade e da fase de treinamento, a recomendação pode variar, porém dentro de uma faixa entre 1 e 2,4 g/ kg PC/dia. Para atividades de resistência, preconiza-se a recomendação de cerca de 1 g/kg PC/dia para intensidade moderada, 1,1 a 1,7 g/kg PC/dia para intensidade pesada e 1,8 g/kg PC/dia para extremamente pesada. Se a quantidade de proteína ingerida não é acompanhada de aumento no valor calórico total da dieta, as porcentagens proteicas podem superar os valores de referência e com isso diminuir seu aproveitamento pelo organismo. Os alimentos proteicos não devem ser consumidos muito próximos do início da atividade, porque sua digestão é mais demorada e, com isso, provocam desconforto estomacal durante o exercício. Após o treino ou a competição, a proteína pode estar associada ao carboidrato no intuito de acentuar a secreção de insulina e, consequentemente, promover maior captação de glicose. O aumento da massa muscular não se dá pela ingestão isolada de proteína; são necessários estímulos, como treinamento para hipertrofia muscular e maior consumo de alimentos ricos em energia e carboidratos. O processo de hipertrofia ocorre quando a taxa de síntese proteica muscular excede a taxa de degradação, acarretando um saldo positivo do balanço proteico muscular. Contudo, em humanos, o processo de turnover proteico miofibrilar, ao menos aquele induzido pelo exercício de força, é relativamente lento. Esse turnover lento de proteínas musculares demonstra que, durante o treinamento de força, há a necessidade de sucessivos estímulos e de um período relativamente prolongado (seis a oito semanas) antes que alterações visíveis no fenótipo, como alteração no tipo de fibra e hipertrofia, sejam observadas. Sendo assim, verifica-se que o exercício de força induz ao crescimento muscular – após semanas ou meses de treinamento – como consequência das elevações crônicas e transitórias na síntese proteica, que supera a degradação proteica, durante o período de recuperação entre as sessões consecutivas de treinamento. O exercício de força não induz um aumento agudo no turnover ou na oxidação de proteínas durante o exercício. Por outro lado, é no período pós-exercício que ocorrem as alterações no turnover proteico, mais OBS: Atualmente está aumentando o uso de somatomedina-C ou IGF-I na avaliação do estado nutricional proteico. Há evidências de que é um dos métodos mais sensíveis para determinar as alterações agudas do estado nutricional proteico quando comparado com outras proteínas plasmáticas. Necessidades de proteína na atividade física Metabolismo proteico e exercício de força especificamente um aumento na síntese proteica muscular. Indivíduos treinados necessitam de menos proteína após o período de treinamento para manter uma resposta de síntese proteica máxima para um determinado exercício. A estimulação da síntese proteica muscular induzida pela alimentação tem demonstrado ser independente da insulina, sendo prioritariamente decorrente do aumento da oferta de aminoácidos para o músculo. Contudo, cabe ressaltar o papel da insulina no balanço proteico muscular, uma vez que esse hormônio favorece a diminuição da degradação proteica muscular. O treinamento de força, com elevado volume e intensidade, e que utiliza grandes grupamentos musculares, resulta em significativa liberação de GH. Além disso, a maior demanda pela glicólise anaeróbica promove aumento das concentrações séricas de GH. O modelo de resposta do IGF-1 não consistentemente segue aquele do GH. Esse fato sugere que o maior estímulo para a hipertrofia e aumento da potência e força musculares ocorre por meio da síntese local de IGF- 1, ou seja, no músculo esquelético. Monossacarídeos: glicose, frutose e galactose. Dissacarídeos: lactose, sacarose e maltose. Os açúcares simples (mono e dissacarídeos), em geral, conferem sabor doce aos alimentos, tornando-os agradáveis ao paladar humano, além de serem largamente utilizados pela indústria de alimentos como conservantes, conferindo textura e sabor característicos a produtos de panificação e biscoitos. Glicose e outros açúcares redutores são os substratos iniciais das reações de Maillard, cujos produtos conferem aroma e sabor característicos a alguns tipos de alimentos. Oligossacarídeos: carboidratos que contenham de 2 a 19 unidades de monossacarídeos, incluem os tri e tetrassacarídeos, como rafinose e estaquiose, maltodextrinas, pirodextrinas, frutoligossacarídeos (FOS) e galactoligossacarídeos (GOS), que sãoaltamente solúveis em água. Frutanos (inulina e frutoligossacarídeos) são carboidratos de reserva natural. A inulina é composta de várias unidades (monômeros) de frutose. O GP (grau de polimerização) da inulina pode variar de 2 a 60 unidades de frutose, portanto, alguns tipos não são classificados como oligossacarídeos. Os frutoligossacarídeos compõem um subgrupo da inulina, caracterizando-se por apresentar moléculas com grau de polimerização menor que 10 e por conter unidades de glicose ao término de sua cadeia. Por apresentar apenas ligações do tipo β, inulina e frutoligossacarídeos escapam da digestão típica de outras frações de carboidratos, atingindo, praticamente intactas, as regiões mais distais do trato gastrintestinal, fato pelo qual apresentam características de fibra alimentar e valor energético reduzido. Polissacarídeos: carboidratos cujo grau de polimerização é maior que 9, podendo variar de centenas ou até milhares de unidades monoméricas. Começa sofrendo na boca o impacto mecânico da mastigação, sendo simultaneamente misturados com a secreção salivar. Restringe-se à quebra parcial das longas cadeias polissacarídicas do amido, permanecendo intactos todos os carboidratos com menor grau de polimerização, que são então conduzidos ao estômago juntamente com os produtos parcialmente hidrolisados do amido. A ação da α-amilase salivar na maioria das vezes é bloqueada pelo simples contato com o ambiente ácido característico do estômago. Influência hormonal na hipertrofia muscular induzida pelo exercício de força Biodisponibilidade de Carboidratos Digestão e absorção de carboidratos O processo de mistura do bolo alimentar é bastante efetivo, dispersando os carboidratos solúveis no conteúdo ácido, e os movimentos peristálticos dirigem os componentes líquidos em direção ao antro gástrico, represando- -os e determinando assim a fluidez do quimo prestes a atingir o duodeno. O quimo, que contém mono, di e oligossacarídeos, com fragmentos maiores provenientes da digestão do amido, ao atingir a primeira porção do intestino delgado, sofre a ação da α-amilase pancreática e das glicosidases sintetizadas pelos enterócitos e ancoradas nas vilosidades da borda em escova. Carboidratos (di, oligo e polissacarídeos) são hidrolisados em monossacarídeos no lúmen intestinal, por enzimas específicas, antes de serem transportados através da membrana em escova dos enterócitos para o interior celular. A ausência ou redução da atividade de uma dessas enzimas é a causa da intolerância ao respectivo carboidrato, cujos principais sintomas são dor abdominal, cólicas, flatulência, náusea e diarreia osmótica. Dentre os quadros clínicos de intolerância a carboidratos, o relacionado à lactose é o mais comumente encontrado na sociedade, podendo se manifestar sob três formas distintas: intolerância à lactose congênita, hipolactasia primária do adulto e hipolactasia secundária a doenças. A diferença entre a intolerância à lactose congênita e a hipolactasia primária do adulto é molecular: na primeira, a enzima lactase está ausente ou inativa (quando não diagnosticada precocemente pode levar ao óbito); na segunda, a enzima lactase é normal, mas diminui sua expressão ao longo da vida. A hipolactasia secundária a doenças como enterites, doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais, ocorre quando estas levam a danos na borda em escova na mucosa do intestino delgado ou aumento do tempo de trânsito intestinal. O termo lipídios refere-se a diversos compostos químicos que têm como característica comum o fato de serem insolúveis em água. >Ácidos Graxos Saturados >Ácidos graxos..................................................... Monoinsaturados Intolerância a Carboidratos Biodisponibilidade de Lipídios >Ácidos Graxos Poli-insaturados Os óleos vegetais podem ser modificados por um processo tecnológico denominado hidrogenação, utilizado para a fabricação de margarinas. A hidrogenação leva à saturação parcial dos ácidos graxos e, durante esse processo, as duplas ligações podem ser transformadas para a configuração trans. A digestão dos lipídios é efetuada por enzimas que digerem os triacilgliceróis, denominadas lipases pancreáticas. A posição do ácido graxo na estrutura de glicerol é definida como sn-1 quando o ácido graxo está esterificado na posição superior; sn-2 quando está na posição central; e sn-3 quando está na porção inferior da molécula. As lipases pancreáticas atuam predominantemente nas posições sn-1 e sn-3 das ligações éster de triacilgliceróis, hidrolisando-as e liberando ácidos graxos livres e 2- monoacilgliceróis. O metabolismo dos triacilgliceróis demonstra a importância da localização do ácido graxo na estrutura do glicerol, pois as enzimas atuam em posições específicas. As lipases, porém, não atuam sobre fosfolipídios e ésteres de colesterol, sendo necessária a ação de duas outras enzimas: a fosfolipase A2, que atua na posição sn-2 dos fosfolipídios, liberando ácido graxo e lisolipídios, e a colesterol esterase, que hidrolisa os ácidos graxos dos ésteres de colesterol. Os produtos de hidrólise, isto é, ácidos graxos livres, 2- monoacilgliceróis, colesterol e lisolipídios, ao contrário dos lipídios originais da dieta, podem ser absorvidos no lúmen intestinal, sendo misturados aos sais biliares e lecitina (principal fosfolipídio da bile) para formar micelas. As micelas são partículas muito pequenas e facilmente difundidas nas microvilosidades dos enterócitos, permitindo que os diversos componentes lipídicos entrem nas células epiteliais por difusão4. Após a absorção, os componentes lipídicos são reesterificados como triacilgliceróis, fosfolipídios e éster de colesterol; os ácidos graxos de cadeia curta e média são secretados diretamente dos enterócitos para a veia porta. Como os lipídios são insolúveis na fase aquosa, e após a absorção devem ser transportados pelo sangue – um meio aquoso –, há necessidade de uma proteção dessas moléculas para que o transporte ocorra. Essa proteção é feita por uma estrutura formada por uma monocamada de moléculas anfipáticas, isto é, hidrofóbicas e hidrofílicas, chamadas lipoproteínas. As monocamadas das lipoproteínas são formadas por fosfolipídios, colesterol livre e proteínas, e estas envolvem as moléculas hidrofóbicas – os triacilgliceróis e os ésteres de colesterol –, que formam o conteúdo interno da lipoproteína. As proteínas das lipoproteínas são chamadas de apoliproteínas ou apoproteínas e possuem características estruturais próprias. Uma face possui predominantemente aminoácidos hidrofóbicos e fica em contato com o conteúdo interno das lipoproteínas; a outra possui predominantemente aminoácidos hidrofílicos e fica em contato com o meio externo, aquoso. As lipoproteínas são classificadas de acordo com a densidade. As primeiras lipoproteínas formadas são os quilomícrons, sintetizados no retículo endoplasmático liso das células epiteliais do intestino delgado, e têm a função de transportar os triacilgliceróis provenientes da dieta para os tecidos periféricos, e o colesterol, também proveniente da dieta, para o fígado. As apoliproteínas presentes nos quilomícrons são: apoB- 48, apoA-I, apoA-II, apoA-IV e apoE. Os quilomícrons são chamados de lipoproteínas ricas em triacilgliceróis (LRT), com diâmetro bastante grande, o que os impossibilita de Digestão, absorção e biodisponibilidade atravessar as membranas dos capilares endoteliais de vários tecidos. Assim, a enzima lipoproteína lipase opera no espaço vascular, hidrolisando os triacilgliceróis e liberando ácidos graxos para o fígado, os músculos e o tecido adiposo, diminuindo, assim, o teor de triacilglicerol nesta lipoproteína, transformando-a em remanescentes de quilomícrons.Os remanescentes de quilomícrons possuem apenas apoB-48, apoE, colesterol, éster de colesterol, fosfolipídios e pouquíssimas moléculas de triacilglicerol. Os quilomícrons passam, então, a trocar, com a lipoproteína de alta densidade (HDL), triacilgliceróis por ésteres de colesterol.. A HDL é sintetizada no fígado e no intestino, e captura o colesterol livre dos tecidos periféricos. Esse colesterol livre é, então, esterificado pela ação da enzima colesterol acil transferase, retornando ao fígado ou sendo transferido a outras lipoproteínas. Pequena parte do colesterol é convertida em hormônios esteroides ou é utilizada para síntese de membranas; o restante é excretado pelo fígado na bile e, por último, nas fezes. As células do fígado secretam outra lipoproteína rica em triacilgliceróis chamada VLDL, que transporta os lipídios endógenos, ao contrário dos quilomícrons, que transportam os lipídios exógenos. No catabolismo da VLDL, para a distribuição de triacilgliceróis aos tecidos periféricos, será formada a LDL. As LDLs são partículas ricas em colesterol e têm a função de entregar este colesterol aos tecidos periféricos. Como as LDLs têm função de distribuir colesterol para diversos tecidos, níveis elevados de colesterol na lipoproteína ou níveis elevados dessa lipoproteína têm um efeito promotor no desenvolvimento de doenças do coração, por isso essas lipoproteínas são vulgarmente chamadas de “colesterol ruim”. O colesterol é uma substância química, portanto não tem qualidades para ser bom ou ruim; o nível elevado de colesterol na LDL é um fator prejudicial. Por outro lado, as HDLs têm a função de remover o excesso de colesterol para excreção. Assim, essa lipoproteína é também vulgarmente chamada de “colesterol bom”; entretanto, o efeito benéfico está relacionado com níveis elevados de colesterol nessa lipoproteína.
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